Isabelly.Nesses últimos meses tenho mantido contato com Emily, na maioria das vezes pessoalmente e quando não dá nos falamos por mensagens ou telefone. E você pode não acreditar, mas temos muito para conversar. São momentos únicos tanto para mim quanto pra ela. Contudo, ela ainda não faz ideia de quem eu sou na sua vida, porém, tenho agido como sua irmã mais velha. Sempre cuidando, ouvindo os seus desabafos, aconselhando-a e por muitas vezes me perguntei qual será a sua reação quando ela descobrir a verdade sobre mim. De uma coisa eu tenho certeza, Emily não vai estranhar a minha presença. Me pego sorrindo quando penso o quão ela está animada apesar de tudo que está passando. A sua alegria me contagia, me preenche e é impossível sentir tristeza mesmo estando dentro de um quarto de hospital... ou era. É frustrante pensar que ultimamente ela tem conversado pouco e dormido muito. O que me deixa bem preocupada porque o seu prazo de vida está se acabando. Com um suspiro fraco eu levo uma
IsabellyEntro no perímetro da mansão Albuquerque passando os olhos por toda a sua extensão. O lugar lindo está cheio de lembranças da minha infância e adolescência. Os jardins, a piscina, o parquinho ainda montados no mesmo lugar. Olho para a entrada elegante da casa e resolvo ficar mais um tempo por aqui. Penso em como Marcos foi generoso comigo e com Mônica. Na época ele era um jovem libertino. Meu sorriso se amplia quando lembro de minha mãe contando das suas vidas sem regras, o quanto eram livres e quando o amor os pegou de jeito. Marcos era um CEO jovem e bem-sucedido, bonito e muito visado. Mas foi para ela que ele olhou e se encantou. Assim como Joseph se encantou com Sandra e estava disposto a tudo por ela. A diferença entre as duas irmãs está na sinceridade. Mônica o contrário de Sandra abriu o jogo com Marcos e hoje ela tem as suas conquistas sentimentais, sociais e financeiras porque preferiu a verdade. Suspiro. Droga, eu queria que tudo fosse diferente! Por que as coisas
Isabelly.Alguns meses depois...Os dias têm se passado e a sensação de paz e de felicidade tem sido minhas leais companheiras ultimamente. Daniel tem trabalhado mais do que de costume, pelo menos duas vezes por semana ele passa do seu horário, chegando mais tarde em casa. Ele diz que quer estar por perto quando a Vick nascer e quer ter tempo suficiente para ficar por perto sem ter que pensar em trabalho, o que me deixa satisfeita e tranquila. Já eu tenho trabalhado mais em casa, feito reuniões por vídeo conferência e Michelle assim como a Laura têm se deslocado até a minha casa para me deixar a par de tudo que acontece no escritório. Contudo, hoje estou um pouco mais disposta e resolvi deixar o Cris na escola, e dá uma passada rápida na empresa. Enquanto caminho pelo hall do prédio encontro alguns funcionários que me cumprimentam com sorrisos e parabenizam pelo nascimento da minha filha que já está próximo. Sério, ainda não acredito que falta pouco menos de um mês para isso acontecer
Isabelly— Pense bem, Laura, você não tem alguém que não goste de você? Não sei, um familiar, uma pessoa com quem já trabalhou, ou...— Não, dona Isabelly. Eu não tenho inimigos, sou uma pessoa pacata e tranquila. Eu não consigo imaginar o porquê.— Entendo. O que mais o policial disse? — pergunto não gostando muito do que está se passando na minha mente agora.— Que eu tenho que ir até a delegacia. Eles querem que eu veja as filmagens e querem saber se eu consigo reconhecer o carro, ou a placa. E eu... não quero ir sozinha, dona Isabelly! — Ela volta a chorar.— Tudo bem! — Pego um lenço de papel e estendo em sua direção. — Quer que eu vá com você? — Ela me encara como se visse um dragão de sete cabeças na sua frente.— A senhora faria isso por mim? — Laura parece incrédula. Seria cômico se não fosse trágico. Eu acho que já dei exemplos suficiente para mostrar que sou uma boa patroa e que sou presente quando os meus funcionários mais precisam de mim. Não entendo o porquê dessa surpre
Isabelly— Não. — Ela responde seca.— Tem certeza? — insiste.— Claro que eu tenho certeza! — Ele respira fundo e continua.— Certo. Recebeu algum telefonema, ou ameaça antes do ocorrido?— Não.— Já viu aquele carro em algum lugar, em algum momento? Percebeu se havia alguém seguindo você?— Não. Não e não — responde irritada. — Senhor Carlos, o senhor acabou de nos dizer que o carro havia sido roubado horas antes do acidente. Como pode achar que eu o teria visto em algum momento?— Horas antes do acidente quer dizer, seis horas antes. Eles poderiam ter te seguido, ou te observado, ou até mesmo vigiado você em algum momento. — Ele diz.— Não, eu não o vi. Não percebi e eu estou ficando cansada disso tudo. Em um minuto eu tenho a minha vida pacata, tranquila, chata e monótona e no outro, tem um lunático me perseguindo e passando com o carro por cima de mim. — Ela diz impaciente.— Um louco? Então sabe que é um homem? — Ele ralha e seu tom parece... possessivo? Droga, eu estou ficando
Daniel.Dirijo concentrado no trânsito e em pleno silêncio. A verdade é que saber que Laura sofreu um atentado e não um acidente está mexendo com a minha estabilidade e a minha cabeça gira em mil pensamentos. Desde a batida de carro naquela época tenho mantido as investigações sem que a Isa soubesse. Até alguns meses atrás não conseguimos ter êxito com as investigações e eu estava quase me convencendo de que aquilo foi realmente um acidente, até que os CDs surgiram de uma forma anônima. Francis eu sei que não pode fazer mais nada contra Isabelly, mas e a Débora? Será que ela ainda é um problema? Já faz quase nove meses e tudo está muito quieto, mas eu simplesmente não posso confiar, não dá para não fingir que aquela maluca ajudou um homem a sequestrar a minha mulher e ainda tentou usar o meu filho para conseguir o que queria. Quando chegamos em casa cuido da minha buchudinha com muita dedicação e carinho. Ela parece cansada demais para se cuidar sozinha. Então preparo um banho morno
DanielAlgumas semanasJá estamos no final da festa de aniversário do Marcos e Isa parece ainda mais cansada essa semana, pois está no final da gestação e segundo a nossa obstetra, a Vick é uma menina grande, pesada e bem agitada.— Vou procurar o Christopher para irmos pra casa — aviso deixando um beijo no rosto cansado e um tanto sonolento. Ela me abre um sorriso iluminado e continua a conversa animada com as primas na mesa. Caminho entre os familiares, a procura do meu garoto. Meus olhos percorrem ávidos por todas as direções, porém, eu não o vejo. Observo as crianças correndo animadas para todos os lados do imenso jardim, mas não, mas ele não está no meio delas. Olho de um lado para o outro a sua procura, até parar Ananda, uma loirinha que é a filha caçula de Mel e amiga de Amanda.— Viu o Christopher? — pergunto. Ela me sorri apontando na direção do portão. Franzo a testa. — Está me dizendo que ele saiu da propriedade? — interpelo, sentindo o meu coração apertar no peito.— Uma m
Isabelly.Entro na casa grande, silenciosa e semiescura. É estranho não ter ninguém aqui. Daniel disse claramente que seus pais e o Cris já tinham vindo pra cá. Caminho até uma janela e afasto as cortinas a tempo de vê-lo sair em alta velocidade. Suspiro. Tem algo acontecendo, eu sei que tem. Frustrada, vou até a cozinha, abro a geladeira e pego uma garrafinha d'água, tomo um gole e depois outro. Meus pensamentos divagando a mil por hora. Resolvo voltar para a sala e ligar para a casa dos meus pais. Preciso saber o que está acontecendo e o porquê de Daniel sair daquele jeito. Infelizmente ninguém atende e isso é ainda mais preocupante. Na sequência, ligo para Daniel, mas ele também não atende. Nervosa e agitada, é assim que eu me sinto agora.— Sara? — Chamo para ter certeza de que não estou sozinha. — Dam, vocês estão em casa? Nada. Só o silêncio está aqui comigo. Bom, preocupação é o meu nome do meio. Agitada e inquieta volto a caminhar dessa vez de um lado para o outro da espaçosa