Bennett
— O que você fez? — Ela resmunga baixinho, enquanto caminhamos para dentro do prédio em construção. — O que você fez? — Júlia indaga, livrando-se da minha mão que ainda segurava na sua. Ela para de andar e me faz parar também. — Senhor Bennett, por que fez aquilo? Por que disse que estávamos noivos?
— Uma pergunta de cada vez, Ricci — rosno impaciente. — Primeiro, eu me livrei daquele idiota que por pouco não encostou a mão em você. E não foi de uma forma positiva. E segundo eu disse que estávamos noivos.
— Sim! E por que você fez isso?
— Porque eu te lancei uma proposta.
— Uma proposta que eu ainda não aceitei! — Ela rebate. Parece furiosa.
— Mas vai aceitar — rebato um tanto arrogante.
— Como pode ter tanta certeza, Senhor David Bennett? — Ela grunhe. No entanto, decido aproximar-me mais dela. Perto demais. Contudo, não deixo as minhas emoções vir à tona. Ricci não precisa saber sobre o seu poder sobre mim… nunca.
Bennett— David! — Um som alegre e infantil preenche a minha sala de estar assim que adentro o hall da minha casa e inesperadamente Alex Ricci pula nos meus braços. Incrivelmente sentir o toque dos seus dedos em minhas costas e ombros não me faz enrijecer e eu me lembro que foi exatamente assim que me senti com a Lina. Alex me inspira confiança, tranquilidade e paz. E inevitavelmente o aperto nos meus braços.— Oi, garotão!— Obrigado! Obrigado por tudo! — O menino parece eufórico e eu sei exatamente o porquê de tanta euforia. Contudo, finjo não saber.— Do que você está falando?— Dos brinquedos e dos jogos. O meu quarto está cheio deles! — Sorrio. Algo que ficou mais fácil de fazer perto dele.— De qual você gostou mais?— Eu gostei de tudo, mas não usei o vídeo game.— Por que não?— Porque eu quero brincar com você, oras! — Mais animado, ponho o garoto de volta no chão, me livro da minha gravata, arregaço as mangas d
JúliaAlguns dias…— Júlia. — Senhor Abravanel fala, adentrando a minha sala.— Senhor Abravanel? — Me ponho de pé imediatamente.— Eu estou com um projeto grande para iniciar e preciso de ajuda. Está a fim de embarcar nessa comigo?— Ah, eu não sei…— Júlia, esse será mais um projeto que fará o seu nome brilhar no mundo arquitetônico. E você já está na metade da Bolt Vitton mesmo. Precisa iniciar outro projeto em breve e eu acredito que faremos uma boa dupla. O que acha? — Sem saber o que dizer apenas balbucio. — Que tal se sairmos para almoçar? Eu te passo os detalhes principais e você analisa cada um deles. Depois é por sua conta, o que acha? — Sorrio.— Está bem. — Ele sorri de volta.— Ótimo! Te encontro em meia hora?— É claro.— Perfeito!— Olha só você. — Bia cantarola se aproximando. — Caindo nos encantos do Senhor Abravanel, hein?— Não fale besteiras, Bia. É só trabalho —
JúliaHoras mais tarde…— Para a mansão Bennett — peço assim que entro em um táxi e acomodo o telefone na minha orelha para mexer em minha bolsa.— Júlia, o Paco ainda não aceitou essa situação. — Melissa fala do outro lado da linha.— O Paco não precisa aceitar situação alguma que diga respeito a mim e ao Alex, Mel — rebato com impaciência. — Eu pensei que soubesse disso.— Amiga, você sabe o quanto ele ama o Alex. E convenhamos que também estou preocupada com vocês.Suspiro alto.— Não precisa ficar preocupada, Mel. O Alex está bem. Nós estamos bem. O Senhor Bennett…— Tudo bem, eu acredito em você. Mas prometa que você vai pular fora se ele fizer algo que a machuque?— Eu prometo.— Chegamos, Senhora! — O taxista avisa.— Eu te adoro, Mel! — Decido encerrar essa conversa.— Também te amo, amiga!— Eu preciso desligar agora. E, Melissa?— Sim?— Não fale mais nada a re
BennettA porta do meu escritório se abre bruscamente e no mesmo instante Abravanel passa por ela feito um trator desgovernado. Com os seus olhos em cólera fixos nos meus ele fecha a porta e se aproxima da minha mesa, porém, ele não se senta como de costume. Álvaro parece um animal enjaulado, ansioso para o seu ataque. Contudo, mantenho-me friamente parcial, apenas o encarando firme e espero que ele diga algo. Seus lábios estão comprimidos rigidamente em uma linha fina e as suas mãos estão fechadas em punho com tanta força, que as suas falanges chegam a ficar esbranquiçadas. Entretanto, a sua raiva não me abala em nada e a minha armadura já está preparada para rebater o que que seja que esteja disposto a me dizer.— Qual é o seu jogo, Bennett? — Áspero e rude. Um Abravanel que nunca se revelou para mim antes.— Como é que é?
BennettMeu cérebro grita, fazendo um eco horrendo dentro da minha cabeça, porém, os meus pés não me obedecem e logo estou dando alguns passos duros na direção dos dois. E sem pensar duas vezes seguro na mão de Júlia, puxando-a para um beijo completamente inesperado. No ato, ela faz uma leve pressão contra o meu peitoral para afastar-se de mim, porém, não permito e seguro firme na sua cintura, colando-a ainda mais ao meu corpo.Calor. O seu calor invade o meu corpo sem qualquer restrição e parece querer derreter as minhas entranhas.O seu gosto. Droga, ele é exatamente como eu me lembrava.Deus, estou desejando que esse beijo nunca se acabe, mas ele se acaba e ao me afastar dela só um pouco encontro o seu olhar tão assustado quanto surpreso. Eu sei, eu também estou abalado com essa minha atitude completamente sem
Júlia— Precisamos dar mais atenção para os detalhes nas bordas, Bia — falo ao telefone, enquanto caminho dentro do meu quarto no mesmo instante que os meus olhos analisam o desenho do jardim externo da Bolt.— Não acho que precisamos mexer no desenho, Júlia. Eu mesma verifiquei cada detalhe dele. Está tudo muito perfeito— O Senhor Bennett também viu e aprovou? — A interrogo. — Você sabe o quanto ele presa pelos detalhes e satisfação dos clientes mais importantes da empresa. E a Bolt vai bem além disso.— Não mostrei para ele. Pensei que o fato de você e ele… quer dizer…— Do que você está falando? — retruco.— De nada, Júlia. Deixa pra lá! Quer saber? Eu vou refazer todo o croqui e te passo tudo na segunda, pode ser?— Tud
Júlia— Também te amo, filho! E quero que você aproveite cada momento para se divertir bastante, entendeu?— Pode deixar. — Beijo a sua bochecha e me afasto para vê-lo entrar no carro. E quando o veículo ganha movimento, Alex solta alguns beijos para mim e faz alguns acenos com seus dedos.***À noite…Ficar sozinha com o meu chefe dentro dessa casa tão grande, com todo esse silêncio e quietude é um tanto incomodo. Eu realmente não sei como agir quando o Alex não está por perto. Portanto, os meus olhos se fixam em qualquer lugar, menos no Senhor Bennett. E evito falar qualquer coisa também. Mas a parte mais esquisita mesmo é ter que me acomodar a uma mesa retangular tão comprida quanto farta na hora do jantar. Contudo, apenas comemos em silêncio sem nada a dizer.— Me acompanha em uma taça
BennettEla está assustada. Como se fosse um cordeiro que estivesse prestes a ser imolado. Eu até consigo ouvir o som da sua respiração trêmula perto do meu ouvido. Consigo sentir o leve tremor do seu corpo sem ao menos lhe tocar. Os seus olhos vez ou outra se escondem dos meus e algumas vezes ela puxa a respiração, que parece não preencher os seus pulmões. E mesmo assim, algo em Júlia Ricci me faz querer falar mais sobre o meu passado. Rasgar o véu da minha escuridão e mostrar-lhe o que esse maldito amor fez comigo.— O amor verdadeiro nunca destrói, David. — Suas palavras soam baixas demais. Contudo, tenho vontade de rir dessa sua declaração.— Não? — rosno áspero e irônico, apreciando o calor que vem do seu rosto rente ao meu. — Não pense que eu sou um monstro, Júlia Ricci, po