Bom, eu realmente me arrependi de colocar Ayla a força dentro do meu carro, ela não para de gritar, chorar, me chutar e bater, além de estar quase quebrando a maçaneta da porta e dando socos nas janelas, ela chega está vermelha de tanto gritar.
— Ayla! Ayla! — chamo olhando para ela e para a estrada, eu não podia leva-la para a cidade estando daquele jeito, então estávamos naquela luta já havia minutos, estávamos perto da costa já. — Ayla para! — eu disse pegando em uma das pernas dela e apenas escutamos o som de algo destroncando. Ela gritou e eu soltei a mão imediatamente e joguei o carro para o acostamento, já estávamos de frente para o mar. Destravei as portas e Ayla abriu a dela, saiu correndo e mancando.
— Ei! — eu gritei e ela continuou andando até parar num tronco caído.
— Fica longe! — ela disse tremendo e chorando. — Mais um passo e eu grito! — mais do que já gritou? Meus ouvidos estão doendo.
— Olha, fica calma — eu disse me aproximando e ela berrou, um berro agudo que me fez levar as mãos aos meus ouvidos sensíveis. — Dá pra parar?!
— O que você vai fazer comigo? Vai me matar? É por isso que está se aproximando de mim?! Pra me matar e depois brincar com meu corpo como se eu fosse uma boneca inflável?! — ela gritava fazendo as veias do pescoço fino saltarem.
— O quê?! Não! Eu nunca faria isso Ayla! — eu disse colocando as mãos no meu peito. Ela levou as dela ao tornozelo destroncado.
— Por que diabos me sequestrou então?! — ela perguntou.
— Eu não te sequestrei!
— A partir do momento que você coloca uma pessoa contra a vontade dela em um carro é SEQUESTRO! — ela gritou.
— Tá, talvez eu tenha feito algo errado — eu disse.
— Tudo bem ai?! — disse a voz de uma mulher e olhei para a estrada, ela estava dentro de uma camionete preta.
— Tudo! Ela só torceu o tornozelo! — eu disse e Ayla deu risada, uma risada sarcástica.
— Precisam de ajuda?! — perguntou.
— Já vamos para o hospital! — eu disse fazendo sinal para a mulher ir embora. Ela me olhou desconfiada e continuou seu caminho.
— Você que destroncou meu tornozelo! — gritou Ayla e rosnei baixo, um rosnado nada humano e que por sorte ela não escutou.
— Você puxou a perna! — eu disse me voltando para ela que limpava as lágrimas do rosto. — Eu não quis te machucar.
— Mas machucou — ela disse limpando as lágrimas. — Por que me colocou dentro do carro daquele jeito?
— Vi um bicho nos olhando e fiquei com medo — disse me sentando ao lado dela no tronco. — Posso ver? — me referi ao seu machucado.
— Não — respondeu seca. — Era um lobo?
— Não existem lobos nessa região — disse suspirando. — Por causa do seu escândalo eu não podia ir pra cidade — Ayla ficou em silêncio, e a olhei, ela sempre tinha a postura de ombros caídos, como se estivesse sempre encolhida e tremia, tremia feito um filhote medroso.
— Eu vou ter tomar mais remédios — ela disse rindo sem graça. Então eu ia passar meu braços pelos ombros dela, mas ela se encolheu mais e se afastou, ela resmungou e negou com a cabeça.
— Ok — eu disse. — Vem, vou te levar pro médico.
— Espera eu me acalmar antes de me enfiar no seu carro, de novo — ela disse e assenti. Olhando bem agora, Ayla sempre está com os olhos assustados, sempre em alerta e nunca deixa ninguém se aproximar, o que houve com você Ayla?
Depois de os ânimos calmos levei Ayla ao médico, por sorte, não foi nada demais, apenas uma luxação. Já estava anoitecendo então Ayla avisou a tia que estava tudo bem e que já estava indo para casa. Elas moram numa casa em uma das ultimas ruas da cidade, ou seja, próximas as árvores onde eu me escondo várias noites observando Ayla. A casa é pequena, mas de bom tamanho para duas pessoas.
Parei o carro e Ayla abriu a porta.
— Ei — chamei e ela me olhou. — Não vai mais na floresta, é perigoso... — Ayla apenas assentiu e fechou a porta do carro com calma. A tia dela abriu a porta e fora até ela a ajudando a ir para dentro de casa, esperei as duas entrarem e então toquei meu caminho de volta para casa. Quando cheguei ali estacionei meu carro e olhei para minha casa antiga e que parecia um mausoléu, as luzes ainda eram amarelas, já que nossa visão é perfeita. Mas então olhei para a casa de minha tia Artemis, é uma enorme casa assim como a que eu vivo, mas a arquitetura morderna, quase não tem paredes tendo enormes janelas que dão uma visão razoavél da parte interna luxuosa. Sem pensar duas vezes eu fui até ali e bati na porta.
— Ah, oi Orion! — disse meu tio, um homem de pele negra escura, cabelos cortados em degrade, usava óculos de grau apenas por charme, era grande e forte como todos os homens lobos, seu nome é Christopher, mas o chamamos de Chris apenas. Ele é médico e muito bem sucedido, trabalha numa cidade um pouco maior por perto.
— Tia Artemis está? — perguntei para meu tio.
— Lavando a roupa das crianças — disse ele olhando para o lado e vendo os seis filhos dele, eram cinco garotos e uma garota, tinham 12 anos. Os meninos jogavam videogame e sequer tiravam os olhos da tela e a menina mexia no celular. — Entra garoto.
— Obrigado tio — eu disse entrando e olhando meus primos. Todos eles eram negros, mas de pele mais clara que meu tio, já que minha tia era branca, e o mais legal era que eles não eram idênticos como eu e meus irmãos. — Vou na lavanderia — assenti uma vez com a cabeça e meu tio assentiu fazendo sinal para eu ir, há um bom motivo para eu falar com minha tia Artemis. Desci as escadas que iam para a lavanderia e a encontrei dobrando as roupas e cantando pelo nariz. Minha tia tem a pele clara, olhos azuis como o céu, cabelos castanhos lisos e curtos num corte Chanel, usava sempre calças jeans, botas de cano curto e blusas de manga comprida, seu corpo era muito bonito mesmo depois de ter seis filhos de uma vez.
— Tia Artemis? — chamei e ela me olhou.
— Oi querido! Ao que devo a sua visita? — ela perguntou me olhando brevemente e continuando a dobrar as roupas.
— Tia, você é formada em psicologia não é? — perguntei e ela assentiu ainda cantando. — Sabe, tem uma garota..
— Garota? — ela disse parando de dobrar a roupa e me olhou. — Que garota?
— Da minha classe — eu disse encostando meu ombro na parede. — Ela é estranha... Tipo, muito estranha.
— Estranha bonita? — perguntou minha tia fazendo uma feição de malicia no rosto.
— Tia... — eu disse sorrindo e ela deu risada.
— Ok, eu juro que vou parar de tentar me meter na sua vida amorosa — disse ela rindo. — Mas me fala, por que acha ela estranha?
— Ela chegou tem uns três meses, veio de outro estado, não fez nenhuma amizade, vive reclusa e sozinha — disse. — Vive tirando notas péssimas e tem um humor horrível...
— Querido as vezes ela só seja introvertida e mau humorada — disse tia Artemis voltando a dobrar as roupas.
— É a garota que sumiu depois que os caçadores mexeram com ela — eu disse e minha tia me olhou — A que eu encontrei.
— Ah, a menina que teve um surto e parou na floresta — disse tia Artemis. — Devia ter dito anes.
— É, eis a questão tia, toda a vez que eu chego perto, ou sei lá toco um dedo nela ela grita, fica assustada como se eu fosse fazer algum mal para ela — eu disse e minha tia ficou pensativa. — Ela vive tremula e com um olhar assustado. Ela grita, grita de verdade se tocar nela sem permissão, mas o engraçado é que vi Vanessa a abraçando uma vez...
— Talvez o problema seja o seu sexo — disse tia Artemis.
— Hoje eu a encontrei tentando entrar na floresta de novo — eu disse. — Ela... ela ficou apavorada quando a coloquei no carro para ir embora e na volta voltou encolhida no banco.
— Com toda certeza alguma coisa tem — disse tia Artemis. — Eu ouvi que os três caçadores estavam dando em cima dela quando ela teve um ataque de pânico, apenas por um toque de um deles no ombro. Ela com toda certeza tem algum coisa contra homens, algo que a aterroriza muito.
— Ela sempre pensa que eu vou machucar ela... — eu disse olhando para o chão e minha tia veio até mim.
— Acho que não deve ir ao fundo disso — disse minha tia pegando em meu queixo. — Cada pessoa tem seus próprios fantasmas para lidar... Agora, vai jantar aqui?
— Tenho que ir para casa — eu disse sorrindo e então dei um beijo na testa de minha tia. — Obrigado — falei e subi as escadas. Eu não deveria ir ao fundo disso? Não, eu deveria, eu preciso saber o que feriu tanto Ayla, o que a causa tanta dor e sofrimento.
Narrado por Ayla. Eu devia ter tirado os lobos da minha cabeça, sim eu devia mesmo, mas não pude e ia entrar novamente na floresta se não fosse Orion aparecer do nada como sempre, bom, não foi do nada, mas eu não o havia percebido. Além disso, ele fez algo nada recomendado para comigo, me agarrou sem aviso e me jogou dentro de um carro e dirigiu sem rumo por minutos a fio. Claramente eu tive um p**a ataque de pânico e por incrível que pareça ele teve muita paciência para meu gritos e surtos. — Meu Deus! — gritou minha tia na sala e eu que estava deitada com o pé luxado para cima tive que fazer o esforço de me levantar e manca ir ver o que havia ocorrido. Estava passando uma reportagem do noticiário local, a manchete dizia que um morador foi encontrado morto ontem. — Qual o espanto? As pessoas morrem tia — eu disse com deboche. — C
Diferente de mim que fiquei reclusa no meu canto tentando não chamar a mínima atenção, Vincent era o oposto, assim que a aula de artes terminou ele já fora se apresentar para todos da sala, e eu só queria jogar ele pela janela. Mas, se ele permanecer longe de mim, eu vou ficar muito, mas muito de bem com ele aqui, mas se ele vier com amizade para meu lado por que eu sou a única que ele conhece, dai o negocio vai mudar de cenário e eu posso muito bem ser presa por assassinato. E como se não fosse mais irritante, Vincent está em todas, repito, todas as minhas aulas, com toda certeza a única vez que vou ficar livre dele é na antiga sala de musica, e aqui estou, sentada na janela comendo meu sanduiche de atum e azeitonas e tomando meu suco de laranja natural. Suspiro enquanto mastigo e olho para fora, parece que por milagre irá fazer sol. — Posso? — perguntou Orion entrand
Eu não sei o que Orion fez, e sinceramente eu não quero saber, mas não vou dizer que não paro de pensar nisso no caminho para casa, e como você bem deve saber, a minha sorte é uma vadia, um carro passou rápido pela rua e estacionou ao lado da calçada onde eu andava mais a frente. Ótimo, o que é agora? Eu vou morrer dessa vez? Então a pessoa desceu do carro e eu fiquei surpresa, era Vanessa. — Ayla! — ela disse correndo até mim e pegou em minhas mãos. — Você está bem? — Sim? — disse confusa. — Não, não está, vem comigo! — ela começou a me puxar para o carro. — Ei! Espera Vanessa! — eu disse enquanto ela me puxava até o carro dela que era um sedam br
Narrado por Orion. Quando contei ao resto da matilha que havia visto um crinos todos ficaram assustados, um crinos é sinal de muito problema. Não interessa se vocês fazem parte da mesma espécie, um crinos tentara te devorar da mesma maneira. Os mais novos da matilha sempre costumam a andar pela floresta em forma de lobo com um adulto para aprenderem a caçar e a patrulhar, mas com um crinos a solta em Oak Village isso não será mais possível. Na noite passada eu fui vigiar a casa de Ayla já que o crinos a havia visto, mas cheguei tarde, ele já estava ali e perto da janela dela com ela o vendo, isso é sinal que ele já a escolheu como presa. Depois que se afastou da casa de Ayla eu o persegui por vários quilômetros pela floresta, meus irmã
Deixando aquela reunião inútil, eu me transformei na minha forma de lobo novamente, sequer tirei minha roupas o que acabou as rasgando, eu andei sem rumo por muitos quilômetros, cacei um cervo para morder alguma coisa e diminuir o estresse, mas além disso, segui pelas matas tentando pegar uma trilha de cheiro do crinos, ele havia andando por muitos lugares, os cheiros se curzavam fazendo um labirinto e o cheiro humano dele desapareceu naquele meio, ou seja, eu não conseguia encontrar. Ao cair da noite eu segui para outro lugar, sim, me escondi em meio as árvores do quintal de Ayla e me sentei ali, escondido na escuridão, deixando apenas meu olhos amarelos brilhantes aparecendo, a vantagem de ser um lobo negro é que me misturo perfeitamente com a noite e as sombras. Me deitei e cruzei as patas dianteiras, encostei o queixo ali e suspirei. Talvez eu estivesse ficando apaixonado
Narrado por Ayla. Eu não conseguia mais pregar os olhos a noite, não só pelo medo, mas também por confusão, eu tenho tantas perguntas, dezenas delas, mas nenhuma delas parece ter uma m*****a resposta racional. Nesse momento estou olhando para a pulseira cheia de badulaques que Vanessa me deu, estou me perguntando como caralhos essa coisinha vai evitar de eu ser devorada por um... Como é o nome mesmo? É um lobisomem isso eu sei, mas o tipo dele... Cripos? Credos? Pricos? Ah! Crinos, isso, esse é o nome. Bom, eu andei pesquisando, me sentei na minha cama e peguei meu celular, parece que tem gente que sabe bem dessa coisa toda, com toda certeza fanáticos pelo sobrenatural, um blog onde contem “relatos verdadeiros” de pessoas que viram com os próprios olhos seres sobrenaturais, somo vampiros, lobisomens, bruxas etc. Este ultimo eu tive o prazer de ver também, se bem que acho que Vanessa possa ter usado truques. Enfim, pesquisando eu vi que existem cinco tipos de
Depois do passeio incrível pelo parque Olympic voltamos para casa no fim da tarde, o céu estava muito bonito, pintado de laranja, rosa, roxo, as cores do entardecer. Eu e Orion íamos conversando e contando coisas engraçadas de nossas vidas, fazia muito tempo que não ria daquele jeito, de fazer minha maxilar doer e me faltar ar, mas teve um momento que parei e olhei para ele enquanto sorria, ele tem um sorriso lindo, as covinhas são um charme a parte, eu me sinto segura perto dele, sinto que estou viva de novo. Passei a mão nos meus cabelos descuidados e olhei para a paisagem, acho que deveria me cuidar mais. Orion parou em frente de casa, já esta bem de noite, peguei minha mochila e meus livros e o olhei. — Obrigada por hoje, fazia tempo que não me divertia assim — eu disse sorrindo doce. — Sua companhia que foi uma honra — ele disse sorrindo de canto. Então em engoli em seco, inclinei meu corpo para frente e depositei um beijo demorado na bochecha macia dele
Passaram-se quatro dias e Orion não foi para a escola, eu realmente estou começando a me preocupar com essa situação, não que a vida dele seja da minha conta, mas eu estou preocupada, como se sentisse que algo ruim aconteceu. — Ayla? — perguntou uma terapeuta e a olhei. — Viajou por um bom tempo agora... — Ah, eu só estou pensando em algumas coisas aleatórias — eu disse. — Você se dispersa com facilidade — disse a terapeuta e assenti. — Notei que mudou o visual, ficou muito bonito. Teve um motivo especial? — Bom, eu acho que sim — eu disse corando. — Um garoto... — Isso é uma coisa bem diferente — disse ela sorrindo. — Julgando pela sua ansiedade extrema ao contato com o sexo oposto. É um grande avanço. — Ele é o único com quem eu não me sinto em perigo — eu disse. — Ele me da uma sensação de segurança. Eu posso confiar nele. — Esse é um ótimo começo — disse minha terapeuta. — Agora me diz, acha que pode começar a pensar