Leonardo bebeu tudo de uma vez.Isabela franziu a testa ao ver aquilo.Ele parecia estar com algo na cabeça. Leonardo colocou a xícara de café para baixo e disse: — Obrigado.Em seguida, pegou o casaco e se levantou.— Vamos tomar café da manhã juntos, que tal? — Leonardo convidou.— Já comi, estou esperando uma cliente. — Isabela respondeu.— Ok. — Leonardo deu de ombros.Ele colocou o casaco sobre o ombro e saiu, cambaleando um pouco.Isabela olhou para o relógio e disse:— Vou com você.Mal terminou de falar, a garota chegou. Isabela se desculpou:— Parece que não vai dar.Leonardo se virou e voltou.— Posso ir com você? — Perguntou ele.Isabela hesitou, mas ele completou:— Meu pai disse que, se eu não tiver sucesso, vai me mandar para o exterior. Eu não quero ir.Isabela sorriu para a garota e disse:— Vamos conversar na sala de reuniões.Ela então olhou para Leonardo.— Vá lá e traga dois cafés.Ao encontrar o olhar dela, Leonardo entendeu o que ela queria dizer. Embora estivess
O velho homem, após ouvir, perguntou apressado:— Há alguma chance de defesa?Isabela pensou um pouco e respondeu:— Sim, se tudo o que você disser for verdade...— Eu estou falando a verdade! — O velho homem se apressou em dizer.Isabela levantou o olhar, com uma expressão fria.— Deixe eu terminar de falar, tá?— Ah, sim, claro. — O velho homem ficou quieto e a ouviu.— Na primeira vez, ela era muito nova e não se lembra claramente. Se não houver provas diretas, vai ser difícil comprovar que você a estuprou. O que ela pode afirmar com certeza é aquele incidente no primeiro ano do ensino médio, mas naquela vez ela já não era tão nova, então não pode ser considerada uma criança. O principal é que, entre aquele caso e a tentativa de suicídio de agora, se passaram alguns anos. A polícia vai ter dificuldade de ligar o suicídio recente a um estupro cometido anos atrás. Mas se houver provas fortes, seu crime de estupro será confirmado.O velho homem ficou com o rosto sombrio.— Ah, entendi.
Leonardo ficou sem palavras por um momento.— Servir ao nosso país? — Ele se inclinou sobre a mesa com um sorriso de lado. — Você realmente ama o seu país, hein.— Você não ama? — Isabela perguntou de volta.— Claro que sim. — Leonardo respondeu.Isabela saiu da recepção e disse:— Espero que isso seja sincero.Leonardo a seguiu.— Não perco tempo com mentiras...Mal ele terminou a frase, seu estômago roncou alto.Ele tossiu constrangido.— Vamos, te convido para o café da manhã. — Isabela sorriu.Leonardo quase revirou os olhos.— Nossa! Dona Isabela, já são dez horas, você tem certeza que vamos comer café da manhã e não almoço?Isabela guardou suas coisas e disse:— Me chame de mana.Leonardo ficou olhando Isabela por alguns segundos, e de repente sorriu.— Ainda se importa com isso?— Claro, esse título de "Dona Isabela" significa que estou ficando velha, mas "mana" prova que ainda sou jovem. Ela não queria envelhecer.Leonardo de repente se aproximou, colocando a cabeça bem perto
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q
— Sou eu, sim. — Disse Isabela, com um leve aceno de cabeça.— Este é um envio urgente para a senhora. — Respondeu o entregador, estendendo-lhe uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?Isabela pegou a prancheta, assinou rapidamente e a devolveu ao rapaz. Em troca, ele lhe passou um envelope grosso, de papel pardo, que ela recebeu com uma expressão enigmática. Assim que fechou a porta, respirou fundo e rasgou o lacre com um pouco de pressa. Ao abrir, seus olhos pousaram sobre o documento que não imaginava receber tão cedo: o acordo de divórcio assinado por Sandro.Seus olhos brilharam com uma expressão de leve surpresa e satisfação ao ver a assinatura dele ali, estampada de maneira firme. Colocou o envelope ao lado e abriu o notebook na mesa. Ao observar tudo aquilo, ela constatou que o acordo de divisão de bens havia sido aceito. Isso significava que Sandro não tinha objeções em relação aos termos que ela havia estabelecido.Com a decisão dele em mãos, Isabela começou a organizar
André também já tinha chegado na idade de aposentadoria, mas ele andava ganhando bastante visibilidade graças ao destaque que Sandro conquistou na área.— Eu fui injusta com o professor Davi... — Disse Isabela, desviando o olhar para a janela, a voz baixa e cheia de remorso.Ela pensou em como o professor Davi sempre estimou a ela e investiu nela. Ele preparou ela com todo o cuidado, talvez até mais do que a própria neta, Viviane. E, no final das contas, como foi que ela retribuiu? Deixou ele terminar a carreira de forma humilhante e injusta. E tudo por causa do seu "amor cego". Esse erro foi o que acabou manchando a honra do professor Davi.Lágrimas começaram a surgir, silenciosas e inevitáveis, preenchendo seus olhos.— Ah, Isa, não fique assim! — Disse Viviane ao perceber as lágrimas da amiga, claramente preocupada. — Meu avô e o professor André se enfrentaram a vida toda! Os dois nasceram para serem rivais. Já faz tanto tempo, não se cobre assim, tá?Para aliviar a tensão, Viviane