Mathieu— Espera, espera, espera!… — Rob pediu. — Debra é a mãe da Sarah?! — perguntou surpreso. E confirmei com a cabeça. — E a Emma? Emma… a outra enfermeira que trabalhava lá, eu era fissurado nela, com seu jeito doce e sorriso sincero. Ela parecia uma flor no deserto e foi com ela que passei a última noite na enfermaria, a única noite que eu me lembrava com clareza. Quando me falaram que eu tive uma filha, imaginei que fosse dela, mas quando cheguei, o nome no atestado de óbito e na carta deixada para mim, era de Debra. Por isso nunca tive certeza se Sarah era realmente minha, mas não questionei, pois quando peguei Sarah a primeira vez, logo me apeguei a ela. E também tinha as outras noites, que não eram claras para mim e desde essa época eu não prestava quando o assunto era mulher. — O que tem ela? — Porra Mathieu! Você é muito idiota cara! — esbravejou. — Cara, estou realmente bravo com o quanto você foi trouxa e mereceu por ser tão babaca. Nunca procurou a Emma? — estranhei
MathieuDias depois, Debra invadiu meu escritório furiosa, com uma folha em mãos. Pelo seu estado, eu sabia do que se tratava. — O que é isso, Mathieu?! Está pedindo um exame de DNA e me acusando de falsidade ideológica? — perguntou gritando. — Não sabe ler? — ironizei, a deixando ainda mais irritada. — Você está fodido, Mathieu! Eu vou acabar com você! — disse apontando o dedo para mim. — Suas ameaças não me assustam, Debra. Eu já descobri a verdade, Emma é a mãe da Sarah, você falsificou um atestado de óbito e me fez de idiota. — falei me levantando, já cansado dos joguinhos dela e de ser paciente. Ela riu. — Você é um idiota Mathieu! — gritou e ficou completamente fora de si, começou a derrubar as coisas do meu escritório, os móveis, os papéis em cima da mesa, objetos enquanto gritava insultos contra mim. Precisei usar a força segurá-la e ainda assim ela se debatia para se soltar, arranhando meus braços.Até que por cansaço ela parou de se debater e começou a chorar, dizendo q
MathieuCerca de três meses depois que recebi alta, voltei ao hospital para mais alguns exames e retirar os pinos das perna. Estava ansioso por um único motivo, em menos de uma semana eu finalmente poderia ir até a Louise. Já estava até sonhando com o dia que a veria, mesmo sem ter certeza de como seria esse encontro. Saí do hospital sem o gesso no braço, mas com uma tipóia para ajudar na recuperação, as pernas precisaram ser enfaixadas após a retirada dos pinos e eu precisava de pelo menos uma semana sem fazer esforço, era esse o tempo que eu precisava para conseguir o endereço da casa do pai da Louise e lá conseguir o endereço da família dela no Brasil, era minha melhor chance, já que Louise trocou o número do telefone dela e nem mesmo Alyssa tinha notícias dela. Alyssa me aconselhou a seguir minha vida, me recuperar e cuidar da minha filha, mas minha história com a Louise não teve um ponto final e eu precisava encontrá-la mesmo que fosse para isso, por um fim em tudo. No fundo eu
LouiseControlando o desejo de chorar, me voltei para a penteadeira, para colocar os brincos. Marcely entrou no quarto e segurou minha mão me puxando para a cama, não protestei, não tinha força nenhuma para isso. — Lou, seja sincera, você ama o Pedro? — era nítido que não, minhas mãos ainda tremiam e meus olhos estavam vermelhos graças ás lágrimas que eu segurava. Balancei a cabeça confirmando hesitante. — O que você sente é culpa, não é? — olhei para ela. — Se sente culpada por tê-lo usado esse tempo todo, acha que deve se casar, porque ele te fez feliz e não parece justo entregar algo diferente. Era exatamente isso. — Olha, eu não ia te contar, não ia porque você estava feliz com ele e eu não queria atrapalhar isso, mas Lou, uma semana antes de você aparecer o Pedro tinha se declarado para mim, mas eu e o Gabriel já estávamos juntos. Era nítido para mim e a vó que ele estava te usando para me atingir, eu fiquei com medo que ele te magoasse então falei com o Gabriel, para fingir q
LouiseQuando cheguei em Minnesota, descobri que Alyssa mandou um motorista para me levar até o endereço. Agora além de esposa de um CEO riquíssimo, ela também era uma Advogada com A maiúsculo, abriu seu próprio escritório e só atuava em casos importantes sobre crimes envolvendo mulheres. Tinha orgulho de quem minha melhor amiga se tornou, era um exemplo de força. O carro entrou num condomínio repleto de casas luxuosas e mansões. O bairro era bem arborizado o que limitava a visão das mansões ali, mas deixava claro que não era qualquer bairro. O motorista se identificou na portaria de uma delas e logo a passagem foi liberada, seguimos por um caminho de pedras e ele parou junto dos outros carros de luxo dos participantes do evento. Eu não ia participar, mas me preocupei se estava bem vestida, era início do outono e eu usava um vestido longo cor de rosa, com um casaco leve. Alyssa me deu a direção, pediu que eu esperasse no jardim ao lado do casarão. Segui sua orientação e logo me depa
Estava uma bela manhã no auge da primavera, a estação perfeita para festas e claro, a estação das flores. Meu apartamento mais parecia uma aquarela, haviam tantas flores de tantas cores e espécies que eu precisava manter as janelas bem abertas para o ar circular e levar o pólen embora. O maior problema, na verdade, era que muitas flores atraiam muitos insetos e entre eles o pior de todos: abelhas, totalmente importantes na polinização, mas totalmente mortal para humanos com alergia ao ferrão. Como eu. E por essa razão, ali estava eu, na 5° volta da maratona "Se livre das Flores", como eu mesma a nomeei, já sabendo que em breve compraria mais. Ou melhor, talvez a dona da floricultura pudesse fazer uma troca por espécies que não dão flor. Já cansada de subir e descer a escadaria do prédio (o porteiro me proibiu de ir pelo elevador porque, segundo ele, eu poderia dividir o elevador com alérgicos a pólen, mas eu sabia que era apenas para me castigar depois que dei um fora nele uns dias a
Mathieu BressonSe tinha alguém capaz de me tirar do sério e me fazer morrer de amores, essa pessoa era Louise Santos. A única pessoa capaz de declarar em alta voz o quanto me odeia e a única mulher que nunca terei em minha cama. Já faziam mais de um ano que nos conhecíamos e eu não me lembrava de um dia sequer que não brigamos, ainda assim, eu nunca consegui sentir por ela o ódio que eu declarava. Louise era, sem dúvidas, uma caixinha de surpresas. Não dava para imaginar qual seria sua reação ou resposta a qualquer coisa, você podia fazer um elogia e ou receber outro em troca ou receber um tapa na cara. E essa regra se valia de forma mais especial a mim, que a cada encontro era tratado de um jeito diferente. Por isso eu sempre preferia estar na defensiva. O único problema, porém, era que esse jogo de gato e rato estava se tornando cansativo para todos a nossa volta, que passavam a evitar ficar no mesmo ambiente em que nós dois e até mesmo para mim, que nunca odiei de fato a Louise,
LouiseMeu despertador natural me acordou junto com o sol nascente, sua luz forte adentrou o quarto mais fraca graças às cortinas pesadas do quarto, mas seriam o suficiente para que eu visse quem foi o homem que me deu tanto prazer e conseguiu controlar o fogo que eu estava. Me virei para ele, me deparando com AQUELE rosto, a barba curta, o maxilar definido, os lábios levemente finos, o nariz longo e um pouco torto, que sempre imaginei ter sido quebrado. Mathieu Bresson. Eu dormi com meu maior inimigo e o pior foi que gostei, gostei tanto que seria difícil ignorar o que aconteceu, mas era o que eu faria. Meu orgulho jamais me permitiria contar o que houve ali. Saí sorrateria da cama, vesti minha roupa às pressas e tentando fazer o mínimo possível de barulho e saí do quarto, voltando para o meu que, coincidentemente, era de frente para o dele. Respirei fundo, minha mente insistia em relembrar os momentos da noite passada e eu senti que estava molhada. Mas era o Mathieu! Justo ele! To