Daniel — Está, mas eu não quero esperar nem mais um minuto. — Tudo bem. — Seguro a sua mão e a levo para o sofá. Isa se senta por cima de suas pernas e eu me sento de frente pra ela. Respiro fundo e olho em seus olhos. — Susy e eu nos conhecemos no refeitório da faculdade. Eu fazia o primeiro período de administração de empresas e ela estudava letras. Os três primeiros dias ficamos paquerando de longe até que tomei coragem e a convidei para sair. Desde então nós não nos desgrudamos mais, em um período de dois anos nós noivamos e nos casamos. — Respiro fundo e continuo. — Alguns meses após o nosso casamento descobrimos que ela tinha um problema cardiovascular, mas não era nada que a pudesse tirá-la de mim, até ela engravidar. — Dou de ombros. — Sabíamos que não devia levar essa gravidez a diante, porém, era o seu sonho ser mãe um dia e ela insistiu nesse sonho, e consequentemente eu não consegui dizer-lhe não. Contudo, ela parou de trabalhar e eu tomei todos os cuidados necessários. M
Christopher Ávila.Uma reunião de família. Reunião de família seguido de um passeio, foram as palavras da minha avó Sara assim que pus os pés dentro de casa.— Você sabe sobre o que o seu pai quer conversar? — Débora pergunta me ajudando a pôr uma camisa vermelha que tem o S do Super-Homem estampado no centro dela.— Não. Vovô disse que ele chega em alguns minutos e pediu para eu não me atrasar.— Acha que ele vai me demitir? — Ela parece preocupada.— Não acho. — Minha babá sorri rapidamente de boca fechada e balança a cabeça fazendo sim.— Bom, desça logo, eu vou em alguns minutos. — Ela pede e eu saio correndo do meu quarto. Demitir a Débora até que não seria uma má ideia, ainda mais isso trouxer a Sorvetinho para morar aqui conosco. Sorrio amplo demais dos meus pensamentos. Ah sim, é uma ótima ideia ela vir morar aqui. Eu teria uma mãe e um pai finalmente juntos. Lembrar dos dois indo à escola me buscar naquele dia me faz suspirar e no dia seguinte os meus amiguinhos não falavam e
Christopher Ávila — Ah, meu caro pirata, não pense que será tão fácil assim! — Ele rosna, se embolando pelo piso pintado de branco e pega a sua espada de volta, e começamos mais a luta. Horas depois já estamos em alto mar e com o barco encorado. Meu pai está me ensinando a pescar pela primeira vez e a Sorvetinho também, e eu estou adorando esse dia! Se eu tivesse um diário como as meninas têm, teria muito o que escrever sobre esse dia, pena que está acabando e que logo estarei em casa com os meus avós. O lado bom disso é que eles vão estar juntos em algum lugar e isso quer dizer que eles querem ficar perto um do outro o tempo todo. Desembarcamos quando o sol já está quase se pondo e o céu está mesclado com as cores laranja, vermelho e azul. É um tipo de arco íris espalhado nas nuvens. Penso. Sorvetinho segura a minha mão e me ajuda a me acomodar no banco de trás do carro e depois, ela põe o cinto de segurança. Do lado de fora eles conversam sobre algo que não consigo ouvir, mas riem
Isabelly.— Esse é o túmulo da Susy, Isabelly. — Ele diz, observo todo o local. O lugar é lindo! Tem um canteiro com rosas brancas ao redor, um gramado verdejante e um muro de hera que separa o vinhedo e o casarão do lugar. E como se fosse um jardim secreto, onde somente Daniel conseguisse entrar e sair dele, pelo grande muro de Hera estendido de canto a canto não há quem consiga encontrar o jardim, acredito que só cheguei até aqui naquela noite porque o segui. — Eu a enterrei aqui porque... porque ela sonhava com um lugar assim e esse foi o meu último presente de casamento para ela antes de... antes da sua partida. — diz sem tirar os olhos do túmulo a sua frente, tocando o mármore frio com as pontas dos dedos. — Aquela noite eu tive uma visão com ela — fala e em choque eu simplesmente não digo nada. — As suas últimas palavras para mim foram... — Ele me olha nos olhos finalmente. — Ela vai consertar tudo.— Ela vai consertar... tudo? — indago, me sentindo meio perdida. Susy apareceu p
Isabelly — Pedi que fizesse uma sopa de legumes. A noite aqui costuma ser bem fria, será bom para nos esquentar. Espero que goste.— Está uma delícia! —Durante todo o jantar Daniel fala de coisas engraçadas e é encantador a forma como se comunica, além de ser atencioso e carinhoso o tempo todo. Muitos adjetivos para um homem que até ontem para mim era apenas desagradável. Após o jantar ficamos no balanço da varanda, apenas apreciando o vento frio que traz o cheiro adocicado do vinhedo misturado aos das rosas do jardim. Observo o gracioso balançar das roseiras embaladas pelo vento que apesar do frio cortante, exibe um céu límpido e estrelado.— Essa é a primeira vez que eu estou à vontade nesse lugar — confessa, cheirando os meus cabelos. Não digo nada, apenas aguardo que ele continue. — Geralmente eu só vinha pra cá pra resolver negócios, ou pra me martirizar e pedir que a morte me levasse logo. — Ele suspira. As palavras que saem da sua boca parecem como punhais sendo enfiadas em me
Isabelly— Ainda temos duas horas. — Ele diz em meu ouvido. Suspiro baixinho. Sentiram isso? Eu senti as segundas intensões nessa frase. — O que quer fazer? — Socorro, ele não me perguntou isso! Rio por dentro, porque eu sei exatamente o que ele quer que eu diga.— Eu quero você, Daniel Ávila! — ralho bem pertinho do seu ouvido, ouvindo o quanto a sua respiração ficou pesada apenas com o meu sussurrar e por fim, beijo demoradamente o seu pescoço, alcançando o seu maxilar, até chegar a sua boca. Inesperadamente ele me puxa para os seus braços e as minhas pernas envolvem a sua cintura, e Daniel caminha comigo sem parar o nosso beijo.— Vem, vamos matar essa a nossa cede. ***Horas depois... O avião pousa no aeroporto do Rio de Janeiro exatamente as sete da noite. Daniel me ajuda com a bolsa e caminhamos para fora do saguão em busca de um táxi. Assim que nos acomodamos no banco traseiro do carro o meu celular começa a tocar. Eu o confisco dentro do bolso da calça e suspiro o atendendo e
Isabelly — Daniel eu... — balbucio, procurando coragem. — O Francis, ele apareceu aqui e...— O Francis, o que ele queria?— Ele... me pediu para voltar. — Daniel da dois passos cautelosos em minha direção, porém, ele para e põe as mãos nos bolsos.— E? — Deus me dê forças!— E eu disse sim. — Ele me encara perplexo. — O que você disse?__ Me Desculpe, Daniel, eu... — As lágrimas preenchem os meus olhos e imediatamente elas descem por seu rosto e a droga do arrependimento bate na minha cara com força. No entanto, eu não posso voltar atrás, não posso deixar a minha mãe ir para cadeia e não posso deixar o meu pai se acabar no sofrimento. Sem me dizer uma palavra Daniel sai do meu apartamento e em me sinto ser partida ao meio. O meu coração se rasgar e começa a sangrar dentro de mim. O choro iminente me domina e eu me deixo ir ao chão. Não sei quanto tempo passei ajoelhada no meio da minha sala, chorando como uma condenada. Só sei que muni de forças, enxuguei as minhas lágrimas e dec
DanielDois dias depois...Após ouvir as suas palavras que saíram da sua boca não pude mais olhar na sua cara. Desnorteado, entro no carro e dirijo direto para um bar na orla marítima, e peço uma garrafa de uísque com um copo. Fico no balcão saboreando o amargo da bebida, misturado a essa nova dor. Ela disse que me amava, mas bastou esse infeliz aparecer na sua frente para ela correr para os seus braços. Não me permito chorar, não vou chorar. Desde o nosso término não tenho ido em casa, estou dormindo escritório e a cada dia invento uma desculpa para não preocupar os meus pais, mas a verdade, é que não sei o que dizer para o Cris. Céus, ele estava tão feliz com a nossa união. Como dizer para uma criança que os seus sonhos foram frustrados? Que ela não vai voltar mais? Sacudo os fios dos cabelos quando penso nessa conversa que em breve terei com o meu filho. Ela disse que me amava. Repito. Que espécie de amor é esse? Ela nem hesitou, não havia remorso, nada. Merda, preciso voltar para