Nos primeiros dias do ano de 1206, o Rei Joachim morre no Castelo de Frankopan, na ilha de Krk. A família Krkić e a família Planinć, bem como todo o Reino e reinos aliados estavam enlutados pela grande perda. Foi um mês inteiro de luto.
Larissa estava inconsolável. Com o conforto do abraço de Luki e da rainha Irina, estava aos prantos no Castelo de Krk. Seu pai foi enterrado ali mesmo. A cerimônia fúnebre lotou a ilha com a presença dos reis da Dalmácia e da Croácia (Zagreb-Eslavônia).
O Rei da Dalmácia sabia muito bem o que era ver a morte. Com a invasão magiar na Batalha de Gora, ele e sua família correram grande perigo. Mas a perda de um grande rei como Joachim era inestimável.
No final de janeiro eclode a Batalha de Rusião. De um lado Kaloyan, de outro Thierry de Termonde. Travaram uma batalha e todos os homens de Termonde foram mortos, inclusive ele. Mais uma vitória decisiva para os búlgaros.
O Reino da Hungri
Entrando no último mês do ano e o calor se aproximava com toda a força sobre Gora. O filho do casal nasce no Castelo Real. “É um menino!” – Exclamou a parteira. Larissa enche seus olhos de lágrimas. Logo, Luki aparece e vê o seu filho nos braços de sua esposa. Luki pega o pequeno príncipe e o beija. Em seguida, dá um beijo na testa de Larissa. “Volim te!” – Eu te amo! Disse Luki ao olhar nos olhos de Larissa. Os dois estavam numa explosão de amor e felicidade. Decidiram que o nome seria Matej. Nasceu um saudável menino, branco e de cabelos e olhos castanhos – igual aos pais. – Estavam todos muito alegres pelo nascimento da criança. Na ocasião, Louise – prima de Larissa – veio visitar o bebê. “Lijepo” – Ele é lindo. Disse a princesa de Sarajevo. Ela veio trazer notícias de seu casamento que em breve seria com um príncipe de Herzegovina. Larissa encheu os olhos de brilho e perguntou se o casamento seria no reino do sul. Louise confirmou pra eu
O finado rei Joachim não havia conseguido elevar Gora a um reino tão conhecido como o atual rei Luki está conseguindo. As suas políticas estão indo de acordo com o que manda para ser um bom reino, de grande popularidade. Entre os reinos da Casa de Arpades (Hungria, Eslováquia e Croácia), o Reino de Gora tem se destacado. Atualmente tem o comércio mais forte. Suas exportações de trigo e milho já estão ganhando espaço entre os arpades. Perde apenas para o Reino da Hungria. A Eslováquia importa seu trigo e seu milho, por ser mais barato que importar do reino húngaro. Outros reinos como o da Eslovênia e Bósnia também têm comercializado com o Reino de Gora. A popularidade do Reino de Luki tem crescido bastante nos últimos meses. Alguns países – até mesmo o Reino da Hungria – não se recuperaram totalmente da última seca. Uma crise na agricultura fez com que povos migrassem para outras áreas. Alguns eslovenos vieram trabalhar nas terras nórdicas de Gora. Fo
O Reino de Gora fica situado ao norte da Dalmácia, antes do condado de Lika-Senj, ao sul da atual cidade de Mogorić. Gora – em croata significa terra – foi assim batizado o reino por uma antiga disputa do povo dálmata com o povo do outro lado do Mar Adriático, mais precisamente da cidade de Ancona. Com a vitória dálmata, a região foi dada à família real Krkić – da Sérvia. O Castelo Real se encontra na atual cidade de Rijeka, bem ao norte. Cidade importante por sua rota comercial com a Eslovênia e Itália. Seu porto recebe embarcações de todo o Mar Adriático. Rijeka passou a ser um centro não somente comercial, mas, também, de cultura e ensino. O governo de Gora era também detentor da ilha de Krk, batizada pela família Krkić. A princípio, seu reino possuía apenas a ilha de Pag, com vista para seu reino pela região de Starigrad. Além da conquista de Rijeka, foi possível conquistar a ilha de Krk, um refúgio importante para a família re
Larissa era filha única do casal. Tinha 16 anos, adorava música e mitologia grega. Vivia o tempo todo dentro do Castelo Real. Moça educada, discreta, falava croata, latim, grego e russo. Era apaixonada por flores. Adorava as flores croatas do seu imenso jardim no Castelo – a íris-croata era sua preferida. Uma moça de estatura média, cabelos e olhos castanhos claros e pele branca. Idealizou em sua mente que se casaria com algum rapaz de fenótipo idêntico ao seu. Amava a sua cor e queria que seus filhos fossem iguais. Diferente da maneira que seus pais e de toda a sociedade na época pensava, queria se casar com um jovem independente se fosse plebeu ou da alta nobreza. Larissa era teimosa. Não gostava que seus pais nem que seus empregados opinassem sobre suas escolhas. Quanto às suas roupas, ela mesma pedia pra fazer seus vestidos. Era tudo feito segundo o seu agrado. Sua mãe não interferia em nada. Sua cor preferida de vestidos era o azul ciano com detalhes brancos. Er
Dois meses se passaram e faltavam alguns dias para o casamento. A cerimônia ocorreria ali mesmo no Castelo Real de Gora. Os empregados já estavam organizando tudo. Todos estavam empenhados nesse grande evento que marcaria não somente a família Krkić, como todo o reino da Dalmácia. Larissa não estava nada contente com o casamento. Mostrou-se calada nos dias seguintes. Queria encontrar uma saída para dizer não. Pensou e arquitetou mais um plano – O que a princesa aprontaria dessa vez? Aos arredores de Zagreb, estava André II e suas tropas, com seu sobrinho László, nada contentes com o casamento de Kádár com a princesa de Gora. Queriam dominar os dálmatas, mas não poderia ser num acordo de paz. Teriam que fazer algo pra parar o casamento, ainda que fossem capturar o noivo a caminho de Gora. Pensaram em arquitetar um plano. Mas decidiram nada interferir por agora. Eles poderiam se casar. Era só anunciar a guerra, matar Kádár e toda a sua família, reconquistar o t
O príncipe Kádár descendia de uma das famílias reais húngaras, ramificada da família de Estevão I (rei que governou na era de 1000-1038). Kádár e seu pai Franz Kádár tinham toda a soberania no reino. Um reino marcado por grandes batalhas e conquistas. Estavam acostumados a vencer. – Caso uma guerra eclodisse, estariam dispostos a ganhar. Apesar de o pensamento ser de paz. Afinal, o príncipe se casaria com Larissa. À espera de um acordo com os dálmatas, Franz Kádár ansioso em seu Castelo sonhava com possessão de novas terras. A cultura, língua e o povo magiar estariam agora prestes a se fundirem com os eslavos. Seria preciso arquitetar todo o plano. Seu filho, Zoltán, estava contente com o casamento. Uma moça duas vezes mais nova que ele, sim era um motivo para estar contente. Bem distante dali, no Castelo Real de Gora, a princesa Larissa não parava de chorar. Não era ele quem ela queria como esposo. Mas não são as princesas que escolhem os príncipes. Os casamentos sã
Na manhã seguinte, Larissa despertara muito cedo. Antes mesmo da primeira refeição, havia levantado e se reunido com seus mensageiros particulares. O plano era o seguinte: Buscar Luki Planinć para um arriscado encontro nas limitações do Castelo Real. Não! Isso seria um absurdo! – Logo pensou. – Não podemos fazer tal coisa! – Redarguiu um deles. – Não estão vocês debaixo de minha ordem? Portanto, saiam agora sem serem vistos e tragam-no aqui para mim. Vocês no final da noite, enquanto todos dormem, o passarão pela janela de meu quarto. Quero ver esse jovem camponês. Sem hesitar, os mensageiros reais saíram em direção ao extremo sul da Dalmácia. A viagem demoraria algumas horas e se esforçavam o máximo possível para ganhar tempo. Chegando à aldeia dos Planinć, avistaram, de longe, Marki Luki. Ele estava brincando com seu cachorro dálmata. – O cachorro era um ótimo guarda e bom de caça. Luki não os reconheceu à primeira vista, mas quando eles se aproxima
O território croata de pacato vira um grande cenário de guerra. As tropas de László chegam a Zagreb. O Castelo Real é atacado, mas o Rei e toda a família real se escondem e conseguem ficar sãos e salvos. Enquanto isso, em Budapeste, os Kádár seguem tranquilos no Castelo Real, apesar do vexame do casamento do príncipe. O príncipe Kádár volta pro Castelo com um ferimento no braço. Não contou detalhes sobre o ocorrido com Luki às margens do Lago Vermelho. Rapidamente os mensageiros de Zagreb descem com dois terços da pequena tropa croata pra se reunirem em Zadar. O objetivo é proteger o território dálmata dos húngaros que estão chegando em maior número. Não demoram muito e chegam a Zadar, capital da Dalmácia. Logo, o rei convoca a todos os jovens com idade superior a dezoito anos pra se alistarem para a guerra; todos sem exceção. Na aldeia de Luki chega o aviso. Era de madrugada quando foi acordado pelos mensageiros de Zadar. Ele e seus vizinhos jovens tiveram q