OzanNão é à toa que ainda não encontrei uma noiva. Sei bem o motivo. O problema é que estou completamente fissurado por alguém que jamais deveria ser uma opção: minha assistente, a senhorita Rodrigues.Como posso sequer considerar um casamento enquanto estou preso a esse desejo por ela?A observo à distância, tentando manter meus sentimentos sob controle. Mas, Allah, está cada vez mais difícil. Às vezes, sinto que luto uma batalha digna de super-herói, mas a linha entre força e autossabotagem é tênue.Ontem foi um teste de paciência. Recebi alguns clientes no escritório e mal conseguia disfarçar meu incômodo vendo os idiotas babarem por ela.Hoje, um cliente importante está prestes a chegar. Jonas Marinho, um solteirão milionário. Ele, solteiro por escolha; eu, por resignação.Fecho meu notebook com força desnecessária, o barulho chama sua atenção. Sofia me olha com aqueles olhos de gata que me desarmam, mas desvio os meus, irritado comigo mesmo. Passo a mão pelos cabelos, como se is
Quarenta minutos depois Ozan entra no escritório. Eu enterro meu olhar na tela do notebook. Os pelos do meu corpo se eriçam conforme ele se aproxima da minha mesa bem devagar.—Você já conhecia o senhor Marinho? —Ouço ele dizer.Eu ergo meus olhos.—Não. Eu o conheci aqui.Ele avança com um olhar ferino.—Não mesmo?—Não! Já disse que não.Ele espalma as mãos na minha mesa, os olhos fixos nos meus tentando ler a verdade neles.—Quando você chegou parecia um peixe fora d’água e agora fica aos cochichos com o cliente.Tenho de rir.—Você acha que eu estava flertando com ele?Ozan fica vermelho e estreita os olhos.—E não estava? Por que então, na conversa que eu tive com ele, Marinho fez questão que você me acompanhasse até sua propriedade em Monte Mor para uma festa que ele dará amanhã à noite?Eu rio mais.—Sinceramente não sei. Mas não sei por que se preocupa? Eu não vou, é claro.Ozan me olha com uma calma muito sinistra.—Mas claro que vai! Você me acompanhará.—Eu vou?—Sim, mas l
—Sim, ele é bastante exigente.—Exigente e lindo.... —ela diz sonhadora.Eu sorrio.— Confesso que ele chama a atenção,—Chama a atenção? Esse homem é devastador. Vire mexe mulheres ligam aqui atrás dele. Eu as dispenso, nem passo para ele. A ordem é dispensar. E duvido que não dá nenhuma babadinha?Eu sorrio.—Até babo mas não quando ele não está olhando e com certeza isso tem livrado o meu pescoço. Mas eu sei que ele não é para mim. Geralmente turco se casa com mulheres turcas. Eles comem todas, mas para se casar gostam da sua raça.—Ah, menina esperta. Realmente, Ozan não tem uma boa reputação a esse respeito. Ele troca de mulher como troca de roupa.Eu solto o ar. Não gostaria de estar ouvindo isso, mas é verdade.—Bem, vou indo. Até amanhã.Caminho até os elevadores pensativa. Sei que Helena está certa. No fundo eu continuo sendo a mesma garota que saiu de casa. Retraída e muito seletiva quanto as amizades. Mas isso é culpa da minha criação. Minhas amigas sempre foram em casa, nu
—Estou com dor de cabeça, então vou fazer um café para mim. O senhor aceita uma xícara?Allah! A vontade de possuí-la e a fazê-la minha de vez me toma de um jeito que sinto meu membro crescer ao ponto de quase rasgar minhas calças.Inferno, por que ela tem que ser tão apetitosa?Preciso tê-la.Desejo negado é uma merda!—E então?Eu pisco com sua nova pergunta, que me traz para a realidade:—Não, obrigado. Tomei muito café hoje no hospital. Estou bem.—Não quer mesmo? O senhor parece meio aéreo.Hah! Essa é boa! Eu sei onde anda minha cabeça.—Não obrigado.Ela acena um sim e eu abaixo meu rosto e tento focar no meu maldito trabalho, precisamente nesse maldito projeto.Ouço seus saltos ecoando no chão de mármores, e sem me conter ergo meu rosto e a acompanho com o olhar.O que aconteceu com aquela garota assustada?O que aconteceu com aquela garota tímida e desajeitada?Agora, ela está mais confiante e cada dia mais irresistível e mais sexy por isso. Mal sabe que para mim, ela é a fig
OzanAplico um pouco de perfume nas costas, o suficiente para exalar suavemente sem me incomodar. O aroma fresco e amadeirado mistura-se ao ambiente enquanto deslizo a camisa pelos ombros e ajeito o colarinho com precisão quase obsessiva. Encaixo o terno com a destreza de alguém que sabe exatamente como quer ser visto.Paro diante do espelho, e um sorriso lascivo surge em meus lábios. Meus olhos brilham com expectativas que não são nada inocentes. A promessa da noite aquece meu peito de uma forma que há tempos não sinto. Porém, o mundo insiste em invadir minha bolha de autoconfiança. Meu celular vibra, mas eu o ignoro. Não há nada mais importante agora que o jantar que me aguarda.Vou até a sala e me acomodo no sofá, o olhar pregado no relógio. O tempo é cruel, e cada minuto que passa transforma o ambiente em algo sufocante. O ar parece mais denso, e uma sensação de desespero começa a rondar.“Não…”, penso, enquanto meus dedos tamborilam contra o braço do sofá. “Ela não vai me dar o b
OzanEu observo enquanto ela desfila até o lugar dela, seu corpo esbelto movendo-se com uma graça natural. Meus olhos não conseguem evitar seguir seus passos, quase como se fossem atraídos por uma força magnética. Inspiro fundo, as narinas se expandindo, enquanto tento conter o turbilhão de pensamentos que ela provoca.Porra! Estar perto dela tem sido uma tortura. Cada movimento dela é uma distração, uma lembrança do quanto eu a quero. Mas não posso permitir que isso me consuma. Preciso manter as coisas no campo profissional, encontrar argumentos sólidos para afastá-la desse ambiente sem levantar suspeitas. Não misturo trabalho com lazer; sou sistemático demais para isso, rígido com as minhas próprias regras.Mesmo assim, quero conhecê-la — verdadeiramente. De um jeito impessoal, sem que ela perceba o quanto estou interessado. Acredito que é a única forma de enxergar alguém de forma autêntica, sem as máscaras que as pessoas insistem em usar para impressionar.Máscaras... Já estou satu
SofiaBorboletas.Odiosas borboletas batem asas no meu âmago, criando um furacão que parece consumir o pouco da minha paz. Mordo meus lábios, tentando disfarçar a hesitação que me paralisa. O que devo responder?Já é uma tortura estar perto desse Adônis todos os dias, com sua presença avassaladora que confunde meus sentidos. Agora, ele quer que eu passe o final de semana trabalhando como babá? Para ele?— Pagarei bem por isso — reforça Ozan, a voz tão segura quanto o olhar ansioso que repousa sobre mim. Ele está nervoso, posso perceber. — Diga que aceita, por favor. Estou meio desesperado. Ela desmarcou na última hora.Inalo profundamente, forçando o ar a atravessar meus pulmões enquanto minhas mãos, pousadas no colo, se apertam. Tento pensar na criança.O pequeno.É claro que penso nele.Eu sei como é crescer sem uma mãe. A dor dessa ausência é algo que carrego comigo até hoje, mesmo que minha babá tenha se dedicado a mim de corpo e alma. Mas não é a mesma coisa. Nunca será. Aquele v
No final do meu expediente, pego minha bolsa, arrumo o cabelo com um gesto automático e me despeço de Helena com um sorriso cansado. O dia foi longo, e tudo o que quero agora é ir para casa e me perder no silêncio.Mas, assim que alcanço a rua, o Honda Civic me chama atenção. Lá está ele, o senhorzinho que meu pai contratou para ser minha sombra. Espião, guardião ou simplesmente um lembrete constante de que meu pai não confia na minha independência.Suspiro, já sentindo a exaustão crescer, mas decido não deixar isso passar. Avanço com meu carro até emparelhar com o dele. Inclino-me, girando a alavanca do vidro do passageiro com dificuldade, o som do vidro descendo me irritando tanto quanto a situação. Ele não tem escolha: desliza o vidro dele também, os olhos castanhos cheios de constrangimento.Sorrio, mas não com simpatia. É um sorriso de ironia, carregado de sarcasmo.— Vou poupar seu trabalho — digo, o tom cortante. — Diga ao meu pai que neste final de semana vou trabalhar na casa