Júlia
— Também te amo, filho! E quero que você aproveite cada momento para se divertir bastante, entendeu?
— Pode deixar. — Beijo a sua bochecha e me afasto para vê-lo entrar no carro. E quando o veículo ganha movimento, Alex solta alguns beijos para mim e faz alguns acenos com seus dedos.
***
À noite…
Ficar sozinha com o meu chefe dentro dessa casa tão grande, com todo esse silêncio e quietude é um tanto incomodo. Eu realmente não sei como agir quando o Alex não está por perto. Portanto, os meus olhos se fixam em qualquer lugar, menos no Senhor Bennett. E evito falar qualquer coisa também. Mas a parte mais esquisita mesmo é ter que me acomodar a uma mesa retangular tão comprida quanto farta na hora do jantar. Contudo, apenas comemos em silêncio sem nada a dizer.
— Me acompanha em uma taça
BennettEla está assustada. Como se fosse um cordeiro que estivesse prestes a ser imolado. Eu até consigo ouvir o som da sua respiração trêmula perto do meu ouvido. Consigo sentir o leve tremor do seu corpo sem ao menos lhe tocar. Os seus olhos vez ou outra se escondem dos meus e algumas vezes ela puxa a respiração, que parece não preencher os seus pulmões. E mesmo assim, algo em Júlia Ricci me faz querer falar mais sobre o meu passado. Rasgar o véu da minha escuridão e mostrar-lhe o que esse maldito amor fez comigo.— O amor verdadeiro nunca destrói, David. — Suas palavras soam baixas demais. Contudo, tenho vontade de rir dessa sua declaração.— Não? — rosno áspero e irônico, apreciando o calor que vem do seu rosto rente ao meu. — Não pense que eu sou um monstro, Júlia Ricci, po
Bennett— Aquele garoto doce e amável foi quebrado tantas vezes que eu mal posso contar em meus dedos — confesso, livrando-me do seu jeans sem qualquer paciência agora. — Ele foi torturado sem qualquer misericórdia apenas por cometer o crime de amar demais. Ele foi rasgado ao meio pela crueldade de um sentimento que não conseguia controlar. E o seu maior pecado foi tentar proteger a quem amava de todo o coração.— Oh céus, David! Por favor! Por favor! — Júlia suplica escandalosamente quando beijo e dou lambidas em sua intimidade.— Esse menino aprendeu que amar é, e sempre será um erro grave, Júlia Ricci. — A penetro com dois dedos meus. — Um crime com sentença gravíssima de morte.— Bennett! — Então geme mais alto, jogando a sua cabeça para trás e na sequência, e
BennettA luz do dia invade o meu quarto e só então me dou conta de que o dia já amanheceu. Passei mais uma noite em claro, mas dessa vez foi completamente diferente. Não foi uma noite nebulosa e cheia de angústia. E não estou sentindo a dor que costuma me acompanhar de dia e de noite. A verdade é que estou deitado em minha cama, quieto e parado, apenas olhando para ela. E isso já tem horas.Sim, Júlia Ricci adormeceu exausta em minha cama alguns minutos após um orgasmo violento e desde então não consigo parar de olhá-la.... O amor não destrói, David. Suas palavras se repetem dentro da minha cabeça como um maldito eco. E eu juro que gostaria de acreditar em cada uma delas. Contudo, lembrar da lâmina afiada rasgando a minha pele e ainda sentir o meu sangue escorrer quente por ela, enquanto eu implorava para ela parar não me permit
JúliaJúlia— Nossa, está tudo muito lindo, Júlia! — Melissa, minha melhor amiga de infância diz, abrindo um sorriso para linda e colorida decoração de um aniversário infantil.Sorrio também.— Você acha que ele vai gostar? — pergunto, sentindo-me ansiosa pela chegada de Alex.E pensar que nem tudo era simples e feliz assim na minha vida. Lembro-me do dia que me apaixonei à primeira vista pelo jovem e lindo Adrian, e pensei que esse seria o começo para uma felicidade plena e sem fim. E eu sei que teria sido exatamente assim se não fosse um maldito acidente que o tirou precocemente de mim. Depois, em meio a dor da sua perda, descobri que Adrian havia deixado um presente valioso para mim. Eu estava arrasada, mas estava grávida também. Perdida em uma linha temporal entre a felicidade de esperar um bebê e a tristeza de perder meu grande amor. Então descobri que pelo meu filho eu teria que sobreviver a essa tempestade. Por um tempo me vi sozinha e desesperada, mas tive que me recompor. Por
Júlia— Táxi! Táxi! — Chamo com um tom elevado na voz, correndo feito uma maluca porque estou em cima do horário como sempre. — Obrigada por esperar! — falo, acomodando-me no banco traseiro do carro e logo que ele entra em movimento fito a fachada do hospital, que deixo para trás com o meu coração partido.Arquitetura sempre foi o meu grande sonho e trabalhar para uma empresa de grande porte, que pode fortalecer o meu nome nesse mercado é uma conquista. No entanto, todos esses sonhos ficaram estagnados no instante que conversei com o cardiologista que me disse que o meu filho tem seus dias contados caso ele não faça um transplante de coração com urgência. Portanto, tenho trabalhado feito uma louca desde então. Horas extras por cima de horas extras para aumentar a minha renda e assim poder juntar um valor exorbitante para salvar a vida do único amor da minha vida. Com tanto trabalho tenho poucas horas de descanso e essas, eu dedico para o meu filho, passando noites e noites no hospital
Júlia— Como foi hoje? — Procuro saber.— Ele está bem cansado e dormiu praticamente o dia todo. — Solto um suspiro de lamento e me aproximo da cama para deixar um beijo calmo nos seus cabelos.— Eu já vou indo. — Melissa avisa, ajeitando a sua bolsa no seu ombro.— Está bem. E, obrigada por ficar com ele de novo!— Você sabe que eu faço com amor, não é? Não precisa me agradecer, querida. A final, é para isso que serve as amigas e além disso, eu sou a madrinha do Alex.Sorrio e após a sua saída, fico um tempo do lado do meu filho.— Mamãe? — Sua voz fraca faz um nó sufocar a minha garganta.— Oi, filhote! — Ponho um pouco de empolgação na minha voz, enquanto o abraço deitado na cama.— Você demorou!— Eu sei. É que a mamãe tinha uma reunião, mas… — Abro um sorriso largo e pego a minha bolsa. — Eu trouxe algo para a sua coleção. — Meu garoto abre um sorriso espontâneo, porém, fraco e ainda, os seus olhos se enchem de expectativas quando tiro uma pequena embalagem, estendendo-a para ele
JúliaEu acredito que um design orgânico para uma estrutura tão sofisticada ficaria legal. Penso, enquanto deslizo o mouse pelo desenho 4D. Hum, um balaústre daria mais dinamismo e elegância para as varandas também. Determino, arrastando uma linha para fechar melhor o desenho.… Soube de um doador compatível que está a caminho desse hospital. Meu trabalho é interrompido por um pensamento e eu respiro fundo.… É uma cirurgia muito cara e o plano de saúde do Alex não cobre.Cinquenta mil. Onde vou arrumar tanto dinheiro?— Júlia, você já terminou os croquis que te pedi?— Ah… o que? — Desperto atordoada.— O que há de errado com você? — Bia pergunta, me analisando com mais atenção.— Não é nada. — Meio a cabeça.— Eu preciso dos croquis, Júlia.— Ah claro. Eles já estão prontos. — Levanto-me e vou até a outra mesa para pegar o que me pediu.— Você está bem calada hoje. Tem certeza de que está tudo bem?— Eu tenho. Obrigada por perguntar! — Ela pega o que precisa e vai para a sua mesa.
Júlia— Como foi o seu dia, filho? — pergunto quando ficamos sozinhos no seu quarto. Porque sim. Ao passar por aquela porta deixo toda a minha bagagem lá fora. Todas as raivas, frustrações, estresses e cansaços do meu trabalho. Tudo fica bem distante de nós dois e como sempre me dedico inteirinha apenas para ele.Vê-lo abrir um sorriso infantil me alegra um pouco. Mel tinha razão. Ele parece bem melhor, mesmo com as suas condições.— Foi divertido.— Divertido?— Tio Paco me fez companhia e nós brincamos com os carrinhos por algumas horas.— Que legal!— E a tia Mel trouxe alguns bolinhos de queijo escondida dos médicos.— Os seus preferidos, imagino? — comento. — Bom, você foi muito paparicado hoje, Senhor Ricci e foi muito travesso também.Preciso fazer um lembrete de conversar com esses dois. Como puderam ser tão imprudentes e deixá-lo descarregar tanta energia durante o dia inteiro?— Agora você precisa dormir um pouco, filho. — Beijo as suas bochechas.— Não, mamãe. — Alex protes