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Capítulo 2: Miguel Benites

O despertador tocou às 5h30, mas eu já estava acordado. Meu corpo parece ter um relógio interno que não me permite descansar por muito tempo. Enquanto me vestia, mentalizava a agenda do dia: reuniões, contratos, clientes. Tudo precisava ser perfeito. Tomei meu café preto, comi duas torradas sem muita vontade e dei uma olhada rápida nas notícias do mercado. Giulia ainda dormia, e deixei um bilhete para a governanta, como sempre faço, com instruções sobre o que ela deve comer e vestir. Não posso falhar com ela. Nunca.

No carro, revi relatórios no tablet. A Benites Seguridad é meu legado, minha responsabilidade. Herdar o império do pai não foi fácil. Lembro das noites em claro estudando administração e finanças, das reuniões onde era tratado como um "menino mimado" até provar meu valor. Abdiquei de tudo: festas, amigos, até um noivado que não sobreviveu à minha dedicação obsessiva ao trabalho. Tudo para ser digno do nome Benites.

Cheguei ao escritório e fui direto para a primeira reunião. Um contrato milionário com uma multinacional exigia minha atenção. Ouvi atentamente os advogados e executivos, fazendo perguntas incisivas e sugerindo mudanças. Ninguém ousa questionar minhas decisões; sou implacável, mas justo. Quando o contrato foi finalmente assinado, já estava atrasado para a próxima agenda.

O dia seguiu num turbilhão de clientes, problemas operacionais e planos de expansão. Cada minuto era calculado, cada movimento, estratégico. Não tenho tempo para pausas, e Carmen minha secretária, uma senhora amavél de 65 anos, sabe disso.

Ela é a única pessoa que ousa interromper-me. Com seus sessenta anos e uma postura que mistura firmeza e carinho, Carmen é a única mulher que manda em mim. Ela organiza minha vida com uma eficiência que admiro, mesmo quando isso significa ser repreendido como um adolescente.

— Miguel, você precisa comer — disseentrando em minha sala sem bater.

— Não agora, Carmen. Tenho que terminar esses relatórios.

— Não é um pedido menino, é uma ordem. E tome isso também — ela colocou um prato de comida e um comprimido para enxaqueca em cima da mesa.

— Você sabe que eu odeio quando faz isso.

— E eu odeio quando o senhor age como se fosse imortal. Coma.

Suspirei, mas obedeci. Carmen está lá desde os primeiros dias na empresa, quando eu ainda era um jovem inseguro tentando provar meu valor. Ela me viu crescer, casar, perder Antonia e me tornar pai. É quase como uma mãe para mim, e sei que, no fundo, ela só quer o meu bem.

Então, meu telefone tocou. Era uma chamada da escola de Giulia. Meu coração deu um salto.

— Senhor Benites? Aqui é a diretora Ana Paula. Precisamos conversar sobre Giulia.

Fechei os olhos, tentando manter a calma.

— O que aconteceu?

— Ela teve um ataque de choro e se recusou a ficar na sala de aula. Parece que está muito ansiosa e mencionou que sente falta do pai. Achamos melhor o senhor vir buscá-la.

Soltei um suspiro e passei a mão no rosto. Eu sabia que minha rotina intensa poderia afetá-la, mas ouvir isso era um soco no estômago.

— Estou a caminho.

Desliguei e me levantei. Carmen me observava, com uma expressão de compreensão misturada com algo que parecia um "eu avisei".

— Você não pode continuar assim, Miguel. Giulia precisa de estabilidade. — ela me ajudou entregando a chave do carro. — O senhor deveria pensar sobre o programa de babás que indiquei.

— Não sei se minha filha precisa de uma estranha em casa, Carmen.

Ela me seguiu pelo corredor ainda tagarelando.

— Uma estranha, não. Apenas alguém que possa dar a ela a atenção feminina que falta.

Arqueei as sobrancelhas e ela suspirou.

— O senhor sabe que estou certa.

Assenti, quando o elevador se fechou. No caminho para a escola, minha mente estava um caos. Giulia sempre foi uma menina alegre, mas eu via os sinais de que algo não estava certo. Talvez a falta de uma presença constante estivesse pesando mais do que eu queria admitir.

Quando cheguei, encontrei minha filha sentada na diretoria, abraçando um ursinho. Seus olhinhos vermelhos de tanto chorar me cortaram o coração.

— Papai — ela sussurrou, correndo para mim.

Peguei-a no colo, sentindo-a se agarrar a mim com força.

— Estou aqui, meu amor. O que houve?

— Quero ir pra casa. 

— Eu sei meu bem, mas você precisa estudar, não quer ficar forte e ingeligente? — ela negou fazendo um biquinho. — Tudo bem, espere aqui.

Conversei com a diretora, prometendo encontrar uma solução. No caminho de volta, Giulia adormeceu no banco de trás, e eu finalmente aceitei o que tentava evitar há meses. Não podia mais dar a ela a presença e o calor feminino que ela tanto sentia falta. Por mais que tentasse ser o melhor pai, jamais conseguiria suprir essa necessidade.

Eu precisava de ajuda.

Deixei Giulia em casa com a nossa governanta e voltei para o escritório, pronto para me ajoelhar e admitir que Carmen estava certa, mas ela já estava me esperando com uma pasta em mãos.

— Eu sabia que o senhor mudaria de ideia.

Assenti, sentindo um peso sair dos ombros.

— Sim. Vamos escolher alguém.

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