Capítulo 69A mansão era um reflexo de tempos passados, com suas paredes de pedra desgastada e detalhes ornamentais cobertos de poeira. Apesar da decadência, havia uma aura de imponência no salão principal, com seu teto alto e candelabros antigos que balançavam suavemente sob o efeito do vento que se infiltrava pelas frestas. A mansão, escolhida como base no mundo humano, tinha seus encantos, mas ainda não transmitia a sensação de lar.Lucian estava inclinado sobre a mesa de carvalho no centro do salão. Seus olhos percorriam rapidamente os papéis espalhados, cheios de cálculos, esboços e anotações. A frustração em seu rosto era evidente, e ele massageava as têmporas, tentando dissipar o cansaço acumulado.— Isso não vai funcionar a longo prazo — disse ele, a voz carregada de preocupação. Ele ergueu uma folha rabiscada com números. — Dependermos exclusivamente dos recursos da ilha e de visitas esporádicas ao mundo humano é inviável. Estamos ficando sem materiais básicos, e, agora que e
Capítulo 70Os primeiros raios do sol filtravam-se pelas grandes janelas do loft industrial, criando padrões luminosos nas paredes de tijolos expostos. O espaço, improvisado como base no mundo humano, estava repleto de vida — um contraste gritante com o isolamento que conheciam na ilha. Havia algo esperançoso naquele local, como se finalmente tivessem encontrado um motivo para olhar para o futuro com otimismo.Bianca estava sentada à mesa principal, rodeada por cadernos de anotações, amostras de produtos e um laptop que parecia estar à beira de superaquecer. Seu rosto estava iluminado pela luz azul da tela, mas a determinação em seus olhos era evidente. Ela digitava com rapidez, revisando a apresentação que Lucian usaria para abordar investidores humanos. Ao lado dela, Lucian organizava as amostras em caixas elegantes, cada uma cuidadosamente decorada com detalhes rústicos, como se carregassem a essência da natureza intocada da ilha.— Esses rótulos estão incríveis, Bianca — elogiou L
Capítulo 71O loft industrial, com suas paredes de tijolos desgastados e vigas de metal expostas, tornara-se muito mais do que um refúgio temporário. A cada dia, o espaço tomava a forma de algo que o grupo jamais imaginou: um lar. Bianca, Draven, Lucian, Rykael trabalhavam incessantemente para transformar o ambiente frio e vazio em um lugar que refletisse não apenas a necessidade de sobrevivência, mas também o vínculo que os unia.As janelas altas deixavam a luz do sol invadir o espaço, iluminando os pequenos toques pessoais que começavam a surgir. Havia vasos com plantas nas esquinas, cortinas de tecido leve que suavizavam o ambiente e até uma estante improvisada que Lucian preenchera com livros encontrados em sebos locais. Rykael, por outro lado, havia construído mesas e prateleiras usando madeira reaproveitada, adicionando um toque rústico que lembrava a simplicidade da vida na ilha.Naquele dia, o grupo estava reunido para discutir os próximos passos, mas o clima parecia mais leve
Capítulo 72Bianca acordou antes do nascer do sol, sua mente inquieta, mas seu coração cheio de um calor inexplicável. Enquanto as primeiras luzes da manhã atravessavam as cortinas improvisadas no loft, ela sentiu algo diferente. Nos últimos dias, algo dentro dela havia mudado. Era como se os laços que a uniam aos alfas se tornassem mais fortes, mais profundos, quase palpáveis. Não era apenas o vínculo de Luna, mas algo que transcendia qualquer explicação racional.Ela se levantou, sentindo o chão frio sob os pés descalços, e caminhou até o terraço. O céu estava pintado em tons de laranja e rosa, e o ar fresco da manhã trouxe uma sensação de paz. Bianca abraçou a si mesma, não por frio, mas como se precisasse conter a emoção que crescia dentro dela.Poucos minutos depois, passos suaves ecoaram atrás dela. Sem precisar se virar, ela sabia que era Draven. Ele tinha essa presença inconfundível, forte e serena ao mesmo tempo.— Não conseguiu dormir? — ele perguntou, sua voz baixa e rouca
Capítulo 73A cidade estava envolta em um silêncio inquietante. As ruas desertas sob a luz dos postes traziam um ar misterioso, com o som ocasional de um carro passando ao longe. Mesmo no mundo humano, a ameaça de Malakai parecia onipresente, como se ele fosse uma sombra que espreitava em cada canto.Bianca estava no pequeno apartamento que tinham alugado como base temporária. As janelas estavam fechadas, as cortinas puxadas, e o ambiente era iluminado apenas por um abajur amarelado no canto da sala. Draven estava de pé ao lado da janela, olhando para fora como sempre fazia, atento a qualquer movimento suspeito. Lucian estava sentado no sofá, revendo anotações que haviam feito sobre os movimentos de Malakai. Bianca, por sua vez, estava sentada no chão, observando um mapa da cidade que tinham marcado com os possíveis pontos onde Malakai ou seus aliados poderiam estar.— Ele não vai ficar escondido para sempre — disse Draven, quebrando o silêncio. — Malakai é um estrategista, mas também
Capítulo 74O armazém parecia pulsar com uma energia quase tangível, como se a própria estrutura estivesse viva, respondendo à tensão crescente. As lâmpadas quebradas piscavam com insistência, lançando sombras dançantes nas paredes e no chão rachado. A atmosfera era opressiva, carregada pela presença de Malakai. Ele estava no centro do caos, com seus olhos faiscando como brasas vivas, um sorriso frio e cruel em seu rosto.Bianca permanecia de pé no centro do ritual, os olhos fixos nos símbolos que brilhavam fracamente sob seus pés. Havia algo de familiar e, ao mesmo tempo, assustador naquela energia. Sentia um turbilhão dentro de si, como se o poder ali presente fosse um eco distante de algo que sempre esteve em sua essência.Draven e Lucian estavam na linha de frente, protegendo-a. O som do combate preenchia o espaço: o choque metálico das lâminas, os rugidos dos alfas em sua forma humana e os grunhidos grotescos dos seguidores encapuzados de Malakai.— Bianca, fique longe dos símbol
Capítulo 75A cidade ao redor de Bianca se estendia diante dela como um imenso mar de concreto e vidro. Os edifícios se erguiam como gigantes prontos para devorar o horizonte, e a movimentação nas ruas parecia uma dança frenética. Havia algo reconfortante na vida que ela estava construindo no mundo humano, algo que a conectava a uma realidade mais tangível e tranquila do que a que havia deixado para trás na ilha. A empresa que ela e os alfas haviam criado estava prosperando de forma inesperada, e a cada dia mais portas se abriam para ela. No entanto, havia uma sensação crescente, quase imperceptível, de que algo estava faltando.Era como um eco distante, um chamado que surgia no fundo de sua mente. Bianca sentia a conexão com a ilha como se fosse uma linha tênue, mas resistente, que ainda ligava seu coração àquele lugar distante. Era mais do que uma simples lembrança. Era como se a ilha estivesse sussurrando seu nome, pedindo para ela voltar, para completar algo que estava incompleto.
Capítulo 76O sol estava se pondo atrás das montanhas, lançando raios dourados sobre a vastidão da ilha. O céu se tingia de laranja e rosa, uma visão que sempre parecia mágica, mas hoje, mais do que nunca, Bianca sentia que a ilha finalmente refletia a paz que eles haviam conquistado. O peso dos anos de luta e sacrifício começava a se dissipar, substituído por uma sensação de renovação. O som das ondas batendo nas pedras era um lembrete suave de que o ciclo havia se fechado.Ela estava no topo de uma colina, observando a vista que se estendia diante dela. As árvores agora floresciam em abundância, as plantações que ela e os alfas haviam semeado ao longo dos últimos meses começaram a dar frutos, e as construções que haviam sido erguidas ao longo das costas da ilha pareciam formar uma pequena comunidade próspera. Havia casas, mercados, campos de treino, e, mais importante ainda, havia um senso de pertencimento, de uma nova vida.A ilha havia se transformado diante dos seus olhos. O chão