Isabelly— Pense bem, Laura, você não tem alguém que não goste de você? Não sei, um familiar, uma pessoa com quem já trabalhou, ou...— Não, dona Isabelly. Eu não tenho inimigos, sou uma pessoa pacata e tranquila. Eu não consigo imaginar o porquê.— Entendo. O que mais o policial disse? — pergunto não gostando muito do que está se passando na minha mente agora.— Que eu tenho que ir até a delegacia. Eles querem que eu veja as filmagens e querem saber se eu consigo reconhecer o carro, ou a placa. E eu... não quero ir sozinha, dona Isabelly! — Ela volta a chorar.— Tudo bem! — Pego um lenço de papel e estendo em sua direção. — Quer que eu vá com você? — Ela me encara como se visse um dragão de sete cabeças na sua frente.— A senhora faria isso por mim? — Laura parece incrédula. Seria cômico se não fosse trágico. Eu acho que já dei exemplos suficiente para mostrar que sou uma boa patroa e que sou presente quando os meus funcionários mais precisam de mim. Não entendo o porquê dessa surpre
Isabelly— Não. — Ela responde seca.— Tem certeza? — insiste.— Claro que eu tenho certeza! — Ele respira fundo e continua.— Certo. Recebeu algum telefonema, ou ameaça antes do ocorrido?— Não.— Já viu aquele carro em algum lugar, em algum momento? Percebeu se havia alguém seguindo você?— Não. Não e não — responde irritada. — Senhor Carlos, o senhor acabou de nos dizer que o carro havia sido roubado horas antes do acidente. Como pode achar que eu o teria visto em algum momento?— Horas antes do acidente quer dizer, seis horas antes. Eles poderiam ter te seguido, ou te observado, ou até mesmo vigiado você em algum momento. — Ele diz.— Não, eu não o vi. Não percebi e eu estou ficando cansada disso tudo. Em um minuto eu tenho a minha vida pacata, tranquila, chata e monótona e no outro, tem um lunático me perseguindo e passando com o carro por cima de mim. — Ela diz impaciente.— Um louco? Então sabe que é um homem? — Ele ralha e seu tom parece... possessivo? Droga, eu estou ficando
Daniel.Dirijo concentrado no trânsito e em pleno silêncio. A verdade é que saber que Laura sofreu um atentado e não um acidente está mexendo com a minha estabilidade e a minha cabeça gira em mil pensamentos. Desde a batida de carro naquela época tenho mantido as investigações sem que a Isa soubesse. Até alguns meses atrás não conseguimos ter êxito com as investigações e eu estava quase me convencendo de que aquilo foi realmente um acidente, até que os CDs surgiram de uma forma anônima. Francis eu sei que não pode fazer mais nada contra Isabelly, mas e a Débora? Será que ela ainda é um problema? Já faz quase nove meses e tudo está muito quieto, mas eu simplesmente não posso confiar, não dá para não fingir que aquela maluca ajudou um homem a sequestrar a minha mulher e ainda tentou usar o meu filho para conseguir o que queria. Quando chegamos em casa cuido da minha buchudinha com muita dedicação e carinho. Ela parece cansada demais para se cuidar sozinha. Então preparo um banho morno
DanielAlgumas semanasJá estamos no final da festa de aniversário do Marcos e Isa parece ainda mais cansada essa semana, pois está no final da gestação e segundo a nossa obstetra, a Vick é uma menina grande, pesada e bem agitada.— Vou procurar o Christopher para irmos pra casa — aviso deixando um beijo no rosto cansado e um tanto sonolento. Ela me abre um sorriso iluminado e continua a conversa animada com as primas na mesa. Caminho entre os familiares, a procura do meu garoto. Meus olhos percorrem ávidos por todas as direções, porém, eu não o vejo. Observo as crianças correndo animadas para todos os lados do imenso jardim, mas não, mas ele não está no meio delas. Olho de um lado para o outro a sua procura, até parar Ananda, uma loirinha que é a filha caçula de Mel e amiga de Amanda.— Viu o Christopher? — pergunto. Ela me sorri apontando na direção do portão. Franzo a testa. — Está me dizendo que ele saiu da propriedade? — interpelo, sentindo o meu coração apertar no peito.— Uma m
Isabelly.Entro na casa grande, silenciosa e semiescura. É estranho não ter ninguém aqui. Daniel disse claramente que seus pais e o Cris já tinham vindo pra cá. Caminho até uma janela e afasto as cortinas a tempo de vê-lo sair em alta velocidade. Suspiro. Tem algo acontecendo, eu sei que tem. Frustrada, vou até a cozinha, abro a geladeira e pego uma garrafinha d'água, tomo um gole e depois outro. Meus pensamentos divagando a mil por hora. Resolvo voltar para a sala e ligar para a casa dos meus pais. Preciso saber o que está acontecendo e o porquê de Daniel sair daquele jeito. Infelizmente ninguém atende e isso é ainda mais preocupante. Na sequência, ligo para Daniel, mas ele também não atende. Nervosa e agitada, é assim que eu me sinto agora.— Sara? — Chamo para ter certeza de que não estou sozinha. — Dam, vocês estão em casa? Nada. Só o silêncio está aqui comigo. Bom, preocupação é o meu nome do meio. Agitada e inquieta volto a caminhar dessa vez de um lado para o outro da espaçosa
Isabelly— Por quê? Por que fez isso? O que a Laura tem a ver com tudo isso? — questiono espantada.— Era necessário. Assim eu poderia colocar a Joyce lá dentro — fala com calmaria estarrecedora. — Ela podia não ser uma boa assistente, mas era uma ótima espiã. Me contava de todos os seus passos. Vick não para de chorar nos seus braços e isso me deixa enfurecida e ao mesmo tempo agoniada. — Foi fácil fazê-los pensar que Michelle era a vilã. O meu plano de pôr Francis no caminho dela foi perfeito, não acha? Mas aí ele tinha que pôr tudo a perder. Não conseguiu tirá-la daquela maldita boate e entregou o menino quando eu tinha planos mais consequentes para Daniel. Mas agora não. Agora eu tenho você nas minhas mãos e tenho ela. — Débora volta a acariciar a minha filha e não tenho outra coisa a fazer a não ser chorar.— Por favor, Débora, não a machuque! — Volto a suplicar.— Espero que você morra, Isabelly. Espero que vá para o inferno! — Ela rosna e caminha para fora do quarto. Contudo, e
Daniel— Por Deus, pai! — Sem forças nas pernas eu me sento na cama e recebo o seu abraço forte e reconfortante. Contudo, me afasto dos seus braços em um rompante e encaro o meu velho. — Preciso ir vê-la agora! — digo.— É Claro, meu filho. Eu te ajudo. — Levando-me do leito hospitalar e caminho decidido até a porta. Seguro o trinco e estanco na mesma hora. Olho para trás e encaro os meus pais.— E o Cris? — inquiro receoso.— Também está aqui no hospital, filho. Ele foi dopado e ainda não acordou. — Puxo a respiração e assinto. Algumas cenas da noite passada agora estão mais nítidas e imediatamente invadem a minha mente como um vendaval destruindo tudo dentro de mim....— Paulo Matias, você está preso por sequestro e por quebrar uma ordem de restrição dada pelo juiz...— Eu só queria ficar perto do meu neto. — Ele reclama.— Coloque as mãos para trás. — O detetive pede, ele o faz, e logo se escuta o barulho das algemas em seu pulso. Entro no jatinho e encontro o meu menino adormecid
Isabelly.— Não! Agora eu só quero ver como ele vai se sentir perdendo as duas ao mesmo tempo!— Ele preferiu você a mim!— Você vai morrer, Isabelly! MORRAAAAAA!— Aaaaah, não! Daniel, me ajude! Me ajude! Aaaaaahhhh!— Isa?! Isa, amor acorde! — Sinto os seus braços fortes me segurar firme no lugar. — Ela vai me matar, por favor me ajude!! — Não paro de gritar, debatendo-me o tempo todo. Preciso sair daqui. Eu preciso... eu preciso... __ NÃO, ME SOLTE!— Isa, sou eu, Daniel, acorde, meu amor! — Essa voz. Essa voz... Forço-me a abrir os meus olhos e sinto as lágrimas escorrerem quentes pelo meu rosto. Ele está aqui! Daniel está do meu lado! Ele me puxa para um abraço apertado e eu me agarro a isso como se minha vida dependesse desse gesto tão simples e significativo. Sinto as suas mãos acariciarem as minhas costas lentamente, me acalmando e me acalentando. O seu hálito morno bate nos meus cabelos. E Deus, isso é tão bom! É algo tão singelo, mas que nesse instante tem um valor inestimá