A Secretária Grega do Turco
A Secretária Grega do Turco
Por: Kayra Marck
Sofia

Sofia

A voz que chama mais uma das candidata tem um lindo sotaque e é arrogantemente máscula. 

A garota de cabelos com um corte moderno se levanta. Seus olhos verdes me encaram como se eu fosse um nada. Deixando claro sua confiança que terá o cargo.

Eu aliso minha saia nervosamente e solto um suspiro. Três garotas já entraram e todas saem, com a mesma expressão, confiantes.

 Mas acredito que sem nenhuma resposta. Se o CEO já tivesse a candidata certa, nos dispensaria e não se daria ao trabalho de continuar com as entrevistas.

Acredito que ele entrevistará todas e só então tomará uma decisão.

Solto o ar quando a imagem de cada uma delas invade minha mente: maquiagens muito bem aplicadas, vestidas com roupas de grife aflorando refinamento.

Passo os olhos pela minha saia preta e camisa de corte simples. Meus cabelos castanhos escuros estão presos no alto da cabeça.

Maquiagem? Só um risco de lápis abaixo dos olhos e um batom telha, só para dar uma cor aos lábios. 

Respiro fundo. "Espero que a aparência não seja um fator determinante." Afasto esses pensamentos e puxo o ar novamente tentando me acalmar.

Emprego não está fácil. O Brasil está vivendo uma crise medonha. As filas de desempregados aumentam cada dia mais em frente as agências de empregos na disputa das poucas vagas. Eu já me sinto privilegiada de ter sido chamada para essa entrevista, por isso preciso ter fé.

O cargo é extremamente concorrido. A que for escolhida será contratada para a posição de secretária de confiança d o próprio Ozan Adin Ahmad. Dono da empresa multinacional de arquitetura espalhadas pelo mundo.

Segundo a revista Dwell, a Building Design laçou seu ranking anual, o WA100, como uma das maiores empresas de arquitetura. Então esse cargo é muito, mas muito concorrido.

Fica firme! Não seja covarde. Você é capaz, mostre isso a ele!

Depois de alguns minutos de espera, a porta se abre e a garota sai do escritório com um sorriso confiante e eu experimento uma inquietação muito grande.

—Sofia Rodrigues.

Trêmula, me levanto da cadeira, ciente que estou dentro de um edifício luxuoso de quinze andares que compõe esse famoso escritório de Arquitetura.

Meus passos ecoando no chão de mármore rosa me deixam ainda mais nervosa. Entro no escritório claro pelas grandes vidraças, muito amplo e luxuoso. Meus olhos então procuram o homem sentado atrás da mesa de madeira nobre. 

Minha nossa! Penso ao dar com os deslumbrantes olhos negros e expressivos, o mais lindo que eu já vi na face da terra e para o meu tormento eles se cravam em mim. 

Os cabelos negros como o carvão são bem cortados... não muito curtos.

 "Hum, tamanho ideal para se passar os dedos."

 Reparo então nos ombros largos dentro de seu lindo terno negro que exala riqueza e sofisticação. 

Deus! Acho que o valor dele excede o que ele me pagará de salário caso eu seja contratada.

Esse homem beira a perfeição de tão bonito e fica até difícil respirar no mesmo ambiente que ele está. 

Ai que calor....

Agora entendo o porquê Ozan Adin Ahmad é tão cobiçado pelas mulheres.

Seus olhos me inspecionam também. Posso sentir o rubor se espalhando pelo meu rosto e descendo pelo meu pescoço quando ele, sem cerimônia, repara nas minhas roupas. Seus olhos então sobem e procuram os meus:

—Boa tarde. Sente-se.

Eu puxo a cadeira confortável de couro negro e me sento em frente à sua mesa. Ele pega então meu currículo nas mãos:

—Vinte e quatro anos, cursou administração, e aqui diz que trabalhou em uma corretora de imóveis durante um ano. E é só. Nada de cursos de capacitação, mestrado, doutorado...

—Sim.

—Por que saiu da MRV?

Eu engulo em seco.

—Eu...eu derrubei café no colo de um dos clientes quando o servia.

Ele ergue uma de suas sobrancelhas perfeitas e dá um sorrisinho, meu coração dispara.

—Devia estar bem quente. 

Eu assinto sem sorrir.

—Sim, estava.

Ele abre mais o sorriso e eu prendo o ar. Seus dentes são lindos, alvos. 

"Ah esse cara realmente é perfeito!"

—Gostei da sua sinceridade em me dizer o motivo. — Ele se reclina na cadeira enquanto olha meu currículo e então me encara. —Seu currículo não tem nada de extraordinário. Ao contrário das garotas que saíram daqui. Elas são bem mais capacitadas.

Eu me irrito, acho é mais por esse cara me abalar tanto do que por suas palavras:

—Por que me chamaram para a entrevista se eu não tenho o perfil? —Pergunto controlada, mas passo uma certa irritação na voz.

Ele me avalia com os olhos e então acena a cabeça.

—Eu também estou me perguntando isso.

Eu me levanto.

—Bem, então se é isso, boa tarde senhor Ahmad. 

—O quê? Desistiu?

Eu respiro fundo e o encaro sem entender.

—O senhor mesmo disse que as garotas são bem mais preparadas do que eu.

Ele acena com a cabeça.

—Verdade, mas você parece o tipo de pessoa que veio realmente para trabalhar e solucionar problemas e não para criá-los....

O que ele quer dizer com isso? Será que ele teve experiências ruins com funcionárias?

—Então estou no páreo?

Ele me olha por um tempo e me olha como se tivesse tomado uma decisão.

—Muito mais que isso. Está contratada.

Eu engulo em seco.

—Estou?

—Exatamente. Pode começar amanhã?

Eu o encaro ofegante.

—Sim, senhor. Claro. Estarei aqui cedo.

—Ótimo. Então é isso. Até amanhã.

—Obrigada por ter me contratado, o senhor não irá se arrepender. 

—Estou apostando nisso!

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