A mulher não esperava que Isabela recusasse.— Você se arrepende do divórcio? — Perguntou, surpresa.Afinal, na cabeça dela, Isabela ter se casado com a família Marques tinha sido um verdadeiro golpe de sorte. Haviam muitas mulheres bonitas, mas Isabela conseguiu se casar com um ricaço. Era privilegiada.Se fosse ela no lugar de Isabela, jamais pediria o divórcio. Mesmo que ele vivesse na farra todos os dias, contanto que não faltasse dinheiro, estava tudo certo.Na internet, ela tinha visto uma piada que dizia: "Se seu marido te desse cem mil reais por mês, mas nunca aparecesse em casa, você aceitaria?"A resposta dela seria: "Claro que sim!"Um marido ausente e com grana? Melhor dos mundos.Ela realmente não conseguia entender a decisão de Isabela.Isabela, no entanto, não respondeu à pergunta diretamente.— Hoje em dia, filhos fora do casamento também têm direito à herança. Se você tiver o bebê e fizer tudo direitinho, vai conseguir o dinheiro que quer. Eu te passei meu contato da o
A mulher se sentou no carro e continuou observando Milena.— Por que você está sempre com essa máscara? Não pode mostrar o rosto?A mulher ainda estava cautelosa com Milena. Afinal, estava prestes a dar à luz e não podia deixar que nada desse errado.Milena estava com o rosto machucado, e ainda em recuperação.— Tenho medo de te assustar. Você está grávida, acho melhor não olhar. — Ela respondeu.— E por que eu deveria confiar em você? — A mulher não era boba. Não ia acreditar em qualquer pessoa daquele jeito, sem mais nem menos.Milena conhecia um pouco da família Marques. Começou a falar sobre a situação deles, deixando claro que sabia muito bem o que estava acontecendo.— Me chamo Milena Moura. Você pode investigar e descobrir se fui eu quem causou o divórcio entre o Sandro e a Isabela. E agora, o Sandro vai se casar com a Srta. Clara. Pelo que eu investiguei, essa Clara tem um grande poder por trás, uma família bem poderosa. Se ela se casar com o Sandro, não tem como você entrar na
Milena estendeu a mão.— Me dê seu celular.— Para quê? — A mulher perguntou, olhando para ela com desconfiança.Ela achava Milena sombria, tinha algo de estranho nela.— Vou te passar meu contato, assim você não fica perdida na hora que precisar falar comigo.A mulher tirou o celular da bolsa e perguntou:— Qual é o número?Não entregou o aparelho para Milena.Milena recolheu a mão e disse os números.A mulher anotou.Milena já tinha falado tudo o que precisava. Se aquela mulher resolvesse investigar, ia descobrir que tudo que ela disse era verdade. E aí com certeza iria atrás dela para propor uma parceria.Logo depois, a mulher mandou o motorista parar. Milena desceu, ajeitou o boné e, depois de dar uma olhada rápida para os dois lados da rua, saiu andando com passos firmes.No caminho de volta para casa, a mulher ficou com a cabeça cheia de pensamentos.Assim que entrou, já foi pedindo para empregada preparar vários pratos que o Décio gostava.Ela ligou para Décio, dizendo que estav
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q
— Sou eu, sim. — Disse Isabela, com um leve aceno de cabeça.— Este é um envio urgente para a senhora. — Respondeu o entregador, estendendo-lhe uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?Isabela pegou a prancheta, assinou rapidamente e a devolveu ao rapaz. Em troca, ele lhe passou um envelope grosso, de papel pardo, que ela recebeu com uma expressão enigmática. Assim que fechou a porta, respirou fundo e rasgou o lacre com um pouco de pressa. Ao abrir, seus olhos pousaram sobre o documento que não imaginava receber tão cedo: o acordo de divórcio assinado por Sandro.Seus olhos brilharam com uma expressão de leve surpresa e satisfação ao ver a assinatura dele ali, estampada de maneira firme. Colocou o envelope ao lado e abriu o notebook na mesa. Ao observar tudo aquilo, ela constatou que o acordo de divisão de bens havia sido aceito. Isso significava que Sandro não tinha objeções em relação aos termos que ela havia estabelecido.Com a decisão dele em mãos, Isabela começou a organizar
André também já tinha chegado na idade de aposentadoria, mas ele andava ganhando bastante visibilidade graças ao destaque que Sandro conquistou na área.— Eu fui injusta com o professor Davi... — Disse Isabela, desviando o olhar para a janela, a voz baixa e cheia de remorso.Ela pensou em como o professor Davi sempre estimou a ela e investiu nela. Ele preparou ela com todo o cuidado, talvez até mais do que a própria neta, Viviane. E, no final das contas, como foi que ela retribuiu? Deixou ele terminar a carreira de forma humilhante e injusta. E tudo por causa do seu "amor cego". Esse erro foi o que acabou manchando a honra do professor Davi.Lágrimas começaram a surgir, silenciosas e inevitáveis, preenchendo seus olhos.— Ah, Isa, não fique assim! — Disse Viviane ao perceber as lágrimas da amiga, claramente preocupada. — Meu avô e o professor André se enfrentaram a vida toda! Os dois nasceram para serem rivais. Já faz tanto tempo, não se cobre assim, tá?Para aliviar a tensão, Viviane