Quando ela chegou Trouxe um furacão Toda minha existência transformada em um brinquedo em suas mãos delicadas e cruéisNão me iludoEla pode me destruir Ela pode me fazer amarChristopher Vilard— Eu não sou o seu pai, Alma. E não vou explicar nada para você agora — declarei passando a mão no rosto, onde ela cuspiu. — Saiba apenas que você vai morar nessa casa a partir de agora. Agatha, mostre a ela o quarto que vai ocupar e chame o Dr. Diaz para cuidar dos ferimentos.Minha paciência já havia ultrapassado o limite há tempos. Só de imaginar que quase a perdi, tenho vontade de incendiar o maldito Conselho. Aqueles idiotas me fizeram ir até eles simplesmente para me desviar do que fariam. Eu devia ter desconfiado quando exigiram a presença de Allan. Se eu não tivesse escutado a conversa de um deles no telefone, poderia nunca mais vê-la.Tudo foi sorte e não quero mais contar com isso. Pouco após ouvir a ligação por acidente, Henri ligou para Allan pedindo ajuda e o ajudei a despistar
Algum tempo depois...Não pensei que fosse fácil, porém não me prepararam para o furacão em minha existência. Estou a ponto de dar umas boas palmadas em Alma. Ela ficou praticamente um mês enclausurada no quarto. Só saiu quando me dei conta que precisava fazer alguma coisa e proibi os empregados de levarem comida para ela.Quando a fome apertou, ela vai cedeu.O nosso primeiro jantar sozinhos foi um desastre, porém foi esclarecedor. Ela entrou na sala de jantar usando baby-doll preto. Algo que a cor só podia ser um protesto. Fingi nem notar. Pelo menos era mais decente que a roupa com a qual foi sequestrada, pois o short não mostrava tanto das suas coxas e a blusa cobria sua barriga.Comemos em silêncio. Um silêncio tão pesado que cheguei ao cúmulo de sentir falta dos seus gritos e reclamações.— Cansou de brincar de menina birrenta? — nem acreditei no que saiu da minha boca. Eu a estava provocando? Eu sou a porra de um homem com mil anos e estou provocando uma ninfeta? Só posso estar
Talvez você nem queiraMas alguém insiste tanto em te afastar Que o objeto acaba sendo desejado.Alma DemiseNunca pensei que pudesse sentir tanta raiva de alguém, meu corpo parecia prestes a explodir vendo meus pais me abandonarem nas mãos de um desconhecido. Quando o homem tatuado bateu na porta e entrou, pensei em colocá-lo para correr, mas não me movi, continuei deitada na mesma posição.Ele se sentou em uma poltrona que havia perto da cama e contou uma história surreal sobre uma profecia, sobre o fato de que as pessoas que achei serem meus pais terem sido contratadas para cuidar de mim. Na verdade, eles eram pais da loba que me levou até o quarto. A mulher com cara de quem vive chupando limão.Minha mãe de verdade estava morta e ninguém sabia quem era o meu pai. Chorei silenciosamente enquanto ouvia tudo. Ele tentou me fazer dizer alguma coisa, mas eu simplesmente não conseguia.Quando ele saiu, chorei muito mais... tudo que podia.Nos dias que se seguiram simplesmente não conse
— O que está acontecendo aqui? — questionou olhando de Agatha para mim.A vadia se levantou rapidamente a se agarrou a um dos braços musculosos dele.Olhei os dois com raiva. Quando ela começou a se rasgar eu já tinha entendido que queria fazer um teatro. E pelo que percebo, deu certo seu show.— Não vou entrar nesse jogo — disse e me sentei na cama. — Saiam do meu quarto.— Senhor, me perdoe, eu não quis provocá-la. Só queria saber se ela queria que lavassem suas roupas... e fui atacada.Ao ouvir a voz chorosa, acabei rindo.— Eu disse que era só uma empregada nessa casa, mas ela... ela... — e começou a chorar compulsivamente.— Você é mais que uma funcionária, é minha amiga. — Christopher parecia furioso.Apontei para ele, tremendo de raiva diante dessa situação de merda.— Esse teatro todo faria sentido se eu quisesse algo com você, seu ridículo. Basta abrir a porta que sairei — disse devolvendo o olhar de ira.— Vamos cuidar do seu rosto — ele disse para Agatha e se virou para mim
Aqueles que não se valorizamNão merecem valorAqueles que não se amamNão merecem amorChristopher VilardCumprir o que falei para Alma estava cada vez mais difícil. Principalmente nos momentos em que ela estava na escola, pois era nesses momentos em que Agatha se insinuava mais, eu não posso negar que ela é uma tentação.Não falei com Agatha que não podíamos mais ficar. Simplesmente não a procurei mais e disse não quando se ofereceu. O que foi uma vez por dia nas últimas semanas. Apesar de toda tentação e das roupas provocantes da loba, era uma colegial de uniforme meu maior problema. Quando ela estivesse pronta me pagaria por toda a provocação, pagaria usando aquele uniforme. Saia preta de pregas na altura dos joelhos, blusa branca de botões, meias longas e sapatos de salto baixo pretos. Quem inventou essa porra de uniforme sexy?Era sexta-feira e estava anoitecendo, e nada de Alma chegar da escola. Liguei para Allan e o infeliz não me atendeu. Eu estava pronto para ir atrás deles
Depois do jantar, me tranquei no escritório com algumas papeladas para aberturas de filiais do clube Alpha Power. Ele estava ficando meio lotado e pessoas vinham de muito longe para lutar, só assistir ou apostar.Não demorou nem cinco minutos e Agatha entrou sem se anunciar.A olhei por alguns segundos e voltei a minha atenção aos documentos e fotos sobre imóveis adequados para o clube.— Algum problema? — questionei sem olhar para ela. — Deve ser urgente para você entrar assim, quando já a proibi de invadir meu espaço.Ela simplesmente se aproximou, sentou no meu colo e envolveu o meu pescoço com os braços.— Que tal relaxar um pouco? Faz quase um mês que não cuido de você — sussurrou sensualmente.Tirei seus braços com certa brusquidão e depois me arrependi, pois ela sempre esteve disponível e eu ainda não contei que virei um cachorrinho de coleira que obedece a dona.Segurei sua cintura pronto para afastá-la, mas antes disse:— Isso não vai mais acontecer, Agatha. Entenda que quer
Aos poucos percebo que você está na minha peleComo uma tatuagem invisívelComo um cheiro que não acabaComo a sensação de um toque de carinhoAlma DemiseAntes do momento na biblioteca...Estava cada dia mais suportável viver com Christopher, mesmo depois do teatro da loba vadia. Claro que o infeliz não me deixou ver Lin no fim de semana, mas nem liguei tanto, na segunda estaríamos juntas novamente.E foi o que aconteceu.Acordei na segunda mal o sol tinha nascido. Sorria para tudo e para todos, menos para Agatha.A minha felicidade em voltar para a vida real era tamanha que nem me importei quando o todo poderoso Vilard declarou que me levaria até a escola.Coloquei um fone de ouvido e comecei a ouvir a minha playlist de k-pop. Não demorou para chegarmos à escola.Tentei abrir a porta do carro, mas estava travada. Apenas o olhei e esperei.— Não passe por esse portão enquanto eu não estiver te esperando, ok?— Sim, ajussi[1] — brinquei.— E não me chame assim.Ouvi o barulho da p
Quando sabemos que é amor?No momento em que nossos olhares se encontram?No momento em que nossas peles se tocam?Não...No momento em percebemos que somos escravos e donos.Christopher VilardAlma não desceu durante quase vinte e quatro horas. Eu não a queria se privando de alimento ou sofrendo por minha causa ou por causa de uma mera loba que me aliviou em momentos de tensão. Eu queria saber como ela estava, mas era impossível. Pelo menos não ouvia choro. Ouvia apenas as batidas regulares do seu coração.Sem suportar mais, subi e bati na porta do seu quarto.— Vai embora, não importa quem seja — foi a sua resposta para a batida.Se você quer assim. Dei meia volta, mas não fui embora como ela pediu, usei meus poderes de lobo para saltar até a sua janela e entrei em seu quarto fazendo ela gritar de susto.— Devia ter aberto a porta — comentei.— E você devia ter entendido que não queria te ver — revirou os olhos.— Tem sorte que não me transformei ou teria um homem nu no seu quarto.