CAPÍTULO 03.

Harmless.

Estava na minha última aula quando o diretor apareceu junto de um outro senhor. Que nos descobrimos ser representante de uma das faculdades mais cobiçadas fora da cidade. Eu assumo que logo que subir isso fiquei nervosa e ansiosa. Meu Deus, imagina ganhar uma bolsa? Imagina poder estudar numa das faculdades mais cobiçadas e poder ter um futuro digno? Fora da quebrada, sem narcóticos, sem esse problema todo com os tiras.

Eu posso estar sonhando alto, mas uma oportunidade dessas eu não largaria.

Foi quando o diretor falou que exames extraordinários para ganhar uma bolsa. Fazendo esses exames alunos que passassem poderia ingressar na faculdade.

O exame seria feito de tarde no dia seguinte, para quem se acha capaz. É muito pouco tempo, mas uma oportunidade dessas meu Deus. Eu prefiro arriscar.

— Não.— foi a resposta que meu tio me deu quando eu falei dos exames.

— Tio o senhor sabe que é meu sonho, por favor. Me deixa tentar, por favor, não me faça fazer os exames à força!— falei toda chorona.

— Meu anjo! É muito pouco tempo que eles estão vos dando para estudar. E esses exames extraordinários não são moleza não. Aquilo é um atestado de óbito vai por mim.

— Me deixa tentar. Esse tempo que estamos aqui discutindo, eu poderia estar estudando. Por favor...pelo meu futuro.— ele me olhou com pesar, como se fosse tomar uma decisão que fosse o colocar numa enrascada.

— Tudo bem! — disse derrotado — vou fazer chocolate quente caso chumbe!

— Oh, Claro!— revirei os olhos dando um beijo no rosto animada — Eu não luto para perder. Eu vou passar nesses exames.

Dito e feito, passei o resto da tarde estudando, quase nem dormi de tanta ansiedade. Até às quatro da manhã eu já estava em pé, o que é muito raro já que eu durmo feito pedra e acordo tarde.

Fiz minhas tarefas. Nossa casa tem três quartos, um escritório, sala de estar junto a cozinha. Uma casa simples de Brooklyn. Pelo que sei meu tio é lobisomem também, só que não sei porque mas ele não tem companheira.

Terminei num ápice os meus deveres, fiz minha higiene, tomei o café, peguei o caderno e voltei a estudar.

— Isso é um milagre!— Epsilon disse assim que abri a porta antes dele poder bater

— Chama-se ansiedade. Estou muito ansiosa, nem consegui dormir. -- falei saltando para fora empolgada.

Toda escola foi sujeita ao teste mas nem metade da escola se atreveu a participar do exame, inclusive Epsilon. Me surpreendi ao ver, Hélio e Ícaro na sala de exames.

— Nem nos olha com essa cara, seu marido nós obrigou a estudar para passar.— Hélio

De tanto que ando colocada com Epsilon muitos pensam que temos algum tipo de relacionamento, e se não pensam assim, pensam que ainda vamos a tempo de ter. Para eles, uma amizade entre uma garota e um garoto é algo impossível, ou um dos dois está apaixonado, ou os dois, ou são irmãos.

— Ele quer que um de nós cuide de você quando passar!— Ícaro.

É, eu tenho um amigo muito protetor.

— E se eu não passar?

— Não seja modesta! Coloca sua bunda na carteira que o inspetor já vai entrar. — Hélio.

Sorri me sentando. Okay! Vamos aos exames.

{•••}

Passei!

Eu não vou dizer, eu não esperava por isso. Eu estudei, dediquei meu sono aos estudos. Eu me esforcei. Se passei foi por mérito. Eu mereço.

O número de aprovados foi mais reduzido do que imaginamos, nem chegamos aos 15. Aqueles exames eram arrebatadores.

Foi alegria geral, os resultados saíram dois dias após termos realizado os mesmo. A gang Howl realizou a melhor festança do bairro.

E a cara de desesperado do meu tio, ele parecia ter assinado seu atestado de óbito.

Enquanto eu? Eu estava eufórica fazendo as malas pois dentro de 48h estaria fora de Brooklyn. Contar também que Ícaro passou, sim o garoto também é um gênio só que às vezes lhe falta motivação para estudar.

— Meu anjo tem certeza que quer ir? Me deixar aqui sozinho?— meu tio perguntou todo chorão

— É! Não vejo a hora de ir, estou ansiosa!— ele começou a chorar, ri do drama dele — Eu te amo tio, só que eu preciso crescer, sair de baixo da sua asa de proteção, da de Epsilon apesar de ser difícil. Eu preciso crescer, ver o mundo por mim só. Eu não vou me esquecer de vocês, você sabe o quão te amo.— olhei para ele com ternura. Ele deu um meio sorriso se conformando.

— É eu sei meu anjo, você precisa crescer sem minha ajuda...eu sei!— ele se aproximou para me dar um abraço — Só tome cuidado, e vamos comprar um celular para você sempre me ligar. Juízo!— afogou mas seu rosto. Ele é tão alto que eu sou um feijãozinho.— Eu sei...— voltou a sussurrar essas palavras para si. — Só preciso que ele saiba disso também.

— O que?

— Nada não! Só me abraça!

Na manhã seguinte pelas 7h eu estava com a mochila nas costas. Meu tio tinha dormido na sala bebendo vinho. Só espero que ele fique bem. Meu coração se contorceu vendo daquele jeito, eu juro. Que por um segundo eu ponderei em ficar. Só que não...eu preciso disso. Retirei a garrafa de vinho e coloquei na conserva, tirei o copo, levei um edredom e o cobri. Dei um beijo em sua testa e sai. Já estava perdendo a hora.

— Não se esqueça de ligar. Virei te visitar sempre que possível!— Epsilon. Dei um abraço nele e depois no Hélio

— Minha gostosa. Até a vista, se alguém se meter consigo e a florzinha não dar conta, só me falar que dou correção.

— Sim, eu sei!

— Vai tomar no cú, Hélio!— Ícaro rebateu a provocação.

— Te amo saboroso, se cuida!— Hélio provocou.

É impossível não rir quando eles estão por perto.

Depois tivemos de entrar no ônibus em direção a faculdade, ou melhor nossa nova casa.

— Como você acha que vão ser as coisas por lá?— a agitação no ônibus era grande, apesar de poucos estávamos eufóricos e ansiosos.

— Não sei, mas tenho certeza que você vai realizar seu sonho.

— E você? O que você espera conseguir com essa nova experiência?

— Proteger você e tentar manter minhas bolas no lugar!

Ri.

— Não sério. Qual é o seu sonho?— olhei para Ícaro

— Meu sonho?— ele ficou pensativo — meu sonho?... Eu não sei!— senti um vazio ouvindo isso.— Eu acho que minha vida se resume em proteger você, estar do lado de Epsilon para o que der e vier, e aturar a vadia de Hélio!

Ri novamente.

— Okay! Isso não é um sonho, é mais uma tarefa ou um estar. Mas eu quero saber, qual seu maior desejo, esquecendo nós todos, o que você realmente almeja ter?— olhei no fundo de seus olhos, e nesse instante é como se o espaço e tempo tivesse se distorcido e só existisse nós os dois.

— O que eu realmente desejo ter?— balbuciou como se estivesse hipnotizado — Eu...eu...eu desejo…

O som estridente do megafone nos fez sair do clima e olhar para o inspetor que exigia silêncio.

— Eu ainda não sei, mas quando eu souber eu te conto!— sussurrou para mim e piscou.

— Certo!

Na verdade estou frustrada porque se não fosse pelo inspetor tenho o máximo de certeza que Ícaro teria dito algo.

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