Isabelly.Entro na casa grande, silenciosa e semiescura. É estranho não ter ninguém aqui. Daniel disse claramente que seus pais e o Cris já tinham vindo pra cá. Caminho até uma janela e afasto as cortinas a tempo de vê-lo sair em alta velocidade. Suspiro. Tem algo acontecendo, eu sei que tem. Frustrada, vou até a cozinha, abro a geladeira e pego uma garrafinha d'água, tomo um gole e depois outro. Meus pensamentos divagando a mil por hora. Resolvo voltar para a sala e ligar para a casa dos meus pais. Preciso saber o que está acontecendo e o porquê de Daniel sair daquele jeito. Infelizmente ninguém atende e isso é ainda mais preocupante. Na sequência, ligo para Daniel, mas ele também não atende. Nervosa e agitada, é assim que eu me sinto agora.— Sara? — Chamo para ter certeza de que não estou sozinha. — Dam, vocês estão em casa? Nada. Só o silêncio está aqui comigo. Bom, preocupação é o meu nome do meio. Agitada e inquieta volto a caminhar dessa vez de um lado para o outro da espaçosa
Isabelly— Por quê? Por que fez isso? O que a Laura tem a ver com tudo isso? — questiono espantada.— Era necessário. Assim eu poderia colocar a Joyce lá dentro — fala com calmaria estarrecedora. — Ela podia não ser uma boa assistente, mas era uma ótima espiã. Me contava de todos os seus passos. Vick não para de chorar nos seus braços e isso me deixa enfurecida e ao mesmo tempo agoniada. — Foi fácil fazê-los pensar que Michelle era a vilã. O meu plano de pôr Francis no caminho dela foi perfeito, não acha? Mas aí ele tinha que pôr tudo a perder. Não conseguiu tirá-la daquela maldita boate e entregou o menino quando eu tinha planos mais consequentes para Daniel. Mas agora não. Agora eu tenho você nas minhas mãos e tenho ela. — Débora volta a acariciar a minha filha e não tenho outra coisa a fazer a não ser chorar.— Por favor, Débora, não a machuque! — Volto a suplicar.— Espero que você morra, Isabelly. Espero que vá para o inferno! — Ela rosna e caminha para fora do quarto. Contudo, e
Daniel— Por Deus, pai! — Sem forças nas pernas eu me sento na cama e recebo o seu abraço forte e reconfortante. Contudo, me afasto dos seus braços em um rompante e encaro o meu velho. — Preciso ir vê-la agora! — digo.— É Claro, meu filho. Eu te ajudo. — Levando-me do leito hospitalar e caminho decidido até a porta. Seguro o trinco e estanco na mesma hora. Olho para trás e encaro os meus pais.— E o Cris? — inquiro receoso.— Também está aqui no hospital, filho. Ele foi dopado e ainda não acordou. — Puxo a respiração e assinto. Algumas cenas da noite passada agora estão mais nítidas e imediatamente invadem a minha mente como um vendaval destruindo tudo dentro de mim....— Paulo Matias, você está preso por sequestro e por quebrar uma ordem de restrição dada pelo juiz...— Eu só queria ficar perto do meu neto. — Ele reclama.— Coloque as mãos para trás. — O detetive pede, ele o faz, e logo se escuta o barulho das algemas em seu pulso. Entro no jatinho e encontro o meu menino adormecid
Isabelly.— Não! Agora eu só quero ver como ele vai se sentir perdendo as duas ao mesmo tempo!— Ele preferiu você a mim!— Você vai morrer, Isabelly! MORRAAAAAA!— Aaaaah, não! Daniel, me ajude! Me ajude! Aaaaaahhhh!— Isa?! Isa, amor acorde! — Sinto os seus braços fortes me segurar firme no lugar. — Ela vai me matar, por favor me ajude!! — Não paro de gritar, debatendo-me o tempo todo. Preciso sair daqui. Eu preciso... eu preciso... __ NÃO, ME SOLTE!— Isa, sou eu, Daniel, acorde, meu amor! — Essa voz. Essa voz... Forço-me a abrir os meus olhos e sinto as lágrimas escorrerem quentes pelo meu rosto. Ele está aqui! Daniel está do meu lado! Ele me puxa para um abraço apertado e eu me agarro a isso como se minha vida dependesse desse gesto tão simples e significativo. Sinto as suas mãos acariciarem as minhas costas lentamente, me acalmando e me acalentando. O seu hálito morno bate nos meus cabelos. E Deus, isso é tão bom! É algo tão singelo, mas que nesse instante tem um valor inestimá
Isabelly— Deixa que eu a ponho para arrotar. — Ele pede, ansioso para segurá-la nos seus braços. E maravilhada, eu os observo por um tempo. Dani anda pelo quarto cuidadosamente com Vick apoiada no seu peito. Suas mãos grandes deslizam pelas costas pequenas carinhosamente, então ele começa a cantar uma música que eu não conheço. É lindo! A sua voz rouca e masculina embala a nossa filha quietinha e aconchegada ao seu corpo. Cris adormece ao meu lado. É, parece que ele teve um dia bem cheio. Eu não duvido. Deve ter passado boa parte do seu tempo indo e vindo do meu quarto para o berçário. Com certeza dividido entre ver a sua mamãe e a irmãzinha. O meu menininho de ouro, a razão de nossa união. — Ela dormiu. — Dani anuncia com um sorriso que não quer largar o seu rosto e atrai a minha atenção para si. Oh céus, ele é tão lindo e a cada dia eu me apaixono pelo seu jeito de ser. Dani é um grande homem, um bom amigo e um amante. Ele é carinhoso, charmoso, educado, lindo e meu... todo meu! Nã
Isabelly.Algumas semanas...Olho para o ambiente todo iluminado. As paredes brancas ao meu redor têm um contraste com os uniformes verde-água da equipe médica e alguns instrumentos para monitoramento dos meus órgãos vitais. Uma intravenosa foi colocada no meu braço esquerdo e no meu indicador tem um pequeno aparelho para acompanhar os meus batimentos cardíacos. Estou um pouco nervosa e ao mesmo tempo ansiosa, mas também estou muito feliz. Há dois dias recebi a notícia de que Emily teve uma parada cardíaca e os médicos não podiam esperar mais pelo transplante. Tive poucas horas para me decidir. Havia passado por um estresse muito forte, quase perdi minha filha e tive uma hemorragia que quase me matou. Acredite, não foi uma decisão fácil, mas ela é a minha irmã e está precisando de mim agora. Então aqui estou eu, depois de duas semanas e meia de um parto complicado e estressante de volta ao hospital para salvar uma partícula da minha família, sangue do meu sangue, que eu aprendi a amar
Daniel.Ando de um lado para o outro no largo corredor do hospital. Faz apenas dez minutos que a deixei sozinha naquele quarto, naquela cama e contra a minha vontade, mas parece uma eternidade que sai de lá. Ainda mais nas condições que a deixei. Isa parecia tranquila, mas lá fundo eu sei que ela estava com medo. Eu devia ter ficado ao seu lado segurando a sua mão. Só que não podia, eles jamais permitiriam. O corredor está lotado como Mônica havia falado. Toda a família Albuquerque e Alcântara estão aqui com exceção das crianças. Joseph, o pai de Emily também está aqui conosco. A figura do homem franzino, pálido e preocupado está sentado ao lado de Mônica e de Marcos. Eles o estão confortando de alguma forma, dando uma força, porém, ele parece distante. Sim, está perdido em seus próprios pensamentos. Os seus olhos estão focados no chão e acredito que está tão afetado e apreensivo com esse momento quanto eu. Sandra não apareceu por aqui. Era de se esperar, a mulher só tinha interesse
Emily.Acordo sentindo um incômodo no pé da minha barriga. Tento me mexer, mas não dá, dói muito. Sinto um toque carinhoso em minha mão, apenas um roçar de dedo na minha pele e forço os meus olhos a se abrirem. A luz forte que invade o lugar machuca a minha visão e volto a fechá-los. Tento mais uma vez e outra, e mais outra, até finalmente conseguir. Olho ao meu redor e encontro as paredes brancas, as enormes janelas de vidro, um espaço amplo e penso que não estou mais no meu antigo quarto de hospital. Respiro fundo sentindo uma ansiedade diferente crescer dentro de mim e não sei se rio ou se choro. Eu consegui! Penso me sentindo diferente, mais forte e mais saudável. Eu consegui! Tenho vontade de gritar. Não sinto mais as náuseas companheiras dos últimos meses, nem aquela fraqueza constante, ou a falta de ar. Engulo em seco quando olho para o meu corpo em uma bata fina hospitalar. Ainda tem alguns fios conectados ao meu peito e ligados a uma máquina que bipa o tempo todo. Um soro fix