A primeira pergunta que passa pela minha cabeça é se eu morri. Junto com essa pergunta, vem uma dor insuportável no mesmo lugar. Aos poucos, a consciência vai retornando, me dizendo não ter chegado meu momento ainda. Forço meus olhos a abrirem, embora um zumbido irritante no meu ouvido me impeça de ouvir o redor.
Assim que minha visão vai tomando forma, percebo que estou num chão terroso. Tusso com a poeira levantando ao redor e vejo mulheres correndo, desviando do buraco onde eu me encontrava. Suas bocas estão abertas e suas armas estão em punhos. Devem estar gritando. Sinto falta da minha capacidade de ouvir.
Pisco algumas vezes e procuro pela princesa Marilene. A encontro alguns metros de distância, com os olhos abertos. Por um segundo penso que est&aac
PARTE UMO TREINAMENTOMinhas garras negras arranharam de leve o vidro da televisão enquanto meus olhos continuavam vidrados no vídeo em que mostrava o Príncipe de Gelo. Embora não passasse de um albino com olhos azuis bem claros, gélidos, era ele quem comandava os homens— Cavaleiros — que viviam do outro lado da fronteira.É isso mesmo, homens e mulheres foram separados há centenas de anos. O motivo? Não faço ideia. Ninguém sabe. O máximo que sabemos é que o príncipe Matthew comanda os homens e a princesa Marilene controla as mulheres — Guerrei
O castelo da princesa Marilene era simplesmente enorme. Meu olhar se perdia na imensidão belíssima do local. O jardim foi o que primeiramente me tirou o fôlego com a grama bem cuidada e flores colorindo algumas partes. Dentro do castelo não era diferente. A decoração continuava exótica e bela, acima de tudo o que eu já havia visto em toda minha vida.Fomos guiadas pelos corredores por uma moça parecendo ser uma empregada com seu vestido azul-bebê e um lenço branco prendendo os cabelos castanhos. Não demorou muito para chegarmos ao que parecia ser o salão principal. Várias outras garotas já estavam por lá, sentadas em mesas de quatro pessoas, embora algumas mesas ainda se encontrassem vazias.A moça que nos acompanhava nos
Fiquei um tempinho encarando aquela silhueta, sem saber se o certo seria eu deveria ir até ela.— Não tenha medo, Cia — ela me garantiu.Embora não conseguisse ver boca alguma se mexendo para falar comigo, seus olhos continuaram focados em mim, então presumi que a mensagem havia vindo dela.Logo estava caminhando na direção da silhueta que mantinha os olhos brilhantes como estrelas vidrados em mim, observando cada passo que eu dava.Ao chegar na janela, a silhueta estendeu a mão na minha direção, ultrapassando o vidro como se fosse apenas uma sombra. Hesitante, aceitei sua mão e fui puxada na direção do vidro, o atravessando com sua ajuda.
Aqueles símbolos estranhos brilharam em dourado quando toquei na capa. Deixei os outros livros que havia pegado de lado e peguei no livro esquisito. Ele era bem grosso e as páginas estavam levemente amareladas. Porém, quando fui tentar abri-lo, não conseguir mover nada do lugar. As páginas não se mexeram com a força do meus dedos.Tentei usar mais força e suspirei em desistência ao notar que não adiantaria de nada. Devia ser uma espécie de selo mágico. Droga.Decidi deixar o livro no lugar, prometendo a mim mesma que ainda viria investigar sobre o livro misterioso. Agora queria saber o que de tão importante havia ali dentro.Peguei os livros que havia deixado no chão e caminhei na dire&cced
A princesa cruzou os braços, como se esperasse alguma resposta sobre o que eu estava fazendo naquele jardim. Fiquei sem palavras pois meu coração acelerado no peito me atrapalhava a pensar direito. Ela continuou esperando alguma reação da minha parte e eu apenas continuei paralisada.— Sabia que esse jardim é particular? — foram suas primeiras palavras.Engoli em seco, endireitando a minha postura para encará-la.— Não, Alteza — achei voz para responde-la.— Pois bem, esse jardim é inteiramente meu e eu não gosto que ele receba visitas. — Sua expressão estava séria. — Por isso, peço que se retire dele im
Nós quatro chegamos junto com a governanta no jantar de comemoração. Muitas garotas já estavam em seus lugares. A governanta nos guiou em meio às moças e nos fez sentar na mesa de costume. Tudo era numerado para que nenhuma garota ficasse sem seu lugar.As comidas começaram a serem servidas e como todo o almoço e jantar, fui me servindo. Por dentro eu ainda pensava naquela esquisitice da bibliotecária atravessando o livro misterioso.As coisas estranhas já podem parar de acontecer comigo agora, pedi internamente.Me comportei como se nada estivesse de errado comigo. Era a segunda vez naquele dia que eu precisava agir naturalmente contra minha vontade. Logo minha atenção se voltou à elevação que servia de palco para princesa. Ela sorria ternamente.— Boa noite minhas meninas — disse, elevando o tom de voz para poder ser ouvida em meio
A carruagem balançava no caminho esburacado enquanto eu remoía a conversa que tinha tido com a princesa na noite anterior. Depois dela ter admitido que a imortalidade era sua própria maldição, não teve mais nada de interessante. Simplesmente ela me dispensou, dizendo que o melhor era que eu descansasse para o dia de hoje.E bem, aqui estava eu, olhando janela afora para a paisagem que ia perdendo a sua coloração verde a medida que parecíamos ir nos aproximando do acampamento militar das Guerreiras. Estava completamente ansiosa para o que poderia me acontecer por lá, afinal, teria chance de saber como elas eram preparadas para batalha.De bagagem, trouxe apenas o que havia trago para o castelo da princesa anteriormente e tinha arriscado a trazer o livro mágico t
Acordo como sempre fazia todas as manhãs. Bocejo, ainda sonolenta e aos poucos vou abrindo os olhos, me acostumando com a claridade do sol que entra pela janela. Quando vou recuperando a consciência, é que arregalo os olhos de susto.Céus, que horas são?, me fiz a pergunta mentalmente, olhando para as paredes em busca de um relógio. Em seguida me lembro que não havíamos direito a ter um. Porém, tinha medo do que a claridade do sol poderia indicar. Esperava que ainda não tivesse passado das seis da manhã.Para me deixar ainda mais preocupada, meu livro esquisito não estava no local que deveria. Olhei ao redor mais uma vez, procurando o livro que havia roubado da biblioteca e não consigo acha-lo. Meu coração bate forte no peito