Quinn confirma algo que eu já sabia há um tempo.Hélder é um animal.Eu não acho que exista um lado humano nele. Eu queria acreditar que sim. Que, lá no fundo, algo nele se contorce quando ele faz essas coisas. Que algo nele protesta quando ele tem uma senhora velha acorrentada e chicoteada pelos seus guardas porque ela não conseguiu lhe dar os resultados que ele queria.As marcas estavam vermelhas e furiosas nas costas dela quando Quinn nos mostrou, e eu pude ver flashes de pena no rosto de Danis enquanto ele anestesiava a carne ali.Ela tinha ficado encolhida por causa delas.Prometemos tirá-la dali, mas ela tem que cumprir sua parte do acordo. Ela concordou e agora... agora Danis está tão silencioso quanto um cemitério enquanto voltamos para a Corp. Garra-Férrea.Meu coração bate suavemente no peito e algo estático reside nos meus ossos. Eu me sinto imóvel.Eu preciso do Romano.Ao pensar nele, o nosso vínculo de companheirismo pulsa suavemente e eu sigo essa sensação. A sensação do
— Senhorita Viviane.Levanto a vista instintivamente e puxo a barra do suéter para cima, me preparando para ver quem está à porta.Olhos verdes claros encontram os meus, e seu nome vem imediatamente à minha mente. Oliver.Meu assistente pessoal de última hora, que está sorrindo tão amplamente e radiando tanto que consigo imaginar seu rosto na capa de uma revista.Ele tem esse tipo de rosto.— Há algo no meu cabelo?Ele também é jovem. Muito jovem, e aquela ingenuidade da juventude ainda irradia dele. Desvio os olhos.— Não, não há nada no seu cabelo. Pode entrar.Ele assente, entra e fecha a porta atrás de si. A camisa dele parece ser um pouco menor hoje, ou ele cresceu alguns tamanhos. Não é algo grande, é só que consigo ver mais do que vi da última vez.— A reunião foi boa.Assinto e tento não deixar que ele veja o quão nervosa eu estou. Romano tem uma reunião, ou pelo menos teve uma há cerca de trinta minutos, e antes de sair, ele tirou algum tempo para deixar vários marcas vermelha
Romano estava com a cabeça pesada quando cheguei até ele.Consegui perceber como ele se esforçava para se controlar pela sua respiração desconcertada. A chamada com Hélder havia sido encerrada e agora eu me encontrava diante da porta do escritório de Romano. Nossos olhares se encontraram, conectados pelo vínculo de companheirismo que o alertou sobre minha presença e... Ah.A mulher que estava sentada bem diante dele se virou para me encarar. Um calafrio percorreu pela minha espinha, pois ela se parecia muito com alguém que causou muita dor ao meu companheiro recentemente.— Fiz algo de errado, Alfa Romano?Ela se virou completamente para mim, e a semelhança me atingiu em cheio.Ela se parecia muito com a Elara.Apesar da aparência similar, haviam diferenças sutis.Eu não cheguei a observar Elara pessoalmente o suficiente para ter uma imagem clara, mas a visão que Romano forçou em minha mente estava gravada de maneira indelével.Dei um passo para dentro do escritório e me sentei ao lado
— Vamos conversar aqui. — Diane assentiu e se sentou. O olhar predatório em seus olhos me fez pigarrear enquanto eu olhava ao redor.— Não quis ser intrometida quando fiz aquela pergunta antes.— Que pergunta? — O tom dela era ríspido, mas eu não recuei. — Sobre Aria e a esposa fugitiva de Hélder. Perguntei apenas porque fiquei surpresa.Por mais que eu não gostasse de admitir, era verdade. Como alguém poderia permanecer ao lado de Hélder por vontade própria?— Vou dizer isso uma vez, Viviane, e espero que me ouça bem. — Minha mandíbula caiu e minhas sobrancelhas se franziram em confusão, mas Diane não desviou seu olhar frio. — Fique longe do meu marido, entendeu? E antes que tente bancar a inocente, guarde essa expressão para quem se importa. Eu não me importo. Estou aqui para avisar que Hélder está fora dos seus limites. E mais uma coisa: não sou como aquela vadia que fugiu. Não tenho medo de lutar pelo que quero, e o que eu quero... É Hélder Tyson.Ela fez uma pausa, mas o olhar imp
Ponto de vista de Scarlett– Mamãe? Eram nove da noite e hora do jantar quando Maia olhava para mim de sua tigela de mingau. Meu coração se derrete com a maneira como ela disse essa palavra, como se significasse o mundo para ela. Isso me fez sentir que ela me vê como sua fonte de conhecimento. Quando olhei para minha filha, com seus cabelos castanho claro e olhos azuis profundos, um sorriso iluminou meu rosto e belisquei sua bochecha levemente.– Sim, querida?– Eu vou ter um companheiro um dia?Pisquei os olhos quando um olhar ligeiramente divertido se espalhou pelo meu rosto.– Por que está perguntando sobre isso? Você ainda é muito jovem.– Mas vamos falar hipoteticamente.Meus olhos se arregalaram e eu dei uma risadinha.– Hipoteticamente? Quem lhe ensinou essa palavra, Maia? É uma palavra grande para uma criança de seis anos.Ela dá de ombros.– O Sr. Marco disse isso quando estava fazendo uma pergunta à Srta. Sara na aula de hoje, ele disse hipoteticamente falando...?Outra ri
– Maia, Corra! Maia gritou e saiu correndo por onde veio, mas Hélder a perseguia, tropeçando em seus pés, mas continuando atrás da minha filha.Não.Prefiria morrer antes de permitir que ele pusesse as mãos nela.Eu me levantei do chão e corri o mais rápido que pude para interceptá-lo. Ele continuava bêbado, por isso seus passos eram lentos, mas estava quase chegando à porta do quarto dela. Cheguei antes dele e a fechei com força.– Hélder, deixe a Maia fora disso! Ela nunca fez nada com você, é a mim que você quer machucar.Ele me agarrou pelo pescoço antes mesmo que eu percebesse e me puxou para cima, sufocando-me enquanto faz isso.– Você terá sua vez, sua vagabunda estúpida. Você acha que eu não vejo a maneira como você adora ela, sua preciosa filha, enquanto eu sou ridicularizado por todos ao meu redor. Vou matá-la hoje e depois vou foder seus miolos, talvez a morte de uma criança faça com que seu corpo traga outra, e se você ainda se recusar, mato você também.Hélder me jogou co
Dirigimos por três horas antes de qualquer pensamento atravessar minha mente. O primeiro que me ocorreu foi o medo disparando em meu coração. Para onde iríamos? Não podia levar-nos para a matilha dos meus pais. A matilha de Hélder era muito forte e seria apenas uma questão de tempo até que ele me persiga. Ele me acusaria de tentativa de homicídio e tiraria Maia de mim antes de me matar. Meus pais não conseguiriam impedi-lo, e a matilha de Hélder o apoiaria. Por isso, é melhor se eu nos levasse para outro lugar. Tenho um primo distante que morava a algumas cidades de distância. Meu caixa multibanco e um dos meus cartões de crédito estavam no bolso. Felizmente, é o único ao qual Hélder não tinha acesso. Tinha guardado algum dinheiro para a educação de Maia, caso Hélder decidisse não patrocinar mais seus estudos, teria de usar parte dele para nos afastar dele. As lágrimas picaram o fundo dos meus olhos e eu pisquei para as conter, mantendo meus olhos na estrada e observando as nuv
Ponto de vista de RomanoAlgumas horas antes...– Você estava sendo tolo, Romano.Meu pai passeava atrás da mesa. – Pense na matilha, nos lobos que você tem de proteger. Você vai deixá-los sem um herdeiro? – Eu farei o que eu bem quiser, pai.Minha raiva se apoderava de mim e apertava caneta com força, contendo a frustração que sentia e controlando de novo minhas emoções.– Não serei forçado a ir a encontros às cegas com alguém que mal conheço. Farei o que for melhor para mim quando estiver pronto.Em silêncio, meu pai me avaliava.Descendemos de uma longa linhagem de Alfas e, mesmo aos 62 anos, conseguia ainda ver traços evidentes do homem que ele já foi. O homem que ele seria para sempre, embora o título que ele possuía fosse agora meu. Ele se virou para me olhar e no seu olhar posso observar sua teimosia.– Esta situação não pode continuar por muito mais tempo, Romano. Uma matilha precisa de uma Luna tanto quanto precisa de um Alfa, e apegar-se ao passado não fará nada por si a nã