Apesar dali ser a divisa entre Mariah e Mateh, nuvens negras começaram a encher o céu. Só percebi esse fato quando me aproximei suficiente do muro e, de maneira quase mágica, as árvores não cresciam próximas a ele. Apesar disso, um rio corria naquele ponto específico e passava por grades de ferro grosas até o outro lado. Um vento pouco aconchegante passou por mim, mexendo nos meus cabelos negros.
Minha garganta arranhava levemente por causa dos grasnados dados em luto ao príncipe. Espero podermos nos encontrar no nosso outro destino, pensei por um momento, mexendo no seu anel em meu dedo. Tinha voltado apenas para pegá-lo. Outra lembrança dele que estava levando comigo. Isso me ajudaria a não me esquecer da promessa que havia feito a ele.
Apesar do sol de meio-dia ter demorado chegar, meu estômago chegou a dar um nó de nervosismo por saber o que estava por vir. A adaga de gelo pareceu ficar pesada no meu antebraço. Mesmo assim, criei coragem para sair da barraca ao ser chamada pela oficial Abbott em nome da princesa Marilene. Já trajava as roupas a mim concedidas para aquele momento.Era negra, completamente negra. Uma capa também negra estava presa aos meus ombros. Cobria todo meu corpo como a proteção que as Guerreiras usavam por baixo da armadura de ferro. Uma saia metálica cobria minha cintura, além de uma bota de metal prateado, cotoveleiras, joelheiras e um corpete igualmente metálico protegia meu busto. Embora as Guerreiras não costumassem incentivar o uso do cabelo solto, pelo meu ainda estar consideravelmente curto — não tinh
A primeira pergunta que passa pela minha cabeça é se eu morri. Junto com essa pergunta, vem uma dor insuportável no mesmo lugar. Aos poucos, a consciência vai retornando, me dizendo não ter chegado meu momento ainda. Forço meus olhos a abrirem, embora um zumbido irritante no meu ouvido me impeça de ouvir o redor.Assim que minha visão vai tomando forma, percebo que estou num chão terroso. Tusso com a poeira levantando ao redor e vejo mulheres correndo, desviando do buraco onde eu me encontrava. Suas bocas estão abertas e suas armas estão em punhos. Devem estar gritando. Sinto falta da minha capacidade de ouvir.Pisco algumas vezes e procuro pela princesa Marilene. A encontro alguns metros de distância, com os olhos abertos. Por um segundo penso que est&aac
PARTE UMO TREINAMENTOMinhas garras negras arranharam de leve o vidro da televisão enquanto meus olhos continuavam vidrados no vídeo em que mostrava o Príncipe de Gelo. Embora não passasse de um albino com olhos azuis bem claros, gélidos, era ele quem comandava os homens— Cavaleiros — que viviam do outro lado da fronteira.É isso mesmo, homens e mulheres foram separados há centenas de anos. O motivo? Não faço ideia. Ninguém sabe. O máximo que sabemos é que o príncipe Matthew comanda os homens e a princesa Marilene controla as mulheres — Guerrei
O castelo da princesa Marilene era simplesmente enorme. Meu olhar se perdia na imensidão belíssima do local. O jardim foi o que primeiramente me tirou o fôlego com a grama bem cuidada e flores colorindo algumas partes. Dentro do castelo não era diferente. A decoração continuava exótica e bela, acima de tudo o que eu já havia visto em toda minha vida.Fomos guiadas pelos corredores por uma moça parecendo ser uma empregada com seu vestido azul-bebê e um lenço branco prendendo os cabelos castanhos. Não demorou muito para chegarmos ao que parecia ser o salão principal. Várias outras garotas já estavam por lá, sentadas em mesas de quatro pessoas, embora algumas mesas ainda se encontrassem vazias.A moça que nos acompanhava nos
Fiquei um tempinho encarando aquela silhueta, sem saber se o certo seria eu deveria ir até ela.— Não tenha medo, Cia — ela me garantiu.Embora não conseguisse ver boca alguma se mexendo para falar comigo, seus olhos continuaram focados em mim, então presumi que a mensagem havia vindo dela.Logo estava caminhando na direção da silhueta que mantinha os olhos brilhantes como estrelas vidrados em mim, observando cada passo que eu dava.Ao chegar na janela, a silhueta estendeu a mão na minha direção, ultrapassando o vidro como se fosse apenas uma sombra. Hesitante, aceitei sua mão e fui puxada na direção do vidro, o atravessando com sua ajuda.
Aqueles símbolos estranhos brilharam em dourado quando toquei na capa. Deixei os outros livros que havia pegado de lado e peguei no livro esquisito. Ele era bem grosso e as páginas estavam levemente amareladas. Porém, quando fui tentar abri-lo, não conseguir mover nada do lugar. As páginas não se mexeram com a força do meus dedos.Tentei usar mais força e suspirei em desistência ao notar que não adiantaria de nada. Devia ser uma espécie de selo mágico. Droga.Decidi deixar o livro no lugar, prometendo a mim mesma que ainda viria investigar sobre o livro misterioso. Agora queria saber o que de tão importante havia ali dentro.Peguei os livros que havia deixado no chão e caminhei na dire&cced
A princesa cruzou os braços, como se esperasse alguma resposta sobre o que eu estava fazendo naquele jardim. Fiquei sem palavras pois meu coração acelerado no peito me atrapalhava a pensar direito. Ela continuou esperando alguma reação da minha parte e eu apenas continuei paralisada.— Sabia que esse jardim é particular? — foram suas primeiras palavras.Engoli em seco, endireitando a minha postura para encará-la.— Não, Alteza — achei voz para responde-la.— Pois bem, esse jardim é inteiramente meu e eu não gosto que ele receba visitas. — Sua expressão estava séria. — Por isso, peço que se retire dele im
Nós quatro chegamos junto com a governanta no jantar de comemoração. Muitas garotas já estavam em seus lugares. A governanta nos guiou em meio às moças e nos fez sentar na mesa de costume. Tudo era numerado para que nenhuma garota ficasse sem seu lugar.As comidas começaram a serem servidas e como todo o almoço e jantar, fui me servindo. Por dentro eu ainda pensava naquela esquisitice da bibliotecária atravessando o livro misterioso.As coisas estranhas já podem parar de acontecer comigo agora, pedi internamente.Me comportei como se nada estivesse de errado comigo. Era a segunda vez naquele dia que eu precisava agir naturalmente contra minha vontade. Logo minha atenção se voltou à elevação que servia de palco para princesa. Ela sorria ternamente.— Boa noite minhas meninas — disse, elevando o tom de voz para poder ser ouvida em meio