Capítulo 5

Por que ser princesa se posso ser heroína?

Por que esperar o príncipe se posso resgatá-lo?

Por que esperar o amor se posso simplesmente amar?

Alma Demise

Anos depois...

Sai do meu colégio tão distraída que quase não notei a grandiosa limusine parada no portão. Aquilo era muito estranho. O que um veículo daquele fazia em frente a uma escola pública? Era chamativo, mas nada mais me importava, além do meu aniversário de oito anos que aconteceria amanhã. Todas as minhas amigas iriam, até as chatas que ficam zoando o meu tamanho, por ser a mais baixinha do colégio. Quero que tudo saia perfeito e que elas me invejem.

— Ainda bem que meus pais não leem pensamentos ou adeus festa — comentei com a minha melhor amiga, Lin. Uma menina linda de descendência japonesa. Ela tinha os olhos puxados, os cabelos negros e lisos, e pele branquíssima. Parecia uma boneca. Mas uma boneca mais alta que eu.

— Os pais já tiveram a nossa idade e insistem em fingir que sempre foram maduros. Fingem que nunca sentiram inveja, raiva, nunca fizeram birra.

— Pois acho que eles fazem até hoje — comentei, e rimos.

— Esquece os velhos! Quem será que está usando essa limosine? Acho que é a Vicky. Dizem que os pais dela ganharam na loteria. Deve estar ostentando — ela comentou olhando o veículo que ficava para trás.

— Nem ligo. Está na hora do nosso ritual — mostrei o celular e o fone para ela.

Lin também pegou o seu e começamos a ouvir a nossa música favorita do BTS pela enésima vez.

Eu sou curiosa, mas não o bastante para ser enxerida. O celular de segunda mão me dava a opção de colocar para repetir e era isso que eu queria, ouvir música até decorar ou até chegar em casa e meus pais me obrigarem a fazer as coisas estranhas de sempre.

Enquanto os pais dos meus colegas mandam seus filhos fazerem os trabalhos da escola ou domésticos, os meus me obrigam a aprender artes marciais, montar quebra-cabeças de sei lá quantas peças, ler sobre a história de lobos, vampiros e híbridos, e tudo que me parece inútil.

Uma menina humana de sete anos não gosta desse tipo de coisa, mas gritar isso todos os dias não fazia efeito. Eles continuavam agindo como pais ETs.

Me afastei da escola caminhando ao lado da minha amiga Lin. Tudo estava indo muito bem, até ela começar a puxar a manga do meu uniforme e exigir atenção.

— O QUE FOI? — gritei ao mesmo tempo em que arrancava os fones.

— Eles estão nos seguindo — apontou a tal limusine que estava na porta da escola.

Estávamos na calçada. A limusine parou na nossa frente, porém antes que os homens de preto, que desciam, nos alcançassem, outro carro parou e me vi sendo arrastada para dentro dele.

— ME SOLTAAAA! — comecei a gritar e espernear. Um homem me segurava pela cintura como se eu fosse um saco de alguma coisa. Era difícil de acertar qualquer golpe eficiente na posição em que eu estava. Droga de aulas de defesa, realmente não servem para nada!

O cara sentou no banco de trás comigo e gritou:

— Vamos! Vamos! Eles vão nos alcançar.

Pude ouvir o carro cantando pneus. Um som que deixava claro que isso não terminaria bem. Medo, perguntas, confusão. Eu mal conseguia pensar em uma forma de escapar.

— O que querem? Por que estão me levando? — exijo saber.

O desgraçado olha para mim com um sorrido maldoso e coloca o dedo na própria boca em um pedido de silêncio.

— Fica quietinha!

“Quietinha uma ova!” Podem me levar, podem me machucar e até me matar, mas não sem luta.

Pulei como uma gata selvagem sobre o homem três vezes, ou mais, maior que eu. Bati, mordi, chutei. Ele tentava me segurar, mas eu estava descontrolada de medo do que eles fariam comigo. Poderia ser um sequestro para vender meus órgãos, ou um estupro. Não existia nenhuma opção boa. E eu continuaria batendo nele loucamente se o carro não freasse abruptamente me jogando para frente.

Não sei o motivo da parada, mas sabia de uma coisa... Era a minha chance.

Eu estava pronta para aproveitar e fugir, mas vi algo que me paralisou. Havia um homem de sobretudo preto parado no meio do caminho.

Estávamos próximos o bastante para saber que aquele homem era coreano, mas era velho demais para ser um dos meninos do BTS que tanto amo. Também era muito musculoso, nem o sobretudo escondia seu tamanho. Confesso que o achei lindo. Se fosse um sonho seria um dos esquisitos.

— Passa por cima dele! — o homem me ignorou por alguns instantes, focado na figura a nossa frente.

O outro acelerou e passou por cima do coreano, mas ele não caiu em parte alguma, estava sobre o carro e enfiou a mão pela janela puxando o cara que estava comigo. Ao cair no chão, o cara se transformou em um lobo e corria atrás do carro, mas um lobo negro, muito maior que ele, o atacou. Eu olhava tudo pela janela do carro. Só desviei a atenção quando o coreano arrancou a porta do carona e se sentou ao lado do homem que dirigia.

— Eu não quero te matar na frente dela — sua voz era assustadoramente calma. Como a de um vilão de filme, que se mostra calmo enquanto o mocinho grita e xinga.

— Não devia se meter nas coisas do Conselho, seu híbrido nojento.

— Apenas pule e avise aos seus chefes que ela é minha — sua voz agora era quase um rosnado. Vi as presas evidentes.

O homem pareceu entender que estava em desvantagem, pois simplesmente abriu a porta e pulou. O coreano pisou no freio e fez o carro parar bruscamente. Fui arremessada em direção ao vidro, mas mãos fortes me seguraram. Naqueles poucos milésimos de segundos, ele apareceu no banco de trás me puxando de volta ao meu lugar.

— Você está bem? — questionou esquadrinhando o meu rosto.

— Quem é você?

Ele respondeu, mas eu não ouvi. Em toda a minha pacata vida nunca passei por algo sequer próximo a isso, e simplesmente desmaiei.

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