Bem, só sei que ele se tornou o homem muito cobiçado pelas mulheres. Todas sonham em ser a senhora Ahmad e consolar o lindíssimo viúvo e milionário.
Ah! Mas Ozan não entregará seu coração para qualquer uma. Acredito que ele queira uma mulher do mesmo nível social e intelectual dele. Uma mulher de sua cultura, do tipo submissa, nascida para ocupar os altos postos da sociedade.
Com certeza posso dizer que Ozan é o tipo de homem que meu pai aprovaria. Mas esse lindo turco não é para o meu bico. Ele jamais olharia para mim.
Visto minhas roupas e prendo meus cabelos longos. Faço um coque alto e então me examino no espelho. Mesmo nessa luz fraca dá para perceber meu abatimento.
Essa noite eu me revirei na cama tentando dormir. Toda hora me martirizando pela queda no escritório de Ozan.
Bem, seja o que Deus quiser!
Passo uma pequena porção de base no rosto e então o lápis nos olhos e o batom.
Espero que eu esteja bem, como eu disse, esse banheiro é escuro.
Horrível!
Bem diferente da minha antiga realidade. O banheiro era enorme e muito bem iluminado com um grande espelho e uma maleta de maquiagens caras à minha disposição.
Meu pai não me permitiu levar nada, nenhuma mala sequer, tudo para dificultar minha vida.
Solto o ar e afasto os pensamentos.
Bem, agora é correr e pegar meu carro e cruzar a cidade até a Avenida Paulista. Como está chovendo hoje o trânsito não deve estar nada bom.
Graças a Deus meu possante não tem me deixado na mão. Eu dei a ele esse apelido porque onde eu paro ele deixa uma pequena poça de óleo.
Minutos depois...
— Sofia — chamou a mulher à minha frente, trajando um elegante conjunto azul-marinho. Seus cabelos estavam perfeitamente penteados, e a maquiagem destacava a beleza de suas feições.
Eu a encarei, hesitante.
— Sou eu.
Ela me analisou de cima a baixo, e percebi o canto de seus lábios ameaçar um sorriso contido.
— Seu lugar não é aqui.
— Não? Mas aqui não é a antessala do senhor Ahmad?
— Sim, mas essa é a minha mesa. Você foi contratada para estar ao lado dele. Lembra?
Meu estômago revirou. Deus, eu sabia que seria a sombra dele, mas não tão literalmente. Minhas pernas ficaram bambas, mas consegui me erguer da cadeira, disfarçando meu desconforto.
— Ah, está certo então. Perdoe-me pelo mal-entendido.
Ela se limitou a um aceno profissional antes de pegar o telefone e discar o ramal.
— Sofia Rodrigues está aqui — anunciou antes de colocar o telefone no gancho. — Pode entrar.
— Ok.
Respirei fundo, minhas mãos frias tocando a maçaneta. Antes de abrir a porta, meus olhos recaíram sobre a placa metálica presa à entrada:
Ozan Adin Ahmad
Presidente
O título, junto com o peso do momento, fez meu coração disparar.
Ao abrir a porta, encontrei a figura que já tinha feito minhas pernas vacilarem durante a entrevista. Seus olhos negros fixaram-se em mim, intensos e avaliadores, e ele me presenteou com um sorriso sutil, mas devastador.
Predador. Essa era a palavra que o descrevia. Um homem que exalava controle, poder e um magnetismo quase sufocante.
Concentre-se!
Aqui é trabalho, lembrei a mim mesma. Com essas roupas simples e minha aparência abatida, ele jamais olharia para mim com outro interesse além do profissional. Talvez, foi por isso que ele me contratou. Eu não representava uma ameaça... ou assim ele pensava.
— Bom dia, senhor Ahmad.
— Bom dia, senhorita Rodrigues.
Ele fez um gesto para o outro lado do escritório, indicando a grande mesa que me esperava.
— Seu lugar é ali.
Ofereci um sorriso educado, mas ele franziu a testa, curioso. Quando se levantou, senti o ar ao meu redor pesar. Ele caminhava em minha direção com uma lentidão deliberada, seus olhos fixos nos meus, como se buscasse algo além das palavras.
Parou à minha frente, sua altura tornando-o ainda mais intimidante.
— Você não teve muito sucesso com a aplicação de sua maquiagem. Está um tanto estranha. Melhor dar uma passada no banheiro — disse ele, sua voz baixa, mas firme, enquanto indicava a porta com um movimento sutil de cabeça.
Engoli em seco, sentindo meu rosto queimar.
— Verdade? Vou dar um jeito nisso.
Ele inclinou a cabeça, um leve sorriso brincando em seus lábios.
— E outra coisa. Não precisa me olhar com essa expressão assustada toda vez que eu falar com você. Eu não mordo. Mas é melhor se acostumar comigo, porque há dias em que me encontrará de muito mau humor.
Agradeci internamente por ele ter interpretado meu rubor como medo.
— Sim, senhor.
— Vá ao banheiro e arrume isso. Eu espero. — E então ele completou, com um sorriso que parecia quase desafiador: — E cuidado para não cair. Este chão pode ser traiçoeiro.
Senti meu rosto esquentar ainda mais, consciente de que seus olhos estavam atentos a cada detalhe da minha reação. Respirei fundo, reunindo coragem, e segui na direção indicada, com passos rápidos e cuidadosos.
Ozan
Que mulher hoje em dia ruboriza assim com tanta facilidade? Eu me pergunto vendo-a se afastar. Sem me conter passo os olhos pelo corpo dela enquanto ela se move até o banheiro.
Nada mal. Penso com a imagem dela completa se formando na minha cabeça.
Bumbum firme, pernas torneadas, cintura fina, seios fartos.
Rostinho é bem angelical. Isso foi a primeira coisa que notei quando eu a entrevistei.
Hum, se ela soubesse se arrumar, seria uma bela espécime de mulher.
Afasto meus pensamentos nada convenientes e volto para a minha mesa.
Minutos depois ela sai do banheiro com o rosto lavado. Seus olhos verdes de tigresa focam em mim.
Entendo o motivo da maquiagem pesada. Ela está bem abatida. Sinto-me instigado pela sua vida pessoal, mas imediatamente afasto esses pensamentos e aponto sua mesa.
Ela caminha em direção a ela. Reparo como ela consegue se movimentar com classe e segurança quando veste sua capa de autoconfiança.
Sim, ele chama a atenção. Não sei se é sua altura, seu olhar determinando, seu porte altivo, ou aquele jeito polido de ser.Só sei que ele é muito masculino para mim e eu perto dele me sinto muito feminina.Arrepios correm minha espinha quando percebo os olhos de Ozan me seguindo conforme caminho até minha mesa. Forço-me a andar com segurança. Distraio minha mente focando minha atenção no meu local de trabalho tentando não me abalar com sua presença.A sala foi bem projetada. Meu espaço tem arquivos modernos, muito bem etiquetados.A mesa no formato de um grande L é impecável.Todos os papéis estão organizados.No centro um notebook, ao lado um telefone.Na mesa encostada a parede uma impressora de última geração.Mais ao longe vejo uma grande máquina de tirar xerox.Tudo estrategicamente colocado, bem funcional e a mão, com certeza para não haver perda de tempo.Meu pai sempre dizia:"Tempo é dinheiro e que isso é uma verdade que poucos conhecem."Eu ocupo a cadeira confortável de en
Duas semanas depois...Ele é brilhante. Ozan pertence a isso tudo, está no seu ambiente, tudo que faz é com grande competência.A maneira como ele administra tudo é espantoso. Ele é dinâmico, sensato, versátil e objetivo; sempre vai direto no coração de cada problema, sem enrolação ou complicações.A cada dia a minha admiração cresce por esse homem.É excitante trabalhar para ele. Tanto no sentido bom da palavra como no sentido literal.Sim, ele é um pedaço de mal caminho.Mas quem disse que a vida é fácil?Não, não é e teremos que lidar com vários nãos pelo caminho.Quando conheci Ozan eu não tinha ideia do que ia acontecer ao meu pobre coração. É espantoso como tenho que me esforçar o tempo todo para não babar por ele.Ozan faz parte dos meus sonhos mais selvagens e eu nunca imaginei que um dia eu pudesse sentir essa tão grande atração por alguém.Pensei que o tempo amenizaria o que sinto, mas isso não ocorreu.Ergo meus olhos e o observo. Ele está com uma planta nas mãos e pelo seu
Agora eu entendo o não. O vento que entra espalha todos os papéis da minha mesa e da mesa de Ozan. Eu a fecho novamente e me viro para ele.Firme, Sofia! Firme! digo para mim mesma. Se entenda com ele. Não jogue essa oportunidade de trabalhar com um dos homens mais dinâmicos no meio empresarial.—Pode deixar que vou arrumar tudo.—O quê? Você estava achando que eu arrumaria essa bagunça?—Não! Claro que não!—Sente-se.Vou até meu lugar e puxo a minha cadeira e jogo meu corpo nela e o encaro com o queixo erguido.—Olha, eu sinto muito. Eu quebrei as regras por não entender o motivo de não poder comer aqui.Enquanto eu falo sua respiração aumenta, seus lindos olhos bem atentos ao meu rosto me fuzilam.—Assim como não entendeu porque deixo a janela fechada e uso o ar-condicionado.Eu aceno com a cabeça com a imagem dos papéis, tudo voando e rio. Não tem jeito, reajo assim quando estou nervosa.—Sim. Está claro isso agora.Ele endurece mais o olhar. Ruborizada, desvio meus olhos dos furi
Homens! São todos iguais!Tento me vestir o mais profissional possível. Não há nenhuma sugestão de convite nas minhas roupas. Não me visto para seduzir e assim mesmo eles me olham com essa baba na boca. Acho que os clientes têm fetiches por secretárias, só pode ser.Eu sorrio com simpatia para ele executando meu papel de boa assistente e me ergo; dou então com o olhar duro de Ozan sobre mim, tão fixo, hipnotizante que perco o fôlego.Tentando respirar longe dos seu lindos olhos negros, eu me afasto carregando a bandeja e a deixo na sala de café.Que olhar foi esse?Estou fazendo tudo certo, não estou?OzanQuando ela serve o café, percorro seu corpo devagar, observando atentamente sua saia preta aderida a seus quadris, a blusa de seda branca marca levemente seus seios.Pedi para ela comprar roupas novas, mas não sexy como o inferno.Ela sorri para o cliente e eu me sinto desconfortável com isso. Seus olhos então encontram os meus e eu a encaro fixamente, até ela se sentir embaraçada e
A garota é realmente linda. Seu corpo esbelto, os seios fartos, tudo nela parece ter sido esculpido para atrair olhares. Mas não é isso que me prende. Não é o que me faz sentir esse nó estranho no peito. É algo maior, algo mais profundo, algo que mexe comigo de um jeito que não deveria. A admiração que sinto por ela vem acompanhada de um sentimento que odeio, um sentimento que revira meu estômago e traz memórias que eu preferiria manter enterradas.Não tem nada a ver com ainda amar minha esposa. Isso acabou faz tempo, junto com a vida que tínhamos. Mas Sofia me lembra de todas as razões pelas quais deixei de acreditar no amor, de por que fechei as portas do meu coração. Duas mulheres, duas experiências, e as duas me ensinaram que, no final, relacionamentos são como um navio à deriva — inevitavelmente afundam. E Sofia... Sofia é exatamente o tipo de tempestade que eu não quero enfrentar. Ela é caos, é risco, é tudo o que eu devo evitar. Uma grande dor de cabeça embrulhada em um sorriso
Passei momentos agradáveis com meu filho até a chegada de Ricardo Teixeira. Agora, estou na biblioteca da casa que um dia pertenceu ao meu pai, sentado diante da grande mesa antiga de madeira maciça. A sala está impregnada com o cheiro familiar de couro e madeira envelhecida, um cheiro que me remete à presença austera dele. Encaro Ricardo, ainda tentando entender o que ele acaba de dizer.— Como assim, meu pai deixou um testamento? — minha voz sai entrecortada, carregada de incredulidade. — A herança é minha e de meu filho por direito. Não havia necessidade disso.Ricardo mantém a postura séria, sua expressão é calma, mas sua firmeza deixa claro que não há espaço para argumentação.— Seu pai impôs condições para que você receba sua herança — responde ele, organizando metodicamente a pilha de documentos à sua frente.Meu coração acelera. — Condições? Que condições? — Uma ponta de irritação começa a surgir, mas há mais confusão do que raiva.Ricardo, sem pressa, pega um pen drive de um
SofiaHelena entra para dentro do escritório atrás de Ozan. Deus! Faz semanas que esse homem anda muito irritado. Ele parece um leão enjaulado e com fome. Tem explodido com muita facilidade e eu estou achando que deve ter acontecido alguma coisa na sua vida pessoal.Só pode ser!—Sinto muito senhor Ahmad. Mas o que posso fazer se o cliente não foi ao seu encontro?—Por acaso você ligou para ele confirmando?—Não! Quando eu marquei com o senhor Norton, ele deu certeza que iria, então achei que estava tudo certo.Eu sinto arrepios percorrendo ao longo de toda a minha espinha quando ele solta um gemido e a olha como se fosse avançar no pescoço dela.Ozan fala algo em turco. Com certeza foi um palavrão.—Fiz uma viagem de quase uma hora até o empreendimento para nada! Sabe como me senti senhorita Silva? Um perfeito otário!Os lábios de Helena tremem.Deus! Ela está em apuros.Eu me levanto da cadeira e pego-a pelo braço e a empurro para fora antes que Ozan perca a cabeça e a mande embora.
Ela pisca.—Como?Eu a encaro determinado.—Sex@ mas@quista, com sadism@, domin@ção e submissão. Claro que você teria que ser minha submissa. Teria que aceitar as batidas de meu chicote na sua pele fina e clarinha, tapas fortes na bunda, quem sabe um pouco de sangue. Curte ou não?Seus olhos de anjo, cálidos e ternos se tornam conflituosos.—Que horror.—Viu? Somos incompatíveis.Ela então me olha como seu eu tivesse duas cabeças e se afasta. Só então reparo em um amigo meu, Antônio rindo de mim. Ele está sentado no banco ao lado que estava a garota.—BDSM?Eu sorrio e dou um trago na minha bebida.—Foi o jeito que encontrei de afastar a garota sem que ela se sentisse ofendida.Ele olha para trás e observa a loira se afastando então me olha chocado, como se eu tivesse enlouquecido, suas sobrancelhas grossas arqueadas.—A garota é uma gata. E que corpo! E você a espanta desse jeito? O que está acontecendo com você? Cadê o cara que eu conheço?Eu viro meu corpo na direção da garota e a