O Reino da Hungria

O príncipe Kádár descendia de uma das famílias reais húngaras, ramificada da família de Estevão I (rei que governou na era de 1000-1038). Kádár e seu pai Franz Kádár tinham toda a soberania no reino. Um reino marcado por grandes batalhas e conquistas. Estavam acostumados a vencer. – Caso uma guerra eclodisse, estariam dispostos a ganhar. Apesar de o pensamento ser de paz. Afinal, o príncipe se casaria com Larissa.

À espera de um acordo com os dálmatas, Franz Kádár ansioso em seu Castelo sonhava com possessão de novas terras. A cultura, língua e o povo magiar estariam agora prestes a se fundirem com os eslavos. Seria preciso arquitetar todo o plano. Seu filho, Zoltán, estava contente com o casamento. Uma moça duas vezes mais nova que ele, sim era um motivo para estar contente.

Bem distante dali, no Castelo Real de Gora, a princesa Larissa não parava de chorar. Não era ele quem ela queria como esposo. Mas não são as princesas que escolhem os príncipes. Os casamentos são todos acordados pelos reis. Como se fosse um contrato de trabalho. Estariam dispostos a decidir o futuro dos reinos através de um casamento.

Os mensageiros da princesa já estavam de volta para anuncia-la sobre o jovem camponês Luki Planinć quando viram a princesa chorando e souberam da trágica notícia. – A princesa de Gora iria se casar. Iria se casar com um príncipe de um reino perigoso, da Hungria. – Lhe informaram sobre Marki Luki, suas características, onde morava, etc. A princesa gostou da notícia, mas demonstrou pouca empolgação. Estaria agora diante de uma proposta a qual não poderia fugir – Iria casar-se com Kádár.

Não somente os mensageiros particulares da princesa estavam de volta. Alguns mensageiros que saíram – a pedido do rei – estavam retornando do reino da Hungria. Eles foram com o objetivo de descobrir tudo sobre o reino e tentar desvendar alguma pista do real interesse dos húngaros.

O Reino da Hungria é muito vasto. São 282 870 km2 de área e a maioria preservada por grandes florestas. Tem difícil acesso e para chegar a sua capital, Budapeste, precisa-se fazer vários desvios pelos relevos da região.

Era um reino cuja agricultura se destacava. Era não somente a base de sua sobrevivência, mas a fonte de renda que empregava todo o reino e seus reinos subordinados. Alimentava outros reinos em seu comércio que só se fortalecia.

De Zagreb a Budapeste é possível passar por difíceis florestas e pelas águas de Balaton. A paisagem é magnífica, exuberante! A Hungria é um lugar lindo e encantador.

O exército húngaro é bastante temível. É de conhecimento que em tempos bastante remotos (890 d.C.) os húngaros atacaram a Panônia – vasta região que fazia fronteira com a Dalmácia – foi a chamada conquista húngara com o apoio dos morávios contra os francos e búlgaros. Estes mais tardes em outra guerra se encarariam. Dessa vez, um casamento entre Radomir da Bulgária e a filha da família real húngara estabeleciam um acordo de paz. Acordo que não durou muito. Com o casamento desfeito, a guerra eclodiu. Na batalha, mais uma vez teve a vitória dos húngaros.

Ainda nos anos de 1200, sob domínio da família real Kádár, o Reino da Hungria ambiciona a antiga cidade de Vidin, na Bulgária. Pretende-se assim conquista-la mais tarde em alguma batalha. O placar de vitórias está a favor do rei húngaro. Basta uma guerra e mais uma vitória será contada para o povo magiar.

Mas as guerras não eram bem vistas pelo governo atual. O reino estava quase subdividido em dois. Eram duas famílias reais “governando” ao mesmo tempo. Um lado os Kádár defendendo o trono, do outro lado László (Ladislau III) e sua família requerendo o posto.

Mas como que a família de Ladislau, tão importante para o reino húngaro poderia ficar “de fora” do poder? Por que a família Kádár – pouco conhecida – era a dona do posto?

Ora, a família Kádár era a principal família de Budapeste, uma das famílias fundadoras do condado. Quando o Reino Húngaro teve a sua expansão, houve a necessidade de ter uma sede administrativa. Isso já acontecia no condado de Budapeste, com a família Kádár governando. Acontece que – mesmo com o domínio do reino – a família de Ladislau (que vivia no condado de Esztergom, ao norte da Hungria) teve a sua autonomia perdida. O Reino da Hungria passou a ter duas forças governando. Uma ao norte e outra mais centralizada na capital Budapeste.

Os exércitos também eram divididos, todavia o de László era mais potente. Por isso o rei Franz temia uma possível revolta nórdica. Também temia que esses se aliassem aos germânicos. Pois essa era uma ambição da família de Ladislau, possuir a região conhecida hoje como Áustria.

A última coisa que se passava pela cabeça do rei era uma guerra. Portanto, o casamento de seu filho com a princesa de Gora poderia por fim a qualquer rumor de guerra e expandir o seu território.

O que o rei não sabia era que um motim já estava sendo liderado por László e seu exército às margens do Danúbio. Algo que surgiria meses depois em uma grande e confusa batalha entre os povos. Entre casamento, disputa do trono e conquista de territórios estava a região e o pensamento do governo do condado de Komárom-Esztergom era descer à Dalmácia sem o acordo de paz.

Se a pretensão dos que estavam a 50 km ao norte era a guerra, em Budapeste todos queriam paz. O rei Franz estava por marcar mais uma reunião com a família real, dessa vez em Zagreb. Escolher a capital do Reino da Croácia era uma estratégia que colocaria fim ao borbulho de guerra. Para os dálmatas e todos os croatas evitar uma guerra com os húngaros era mais viável. Isso porque o exército croata estava sucateado. Não entrava em uma guerra há anos – quando o povo dálmata defendeu o litoral pela última vez em tempos bastante remotos (cerca de 170 d.C.) – e não tinha número de soldados suficientes para uma guerra. Caso isso acontecesse, teria que convocar todos os aldeões para o combate.

O Reino da Hungria lançara sua proposta através do rei Kádár. Seu filho se casaria com a princesa Larissa de Gora. Agora, os povos estariam em livre comércio entre si. O casamento teve sua data marcada para outubro de 1204. – Entraríamos agora na era mais crítica desses dois povos. – De modo nenhum Larissa estava satisfeita. Casar-se com um desconhecido, muito mais velho que ela e que não lhe agradava em nada era uma terrível sentença.

Enquanto isso, no condado de Komárom-Esztergom, Ladislau III e seus tutores traçavam um plano de como descer à Dalmácia sem serem vistos e parados pelas tropas do governo em Budapeste, nem mesmo pelos de Zagreb. Estavam arquitetando passar pelo lado oeste das águas de Balaton. Para isso, o desvio antes de chegar à capital seria por um vilarejo onde fica a atual Vać. Dali seguiriam pelo oeste rumo a região de Tatabánya. O lugar ainda era pouco habitado e cercado por florestas – o que dificultava serem vistos.

Seguiram pelo caminho estudado e chegaram ao condado de Pápa. Havia muita gente a favor de László na cidade. Isso facilitou a travessia pela região sem levantar qualquer suspeita. Afinal, Ladislau e sua família sempre desciam à região pra visitar parentes e amigos. Havia uma aliança forte com os condados do norte e do oeste.

Mas László e sua tropa sabiam seus limites. Não poderiam avançar sem permissão dos germânicos além da fronteira. Chegaram até a altura de Ják, donde decidiram descer para Zagreb.

Seria arriscado demais serem vistos em Zagreb. Mas se isso acontecesse, a capital croata seria o cenário de uma grande guerra. As tropas estavam em força total. O caminho entre Budapeste e Zagreb requeria certo tempo a ser percorrido. Fora do alcance do remanescente exército húngaro da capital – caso eclodisse a guerra e viessem amenizar a situação.

Agora o rei Ladislau estava diante de uma decisão: Ou alojar-se com suas tropas ao redor de Zagreb e arquitetar um plano de invasão e tomada da cidade ou anunciar a guerra.

Eles estavam em Lenti, no extremo sul, fronteira com a Croácia e Eslovênia. O lugar era pouco povoado e nada os denunciava. A esse momento, a Hungria estava “sem governo”. Ambos os reis estavam além da fronteira. Apenas uma parcela – a mais fraca – do exército húngaro estava em seu território. Isso deixou o reino em risco por pouco tempo.

Acordado em Zagreb, as famílias reais se despediam com a data do casamento dos príncipes marcada. Estava para outubro do mesmo ano de 1204. Restavam poucos meses pra tudo mudar no território, cultura, economia e poderio desses reinos. O que estava acordado em paz poderia iniciar uma grande guerra.

O povo magiar era muito distinto do povo croata. Não eram eslavos como os do sul, eram de povos distintos dos montes Urais da Rússia. Falavam uma língua bastante diferente. Porém tudo era acordado na língua oficial do mundo bastante influenciado pelo cristianismo, na época o latim.

Da família de Ladislau, estava André II, que se casou com Gertudes da Morávia, da região de Ostrava na atual República Tcheca. Ele estava para governar o reino juntamente com Ladislau, podendo ser o seu sucessor. Mas a família Kádár estava nomeada dominante do Reino Húngaro e Américo, irmão de Zoltán, estaria para dominar toda a Hungria. Seu irmão mais novo dominaria a Dalmácia.

Estava aí uma grande problemática para o Reino Húngaro. Ninguém concordava em haver dois domínios, um centralizado e outro do norte. Em breve, essa divisão de poderes deveria acabar. Alguém teria que fazer alguma coisa e parece que a família de László estava agindo em favor disso.

Desde tempos remotos com a conquista da bacia de Cárpatos até 1301 com a morte de André III, a dinastia dominante da Hungria era os da Casa de Arpades. Ou seja, a família de Ladislau tinha o direito de comandar o Reino da Hungria, graças ao tratado real de Arpades.

As tropas se alojaram em Varaždin, ao norte de Zagreb. O caminho poderia ser uma das rotas da capital croata para a capital húngara. Por sorte, a família de Kádár subia pouco mais ao sul, passando sobre o rio Jezero Dubrava. Não se encontrariam, pelo menos ali. Não seria agora o cenário de uma grande guerra.

Enquanto isso, Joachim e toda a família real de Gora seguiam para o Castelo Real. O rei estava contente pelo acordo de casamento. Todavia a rainha e a princesa Larissa mostravam um semblante de desagrado.

Nada parecia estranho em terras húngaras. Ninguém havia desconfiado de nada, de nenhuma movimentação das tropas de László. Todo o plano estava perfeitamente arquitetado. Agora era só esperar uma oportunidade para atacarem Zagreb. – A conquista da Dalmácia estava em suas mãos – Pensou o rei Ladislau III.

Tudo estava a favor de Ladislau III, filho de Emérico e de Constança de Aragão (dos catalães de Barcelona e reinado da Sicília), tinha não somente a cultura, mas também o apoio do exército catalão e do exército da Sicília do seu lado. Se a cultura catalã influenciara bastante os arpadistas, isso era irrevogável. Mas o que poucos sabiam era que o exército catalão poderia se aliar a eles caso alguma batalha fosse ali travada.

Todavia, o jovem rei estava com os dias contados. Sua morte precoce o impediria de seguir no trono, este ficando assim para seu tio André II. Mas isso ocorreria meses depois. No momento, estava disposto a atacar Zagreb com toda a força de seu exército e com quem mais se aliasse a ele.

André II comandava a tropa e todos estavam acampados esperando o momento certo pra atacar. Enquanto isso, o Reino da Hungria – em sua capital Budapeste – recebia de volta a família Kádár. Estavam contentes com o acordo que mudaria o futuro do reino. Agora haveria uma aliança entre o povo magiar e os hrvatski.

O Reino da Hungria estava expandindo suas fronteiras e seu comércio. A sua economia melhoraria com novos produtos sendo agregados. Teriam acesso ao Mar Adriático – pelas terras da Dalmácia – podendo fazer livre comércio com os romanos. Salvo se tudo isso não desagradasse a resistência dálmata.

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