Capítulo 2

Mathieu Bresson

Se tinha alguém capaz de me tirar do sério e me fazer morrer de amores, essa pessoa era Louise Santos. A única pessoa capaz de declarar em alta voz o quanto me odeia e a única mulher que nunca terei em minha cama. Já faziam mais de um ano que nos conhecíamos e eu não me lembrava de um dia sequer que não brigamos, ainda assim, eu nunca consegui sentir por ela o ódio que eu declarava.

Louise era, sem dúvidas, uma caixinha de surpresas. Não dava para imaginar qual seria sua reação ou resposta a qualquer coisa, você podia fazer um elogia e ou receber outro em troca ou receber um tapa na cara. E essa regra se valia de forma mais especial a mim, que a cada encontro era tratado de um jeito diferente. Por isso eu sempre preferia estar na defensiva.

O único problema, porém, era que esse jogo de gato e rato estava se tornando cansativo para todos a nossa volta, que passavam a evitar ficar no mesmo ambiente em que nós dois e até mesmo para mim, que nunca odiei de fato a Louise, aliás, foi eu que errei, então não tinha motivos para odiá-la.

No momento em que aquele tênis acertou a minha coluna e a vi furiosa vindo até mim, eu percebi que não queria mais aquilo. Talvez eu tenha passado do limite também ao colocar o sorvete em sua boca, mas era o sorvete ou outra coisa e temi pela minha vida, caso fosse outra coisa. O fato era que, eu não iria mais sustentar aquele joguinho, éramos adultos e era assim que devíamos nos tratar.

A noite era o jantar de noivado do meu irmão, a casa estava cheia de parentes que eu não via há anos, primos, tios, tias e desconhecidos. As crianças, para alívio dos adultos, estavam dormindo após o dia agitado, incluindo a Sarah, que no fim do dia tinha até gravetos no cabelo e eu não fazia ideia de como foram parar lá. Com os pequenos fora de circulação, os adultos conversavam, bebiam e descansavam enquanto o jantar não era servido.

Theo estava ao meu lado no bar, tomando uma tequila para aquecer a noite. Alyssa convidou algumas amigas e primas bem interessantes, mas quando vi uma movimentação na escada e percebi que era Louise, usando um curto vestido azul de cetim, com uma fenda lateral que revelava metade de sua coxa e alças finas que davam a entender que não usava sutiã. Era um espetáculo de mulher e sabia disso, por isso não ligava para a exagerada atenção masculina que recebeu. E claro, feminina também, que lhe lançavam olhares invejosos, mas nunca tomariam a atitude de mudar os hábitos e rotina para chegar no resultado dela.

— Uau. Louise é muito gata, eu entendo porque você se apaixonou por ela. — comentou o Theo.

— Não me apaixonei por ela. — respondi, me voltando para a mesa do bar.

— Então aja naturalmente, ela está vindo para cá. — disse sussurrando.

— O quê?! — quase engasguei com a bebida e Theo começou a rir.

— E ainda diz que não está apaixonado. — balançava a cabeça rindo — Boa sorte, Mat, ela te odeia e metade dos nossos primos estão olhando para ela como se fosse um único pedaço de carne para vários leões famintos.

Eu estava tentando me manter calmo para não arrumar uma briga num dia especial para o Viktor, mas ao ver três dos meus primos rindo e praticamente comendo a Louise com os olhos, acabou com a minha paciência, que normalmente não é muita. Coloquei o copo na mesa e caminhei até eles, ignorando Theodore me chamando, porém no meio do caminho, Viktor me parou.

— Sem briga, Mathieu. — continuei encarando eles, que sequer perceberam minha intenção. Eu não podia permitir que continuassem agindo assim com a Louise ou com qualquer outra mulher. — Eu vou falar com eles.

Só então olhei para Viktor, meu irmão mais velho, um pouco mais baixo, porém bem melhor de briga e eu não tinha coragem de enfrentá-lo. Nunca tive.

— Só falar não adianta. — respondi.

— E o que adianta? Bater neles? — provavelmente não adiantaria, soco não muda caráter.

— Não, mas ao menos seria divertido. — sorri, me acalmando um pouco e Viktor também sorriu, indo falar com eles em seguida.

Eu precisava de um cigarro. Só isso iria me acalmar realmente. Fui para fora, numa das varandas para não ser incomodado. Acendi o cigarro enquanto pensava na única mulher que dominava meus pensamentos ultimamente, além da minha filha, é claro. Me apoiei no parapeito da varanda, observando o mar à distância, o som das ondas sequer podia ser ouvido dali, mas a brisa salgada ainda podia ser sentida.

— Sabia que cigarro em excesso também pode te deixar impotente? — Louise se aproximou, de perto pude ver o quanto estava linda, com uma maquiagem que realçava seus traços sem parecer exagerado.

— Não precisa se preocupar com isso. — ela sorriu e se aproximou ainda mais, ficando a poucos centímetros de mim. Claramente uma provocação.

— Eu vi o jeito que ficou ao ver seus primos e eu agradeço, mas não preciso que defendam minha honra. — falou calmamente, me hipnotizando com seus lábios tingidos e tirou o cigarro da minha boca, o jogando no chão. Se fosse outra pessoa... Segurei sua cintura a impedindo de sair e me aproximei de seu ouvido.

— Fala a verdade, Louise, você gosta de me provocar. — sussurrei, ela virou de frente para mim, ficando a poucos centímetros, de salto, ela tinha quase a minha altura e por isso nossos lábios estavam tão pertos que precisei me esforçar para não acabar com a distância de vez.

— Adoro. — respondeu e se afastou, dando uma piscada antes de sumir para dentro da mansão.

Respirei fundo e acendi outro cigarro, me perguntando quando foi que eu permiti que ela tivesse tanto controle sobre mim. Minutos depois voltei para dentro, apenas para me irritar de novo ao ver Louise conversando com um dos meus primos, por isso decidi ir ver como minha filha estava, com ela sim eu deveria me preocupar.

Ela dormia como um anjo e quando voltei o jantar estava prestes a ser servido. Viktor fez um pequeno discurso agradecendo a presença de todos e como que de propósito, me sentei de frente para Louise e seu prato fitness, só contendo salada. Ela ignorou completamente minha presença e fiz o mesmo, conversando com outros convidados.

— Danton tem se empenhado em levar a Louise para a cama. — Theodore se aproximou após o jantar, me entregando uma dose de alguma bebida.

— Quando foi que você ficou tão fofoqueiro, Theo? — brinquei, tentando esconder o ciúmes que a informação me causava.

— Falar da sua vida amorosa é muito mais interessante do que conversar com parentes. — respondeu. — Além disso, se você arrumar uma briga, essa festa ficará muito mais interessante.

— Prometi ao Viktor que ia ficar na minha, mas se continuar no meu pé a briga vai ser com você. — olhei para ele pelo canto do olho e logo voltei a atenção para frente, onde observava Louise rindo com meu primo Danton.

— Vou buscar mais uma dose para você. — pegou meu copo e saiu.

Não suportando mais ver a cena, tomei uma atitude e fui até lá, atrapalhar a conversa deles, mesmo não gostando muito dele.

— Danton! — falei sorrindo. — Como vai a vida na França? — coloquei a mão em suas costas, o afastando da Louise, pisquei para ela disfarçadamente enquanto ele respondia alguma coisa.

Eu precisava, com urgência, esquecer aquela mulher.

Mais tarde, após verificar mais uma vez como a Sarah estava, eu me deitei para dormir. Tomei três doses de tequila e o álcool me deixou um pouco sonolento. Mas antes que eu caísse no sono, a porta do quarto se abriu e uma silhueta feminina entrou, fechando a porta em seguida. O quarto estava escuro demais, com as cortinas fechadas e nenhuma luz acesa. Senti ela se sentar ao meu lado na cama e só conseguia pensar no quanto aquilo era estranho.

— Acho que você... — tentei avisá-la que errou de quarto, mas ela tampou a minha boca e xiou, descendo o dedo por meu tórax, seus cabelos roçaram em meu rosto quando se abaixou para me beijar.

Eu não deveria transar com uma desconhecida... Mas quem eu tentava enganar? Eram todas desconhecidas, eu só perguntava o nome por educação e depois esquecia. Não saber o nome ou o rosto poderia ser uma vantagem que eu deveria aproveitar. No dia seguinte, provavelmente ela se identificaria. Então eu retribui o beijo, gostando do que senti, enrosquei meus dedos em seu cabelo, a puxando para aprofundar o beijo.

Ela montou em mim, revelando que já estava nua e completamente excitada. Acho que fiquei tão focado em Louise, que sequer percebi as outras mulheres e aquela parecia já ter o plano em mente. Infelizmente ou não, meus hormônios eram mais fortes, então fui em frente. Toquei seus seios, pequenos e rijos e desci a mão por seu corpo até o quadril, apenas para retirar a minha cueca e explorar seu corpo.

Eu havia deixado uma camisinha ao lado da cama e com a agilidade que a prática me deu eu a abri e vesti. Sem perder tempo, ela se encaixou em mim e gemeu no ato, tão sedenta que nem mesmo se importou com preliminares, seus movimentos foram rápidos e precisos, ela sabia o que estava fazendo e eu gostei disso, mas apenas ela por cima não seria capaz de me satisfazer e eu não costumo deixar mulher nenhuma sair de minha cama sem lhe dar prazer.

Apesar eu estar gostando muito daquela posição, a virei, colocando debaixo de mim, ela arfou em resposta. Estava sedenta por mais, mas eu tinha outros planos, toquei seu rosto e desci a mão por seu corpo quente e delicioso, até chegar em sua intimidade e enquanto eu esfregava meus dedos ali, beijei seu pescoço, sentindo seu perfume único, ela gemeu e espalmou as mãos nas minhas costas, arranhando em seguida.

Com os lábios, tracei um caminho, aproveitando cada parte de sua pele quente, até chegar em seu sexo e me perdi ali, sentindo seu gosto, subindo e descendo com a língua, chupando, brincando com seu clitóris, enquanto ela agarrou meu cabelo e gemia a cada toque meu. Umideci um dedo e toquei seio, esfregando o bico e a fazendo gemer mais alto.

Voltei para cima dela, encaixando meu pau em sua entrada e logo a penetrei, com movimentos rápidos, mas sentindo sua buceta apertada. Ela apoiou as pernas nos meus ombros e segurei suas mãos acima de sua cabeça, tendo total liberdade, aquela posição acabaria comigo. Soltei suas mãos e ela abaixou as pernas, me abaixei, mordiscando sua orelha e indo mais devagar, ela espalmou sua mão em meu peito, me empurrando para deitar ao seu lado.

Pensei que ela queria parar, mesmo que nenhum de nós tivesse gozado, mas para minha surpresa, ela tirou a camisinha e senti sua boca engolir o meu pau, gemi de surpresa e prazer, sua boca subia e descia e ela quase conseguia colocar tudo, mas arrumou uma maneira de me compensar tocando em minhas bolas e sugando da base até a glande, me deixando completamente louco, mas quando pensei que chegaria ao ápice, ela parou e se levantou, confuso, me sentei na cama, apavorado com a ideia de não estar agradando.

Porém ela voltou, se sentando de frente para mim e com calma ela tocou meu pau para colocar outra camisinha, grunhi com seu toque, sentia ele pulsando, pronto para liberar o orgasmo, mas eu teria que aguentar mais um pouco, não podia parar até que ela estivesse satisfeita. Toquei sua cintura, descendo a mão para sua bunda perfeitamente redonda e a puxei para mais perto, roçando meu pau em sua buceta. Ela tentou ir mais fundo, mas tinha algo que eu queria fazer antes e a impedi segurando seu quadril.

Toquei seu rosto, contornando seus lábios e a puxei para um beijo, deixando que se afundasse em mim e enquanto nossas línguas se perdiam num beijo quente e ansioso, ela movia o quadril, rebolando no meu pau, gemendo em minha boca, seus seios roçando em meu peito e o deslizar muito mais molhado. Ela parou o beijo e percebi pela sua respiração mais leve e movimentos mais fracos que finalmente estava satisfeita, então coloquei a mão em sua bunda, incentivando a continuar e liberei meu gozo.

Estava exausto, aquela mulher misteriosa acabou comigo. Me levantei e fui até o banheiro, ela ficou na cama, talvez tão cansada quanto eu, acendi a luz do banheiro, curioso para ver seu rosto, mas a claridade repentina me cegou, peguei uma toalha e joguei a camisinha no lixo. Olhei para a cama novamente, não consegui ver seu rosto, mas a iluminação do banheiro me permitiu ver uma tatuagem em sua virilha, próxima a coxa direita, um pássaro com as asas estendidas como se voasse.

Apaguei a luz, cansado, na manhã seguinte eu descobriria quem era dona da tatuagem que me conquistou com uma chupada e uma sentada. Entreguei a toalha para ela, sem saber o que dizer. Normalmente eu dispensava as garotas, mas eu queria que ela ficasse para descobrir quem era. Era estranho, não foi preciso dizer uma palavra ou ver seu rosto, foi tão fácil e deu tão certo, que eu queria repetir, queria ela de novo e de novo e acho que não me cansaria. E eu nunca repeti uma mulher.

E o mais importante de tudo: em nenhum momento me lembrei da Louise. Algo que vinha acontecendo com uma frequência maior do que eu gostaria.

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