A Noiva Escolhida para o Alfa Renegado
A Noiva Escolhida para o Alfa Renegado
Por: Chloe Reymond
Prólogo

Eu faço o meu destino,

Apesar das maldições inevitáveis,

Não temo.

Christopher Vilard

Olho para o sol e sorrio, com a boba lembrança de que, há menos de um século, humanos criavam histórias fantasiosas sobre seres noturnos que bebiam sangue e não podiam sair ao sol. Em uma coisa acertaram, não existe nada mais saboroso que o sangue fresco, bebido diretamente da fonte, principalmente se a fonte for uma bela mulher. Mas foi só nisso que acertaram. Desde o momento em que deixei de ser humano, muita coisa mudou.

Olho ao redor antes de começar a correr com minha velocidade sobrenatural, passando por pedestres, carros, lobos, prédios, e tudo mais que uma cidade grande oferecia em meu mundo. Um mundo onde vampiros, lobos e humanos vivem quase em harmonia, e híbridos circulam por toda parte. É um mundo de certa forma democrático. Cada país é governado por um Conselho composto por cinco pessoas, sendo dois vampiros, dois lobos e um humano.

Todos obedecem cegamente as regras criadas pelo Conselho, mas como não poderia deixar de ser, existe uma exceção e essa exceção se chama Christopher Vilard, um hibrido de lobo e vampiro incapaz de seguir regras desde o seu nascimento para o sobrenatural, novecentos e noventa e nove anos atrás. Um híbrido de belos olhos negros, pele branca, corpo invejável e uma masculinidade que faz com que humanas, híbridas, lobas e vampiras, muitas vezes, peçam arrego. É fato que não sou modesto. Nunca disse que era.

Na verdade, sou odiado  e na maioria das vezes renegado pelo Conselho. Por ser um dos mais antigos entre os seres sobrenaturais e o primeiro hibrido, me tornei Alfa da minha espécie, eu deveria fazer parte do Conselho do país que é considerado capital do mundo. País onde moro. E eu simplesmente deixei o meu posto e decidi usar meu tempo em coisas mais interessantes como adrenalina e sexo.  Nenhum híbrido tem permissão para ocupar um posto no Conselho, a exceção sou eu, apenas pela minha idade e por ser o primeiro. Pelo menos é o que acho. Nunca cheguei a questionar os malucos do Conselho sobre nada.

Até agora....

— Os membros do Conselho aguardam no escritório. — É a primeira coisa que escuto quando passo pela porta principal. Mal olho para a pessoa que avisa e sigo para o local onde estão os indesejáveis visitantes.

Eles decidiram que precisam de uma reunião comigo, no meu território pessoal.

Essa reunião na minha casa provavelmente é mais uma tentativa de me fazer voltar a “razão” e participar ativamente das decisões na sede. Vou deixar os políticos falarem, talvez eu mate um deles e comece algo divertido como uma guerra.

Reviro os olhos para o que me espera e resmungo sem paciência enquanto ando a passos lentos:

— Ok. Vamos acabar logo com isso!

Entrei no escritório e encontrei apenas três membros, um representante de cada espécie.

— Desculpe o atraso, senhores. Estava em outra reunião — disse cinicamente e me sentei na poltrona atrás da minha mesa, olhando os três sentados no sofá e tomando absinto, como se estivessem em um ambiente onde são desejados.

— Não esperamos comprometimento da sua parte. — Dougllas, o vampiro do conselho, retrucou. Sorrio de canto, só para provocar o vampirinho.

— É difícil se interessar por uma reunião da qual nem sei o assunto — digo calmamente. — Se não quisesse vocês sequer estariam na minha casa.

— Estamos aqui para informá-lo sobre uma profecia com a qual todos nós sonhamos e que apareceu em um pergaminho na sede do Conselho Principal — ele disse com seu costumeiro ar de superioridade.

— E? — tédio era o meu sobrenome nesse instante.

— A profecia é sobre você. Diz que quando você completar mil anos, despertará uma humana especial que o ajudará a governar nosso mundo.

What? Adeus tédio. Bem-vinda curiosidade! Isso sim chamou a minha atenção.

— Como assim? Deixei alguma humana grávida? — antes que ele pudesse responder, me dei conta que se fosse isso nasceria uma vampira ou uma loba, não uma humana especial. Só humanos geravam humanos. Pelo menos é o que sabíamos.

— Ela será a parceira que você evitou por tanto tempo — ele respondeu com um sorriso irritante.

A palavra parceira fez meu coração de lobo falhar. Pelo menos na minha imaginação, pois ele não batia. Minha mente insistiu em voltar há centenas de anos em todas as merdas que fiz para merecer viver a eternidade sozinho, mas afastei qualquer possibilidade de recordar delas. Não havia possibilidade de Louise ou Juliette retornar dos mortos para me atormentar, para cobrar justiça pelos meus atos desprezíveis. Quando humano, eu fui o pior lixo entre eles. Não que tenha melhorado muito depois de me transformar, mas ao menos posso dizer que jamais faria com mulher alguma o que fiz com Juliette ou Louise.

Sem deixar transparecer o quanto sua fala me afetou, encaro Dougllas.

— Por que estão aqui? Sabemos que são cretinos ambiciosos que não hesitariam em se apossar dessa humana para benefício do Conselho. — Decidi ir logo ao ponto.

— A profecia diz que se ela não o conhecer, seus poderes não serão despertados. Queremos uma aliança.

Então era isso. Eles precisavam de mim.

— Foda-se! Isso responde a sua proposta?

— Senhor Vilard, lembre-se das suas limitações diante dos membros do Conselho e agradeça pela existência dessa profecia, pois sua cabeça já foi cogitada várias vezes em nossas reuniões.

Coloco a mão sobre o meu coração morto, em puro deboche.

— Sinto-me lisonjeado!

Não queria ser iludido com uma profecia. Aqueles engomadinhos poderiam muito bem ter planos para me destruir usando uma profecia. Afinal, eles mesmos mencionaram que minha destruição é pauta em reuniões. O que acho um desperdício de tempo, uma vez que eu não gasto meu tempo pensando neles, apenas aproveito a vida medíocre que me foi destinada.

— Você foi avisado. Encontre a garota e desperte os poderes dela. — Dougllas se levantou, tentando me intimidar. Tive vontade de rir.

— Acalmem-se! Senhor Vilard, leia isso. — Katherynne, a loba do conselho, me entregou um pergaminho que parecia ser tão velho quanto eu.

Olhei para Katherynne e senti certa pena, ao contrário dos vampiros e dos híbridos, os lobos, transformados ou nascidos, param de envelhecer em qualquer idade depois de vinte e um anos que despertam para a lua. Era injusto com alguns, pois os cabelos grisalhos dela já foram ruivos naturais e sua pele, com várias rugas expostas, já foi branca e macia como pêssego, eu sei, já provei dela algumas vezes anos atrás, quando era humana.

Abri e li as poucas palavras em voz alta.

“Aquele que destruiu vidas, massacrou corações e fez com que sangue e lágrimas fosse derramado na terra, deveria amaldiçoado a nunca sentir o que todos vivem para conhecer, o amor.  Infelizmente os deuses não acataram ao meu pedido de destruí-lo ou manter a maldição até o fim dos seus dias. Ao contrário, eles o consideram forte o suficiente para comandar todos na Terra. Christopher Vilard, você será o destinado a mulher que nascerá para representar os deuses na Terra. Irá amá-la acima de qualquer coisa e sua força será usada para protegê-la e ajudá-la a cumprir o seu destino. Aceite ou não, seu destino começa ao completar mil anos.

Comecei com um tom de ironia e terminei com uma interrogação na expressão.

— O que significa isso? — Que droga essa pessoa confusa escreveu?

— O que está escrito. — Petterson, o humano e mais insolente que Dougllas, respondeu.

— Não me provoque! Estou muito interessado em cometer assassinato hoje. E não vai ser uma perda muito grande para o conselho, pois sempre tem outro para ocupar o lugar de seres frágeis como você. — Minha voz era um rosnado baixo.

Novamente Katherynne quis apaziguar e disse:

— Christopher, isso significa que, em poucas semanas, você vai fazer mil anos e nessa data a profecia se cumprirá. A mulher que você vai amar vai aparecer.

Senti como se o meu coração estivesse batendo acelerado e, sem perceber, coloquei a mão no peito. Não havia nada.

E agora?

Não sei se me alegro ou se surto pela possibilidade de ter meu coração vivo e batendo por alguém.

— Chega de assunto sem sentido!

Simplesmente sai do escritório e da casa, sem olhar para trás. Eles sabem o caminho da saída.

Eu preciso de uma luta urgente.

Caralho! As coisas vão sair dos eixos.

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