Quando me mudei para essa pequena cidade rodeada por montanhas e florestas, que tem um clima frio e úmido, eu apenas desejava conseguir ter uma vida normal de novo. E tem um enorme motivo para isso e vou contar, mas vamos começar desde o início, onde tudo começou. Bom, começou tudo com uma mulher e um homem que se conheceram numa festa da empresa, ambos viviam em uma grande metrópole e os dois acabaram tendo um caso, mas então essa mulher acabou engravidando, o safado deu no pé por que estava noivo e ela teve a criança sozinha. Ela foi morar com a irmã, mas tempos depois ela morreu de um câncer no fígado, então a criança foi criada pela tia, e essa criança sou eu. Essa foi à primeira parte, agora vamos para a segunda.
Eu sempre fui uma pessoa muito bonita, minha pele é num tom claro, meus cabelos escuros são compridos até os ombros, meus olhos são castanhos esverdeados, minha boca não é carnuda, mas também não é fina. Sendo considerada bonita eu era uma garota muito popular, sempre rodeada por vários “amigos”, sempre tendo uma atenção mais do que desejada e também uma garota que desde quando perdeu a virgindade aproveitou bem a vida sexual, todo fim de semana saia com garoto diferente, transava onde desse e sempre se sentia bem satisfeita pelos elogios. Até que um dia, na verdade, em uma noite tudo isso mudou de uma maneira muito dolorosa e traumática. Era festa na casa de um garoto da escola, eu me lembro que até certo ponto que eu estava bem, dançando e bebendo normalmente com as minhas amigas, até que chegou um cara, conversamos por alguns minutos e minhas amigas nos deixaram sozinhos, nisso outro amigo dele chegou e de uma hora para outra eu comecei a perder todos os meus sentidos, a última coisa que me lembro era de estar subindo as escadas daquela casa com aqueles dois moleques me carregando.
O resultado? Fui violentada, tudo foi filmado e enviado a toda cidade, é claro que aqueles dois foram presos, não apenas por um crime sexual, mas também por porte e envio de pornografia infantil. Eu só tinha dezesseis anos. Estava derrotada, entrei numa depressão profunda, tão profunda que não saia da minha cama, tentei suicídio, depois fiz todo um tratamento psicológico e quase dois anos depois nada ainda parece ter muito efeito, então minha tia, Eve, teve a ideia de nos mudarmos para o outro lado do país, para uma cidadezinha no meio do nada e que eu pudesse ter uma vida normal de novo, se quer saber, apenas aceitei por que de certa forma eu quero viver. Estamos vivendo aqui em Oak Village faz três meses inteiros e desde quando cheguei até agora não fiz um amigo sequer na escola, é meu último do Ensino Médio e eu realmente estou aliviada de terminar longe de toda aquela desgraça que vem rondando a minha vida.
Não apenas meu estado emocional e psicológico mudaram depois daquela violência, por decorrência da depressão eu perdi muito peso, chegando há alguns meses atrás estar apenas pele e osso, o que realmente fez muita diferença, já que eu era uma pessoa extremamente vaidosa e cuidava do meu corpo para que ele sempre fosse em forma, na medida do possível. Além do meu peso, meu estilo de roupas mudou para roupas mais largas e escuras, meu cabelo vive sem brilho, opaco e despenteado, minha pele ficou mais branca pela falta da luz solar, a única coisa que consegui recuperar foi a minha higiene.
Sim, eu pareço uma morta viva.
— Ayla Crawford — disse meu professor de matemática, ele estava entregando as notas das últimas provas e como sempre, eu fui péssima. — Precisamos conversar... — ele disse me olhando por aqueles óculos fundo de garrafa e eu apenas assenti, depois voltei para minha carteira e sentei olhando para o meu D-. Peguei uma caneta e comecei a fazer desenhos escrotos no papel, desenhos que com toda certeza só uma pessoa perturbada como eu iria fazer, enquanto isso o professor continuou a chamar os alunos.
— Orion Blackwood — disse o professor. Apenas levantei os olhos para ver, aquele era o estranho Orion Blackwood, lindo, corpo forte, alto para um ca***, os cabelos escuros de tamanho médio que terminavam no fim da nuca e perfeitamente sedosos, a pele castanha clara, os olhos eram escuros, eu diria até que seriam pretos vendo assim de longe. O rosto era simplesmente perfeito, maçãs do rosto marcadas, maxilar forte, nariz reto, boca um pouoc carnuda e bem desenhada. Ele era lindo, lindo de morrer.
— Meus parabéns — disse o professor sorrindo enquanto entregava a prova de Orion a ele que apenas sorriu de canto deixando a covinha do sorriso exposta e eu pude ver pelo papel, A+, o filho da p*** de um nerd ele é.
O sinal então tocou e rapidamente peguei minha mochila surrada e ia sair correndo antes que o professor me parasse.
— Ayla — chamou ele quando eu já estava na porta e quando me virei Orion estava passando bem ao meu lado, ele me olhou de canto de olho e passou deixando seu perfume amadeirado absurdamente bom para trás. — Ayla, sobre suas notas...
— Eu sei — disse indo até o professor. — Matemática não é meu forte, mas eu vou me esforçar.
— Disse isso da outra vez Ayla, se continuar assim eu terei que reprovar você e soube que não é apenas na minha matéria que anda tendo dificuldades... — dificuldades? O nome disso é falta de interesse mesmo.
— Prometo que dessa vez eu vou melhorar — eu disse apenas abaixando a cabeça e o professor fez um gesto com a mão que eu poderia ir embora. Sai da sala e quase me arrastando pelos corredores eu ia em direção a saída da escola.
Assim que pisei meus pés para fora, começou a chover.
— P***... — eu disse sem expressar emoção e então alguém parou do meu lado. Apenas pelo cheiro do perfume eu soube quem era.
— Clima maluco — disse o cara e o olhei, na verdade olhei para cima, era ele, o único dessa escola que havia notado minha presença inútil e desprezível.
— Na verdade ele é bem comum por aqui — eu disse colocando o capuz da minha blusa de moletom preta surrada.
— Pode se resfriar indo embora nessa chuva toda — disse Orion com as mãos no bolso da jaqueta verde militar. — Se quiser eu posso te dar carona...
— Não, valeu, eu estou 100% ok em ir na chuva — eu disse sem olha-lo. — Mas obrigada.
— Disponha — disse Orion e então cruzei meus braços sobre o peito e desci as escadas, já que estamos no estado de Washington e mais ao norte, essa chuva é gelada feito facas do inferno.
Já longe da escola e razoavélmente perto de minha casa enquanto eu caminhava pelas ruas desertas e molhadas próximas das árvores eu escutei um rosnado, um rosnado de um bicho realmente grande e que me fez paralisar e apenas mexer a bola dos olhos de um lado para o outro. Minhas pernas começaram a tremer, minha boca ficou seca e minhas mãos mais geladas do que estavam, lentamente fui virando o rosto para as árvores e vi dois enormes olhos amarelos me olhando entre as sombras, arregalei os olhos, agora eu sabia o que os coelhos e cervos sentiam ao serem caçados.
Mas aquele bicho não se moveu um centímetro sequer.
— Ayla! — escutei e gritei por conta do susto dando sobressalto, quando olhei para o lado era minha tia em nosso carro popular vermelho e antigo. — Menina quer pegar uma pneumonia?! Entra já nesse carro! — sem pestanejar eu entrei no carro e olhei para as árvores novamente, não tinha mais nada ali. Minha tia começou a gritar e a falar que eu era uma irresponsável, que eu iria ficar doente e mais mil e uma coisas, coisas que eu não escutei, pois, meu corpo ainda tremia, minha boca ainda estava seca e aqueles enormes olhos amarelos continuavam me olhando sem parar, como se olhassem dentro da minha alma.
Como minha sorte e o carma são uma v****, eu realmente fiquei doente logo a noite depois de pegar aquela chuva, tosse, nariz escorrendo, garganta doendo, um pouco de febre, nariz congestionado, espirros, se fosse para eu ganhar na loteria da má sorte eu estava milionária ou morta. Estava deitada em minha cama de solteiro de baixo das cobertas. Meu quarto não era um quarto incrível, era apenas a minha cama e minha escrivaninha, na parede da cabeceira de minha cama havia uma tapeçaria de parede preta, ela era a estampa de uma carta de tarô, a carta da lua. Na minha janela haviam pequenas flores suculentas, eu tinha um pequeno closet e mais nada, o quarto em si não era grande, minha tia e eu compramos uma casa no estilo artesão, ela tem dois quartos, um só banheiro no andar de cima, a sala da TV e a cozinha, temos um quintal grande cheio de árvores enormes, quando faz neblina parece até um filme de terror. &
O ar já faltava em meus pulmões, meu corpo estava quente e minha garganta doía ainda mais, tudo parecia ser um labirinto a minha volta, minha respiração não era constante, meus batimentos cardíacos estavam extremamente acelerados, até que parei, parei em meio a aquelas árvores enormes e tudo parecia rodar, levei minhas mãos a minha cabeça e berrei puxando os cabelos me agachando e continuei gritando, um grito que saia do fundo dos meus pulmões doloridos e da minha garganta. Meus joelhos caíram no chão, meu choro era alto, meus soluços faziam meu peito doer pela falta de ar, até que cai para o lado e me abracei tremendo, me encolhi em posição fetal, gemia e tremia, o mundo parecia estar acabando dentro da minha cabeça. Minha respiração foi diminuindo, normalizando, e meus olhos turvos fechando, eu estava sentindo cada músculo meu relaxando e tudo simplesmente escureceu.  
Ainda no hospital por conta do estado que eu havia chego, não apenas pelo inicio de hipotermia, mas também pela dor de garganta que piorou, acabou inflamando, e também pelo meu estado mental e emocional, uma terapeuta e o xerife foram falar comigo. Ela para entender o que havia acontecido com a doida estúpida aqui e o xerife para saber quem eram os três caçadores que me importunaram e me fizeram ter aquele surto. Claro que contei tudo, só falar o nome Joe e o xerife já sabia exatamente do trio de caçadores de quem eu falava. Comendo uma horrível e gosmenta sopa de hospital eu suspirava de tédio, até minha tia chegar. — Fui à sua escola justificar a sua ausência — disse tia Eve. — Se bem que todo mundo da cidade já sabe... — Eu
Narrado por Orion Ela chegou faz três meses, uma garota não muito alta de cabelos escuros e olhos castanhos esverdeados, magra e pálida, usava roupas escuras e sempre números maiores, os cabelos eram mal cuidados, não usava maquiagem e sempre parecia estar no mais péssimo humor que uma pessoa poderia estar. Quando entrou na sala pela primeira vez não quis se apresentar, se sentou na ultima carteira e durante todo esse tempo não fez um amigo sequer, não tirava boas notas, apenas parecia respirar por obrigação biológica. Ela acabou me chamando atenção, aposto que não queria fazer isso, mas sendo tão reservada ela meio que causou algumas lendas urbanas sobre si mesma. Para falar a verdade, o cheiro dela foi o que mais me chamou a atenção, um cheiro diferente, todo ser humano tem um cheiro especifico, mas o dela foi o que mais me chamou atenção, então, durante esses três meses eu
Bom, eu realmente me arrependi de colocar Ayla a força dentro do meu carro, ela não para de gritar, chorar, me chutar e bater, além de estar quase quebrando a maçaneta da porta e dando socos nas janelas, ela chega está vermelha de tanto gritar. — Ayla! Ayla! — chamo olhando para ela e para a estrada, eu não podia leva-la para a cidade estando daquele jeito, então estávamos naquela luta já havia minutos, estávamos perto da costa já. — Ayla para! — eu disse pegando em uma das pernas dela e apenas escutamos o som de algo destroncando. Ela gritou e eu soltei a mão imediatamente e joguei o carro para o acostamento, já estávamos de frente para o mar. Destravei as portas e Ayla abriu a dela, saiu correndo e mancando. — Ei! — eu gritei e ela continuou andando até parar num tronco caído. — Fica
Narrado por Ayla. Eu devia ter tirado os lobos da minha cabeça, sim eu devia mesmo, mas não pude e ia entrar novamente na floresta se não fosse Orion aparecer do nada como sempre, bom, não foi do nada, mas eu não o havia percebido. Além disso, ele fez algo nada recomendado para comigo, me agarrou sem aviso e me jogou dentro de um carro e dirigiu sem rumo por minutos a fio. Claramente eu tive um p**a ataque de pânico e por incrível que pareça ele teve muita paciência para meu gritos e surtos. — Meu Deus! — gritou minha tia na sala e eu que estava deitada com o pé luxado para cima tive que fazer o esforço de me levantar e manca ir ver o que havia ocorrido. Estava passando uma reportagem do noticiário local, a manchete dizia que um morador foi encontrado morto ontem. — Qual o espanto? As pessoas morrem tia — eu disse com deboche. — C
Diferente de mim que fiquei reclusa no meu canto tentando não chamar a mínima atenção, Vincent era o oposto, assim que a aula de artes terminou ele já fora se apresentar para todos da sala, e eu só queria jogar ele pela janela. Mas, se ele permanecer longe de mim, eu vou ficar muito, mas muito de bem com ele aqui, mas se ele vier com amizade para meu lado por que eu sou a única que ele conhece, dai o negocio vai mudar de cenário e eu posso muito bem ser presa por assassinato. E como se não fosse mais irritante, Vincent está em todas, repito, todas as minhas aulas, com toda certeza a única vez que vou ficar livre dele é na antiga sala de musica, e aqui estou, sentada na janela comendo meu sanduiche de atum e azeitonas e tomando meu suco de laranja natural. Suspiro enquanto mastigo e olho para fora, parece que por milagre irá fazer sol. — Posso? — perguntou Orion entrand
Eu não sei o que Orion fez, e sinceramente eu não quero saber, mas não vou dizer que não paro de pensar nisso no caminho para casa, e como você bem deve saber, a minha sorte é uma vadia, um carro passou rápido pela rua e estacionou ao lado da calçada onde eu andava mais a frente. Ótimo, o que é agora? Eu vou morrer dessa vez? Então a pessoa desceu do carro e eu fiquei surpresa, era Vanessa. — Ayla! — ela disse correndo até mim e pegou em minhas mãos. — Você está bem? — Sim? — disse confusa. — Não, não está, vem comigo! — ela começou a me puxar para o carro. — Ei! Espera Vanessa! — eu disse enquanto ela me puxava até o carro dela que era um sedam br