Romano estava com a cabeça pesada quando cheguei até ele.Consegui perceber como ele se esforçava para se controlar pela sua respiração desconcertada. A chamada com Hélder havia sido encerrada e agora eu me encontrava diante da porta do escritório de Romano. Nossos olhares se encontraram, conectados pelo vínculo de companheirismo que o alertou sobre minha presença e... Ah.A mulher que estava sentada bem diante dele se virou para me encarar. Um calafrio percorreu pela minha espinha, pois ela se parecia muito com alguém que causou muita dor ao meu companheiro recentemente.— Fiz algo de errado, Alfa Romano?Ela se virou completamente para mim, e a semelhança me atingiu em cheio.Ela se parecia muito com a Elara.Apesar da aparência similar, haviam diferenças sutis.Eu não cheguei a observar Elara pessoalmente o suficiente para ter uma imagem clara, mas a visão que Romano forçou em minha mente estava gravada de maneira indelével.Dei um passo para dentro do escritório e me sentei ao lado
— Vamos conversar aqui. — Diane assentiu e se sentou. O olhar predatório em seus olhos me fez pigarrear enquanto eu olhava ao redor.— Não quis ser intrometida quando fiz aquela pergunta antes.— Que pergunta? — O tom dela era ríspido, mas eu não recuei. — Sobre Aria e a esposa fugitiva de Hélder. Perguntei apenas porque fiquei surpresa.Por mais que eu não gostasse de admitir, era verdade. Como alguém poderia permanecer ao lado de Hélder por vontade própria?— Vou dizer isso uma vez, Viviane, e espero que me ouça bem. — Minha mandíbula caiu e minhas sobrancelhas se franziram em confusão, mas Diane não desviou seu olhar frio. — Fique longe do meu marido, entendeu? E antes que tente bancar a inocente, guarde essa expressão para quem se importa. Eu não me importo. Estou aqui para avisar que Hélder está fora dos seus limites. E mais uma coisa: não sou como aquela vadia que fugiu. Não tenho medo de lutar pelo que quero, e o que eu quero... É Hélder Tyson.Ela fez uma pausa, mas o olhar imp
Ponto de vista de Scarlett– Mamãe? Eram nove da noite e hora do jantar quando Maia olhava para mim de sua tigela de mingau. Meu coração se derrete com a maneira como ela disse essa palavra, como se significasse o mundo para ela. Isso me fez sentir que ela me vê como sua fonte de conhecimento. Quando olhei para minha filha, com seus cabelos castanho claro e olhos azuis profundos, um sorriso iluminou meu rosto e belisquei sua bochecha levemente.– Sim, querida?– Eu vou ter um companheiro um dia?Pisquei os olhos quando um olhar ligeiramente divertido se espalhou pelo meu rosto.– Por que está perguntando sobre isso? Você ainda é muito jovem.– Mas vamos falar hipoteticamente.Meus olhos se arregalaram e eu dei uma risadinha.– Hipoteticamente? Quem lhe ensinou essa palavra, Maia? É uma palavra grande para uma criança de seis anos.Ela dá de ombros.– O Sr. Marco disse isso quando estava fazendo uma pergunta à Srta. Sara na aula de hoje, ele disse hipoteticamente falando...?Outra ri
– Maia, Corra! Maia gritou e saiu correndo por onde veio, mas Hélder a perseguia, tropeçando em seus pés, mas continuando atrás da minha filha.Não.Prefiria morrer antes de permitir que ele pusesse as mãos nela.Eu me levantei do chão e corri o mais rápido que pude para interceptá-lo. Ele continuava bêbado, por isso seus passos eram lentos, mas estava quase chegando à porta do quarto dela. Cheguei antes dele e a fechei com força.– Hélder, deixe a Maia fora disso! Ela nunca fez nada com você, é a mim que você quer machucar.Ele me agarrou pelo pescoço antes mesmo que eu percebesse e me puxou para cima, sufocando-me enquanto faz isso.– Você terá sua vez, sua vagabunda estúpida. Você acha que eu não vejo a maneira como você adora ela, sua preciosa filha, enquanto eu sou ridicularizado por todos ao meu redor. Vou matá-la hoje e depois vou foder seus miolos, talvez a morte de uma criança faça com que seu corpo traga outra, e se você ainda se recusar, mato você também.Hélder me jogou co
Dirigimos por três horas antes de qualquer pensamento atravessar minha mente. O primeiro que me ocorreu foi o medo disparando em meu coração. Para onde iríamos? Não podia levar-nos para a matilha dos meus pais. A matilha de Hélder era muito forte e seria apenas uma questão de tempo até que ele me persiga. Ele me acusaria de tentativa de homicídio e tiraria Maia de mim antes de me matar. Meus pais não conseguiriam impedi-lo, e a matilha de Hélder o apoiaria. Por isso, é melhor se eu nos levasse para outro lugar. Tenho um primo distante que morava a algumas cidades de distância. Meu caixa multibanco e um dos meus cartões de crédito estavam no bolso. Felizmente, é o único ao qual Hélder não tinha acesso. Tinha guardado algum dinheiro para a educação de Maia, caso Hélder decidisse não patrocinar mais seus estudos, teria de usar parte dele para nos afastar dele. As lágrimas picaram o fundo dos meus olhos e eu pisquei para as conter, mantendo meus olhos na estrada e observando as nuv
Ponto de vista de RomanoAlgumas horas antes...– Você estava sendo tolo, Romano.Meu pai passeava atrás da mesa. – Pense na matilha, nos lobos que você tem de proteger. Você vai deixá-los sem um herdeiro? – Eu farei o que eu bem quiser, pai.Minha raiva se apoderava de mim e apertava caneta com força, contendo a frustração que sentia e controlando de novo minhas emoções.– Não serei forçado a ir a encontros às cegas com alguém que mal conheço. Farei o que for melhor para mim quando estiver pronto.Em silêncio, meu pai me avaliava.Descendemos de uma longa linhagem de Alfas e, mesmo aos 62 anos, conseguia ainda ver traços evidentes do homem que ele já foi. O homem que ele seria para sempre, embora o título que ele possuía fosse agora meu. Ele se virou para me olhar e no seu olhar posso observar sua teimosia.– Esta situação não pode continuar por muito mais tempo, Romano. Uma matilha precisa de uma Luna tanto quanto precisa de um Alfa, e apegar-se ao passado não fará nada por si a nã
Ponto de vista de ScarlettPor que estava ele olhando tanto para mim? Mal conseguia desviar meus olhos dos dele, mas se ele tivesse desviado os dele dos meus, não estaríamos aqui agora, não é? O que mais me assustava nele era o fato de ser enorme. Ele era tão grande quanto Hélder, talvez até maior. Eu provavelmente parecia uma irmãzinha ao lado dele. – Quem é você?Sua voz provocou um arrepio na minha espinha e o prazer que percorreu meu cérebro foi inesperado. Não sabia o que dizer. – Eu... Eu... Na verdade... – Se eu quisesse que você gaguejasse, não teria feito nenhuma pergunta. Que diabos você está fazendo na minha matilha, Proscrita?A repulsa e o ódio entranhado em sua voz me despertou do meu devaneio. Dei um passo para trás antes de dar uma olhada em tudo ao meu redor e limpar a garganta. – Eu não sou uma Proscrita.– O que você é, então? Não tenho muita paciência e a pouca que tenho já está acabando.Pois bem, quem é esse idiota? A irritação se alumiou em meus osso
– Qual é o seu nome?– Scarlett Borges.– Qual é a sua matilha?– Bosque-Verde.O som de sua caneta escrevendo no caderno à sua frente não fez nada para acalmar meu medo. – Quantos anos você tem?– Quarenta e dois.Ao ouvir isso, ele levantou uma sobrancelha. Como se eu não estivesse mentindo para ele este tempo todo e só agora é que ele percebesse que eu estava mentindo. – Há alguma razão para você estar em meu território?Desviei meus olhos dos dele e observei em volta. Havia algo estranho que acontecia sempre que ele olhava para mim. Algo em meu estômago virou líquido e minha mente não conseguiu parar de trazer à tona imagens perturbadoras. Era vergonhoso. Se eu corasse, ia me dar um tapa aqui e agora. – Bem, em ...... estávamos dirigindo, e Maia disse que estava com fome, então fui até a lanchonete para comprar algo para ela comer. Eu não sabia que essa terra pertencia à matilha Garra-Férrea.O Alfa Romano riu e se levantou para poder sair de trás de sua mesa. – Agora que você