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A Nova babá do Ceo Viúvo
A Nova babá do Ceo Viúvo
Por: Laura Ricci
Capítulo 1: Isabella Viana

O sol já se punha sobre São Paulo quando finalmente saí da faculdade. Meus pés doíam depois de horas em pé, limpando quartos de hotel antes das aulas, e minha mochila parecia pesar o dobro do normal com os livros que eu mal tinha tempo de abrir. O cansaço era tanto que até respirar parecia exigir um esforço extra.

Com um suspiro, caminhei até o ponto de ônibus, onde já se formava uma pequena multidão de pessoas igualmente exaustas. O trânsito caótico da cidade não perdoava ninguém, e o ônibus que eu precisava pegar sempre demorava mais do que deveria. Enquanto esperava, encostei minha mochila no chão e fechei os olhos por um instante, tentando me convencer de que ainda tinha energia para o trajeto de quase uma hora até casa.

Quando o ônibus finalmente chegou, quase não consegui subir os degraus.

Meu corpo pedia descanso, mas minha mente sabia que o dia ainda não tinha acabado. Encontrei um lugar no fundo, longe das janelas quebradas e dos assentos rasgados, e deixei minha mochila no colo. Encostei a cabeça no vidro frio, fechando os olhos novamente. Normalmente, eu usaria esse tempo para revisar as matérias do dia ou ler algum capítulo atrasado, mas hoje não dava.

Hoje, eu só queria dormir.

Mas o sono não veio. Em vez disso, meus pensamentos começaram a girar em torno de tudo o que ainda precisava ser feito. A pilha de roupas para lavar, a janta que eu teria que preparar para mim e para minha mãe, e aquele relatório da faculdade que eu mal tinha começado. A vida nunca tinha sido fácil, mas nos últimos meses, parecia que o universo tinha decidido testar meus limites.

Meu pai, um homem que eu mal conseguia chamar de "pai", estava cada vez pior.

O álcool tinha consumido o pouco que restava dele, e as brigas em casa estavam mais frequentes e violentas. Minha mãe, sempre submissa, continuava aguentando calada, mesmo quando eu implorava para que ela o deixasse. "Ele vai mudar, Isa", ela sempre dizia, com um olhar cheio de esperança que eu não conseguia entender. Mas eu sabia que ele nunca mudaria. E eu também sabia que, enquanto ele estivesse por perto, nenhuma de nós teria paz.

Apertei os olhos com mais força, tentando bloquear os pensamentos negativos. Não adiantava ficar remoendo o que eu não podia mudar. Em vez disso, decidi checar meu e-mail. Talvez a professora Ana tivesse respondido sobre o programa de intercâmbio.

Ela tinha me ajudado a me inscrever para uma vaga de au pair na Espanha, e eu estava esperando uma resposta há semanas. Era minha única chance de sair dali, de dar uma vida melhor para minha mãe e, quem sabe, encontrar um pouco de paz para mim mesma.

Abri o aplicativo do celular, segurando a respiração enquanto esperava os e-mails carregarem. Nada. Nenhuma mensagem nova. Soltei o ar que estava prendendo, sentindo uma mistura de frustração e desespero.

Eu precisava daquilo. Precisava de uma saída. De uma chance. Eu não podia desistir. Não agora. Minha mãe dependia de mim, e eu tinha prometido a mim mesma que faria tudo o que fosse preciso para nos tirar dali.

Quando o ônibus finalmente chegou ao meu bairro, já estava escuro. Caminhei até casa, sentindo o peso da mochila e do cansaço, mas também a determinação que sempre me impulsionava.

Ao abrir a porta, ouvi os sons familiares de uma discussão. Meu pai estava gritando, e minha mãe tentava acalmá-lo com uma voz trêmula. Fechei os olhos por um instante, respirando fundo antes de entrar na sala.

— Isa! — minha mãe disse, aliviada ao me ver. — Você chegou. Já jantou?

— Ainda não — respondi, deixando a mochila no chão. — Eu faço algo para a gente.

— Você não faz nada! — a voz do meu pai cortou o ar como uma faca. Ele se levantou cambaleante, a garrafa de cachaça balançando em sua mão. — Você só quer fugir, não é? Igual a sua mãe! Duas ingratas!

Minha mãe deu um passo para trás, as mãos tremendo. Eu conhecia bem aquele olhar nela. Medo. O mesmo medo que me acompanhava desde que eu era criança.

— Pai, não começa… — tentei manter minha voz firme, mas meu coração martelava contra o peito.

Ele bufou, apontando um dedo trêmulo para minha mãe.

— Você me trata como lixo dentro da minha própria casa! Sempre me olhando desse jeito, como se eu fosse um monstro!

— Porque você age como um! — As palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse me conter.

O silêncio que se seguiu foi denso, sufocante. O olhar do meu pai encontrou o meu, e por um segundo, achei que ele fosse avançar. Mas, em vez disso, ele riu. Um riso amargo, carregado de álcool e ressentimento.

— Olha só, a princesinha agora tem coragem, né? — Ele balançou a cabeça, voltando a se sentar no sofá. — Fala o que quiser. No fim, vocês duas sempre vão precisar de mim.

Minha mãe abaixou os olhos, e eu senti um nó na garganta. Eu queria gritar, dizer que ele estava errado, que nós não precisávamos dele. Mas as palavras ficaram presas. Porque, por mais que eu quisesse acreditar nisso, a verdade era que ainda estávamos ali. Presas naquele ciclo. E eu não sabia até quando.

Voltei para a cozinha com os punhos cerrados, tentando controlar o tremor nas mãos. Peguei os ingredientes para o jantar, forçando-me a focar na única coisa que eu podia fazer agora: seguir em frente. Eu precisava daquela vaga e amanhã iria pessoalmente implorar a minha professora que me tirasse daquilo.

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