De alguma forma, ela conseguia aliviar a recém-tensão dos acontecimentos que quase estragavam o dia ali reunido com aquelas pessoas maravilhosas e amigáveis que Max já tinha conhecido. Ellora não tinha conversado muito quando voltaram ao apartamento, ainda não tinha descoberto onde ela morava, o que era bom. Ele sabia o quanto era discreta, talvez dificultaria o trabalho deles em relação a descobrir tudo sobre a vida dela. Mas, o que deixava Max preocupado após terminar de arrumar a mala e ir tomar banho, era o silêncio. Assim que ela saia do banheiro só com a toalha enrolada no corpo, ele a chamava para a cama. Ao abraçar, ela ficava do mesmo tamanho, o que o fez sorrir por um momento. – Está arrependida? – Perguntou ele. Com aqueles olhos firmes e quase tão escuros que sumiram os tons verdes. Foi só então que ela entendeu que o silêncio dela não era bom para os dois. E a primeira vez que ficava assim perto dele. – Desculpa, d
Enquanto estava na cafeteira do hall do prédio onde trabalhava, Lola ainda pensava como a noite anterior tinha passado tão rápido que nem tinha percebido, era como se ela estivesse no piloto automático. Vivendo tudo como um dia normal, assim que o pedido ficava pronto, gentilmente agradeceu à atendente que apareceu alguns segundos a olhando nos olhos. Ou tentando ver atrás dos óculos escuros, e o rabo de cabelo na tentativa de passar despercebido. Sem dar chance da moça falar algo, apenas pegava a caixa e o copo de café para a viagem com o sorriso e seguia para o elevador. – Vai ser um longo dia. – Ela nem se atreveu a abrir qualquer rede social, apenas a mensagem de Max avisando que tinha pousado e a mãe preocupada com ela. Mas não poderia adiar muito, tinha que aceitar a mudança e toda atenção. No fundo, ela torcia para eles estarem enganados e que quase ninguém fosse reparar nela ou no seu perfil, escondido entre tantos. No 12°, era hora de sair
– Tudo bem, eu vou olhar aqui. – Estava ciente, o nome dela ia circular, principalmente o assunto central era o nome dele vinculado. – Aproveitar a onda e virar blogueira. Larga tudo e vive de patrocínio. — Olha, jeito você tem. Vou ser seu empresário. – Propôs Max, sabia que ela nunca largaria o trabalho para algo do tipo. Mas podia tratar o assunto, comece e brincando, não precisava ficar repetindo problemas. – Seria cômico. Seu irmão ia infartar com isso. – Ellora ria pensando na ideia. – Com certeza. Mas, por favor, dê uma olhada. Acho que vai te tranquilizar um pouco. – Continuou ele. – Hoje vai sair um post oficial também lá no perfil da coroa. A assessoria está cansada de responder todo jornal ou qualquer meio que queira um posicionamento. Como se tivesse algo errado. Eles são uns abutres. –– Você viu o que vão publicar? – Sussurrou Ellora — Sim. É tudo que já conversamos, de forma direta vão dizer que estão felize
Havia outras matérias, muitas e muitas. E tantas tentativas de descobrir o tempo que estavam juntos, que cansava Ellora, ela desistia de acompanhar tudo. Era insano. Ellora Munõz: Como vocês aguentam isso? Eles reviraram tudo que é mais particular da vida das pessoas. Enquanto escrevia, Max sabia qual era o limite que podia acompanhar. O feed atualizava antes dela fechar o aplicativo de vez e a foto que tinha ali não foi nenhum estranho que tirou sem eles perceberem. Era ontem, reconhecia o lugar na casa da mãe, estava sentada no colo de Max, rindo de algo que ele dissera perto do irmão mais velho e de Patrícia. E a outra da pequena sobrinha Flora no colo de Max enquanto Lola limpava as lágrimas dela após ter caído após correr no jardim. Alguém da casa tirou. Enquanto tentava descobrir quem poderia ter postado aquilo, só observava os comentários. “Isso foi ontem. Segundo, que tão falando no Reddit, ele já conheceu a família dela. Acabou o sonho meninx” Escreveu alguém. Meu
Ellora odiava ser a irmã briguenta e chata, nunca pegou no pé dele como Marco e Bianca faziam com ela. Sempre tentou ser uma irmã flexível. Mas às vezes Liam abusava, por ser o mais novo todo mundo tolerava o temperamento e impulsividade da idade, dessa vez seria ela que daria um acorda pra vida no mais novo. Quando chegava na frente da escola notava que estava bem mais calmo que o horário comum. Não tinha mudado nada desde quando estudou ali. Esperava para ver se tinha alguém lá ainda e pelo horário o treino já deveria ter terminado. Depois de 10 minutos o irmão saiu acompanhado de outros meninos do time e a bolsa enorme pendurada no ombro. Devagar ia até ele de carro, só tinha um garoto acompanhando, conhecia aquele era o Júlio. Vivia na casa da mãe jogando videogame com o irmão. E era parte do time também, o conhecia a um bom tempo. – Liam! Entra, vou te dar uma carona. – A cara de espanto do irmão já sabia que estava encrencado. Sem falar nada jogava a mochila no banco de t
É só uma festa, você merece. Se arrume, fique lindíssima, use aquele vestido azul que tanto ama. Beba alguns drinks, dance e ria com suas amigas. Era o que Ellora dizia para si enquanto terminava o banho. Apesar de estar exausta mentalmente depois da longa semana de projetos e testes-piloto de implantações que assumira nos últimos meses, esforçava-se para se animar e não desistir de última hora. Entre tantas responsabilidades, ainda era a única pessoa que deveria executar, mas almejava aquela promoção tão prometida pelo diretor. Então, tinha que encarar o desafio até o fim.Mesmo que sua vontade fosse vestir um pijama confortável e acompanhar a noite com uma panela de brigadeiro, ela iria sair. Havia prometido às amigas que se divertiria, não reclamaria e nem pensaria em trabalho. O melhor salto já estava separado, dançaria todas as músicas que quisesse e até paqueraria um cara bonito que chamasse sua atenção. Apenas por diversão, nada sério. Só por aquela noite, não precisava pensar
Era notável a intenção da amiga ao ajustar o vestido preto e brilhante, tentando destacar ainda mais o decote. Como se as quase duas horas que passou se arrumando não tivessem sido suficientes. Lola sempre agradecia por cada uma ter seu próprio espaço e quarto, pois, nesse ponto, eram muito diferentes. Ela era racional, via tudo preto no branco, sem floreios ou ilusões. Sempre dizia a si mesma que, se não houvesse um bom motivo, não valia a pena continuar. Já tinha aprendido essa lição na última vez em que se deixou levar apenas pelo coração e pela emoção. Patrícia, por outro lado, era pura adrenalina, loucamente apaixonada pela vida, pelos riscos e por tudo o que pudesse proporcionar diversão. Enquanto a observava se arrumar, Ellora já sabia: lá pelas 1h da manhã, a amiga estaria bêbada e aos pés dele, mesmo que o visse com outras mulheres. Era sempre a mesma história. E ela nem tentaria intervir. Já estava cansada de discutir horas e horas com Patrícia, que ignorava todos os avis
Depois de mais dois drinks, tudo estava um pouco fora de controle. Como esperado, Lola já tinha perdido uma das amigas de vista na pista de dança. Andrea sempre era a mais ávida em encontrar um par para a noite. Não demorou muito para Lola avistá-la alguns degraus acima, agarrada a um homem alto, de pele escura e completamente careca. O tipo dela. De onde estava, e pelo jeito como se agarravam, era difícil diferenciar quem era quem — pareciam uma coisa só.Lola, por outro lado, não estava interessada nessas aventuras momentâneas. Desviou o olhar, deixando as amigas à vontade para se divertir enquanto se mantinha o mais sóbrio possível. Só queria voltar à mesa após se livrar dos caras inconvenientes que cruzavam seu caminho. Aquele não era o tipo de lugar que frequentava para conhecer alguém.— Menos uma. Quem é a próxima? — apontou para as duas amigas à sua frente, que já tinham pedido outra rodada e viravam mais duas doses com entusiasmo.Seria uma longa noite.Entre idas e vindas at