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Capítulo VI - Um Homem Único, Um Ser Inigualável

   Noah começou pedindo esmolas enquanto não encontrava uma forma de conseguir dinheiro suficiente para sobreviver. Não conhecia nada de verdade, exceto o que tinha lido em livros, mas nem sempre se pode confiar no que se lê. Então, buscou conhecimento nas ruas, observando tudo ao redor, procurando comida onde podia e dormindo em becos, protegendo-se da chuva da forma que fosse possível.

   Para seu infortúnio, entrou em uma área que não deveria. Aqueles que controlavam o local ficaram visivelmente irritados com sua presença. Poderia ter ido embora calado e seguro, mas seu erro foi xingar um homem com o pavio extremamente curto. O sujeito o ameaçou e correu em sua direção. Desesperado, Noah também correu. Era rápido, mas, comparado a um adulto, não o suficiente. Ao ver uma chance, virou em uma esquina para tentar se esconder, mas era tarde demais: havia entrado em um beco sem saída. O homem o alcançou com facilidade, percebendo que Noah estava encurralado e sozinho, foi então que sacou uma faca da cintura.

   Noah não via saída, muito menos chances de lutar. Enfrentar um adulto já seria difícil pelo tamanho, mas um homem armado estava completamente fora de alcance. O agressor avançou lentamente, impedindo qualquer tentativa de fuga. O medo agarrou seu peito, frio e sufocante, como se mãos invisíveis tentassem prendê-lo ao chão. Mas, em meio ao desespero, Noah se lembrou da última vez que lutou e venceu. A lembrança acendeu algo dentro dele: uma centelha de resistência.

   Quando o homem atacou, conseguiu acertar seu braço, mas isso também deu a Noah a chance de reagir. E ele o fez, agarrou firmemente o braço do agressor, tentando fazê-lo soltar a faca, sem sucesso. Com força, o homem o arremessou contra a parede, fazendo-o soltá-lo imediatamente.

   Caído no chão, Noah se contorcia de dor. O homem aproveitou e o chutou com força, fazendo-o rolar alguns metros. Ensanguentado e sem forças, Noah mal conseguia se mover. No entanto, recusava-se a perder. Enquanto pudesse ficar de pé, ele o faria. Com o agressor se aproximando novamente, Noah sentiu que aquele poderia ser seu triste fim. No instante em que o homem desferiu outro golpe, Noah desviou instintivamente e, nesse breve momento, encontrou uma brecha para revidar. Seu corpo clamava por força e poder, por uma única e preciosa chance de sobreviver — e foi isso que aconteceu.

   Seu soco acertou a coxa do homem, mas foi diferente de qualquer outro golpe que já havia dado. Uma energia percorreu seu corpo por um instante, intensa e bruta, mas também sugou todas as suas forças. Foi um golpe de pura força, suficiente para quebrar o osso e derrubar o agressor, que caiu gritando de dor. O corpo de Noah cedeu, vencido pelo cansaço e pela dor. Os músculos tremiam, os pulmões ardiam. E em meio ao torpor, ele desmaiou ali mesmo — mas um sorriso se formou, um sorriso que dizia: “Eu venci.” Sentia-se verdadeiramente vivo. Ele tinha um dom. Sempre se esforçou para isso. Era um prodígio, mesmo entre os extraordinários. Aos 11 anos, Noah tornava-se um dos mais jovens do mundo a despertar seu Ortus.

   Ele não se lembrava bem do que aconteceu depois, apenas do momento em que acordou no hospital. Um policial, admirado com seu feito, tentava entender exatamente o que havia ocorrido, mas Noah não conseguia se recordar de muitos detalhes. Interessado no garoto que, sem querer, ajudara a prender um traficante conhecido, o policial fez mais perguntas. Noah respondeu com relutância, escondendo alguns fatos que nem ele mesmo compreendia ainda.

   Diante disso, o policial decidiu dar atenção especial ao menino. Após convencê-lo de que poderia cuidar dele, levou-o para sua casa. Sem alternativas melhores, Noah aceitou. O policial nunca havia sido pai, mas deu seu melhor para oferecer a Noah um ambiente seguro. Agradecido e confortável, Noah desistiu da ideia inicial de partir assim que se recuperasse. Ganhou um lugar para viver enquanto planejava seus próximos passos. Decidiu nunca frequentar a escola — já sabia muito mais do que sua idade sugeria. Em vez disso, focou-se em aprender sobre o mundo real, pois acreditava que isso garantiria sua sobrevivência em qualquer circunstância.

   Noah sempre tentava oferecer oportunidades às pessoas. Ele próprio não teve muitas. Se não tivesse estudado e lutado com todas as forças, teria sucumbido ao destino cruel que o aguardava. Lembrava-se dos outros meninos do orfanato, alguns morreriam de fome, outros em fuga após cometer crimes. Por isso, oferecer segundas chances até para quem às vezes o fazia mal se tornou um hábito. Afinal, todos erram, e ele também erraria um dia.

   Por anos, Noah aprimorou sua habilidade. No começo, foi difícil controlá-la. Sempre tentou aprender o máximo possível, mas nunca descobriu no que realmente era bom. Gostava de esportes, mas, sem usar seu poder, era apenas um atleta mediano, e se recusava a utilizá-lo em público sem necessidade. Aprendeu de tudo um pouco: política, saúde, anatomia, culinária, desenho, pintura. Até tentou música e dança, embora fosse péssimo nessas artes. Durante todo esse tempo, Noah buscava seu lugar no mundo e nunca teve tempo para o amor.

   Mas, com a morte do policial que o acolhera, quando tinha 15 anos, foi diferente. Um baque inesperado. Ele não sabia dizer se o amava. Não compreendia exatamente o que era aquele sentimento, mas a dor era real, esmagadora. À noite, o silêncio parecia mais denso, como se a casa tivesse perdido sua alma. O peso da ausência se alojava em seu peito, tornando cada suspiro uma luta. Sem perceber, encontrava-se esperando ouvir a voz do policial mais uma vez. Mas tudo o que restava era o vazio. Sentimentos que se amenizaram com o tempo, embora nunca desaparecessem por completo.

   Após isso, Noah teve que aprender a sobreviver sozinho. Com suas habilidades, não teve muita dificuldade para conseguir empregos. Ainda assim, sentia-se insatisfeito. Queria mais. Queria ser melhor. Queria encontrar seu lugar no mundo. Por isso, decidiu viajar. Dois anos depois, com algum dinheiro guardado, mudou-se para uma cidade maior e mais populosa. Lá, um amigo chamado Bryan lhe ofereceu abrigo. Uma nova tentativa. Uma mudança em busca de oportunidades melhores.

   Enquanto caminhavam rumo à nova casa, Bryan apontou para uma escola famosa por suas estudantes bonitas e inteligentes. De fato, havia muitas garotas chamativas, mas Noah não se importava com isso. Sua mente vagava pelo passado. Perguntava-se se sua vida teria sido diferente caso tivesse escolhido estudar. Talvez tivesse encontrado seu lugar... talvez até seu objetivo de vida. Provavelmente já era tarde para pensar nisso, mas ainda assim era um pensamento que o imergiu por alguns segundos — até ser forçado a voltar à realidade.

   Um ronco estridente rasgou o ar, seguido pelo som de pneus derrapando no asfalto. Noah virou-se a tempo de ver o brilho dos faróis refletindo nos olhos daquela garota sonhadora. O mundo pareceu desacelerar. Gritos ecoaram ao redor, mas ela não ouvia. Presa em sua própria bolha de pensamentos, não percebeu o perigo se aproximando. Noah sentiu um arrepio na espinha. E quando ela notou...

   Era tarde demais para desviar.

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