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Capítulo 4: Isabella Viana

Acordei com o som de vozes baixas vindo da cozinha. Meu corpo ainda pesava do cansaço do dia anterior, mas a lembrança do e-mail me fez sentar na cama rapidamente. Aquele pedaço de esperança ainda brilhava em algum lugar dentro de mim, mesmo que o medo e a culpa tentassem apagá-lo. Respirei fundo, tentando me preparar para mais um dia de decisões impossíveis.

Quando saí do quarto, o cheiro de café estava no ar, mas também havia algo mais: a tensão. Minha mãe estava na cozinha, sentada à mesa com as mãos envoltas em uma xícara. Ela não olhou para mim quando entrei, mas eu vi os olhos vermelhos, o rosto cansado. E então, percebi. Ele estava lá.

O padrasto estava encostado na geladeira, com os braços cruzados e um olhar que eu conhecia bem. Aquele olhar que dizia: "Você não pertence aqui." Ignorei-o, focando na minha mãe.

— Bom dia, mãe — cumprimentei, tentando manter a voz calma.

— Bom dia, Isa — ela respondeu, sem levantar os olhos.

Peguei uma xícara e enchi com café, tentando me distrair com o ritual. Mas ele não ia me deixar em paz. Nunca deixava.

— Então, ouvi dizer que você quer ir embora — ele disse, a voz carregada de sarcasmo.

Congelei. Como ele sabia? Olhei para a mãe, mas ela continuava olhando para a xícara, como se não estivesse ouvindo.

— Não é da sua conta — respondi, tentando soar firme.

— Não é da minha conta? — Ele riu, um som seco e sem humor. — Enquanto você morar debaixo do meu teto, tudo aqui é da minha conta.

Meu coração acelerou. Eu sabia onde isso ia dar. Sempre acabava no mesmo lugar: gritos, ameaças, lágrimas. Dessa vez, eu não ia deixar.

— Eu não vou discutir com você — disse, colocando a xícara na pia.

— Ah, não vai? — Ele se aproximou, e eu senti o cheiro de álcool misturado com raiva. — Você acha que é melhor que todo mundo, não é? Acha que pode sair por aí, deixar sua mãe pra trás como se ela fosse um fardo.

— Não é isso! — gritei, sem conseguir me controlar. — Eu só quero uma chance de ter uma vida melhor!

— Uma vida melhor? — Ele riu de novo, mas dessa vez havia algo perigoso no tom. — Você não merece uma vida melhor. Você não merece nada.

Foi quando ele deu um passo à frente, e eu instintivamente recuei. Minha mãe finalmente se levantou, colocando-se entre nós.

— Para, por favor — ela implorou, a voz trêmula. — Não façam isso.

— Cale a boca! — Ele gritou, empurrando-a para o lado. Ela caiu na cadeira, e algo dentro de mim estalou.

— Não toque nela! — gritei, avançando em direção a ele. Mas ele era mais forte. Ele me segurou pelo braço, com uma força que fez eu ver estrelas.

— Você quer tanto ir embora? Então vá! — Ele me arrastou até a porta, e eu mal conseguia manter o equilíbrio. — Mas não volte. Você não é mais bem-vinda aqui.

A porta se abriu, e eu fui empurrada para fora. Caí no chão da varanda, minhas mãos arranhando o cimento áspero. Quando me virei, a porta já estava fechada, e eu podia ouvir a voz dele do outro lado, gritando algo que eu não conseguia entender.

Fiquei ali, parada, sentindo o frio da manhã penetrar minha pele. Minhas mãos tremiam, e eu não sabia se era de raiva, medo ou desespero. Mas uma coisa eu sabia: não podia ficar ali.

Peguei o celular no bolso, minhas mãos ainda trêmulas, e procurei o número que eu sabia de cor. Ela sempre esteve lá para mim. Minha prima Marina.

— Marina? — minha voz falhou quando ela atendeu.

— Isa? O que aconteceu? — Ela percebeu imediatamente que algo estava errado.

— Eu... eu preciso de um lugar para ficar. Posso ir aí?

— Claro que pode. Estou te esperando.

Desliguei o telefone e olhei para a casa pela última vez. A casa que já foi meu lar, mas que agora era só um lugar cheio de lembranças ruins. Respirei fundo, enxugando as lágrimas, e comecei a caminhar. Eu não sabia o que o futuro me reservava, mas sabia que não podia olhar para trás.

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