Eu recebi uma ligação da Glam, minha agência, logo cedo. A secretária pediu que eu fosse até lá a tarde, pois havia uma proposta para mim. Faltavam poucas semanas para o verão e a campanha da Diamond estava atrasada, então podia ser a oportunidade que eu tanto esperava.
Me arrumei e saí bem antes do horário, teria que ir de metrô e caminhar um pouco para chegar, por isso fui de tênis e cabelo preso. Quando cheguei, algumas meninas esperavam na recepção, todas bem arrumadas e animadas, conversando sobre alguma fofoca. Melanie, uma das minhas amigas fazia parte da conversa e sorriu ao me ver, acenando para que eu me sentasse ao seu lado.— Ficou sabendo? A Cleo está doente e o sócio dela veio substituir. — me contou. Cleo era a diretora e dona da empresa, era como a Miranda Priestly de o Diabo Veste Prada, só que numa agência de modelos. Era super exigente e costumava ser rude com as modelos.— Diz a Cindy que ele é um gato! — comentou uma das meninas.— Para mim o que importa é que finalmente a Diamond escolheu as modelos da campanha, tenho quase certeza que eu serei a principal e estarei na capa. — disse Lucy a mais nova e preferida da Cleo, que sempre conseguia trabalhos ótimos para ela, a colocando como maior prodígio da agência. Ninguém gostava dela e não era inveja, acontece que Lucy se achava melhor do que todas e esnobava todas as meninas quando conseguia um trabalho que todas queriam.— Louise, você é a primeira. Ele te aguarda na sala da Cleo. — chamou a recepcionista Cindy.Um pouco nervosa, me levantei e antes de chegar na sala, ouvi as meninas comentarem o quanto eu estava desarrumada. Soltei e ajeitei o cabelo, mas ainda assim eu não ficaria à altura das meninas. Duas batisas na porta e ouvi um "entre". Abri a porta e...— Louise! — Mathieu, sentado na cadeira da Cleo, sorria sínicamente e mantinha os braços abertos. Todo meu nervosismo automaticamente foi substituído por ódio.— Mathieu? O que faz aqui? Vai me perseguir em todo lugar agora? — reclamei, cruzando os braços.— Você não é tão especial assim, Louise. Sou dono de boa parte dessa empresa... Assim como muitas outras. Sente-se. — apontou para a cadeira de frente para ele e me sentei, um pouco desconfiada e temerosa. — Meus parabéns, você foi a escolhida pela Diamond para representar a campanha de verão, eles gostaram dos seus tons quentes e disseram que você se encaixa em todos os requisitos para campanha. Estou com o contrato bem aqui, só faltam duas assinaturas, a sua e a minha. — ele apontou para os papéis que segurava com a outra mão. Seu sorriso demonstrava que ele tinha um plano. — Só preciso que você me diga um nome.Eu sabia!Mathieu estava jogando sujo, aquela campanha me salvaria, eu não podia perder assim.— Eu já disse que não posso te dizer. — tentei, já sabendo que seria inútil. Ele se recostou na cadeira e juntou as mãos, olhando para mim esperando por uma nova resposta. — Ela não quer que eu diga, Mat! Sabe que sou fiel às minhas amizades, não saio contando segredos por aí.— Por que ela não quer contar? Ela se acha feia? — segurei a vontade de revirar os olhos.— Ela... Está com vergonha e insegura e eu vou respeitar isso, não vou te dizer se ela não permitir. — desde quando fiquei tão boa com mentiras?— Se eu puder conversar com ela, talvez ela perca a vergonha e a insegurança. — se inclinou sobre a mesa. — Só me diz o nome e você fica com a campanha.Fechei os olhos, pensando no que fazer, eu precisava do trabalho, mas como trabalhar com meu orgulho ferido? Mathieu não podia saber que era eu, não podia permitir que ele soubesse que a única mulher que o rejeitou, caiu nas suas garras. Que ódio! Deveria ter levado algum brinquedo erótico para amenizar a libido. Que ódio da Alyssa. Que ódio do Mathieu. Que ódio do primo deles que não me procurou depois.— Lucy Harley. Ela é modelo aqui e uma grande amiga. — por que a Lucy? Porque era o que Mathieu merecia, uma vaca! Ela não tinha a tatuagem, mas ao menos eu teria meu contrato. Me inclinei pegando uma caneta para assinar o contrato, mas ele continuou segurando.— Volte aqui amanhã, se estiver certa, você assina o contrato. — o energúmeno sorria vitorioso, enquanto eu estava prestes a explodir de raiva, mas tinha que me controlar pois ele podia rasgar o contrato.— Seu energúmeno! — me levantei e fui até a porta. — Saiba que incluso nessa palavra tem cinco xingametos bem sujos!Abri a porta e saí, parecendo uma chaleira fumegando ódio, raiva e arrependimento. Todas as meninas olharam para mim assustadas, passei por elas rapidamente pegando o elevador para sair dali.A noite eu tinha uma aluna de piano, uma garotinha de 10 anos, que fazia as aulas para agradar a mãe e odiava fazer os exercícios, depois, a mãe brigava comigo por ela não estar avançando. Eu não gostava de ir lá, porém precisava do dinheiro e dessa vez a família até concordou em pagar um táxi para que eu fosse.O problema é que a minha mente estava em outro lugar, pensando no que eu faria no dia seguinte, quando Mat me contasse que descobriu que era mentira. A campanha da Diamond era importantíssima para a minha carreira como modelo, eu não poderia voltar a lecionar então talvez eu devesse dizer a verdade... Mas e depois? Já era difícil olhar para ele e não me lembrar daquela noite, se ele soubesse a verdade... Eram tantas possibilidades, talvez ele me odiaria ainda mais, talvez ele me desejaria, talvez ele apenas me ignorasse...— Louise! — a menina chamou, me tirando dos pensamentos, olhei para ela, que me olhava de braços cruzados — O que está acontecendo? Você não está insistindo para que eu faça o exercício.— Desculpe, Grace. Me mostre as notas que te passei. — pedi e ela fez algo que faria Beethoven levatar do túmulo. — Ok, ok, vamos de novo.Mostrei novamente as notas e ela repetiu, pedi que continuasse repetindo as notas e acabei me perdendo nos pensamentos de novo. Voltando quando as notas ficaram uma bagunça impossível de ouvir, ela batia de qualquer jeito nas teclas, apenas para chamar minha atenção.— Ok! O que está acontecendo? — perguntou ela.— Coisas pessoais. Volte ao exercício.— Não! Me conte o que aconteceu, talvez eu possa ajudar. — ela não podia, mas talvez eu pudesse contar em partes o que aconteceu, apenas para desabafar.— Aconteceu uma coisa comigo e tem uma pessoa querendo saber o que aconteceu. Essa pessoa está ameaçando colocar meu trabalho em risco se eu não contar o que aconteceu, mas não posso contar. — ela ficou me olhando.— Não pode contar por quê?— Porque é segredo. — ela respirou fundo.— Chama sua mãe, talvez ela possa resolver com essa pessoa. — que ótima ideia conversar com uma criança, a solução ela não me deu, mas ao menos me fez sorrir. Bem que eu gostaria de ter minha mãe para ajudar, mas infelizmente ela já havia partido.— É, vou falar com ela. Agora vamos voltar para a aula, sua mãe quer que apresente uma música esse fim de semana.No dia seguinte, quando cheguei na agência, Mat estava ocupado e pediu que eu esperasse, então fui até o camarim onde algumas meninas se arrumaram para uma sessão de fotos. Melanie estava lá.— Ei, Lou! O que aconteceu ontem? Você saiu como um furacão. — perguntou ela.— Não gostou do novo chefe? — perguntou Lucy.— Ele é cunhado da minha melhor amiga. — falei puxando uma cadeira para me sentar. — E eu o odeio.As meninas olharam para mim, surpresas.— Como se odeia um homem daqueles? — perguntou uma delas.— Eu daria qualquer coisa para sentar nele, é muito gostoso.— Se fosse eu, já teria aproveitado, quem sabe conseguiria um trabalho ótimo.— Não se animem. No dia seguinte ele nem se lembraria de vocês. — comentei, queria encerrar o assunto.— Não tenho tanta certeza disso. Saí com ele ontem e hoje ele se lembrou de mim. — disse Lucy, encerrando sua maquiagem e saindo dali. Merda! Então ele já sabia... Que ótimo!— Acha que ele pode te prejudicar? — perguntou Melanie, terminando sua maquiagem. Ela era linda, com a pele negra retinta, me sentia orgulhosa de ser amiga dela e torcia para que alcançasse sucesso, pois ela merecia.— Sim. — suspirei. — Principalmente porque estou escondendo algo dele. — confessei.— Amiga! Pense na sua carreira, não coloque tudo a perder por orgulho. — falou segurando minha mão. — Preciso ir agora, mas pense nisso e boa sorte.Minutos depois Cindy me avisou que "Bresson" me esperava. Bresson, nunca pensei que eu fosse odiar esse sobrenome. Fui até e abri a porta sem bater, Mat estava todo jogado na cadeira, com um pé apoiado no assento e a coluna torta para o lado, enquanto olhava para um papel e comia uma maçã. Assim que me viu rapidamente se levantou, assustado e colocou as coisas na mesa.— Louise! Sente-se. — pediu ajustando o terno. Tive vontade de rir de seu susto, mas ele estava em vantagem ali.Meu coração estava acelerado, eu iria contar a verdade, a campanha era uma chance grande demais para desperdiçar, afinal orgulho não paga as contas.— Sabe, eu andei pensando, você e eu somos padrinhos da Bella, por isso, vou ignorar que você mentiu, para que isso não prejudique nossa relação com ela. Então, eu tenho duas propostas para você, se não escolher uma delas, vou avisar a Diamond que você não poderá participar da campanha. — engoli em seco.— Quais são as propostas? — mordi o lábio inferior, com medo da resposta.— Bom, a primeira você já deve saber, me dê o nome real da mulher com a tatuagem, assine uma declaração garantindo a veracidade da informação e assinamos o contrato com a Diamond. — juntou as mãos, sorrindo, pela maneira que sorria, aquela era a proposta mais simples.— E a segunda?— A segunda, bem, você fará um ensaio sensual para mim, utilizando apenas o que eu escolher. Depois que as fotos forem tiradas, assinamos o contrato e as fotos ficam comigo. — franzi os olhos, o encarando.— Você só pode estar brincando! — me inclinei para frente e ele se reclinou na cadeira, colocando as mãos na cabeça como uma almofada.— Não. Você escolhe: um simples nome ou um ensaio bem sexy para mim. — se eu já odiava, agora era bem pior. Olhei para o lado, pensando no que fazer. — Não temos muito tempo, Lou, devemos começar as fotos da campanha em dois dias.Quando escolhi a profissão, eu já sabia que meu corpo seria apenas um objeto de exibição, um manequim. Eu já estava preparada para fazer fotos de lingerie, biquíni e expor meus seios, mas fazer um ensaio sensual para o Mathieu com certeza me dava mais vergonha. Porém, dessa forma, eu não teria que contar que transei com ele e poderia esconder a tatuagem com muita maquiagem. Eu era uma modelo profissional e faria um ensaio sensual profissionalmente.— Quando podemos tirar as fotos?"Hoje mesmo", respondeu o energúmeno. Saí do escritório com as pernas bambas e em silêncio. Não havia nada ser dito ou pensado. Aquele era o preço para manter a melhor noite da minha vida em segredo e eu pagaria. Pagaria com ódio e vingança, faria poses bem sensuais e um tanto eróticas só para provocar e fazê-lo se arrepender da ideia.Antes de voltar para casa, passei numa loja de cosméticos e pedi a melhor base que eles tinham, uma que não sairia por nada e tivesse uma excelente cobertura. A mulher me ofereceu uma base caríssima que paguei no cartão de crédito, algo que eu evitava ao máximo. Ao chegar em casa, tirei todo e qualquer pelo que tivesse para que a pele ficasse lisinha e a base se infiltrasse melhor na pele. Eu odiava aquela tatuagem, por tudo que ela representava e por todo o transtorno que estava me trazendo naquele momento. Depois do banho, fiz toda a preparação de pele para que a maquiagem durasse toda a sessão e chegasse lá intacta, depois assisti um vídeo e fiz ex
Ele parou a moto no Bridge Parque, que ficava abaixo da ponte, desci sem saber ao certo o que fazíamos ali. O parque estava bem iluminado e haviam poucas pessoas, o céu estava lindo, cheio de estrelas, apesar de não ter lua. — Quase pensei que você estava me sequestrando. — brinquei, me virando para ele. — Era esse o plano, mas meu carro estragou. — respondeu e sorri, ele sorriu de volta e abaixou a cabeça. — Então... o que viemos fazer aqui? — começamos a andar, ele colocou uma mão no bolso e olhou para o céu. — Não sei... Só queria andar um pouco. — parei por um momento, observando Mathieu, o homem que eu sempre odiei, apenas para não admitir o quanto o desejava. Ele deixou dois botões de sua camisa branca abertos e usava o terno por cima, a gravata havia sumido. Aparentemente ele não foi para casa e parecia cansado. — Tudo bem? — perguntou me tirando dos pensamentos. — Sim... — respondi voltando a caminhar ao seu lado. — Como a Sarah está? — Bem, está com uma babá. — olhou p
MathieuPéssima ideia. Tudo foi uma péssima ideia. Eu não podia tirar o contrato dela e não queria perder a chance de conseguir o que eu queria, pensei que era muito mais fácil dizer um nome, do que tirar fotos seminua para mim, mas como eu já havia dito: Louise é uma caixinha de surpresas. Definitivamente não dava para adivinhar nada sobre ela. Aquele ensaio foi um teste de autocontrole, Louise estava extremamente sexy e o seu corpo... Era demais, ela era diferente de todas e eu começava a entender meu irmão, quando falava da Alyssa. Ela não era diferente por ser "a mais bonita" ou "a mais legal", era diferente por ser a Louise e a Louise era totalmente irritante, atrevida e maluca a ponto de jogar um tênis nas minhas costas e derramar macarrão na cabeça de alguém, ao mesmo tempo em que tinha um sorriso lindo, era autêntica, paciente, amorosa...— Mathieu? Qual sua opinião? — estava em uma reunião com Viktor, mas perdi metade da conversa pensando na Louise. — Desculpe, pode repetir
LouiseBeijar Mathieu e sair correndo não estava nos planos. Quem eu pensava que era? A Cinderela? Bom, ao voltar pra festa quem me esperava não era a madrasta má, mas sim Brad Bad e o sorriso sínico que me lançava toda vez que me via. Fui até o bar e pedi mais um coquetel de frutas sem álcool, apenas para ter algo em mãos quando conversava com desconhecidos, apesar que notei algumas pessoas me olharem estranho. Não encontrei mais o Mat, devo tê-lo deixado chateado e ele não estava errado em se sentir assim. Sozinha na festa, fui embora antes do fim, cansada fisicamente, mas principalmente da falsidade das pessoas ali. Eu odiava ambientes em que eu não podia ser eu mesma, mas aparentemente eu teria que me acostumar a estar na mídia. Meus seguidores nas redes sociais praticamente triplicaram e choveu curtidas e comentários nas publicações antigas, mas nada disso trazia uma felicidade real. No domingo, eu arrumava as malas para voltar a Nova Iorque, quando meu celular tocou, era a Cle
Loucura. Tudo aquilo era uma grande loucura. Pela manhã eu estava fazendo as malas para voltar a Nova Iorque e a noite eu estava desfazendo as malas para morar com quem eu mais odiava, simplesmente porque um idiota convencido decidiu espalhar mentiras. Não sabia dizer quanto tempo eu suporaria viver sob o mesmo teto que Mathieu e ainda ter que fingir que éramos um casal. Pela manhã, após seguir minha rotina matinal dentro do possível, encontrei Mat, Sarah e Lídia na cozinha, tomando o café da manhã, cada um entretido com alguma coisa. — Bom dia! — falei assim que entrei e eles responderam juntos. A mesa estava farta e fiquei feliz por encontrar coisas leves, que não mudavam minha dieta. Optei por uma fatia de pão integral com ricota e suco de laranja. Todos comiam em silêncio e achei um pouco estranho, aliás, não era de ficar quieta, silêncio demais me incomodava. — É sempre assim? Silencioso? — questionei, pegando o copo com suco para beber. — Não, geralmente o papai e a Lídia e
No dia seguinte, vesti um maiô azul e coloquei uma saia pareô estampada, Havaianas brancas que ganhei de natal e um chapéu floppy branco. Eram nove horas da manhã e estávamos a uma hora arrumando as coisas, guarda-sol, cadeiras, roupas, bóias e etc, mesmo a praia ficando a poucos metros do condomínio, Lídia também decidiu ir e nos ajudava a pegar as coisas. Sarah estava muito fofa com um maiô lilás com estampa de sereias e fiz dois coques em seu cabelo depois de passar o protetor solar nela. Lídia usava um vestido amarelo cheio de pequenas margaridas, algo que não combinava muito com ela. Mathieu estava de camiseta e bermuda, algo raro, mas eu esperava que ao menos ele continuasse todo vestido, seria muito mais fácil odiá-lo se ele fosse feio, mas não, o infeliz tinha que ser bonito e ter um corpo bem definido, pelo que percebi ele treina todo dia e fiquei sabendo que pratica algum esporte, mas não sabia qual.Chegamos à praia e arrumamos tudo, estando lá, nem parecia que deu trabalh
Mathieu viajou durante o restante da semana e só voltaria no domingo, não tive a oportunidade de conversar com ele sobre o que aconteceu no restaurante e como a sorte ainda não estava comigo, choveu a semana toda. Resumindo, assisti vários filmes das Princesas e da Barbie; visitei um salão de beleza com preços incomuns, 2 dólares a maquiagem e 100 dólares para colocar uma tiara de plástico no cabelo; tomei muito chá invisível de chocolate com morango; minha boneca se casou com um cavalo (segundo a Sarah ele se transforma em príncipe) e teve oito filhos e todas as noites contei histórias para ela dormir. Sarah era um amor de criança, mas honestamente, era necessário muito amor e paciência, no fim era só uma criança e estava na fase de se sentir mais independente e de querer fazer as coisas sozinha, por exemplo, ela queria escolher a própria roupa e o resultado foi meias compridas com listras de abelha, um vestido azul e uma sapatilha rosa, também é uma fase de muita imaginação e gasto
Mathieu A mensagem da comissária de bordo informava que em poucos minutos já estaríamos no solo Nova Iorquino. Ter que voltar a Nova Iorque menos de uma semana depois de ter saído me deixou irritado. O motivo? Uma conferência no Hotel Plaza, cujo convite chegou atrasado, juntamente com mais cinco mensagens pedindo que eu não faltasse. Um bom motivo para eu estar muito zangado, felizmente os remédios que o psiquiatra prescreveu estavam me mantendo na linha, exceto em certas ocasiões. Eu não queria ter perdido o controle, principalmente na frente da minha filha, mas agi daquela maneira justamente porque não queria aquela exposição toda em cima dela. Era só uma criança, não tinha que se envolver na sujeira que a mídia é. Na hora só pensei em proteger a minha família, mas depois que a raiva passa e o sangue esfria, só resta remorso e culpa. Sarah era só uma criança e não merecia presenciar uma cena de violência gratuita, principalmente do próprio pai. E foi por isso que não rejeitei a v