Capítulo 68 Ao chegar em seu carro, o ambiente fechado parecia amplificar a raiva de Adrian. Ele ligou o motor com violência e saiu dirigindo pelas ruas vazias. As luzes da cidade se tornavam borrões enquanto sua mente fervilhava com planos. Poderia denunciá-los às autoridades, alegar que estavam mantendo Bianca contra sua vontade. Mas isso não seria suficiente. Ele sabia que precisaria de algo mais... Definitivo.Parou em um bar na periferia, um lugar sujo e mal iluminado. Ele precisava de informações, de aliados dispostos a qualquer coisa. Sentou-se no balcão, pedindo uma dose de uísque, e começou a ouvir as conversas ao redor. Depois de alguns minutos, algo chamou sua atenção. Um homem corpulento, vestido de forma desleixada, falava sobre criaturas estranhas, seres que não deveriam existir.— ... É claro que ele faz. Não importa o que seja, desde que o dinheiro esteja certo.— E onde ele está agora? — Perguntou outro homem, a voz rouca.Adrian inclinou-se discretamente para ouvir
Capítulo 69A mansão era um reflexo de tempos passados, com suas paredes de pedra desgastada e detalhes ornamentais cobertos de poeira. Apesar da decadência, havia uma aura de imponência no salão principal, com seu teto alto e candelabros antigos que balançavam suavemente sob o efeito do vento que se infiltrava pelas frestas. A mansão, escolhida como base no mundo humano, tinha seus encantos, mas ainda não transmitia a sensação de lar.Lucian estava inclinado sobre a mesa de carvalho no centro do salão. Seus olhos percorriam rapidamente os papéis espalhados, cheios de cálculos, esboços e anotações. A frustração em seu rosto era evidente, e ele massageava as têmporas, tentando dissipar o cansaço acumulado.— Isso não vai funcionar a longo prazo — disse ele, a voz carregada de preocupação. Ele ergueu uma folha rabiscada com números. — Dependermos exclusivamente dos recursos da ilha e de visitas esporádicas ao mundo humano é inviável. Estamos ficando sem materiais básicos, e, agora que e
Capítulo 70Os primeiros raios do sol filtravam-se pelas grandes janelas do loft industrial, criando padrões luminosos nas paredes de tijolos expostos. O espaço, improvisado como base no mundo humano, estava repleto de vida — um contraste gritante com o isolamento que conheciam na ilha. Havia algo esperançoso naquele local, como se finalmente tivessem encontrado um motivo para olhar para o futuro com otimismo.Bianca estava sentada à mesa principal, rodeada por cadernos de anotações, amostras de produtos e um laptop que parecia estar à beira de superaquecer. Seu rosto estava iluminado pela luz azul da tela, mas a determinação em seus olhos era evidente. Ela digitava com rapidez, revisando a apresentação que Lucian usaria para abordar investidores humanos. Ao lado dela, Lucian organizava as amostras em caixas elegantes, cada uma cuidadosamente decorada com detalhes rústicos, como se carregassem a essência da natureza intocada da ilha.— Esses rótulos estão incríveis, Bianca — elogiou L
Capítulo 71O loft industrial, com suas paredes de tijolos desgastados e vigas de metal expostas, tornara-se muito mais do que um refúgio temporário. A cada dia, o espaço tomava a forma de algo que o grupo jamais imaginou: um lar. Bianca, Draven, Lucian, Rykael trabalhavam incessantemente para transformar o ambiente frio e vazio em um lugar que refletisse não apenas a necessidade de sobrevivência, mas também o vínculo que os unia.As janelas altas deixavam a luz do sol invadir o espaço, iluminando os pequenos toques pessoais que começavam a surgir. Havia vasos com plantas nas esquinas, cortinas de tecido leve que suavizavam o ambiente e até uma estante improvisada que Lucian preenchera com livros encontrados em sebos locais. Rykael, por outro lado, havia construído mesas e prateleiras usando madeira reaproveitada, adicionando um toque rústico que lembrava a simplicidade da vida na ilha.Naquele dia, o grupo estava reunido para discutir os próximos passos, mas o clima parecia mais leve
Capítulo 72Bianca acordou antes do nascer do sol, sua mente inquieta, mas seu coração cheio de um calor inexplicável. Enquanto as primeiras luzes da manhã atravessavam as cortinas improvisadas no loft, ela sentiu algo diferente. Nos últimos dias, algo dentro dela havia mudado. Era como se os laços que a uniam aos alfas se tornassem mais fortes, mais profundos, quase palpáveis. Não era apenas o vínculo de Luna, mas algo que transcendia qualquer explicação racional.Ela se levantou, sentindo o chão frio sob os pés descalços, e caminhou até o terraço. O céu estava pintado em tons de laranja e rosa, e o ar fresco da manhã trouxe uma sensação de paz. Bianca abraçou a si mesma, não por frio, mas como se precisasse conter a emoção que crescia dentro dela.Poucos minutos depois, passos suaves ecoaram atrás dela. Sem precisar se virar, ela sabia que era Draven. Ele tinha essa presença inconfundível, forte e serena ao mesmo tempo.— Não conseguiu dormir? — ele perguntou, sua voz baixa e rouca
Capítulo 73A cidade estava envolta em um silêncio inquietante. As ruas desertas sob a luz dos postes traziam um ar misterioso, com o som ocasional de um carro passando ao longe. Mesmo no mundo humano, a ameaça de Malakai parecia onipresente, como se ele fosse uma sombra que espreitava em cada canto.Bianca estava no pequeno apartamento que tinham alugado como base temporária. As janelas estavam fechadas, as cortinas puxadas, e o ambiente era iluminado apenas por um abajur amarelado no canto da sala. Draven estava de pé ao lado da janela, olhando para fora como sempre fazia, atento a qualquer movimento suspeito. Lucian estava sentado no sofá, revendo anotações que haviam feito sobre os movimentos de Malakai. Bianca, por sua vez, estava sentada no chão, observando um mapa da cidade que tinham marcado com os possíveis pontos onde Malakai ou seus aliados poderiam estar.— Ele não vai ficar escondido para sempre — disse Draven, quebrando o silêncio. — Malakai é um estrategista, mas também
Capítulo 74O armazém parecia pulsar com uma energia quase tangível, como se a própria estrutura estivesse viva, respondendo à tensão crescente. As lâmpadas quebradas piscavam com insistência, lançando sombras dançantes nas paredes e no chão rachado. A atmosfera era opressiva, carregada pela presença de Malakai. Ele estava no centro do caos, com seus olhos faiscando como brasas vivas, um sorriso frio e cruel em seu rosto.Bianca permanecia de pé no centro do ritual, os olhos fixos nos símbolos que brilhavam fracamente sob seus pés. Havia algo de familiar e, ao mesmo tempo, assustador naquela energia. Sentia um turbilhão dentro de si, como se o poder ali presente fosse um eco distante de algo que sempre esteve em sua essência.Draven e Lucian estavam na linha de frente, protegendo-a. O som do combate preenchia o espaço: o choque metálico das lâminas, os rugidos dos alfas em sua forma humana e os grunhidos grotescos dos seguidores encapuzados de Malakai.— Bianca, fique longe dos símbol
Capítulo 75A cidade ao redor de Bianca se estendia diante dela como um imenso mar de concreto e vidro. Os edifícios se erguiam como gigantes prontos para devorar o horizonte, e a movimentação nas ruas parecia uma dança frenética. Havia algo reconfortante na vida que ela estava construindo no mundo humano, algo que a conectava a uma realidade mais tangível e tranquila do que a que havia deixado para trás na ilha. A empresa que ela e os alfas haviam criado estava prosperando de forma inesperada, e a cada dia mais portas se abriam para ela. No entanto, havia uma sensação crescente, quase imperceptível, de que algo estava faltando.Era como um eco distante, um chamado que surgia no fundo de sua mente. Bianca sentia a conexão com a ilha como se fosse uma linha tênue, mas resistente, que ainda ligava seu coração àquele lugar distante. Era mais do que uma simples lembrança. Era como se a ilha estivesse sussurrando seu nome, pedindo para ela voltar, para completar algo que estava incompleto.