Paulina despertou na manhã seguinte com uma sensação gostosa de aconchego. Quando as lembranças da noite anterior a invadiram e, principalmente, se deu conta do motivo, o rubor costumeiro aqueceu sua face. E mesmo assim, com a vergonha se alastrando por sua pele, sorriu, mergulhando o rosto no travesseiro.Céus, Simon tinha toque e beijos mágicos. No tempo que demoraram para chegar à suíte – longo, devido as inúmeras e alucinantes paradas –, ele cumprira sua palavra. Estivera tão mole por conta dos espasmos de prazer que não mostrara a menor resistência quando ele a jogou na cama e a beijou em sua intimidade.Antes, só ao ouvir a palavra “oral” com segundas intenções, lhe revirava o estômago em puro nojo; agora, recordando cada sensação abrasadora, lhe esquentava o baixo ventre e causava arrepios, pedindo mais. Literalmente, se derretera sob o domínio dos lábios e dedos de Simon Salvatore. No entanto, ela tinha a impressão que estavam indo longe demais e muito rápido. Há dois dias at
Seu estado em duas palavras: Entediado e frustrado.Simon não sabia qual era o mais forte, ficavam se revezando, enquanto escutava a mãe e esperava Paulina aparecer. Depois de vestir uma calça moletom cinza e uma camiseta branca com o desenho de dragão nas costas, o Salvatore foi para a sala, no exato momento em que Mirela desistia de esperar e entrava no apartamento.Em vez de falar a que veio, sua mãe insistiu que esperarem Paulina acordar – aparentemente, o sono da Perez merecia mais respeito que o dele – e o escoltou até o sofá, recomeçando a tortura dos fins de semana em que cometia o erro de visitar os pais. O monologo “filho, conheço uma moça... blá, blá, blá”. Foi fácil afastar sua mente da conversa: mergulhando nas lembranças do corpo de Paulina contra o seu e sua entrega inocente, bem como seus gemidos e seu sabor...Aflito com o rumo de seus pensamentos esfregou as mãos pelo rosto. Estava ferrado.— Está passando mal, filho?— Sim... — respondeu, enfrentando o olhar preocup
— Desculpe-me... eu... — Agitada, ela recolocou o copo na mesa de centro para, com mãos trêmulas, secar a boca, mantendo a vista nos respingos no tapete da sala ao invés da peça na mão da Salvatore. — É só uma calcinha Perez, não uma assombração — zombou Simon dirigindo um olhar entediado para a mãe. — Tive um pouco de diversão ontem à noite, com uma mulher que conheci em uma festa. Parece que acabei ficando com um souvenir... — Você trouxe alguém aqui em um momento em que Paulina precisa de apoio e tranquilidade? — Mirela estreitou os olhos. — O apartamento é meu! — Simon respondeu, rude. — Não virarei celibatário só porque a empregada é. — Oh céus, quanta insensibilidade, não acha Lina? — Mirela questionou para a governanta, que não tirava os olhos do tapete. A Salvatore voltou a sentar entre eles e pegou as mãos da Perez com as suas. O que fez a calcinha ser depositada nas mãos de Paulina, que imediatamente ficou rubra de vergonha. — Oh, desculpe-me, filha! Você não tem que t
Com os conselhos de Thiago, Paulina comprou peças de roupas adequadas e trocou a que usava por uma legging preta e regata lilás, simples e confortável.Teve que retirar os tênis antes de receber as primeiras instruções do Padilha que, atencioso, ensinou como colocar a bandagem nas mãos e calçar as luvas que a academia disponibilizava. Em questão de minutos, se flagrou gostando da aula. Sempre com bom humor, mas firme, ele preparou Paulina com exercícios abdominais, ensinou a postura, o posicionamento dos pés, e o encaixe dos golpes. Com as mãos protegidas por equipamentos com espuma, ele estimulava a Perez a desferir socos e chutes, aumentando a intensidade pouco a pouco. E assim eles seguiram: com paradas para hidratar o corpo; correção da postura e movimentos; mais socos e chutes.Paulina descarregou toda energia represada em cada golpe, gostando tanto – do que pensara que odiaria –, ao ponto de lamentar em voz alta e sem receio quando Thiago deu a aula por terminada.— É um bom sin
A Perez escolheu um vestido de linho branco, com desenhos de lírios decorando a frente, decote redondo, manga curta e terminando acima dos joelhos. Leve como uma comemoração ao ar livre exigia. Calçou sandália rasteirinha e deixou o cabelo solto. Encontrou Simon na sala, vestindo bermuda de sarja, camiseta de manga curta preta com estampa tribal prata nas laterais e um par de chinelos de dedo.Embora temerosa, ela o acompanhou até o estacionamento e entrou no sedan preto de Simon, unindo as mãos no colo e apertando-as com aflição.— Paulina... É só nossa família, não há o que temer — ele a tranquilizou, conduzindo o carro para fora do prédio.— Você não entende...— Temos tempo para uma explicação — comentou, visto que levava três horas para chegar ao condomínio em que os Salvatore moravam.— Meu pai nunca aprovou o namoro, ele vai...— Paulina, quantos anos você tem? — Simon perguntou, interrompendo o lamento da Perez.— Vinte e Quatro — Paulina o respondeu, sem entender o motivo da
Depois de cumprimentar o primo e garantir que estava bem, Paulina parou em frente à Mamoru, que por sua vez a olhou com insegurança. Sorriu, a outra correspondeu e, sem qualquer palavra, se abraçaram.— Desculpe-me! — Tábata pediu baixinho, ainda a apertando.— Eu que peço desculpas! — retrucou com voz embargada. — Você tinha razão.— Eu não tinha o direito de interferir.— Você é minha amiga. O que quiser dizer pode fazê-lo sem medo. — Paulina declarou, afastando-se para olhá-la nos olhos e garantir: — Mesmo que eu não concorde, juro que escutarei, e não voltarei a tratá-la daquele jeito.Voltaram a se abraçar emocionadas.— Perdi alguma coisa? — Guilherme perguntou, embalando uma curiosa Lean, que olhava tudo ao seu redor, uma mão rechonchuda agarrada à camiseta do Perez.— Não. Está tudo bem agora. — Tábata respondeu sorrindo.Paulina passou as horas seguintes conversando com Tábata, colocando a conversa em dia, embora ocultasse tudo a respeito de sua nova dinâmica com o Salvatore.
O caminho de volta tinha sido angustiante para a Perez. O dia começara promissor, mas a revelação sobre Simon e Iolanda, a suspeita de Paola e ver Cherry na casa dos Muller com Nathaniel ao seu lado, tinha encoberto toda a alegria que tivera. Desde seu comentário, Simon não falara mais nada, e ela tampouco puxara assunto.Ao chegarem ao apartamento, o Salvatore foi para o escritório e Paulina preparou o jantar, levando para ele por saber que não adiantaria chama-lo para a sala de jantar. Como ele recomendara, ela levou algumas de suas roupas e sapatos para o closet dele, arrumando tudo em um canto afastado e longe da porta, para o caso de Mirela entrar ali.Terminava de arrumar, quando Simon a surpreendeu abraçando-a por trás e depositando um beijo em seu ombro. Virou o rosto para trás e ele segurou seu queixo, beijando-a lentamente. As mãos em sua cintura puxaram o vestido para cima, se introduzindo por baixo do pano para acariciar sua pele devagar.— Espere...! — Ofegante, Paulina s
Paulina odiava acordar no meio da noite com vontade de ir ao banheiro. Além de não querer acordar Simon, a perspectiva de andar no escuro até o banheiro do seu quarto não a atraia.Com cuidado para não despertar Simon, removeu o braço que envolvia sua cintura e ergueu-se devagar, sentando-se na cama. Colocou as pantufas e parou por um minuto para admirar o corpo adormecido de seu chefe. Estava escuro, mas o brilho refletido na lua atravessava a cortina, o suficiente para que Paulina percebesse os traços dele.Depois do que Paulina considerava a primeira “briga de casal” deles, Simon retornara do banho em silêncio, parecendo tão zangado como quando entrara no banheiro. Mas, quando deitaram, ele voltou a assumir o papel de amante, envolvendo sua cintura e beijando sua nuca com carinho antes de adormecer.Não conseguia compreendê-lo, juntar o que conhecia da personalidade dele com o que ele fingia ser. Simon fingia tão bem, que às vezes ela se esquecia de ser fingimento e se deixava envo