Capítulo 73A cidade estava envolta em um silêncio inquietante. As ruas desertas sob a luz dos postes traziam um ar misterioso, com o som ocasional de um carro passando ao longe. Mesmo no mundo humano, a ameaça de Malakai parecia onipresente, como se ele fosse uma sombra que espreitava em cada canto.Bianca estava no pequeno apartamento que tinham alugado como base temporária. As janelas estavam fechadas, as cortinas puxadas, e o ambiente era iluminado apenas por um abajur amarelado no canto da sala. Draven estava de pé ao lado da janela, olhando para fora como sempre fazia, atento a qualquer movimento suspeito. Lucian estava sentado no sofá, revendo anotações que haviam feito sobre os movimentos de Malakai. Bianca, por sua vez, estava sentada no chão, observando um mapa da cidade que tinham marcado com os possíveis pontos onde Malakai ou seus aliados poderiam estar.— Ele não vai ficar escondido para sempre — disse Draven, quebrando o silêncio. — Malakai é um estrategista, mas também
Capítulo 74O armazém parecia pulsar com uma energia quase tangível, como se a própria estrutura estivesse viva, respondendo à tensão crescente. As lâmpadas quebradas piscavam com insistência, lançando sombras dançantes nas paredes e no chão rachado. A atmosfera era opressiva, carregada pela presença de Malakai. Ele estava no centro do caos, com seus olhos faiscando como brasas vivas, um sorriso frio e cruel em seu rosto.Bianca permanecia de pé no centro do ritual, os olhos fixos nos símbolos que brilhavam fracamente sob seus pés. Havia algo de familiar e, ao mesmo tempo, assustador naquela energia. Sentia um turbilhão dentro de si, como se o poder ali presente fosse um eco distante de algo que sempre esteve em sua essência.Draven e Lucian estavam na linha de frente, protegendo-a. O som do combate preenchia o espaço: o choque metálico das lâminas, os rugidos dos alfas em sua forma humana e os grunhidos grotescos dos seguidores encapuzados de Malakai.— Bianca, fique longe dos símbol
Capítulo 75A cidade ao redor de Bianca se estendia diante dela como um imenso mar de concreto e vidro. Os edifícios se erguiam como gigantes prontos para devorar o horizonte, e a movimentação nas ruas parecia uma dança frenética. Havia algo reconfortante na vida que ela estava construindo no mundo humano, algo que a conectava a uma realidade mais tangível e tranquila do que a que havia deixado para trás na ilha. A empresa que ela e os alfas haviam criado estava prosperando de forma inesperada, e a cada dia mais portas se abriam para ela. No entanto, havia uma sensação crescente, quase imperceptível, de que algo estava faltando.Era como um eco distante, um chamado que surgia no fundo de sua mente. Bianca sentia a conexão com a ilha como se fosse uma linha tênue, mas resistente, que ainda ligava seu coração àquele lugar distante. Era mais do que uma simples lembrança. Era como se a ilha estivesse sussurrando seu nome, pedindo para ela voltar, para completar algo que estava incompleto.
Capítulo 76O sol estava se pondo atrás das montanhas, lançando raios dourados sobre a vastidão da ilha. O céu se tingia de laranja e rosa, uma visão que sempre parecia mágica, mas hoje, mais do que nunca, Bianca sentia que a ilha finalmente refletia a paz que eles haviam conquistado. O peso dos anos de luta e sacrifício começava a se dissipar, substituído por uma sensação de renovação. O som das ondas batendo nas pedras era um lembrete suave de que o ciclo havia se fechado.Ela estava no topo de uma colina, observando a vista que se estendia diante dela. As árvores agora floresciam em abundância, as plantações que ela e os alfas haviam semeado ao longo dos últimos meses começaram a dar frutos, e as construções que haviam sido erguidas ao longo das costas da ilha pareciam formar uma pequena comunidade próspera. Havia casas, mercados, campos de treino, e, mais importante ainda, havia um senso de pertencimento, de uma nova vida.A ilha havia se transformado diante dos seus olhos. O chão
Capítulo 1Ela olhava pela pequena janela da cabine, O céu, que até algumas horas atrás era um manto azul tranquilo e infinito, agora se transformava rapidamente em um espetáculo aterrorizante. Observando a imensidão que a cercava. O horizonte parecia desaparecer lentamente, engolido pelo que ela agora percebia ser mais do que apenas uma tempestade passageira. Algo dentro dela sussurrava que aquilo era um presságio, uma advertência. Seu coração batia acelerado, o medo começando a invadir suas veias, mas ela o empurrava para longe. Respirou fundo, tentando se lembrar de quem ela era — sempre forte, sempre determinada, nunca cedia ao medo, mesmo quando ele apertava seu peito como agora.— Vai ficar tudo bem — murmurou para si mesma, mais como um mantra do que uma verdade.Ela estava a caminho de um novo destino, uma nova vida, uma nova chance de recomeçar. Tinha feito a escolha certa, ou pelo menos, era o que tentava acreditar. Deixar tudo para trás tinha parecido sensato na época, mesm
Capítulo 2Sentia a água fria envolvê-la, penetrando em seus ossos, mas havia algo pior: o silêncio absoluto. Um vazio opressor que consumia cada pensamento, cada emoção, deixando apenas o pavor da incerteza.Seu corpo doía. Cada músculo parecia tenso, desgastado, e o gosto salgado de maresia estava impregnado em seus lábios rachados. Bianca tossiu, tentando expulsar o gosto amargo da garganta seca. Não havia barco, tripulação, ou qualquer sinal de terra firme. Apenas o oceano infinito e impiedoso, vasto e indiferente.Ela olhou ao redor, seus olhos ardiam com o sal. A mente ainda nebulosa a fazia lutar para se lembrar do que acontecera. A tempestade e o caos. Tudo desabou de uma vez, e antes que pudesse reagir, foi lançada à deriva, prisioneira do oceano. Bianca sentia suas forças a abandonarem. Seu corpo parecia à beira de desistir, e sua mente, turva pela exaustão, começou a ceder. Mas então algo mudou. O som do mar foi interrompido por uma presença. A água ao seu lado se agitou. N
Capítulo 3Bianca acordou sem saber onde estava, a mente ainda nublada, sem conseguir raciocinar direito. Ela escutou o crepitar suave da lareira, que rompia o silêncio da cabana, enquanto o calor acolhedor a envolvia. Cada músculo cansado começava a relaxar sob as mantas macias. Ela se sentia segura, ainda que uma parte de sua mente permanecesse inquieta, como se estivesse em alerta.Draven, em contraste, movia-se pela pequena cabana com eficiência controlada. Ele sabia exatamente o que fazer. Agora, ele preparava algo para ela comer, uma sopa quente que lançava um aroma reconfortante no ar. Ele não disse muito; suas ações falavam por ele. Porém, apesar de sua postura rígida e semblante fechado, havia algo em Draven que sugeria mais do que ele deixava transparecer.Bianca sentiu o aroma suave de ervas e legumes, e seu estômago roncou em resposta. Quando Draven finalmente trouxe a tigela de sopa fumegante, ele a colocou em suas mãos com um gesto cuidadoso. O toque de seus dedos contra
Capítulo 4Draven acordou, se levantou e saiu pela porta da cabana determinado a encontrar suprimentos antes que o dia amanhecesse. Ele caminhava com passos silenciosos, movendo-se com a familiaridade de alguém que conhecia cada detalhe daquela floresta. Ele não queria chamar atenção, principalmente por não estar pronto para contar a verdade sobre a mulher em sua cabana. Por isso, decidiu omitir informações.Ao chegar à vila, o sol ainda não tinha nascido. A vila era um amontoado de casas de madeira rústicas, simples, mas funcionais. Poucas pessoas estavam acordadas àquela hora, mas Draven sabia que o líder da matilha, Lucian, já estaria de pé. Lucian era o Alfa de uma comunidade de lobos que viviam isolados ali, em harmonia com a ilha. Draven conhecia bem aquele mundo e sabia que não seria fácil convencê-lo sem levantar suspeitas.Lucian, como sempre, estava na pequena praça central, inspecionando o território como fazia todas as manhãs. Alto, de ombros largos e presença imponente, s