O costume de acordar cedo se tornara incomodo agora que dividia a cama com Paulina. Naquele domingo, em que não tinha nada para fazer, o desconforto aumentava conforme observava morosamente a face adormecida da Perez.Paulina não era a mulher mais linda em sua cama, sequer podia compara-la com qualquer outra. Nenhuma passara a noite toda ao seu lado - não dormindo -, nunca as vira sem maquiagem - antes ou depois do sexo - e, certamente, nenhuma causara nele o efeito que ela produzia.Em parte o efeito vinha do corpo dela. Paulina estava longe do perfil de suas parceiras habituais, mas toda vez olhava para suas curvas volumosas e cintura fina, tinha a estranha compulsão de tocar sua pele acetinada, protege-la em seus braços e beijar cada parte dela até arrancar gemidos de deleite. Só de imaginar a excitação imediatamente o dominava.O que o irritava, e imediatamente preenchia suas veias de gelo, era a personalidade submissa e a fixação em Nathaniel Muller. A ternura e polidez dela, a n
Segurando um ramalhete de cravos vermelhos, rosas e amarelos, Mirela entrou na biblioteca da mansão, que também servira de escritório para seu marido, cumprimentando-o enquanto seguia para o vaso pousado em uma mesinha próxima a janela com rosas multicoloridas.Fechando o livro em suas mãos, Fabrício observou as costas da esposa, que pousava o ramalhete ao lado do vaso para retirar as flores antigas.— Soube que falou com nosso caçula — ela disse casualmente.— Tenho espiões nessa casa? — perguntou, embora não estivesse surpreso. A fidelidade dos empregados da mansão para com Mirela era anormal. Tudo o que acontecia na residência, cada passo, certo ou errado, era rapidamente informado para sua esposa.— Tem funcionários dedicados — Mirela corrigiu colocando os cravos no vaso e ajeitando-os. — Se fossem espiões eu não estaria aqui em busca do motivo.— Falar com nosso filho não é motivo suficiente? — Ficando de frente para o marido, Mirela cruzou os braços e o encarou cética. Sabendo q
Era uma anomalia temporária, culpa da ansiedade, do suspense que Simon implantara com sua promessa na noite anterior e a tensão de fingir ser amante dele. Só isso explicava o frio na barriga, que girava em seu estomago antes de descer em forma de calor até sua virilha, a euforia de seu coração e aquela estranha vontade de sorrir quando o viu entrar na cozinha.Vestindo calça moletom cinza e camiseta azul com estampa abstrata na cor preta, Simon sentou ao seu lado, seu sorriso de canto deixando-a desconfiada. Aquele era um sinal de perigo, embora não o temesse tanto como dias antes, só aumentava todas aquelas sensações esquisitas, sendo que antes das aulas só o primeiro sintoma a atingia.— Atendendo seu pedido, treinaremos as etapas de flerte e conquista — ele disse, esticando as mãos para a xícara e a garrafa de café que Paulina colocara sobre a bancada. Serviu-se do líquido quente, rejeitando o prato com bolachas pousado a sua frente. — Ensinarei como atrair com um toque, ou menos q
Simon a levou para o quarto, colocando-a sentada na cama. Em pé, sem o menor sinal de vergonha Simon tirou as calças e depois a cueca boxer, sua ereção erguendo-se a poucos centímetros da face ruborizada da Perez.Novamente ela tinha Simon Salvatore nu bem a sua frente, mas dessa vez seus olhos não se desviaram do pênis ereto, reparando em seu comprimento, nas veias em sua extensão, que a pele esticada parecia macia ao toque e, assim como o peito, Simon não tinha pêlos naquela parte de sua anatomia. Infelizmente, de novo, ficou paralisada, sem a menor ideia do que fazer.— O que... O que...? — gaguejou insegura e trêmula.Ele sentou ao seu lado na cama, às mãos grandes aconchegando seu rosto e a boca procurando a dela em um beijo profundo, que Paulina correspondeu com o mesmo ardor que a fizera pedir por mais.— Acalme-se — ele pediu contra os lábios inchados, afastando uma mecha negra para trás da orelha dela, admirando a pele clara marcada pelo rubor. — Tem certeza de que quer pross
No que pensou ao propor isso para Paulina? Deveria impor limites em suas ideias insanas, começando por: comédias românticas estavam proibidas. Não aguentaria outro filme idiota nunca mais, Simon decidiu enquanto assistia Matthew McConaughey interpretando um homem perturbado por pseudo-fantasmas[1] de suas ex-namoradas. Foi isso que resmungou para Paulina, sentada ao seu lado no sofá da sala, que riu e comentou:— Está com medo de ser assombrado pelas suas ex’s?— O que quer dizer com isso? — questionou olhando para a jovem que sustentava um sorriso delicado.— O personagem parece com você.— Eu?Paulina corou e voltou a olhar para a tela, mas Simon exigiu uma explicação.— Ele é colecionador de mulheres, insensível com o sexo oposto e tem pavor de casamento... — disse com sinceridade, da forma que Simon cobrava já que ele adivinhava quando mentia. — Pelo menos, era o que eu achava antes... Não penso mais assim — esclareceu envergonhada.— Não mesmo? — ele duvidou com um meio sorriso,
Na segunda de manhã, acompanhada por Simon e Henrique, Paulina seguiu – quase – à risca os exercícios indicados. Quase, porque deixou Henrique auxiliando Simon com pesos e escapuliu para observar Thiago instruindo crianças com idades variadas em sua aula de kickboxing. A sala em que ele ensinava ficava no fundo da academia, ao lado de outra sala na qual um grupo praticava ioga, ambas separadas do restante do local por paredes de vidro e porta de madeira.Naquele dia, o Padilha usava um short vermelho e regata cinza com o nome da academia escrito na frente e “instrutor” nas costas. Paulina viu que ele tinha uma tatuagem monocromática de uma pegada canina no braço direto, no interior da imagem havia os traços de uma face canina e em baixo dois ideogramas em vermelho.Paulina se sentou em um dos sofás redondos dispostos próximos das salas, atenta a forma que Thiago ensinava os pequenos alunos. Ele tinha um jeito especial de lidar com cada um, adaptando-se conforme a dificuldade e caracte
Ao perceber de quem se tratava puxou a mão, mas Simon parecia distraído e não afrouxava o aperto, desesperada deu um segundo e forte puxão separando suas mãos no exato momento em que Mirela virou e os viu.— Bom dia, meus amores!Paulina aceitou o abraço apertado da Salvatore, enquanto recebia o olhar atravessado do filho dela. Sua atitude, por mais brusca que fosse, os salvara; e ele a encarava como se a odiasse. Tudo bem que a culpa de estarem naquela situação era dela, por causa de seu pedido angustiado, mas não fora ela que travara perto da mãe dele.— Onde estavam?— Bom dia, mãe. — Simon saldou com voz cansada. — Está aqui por mim ou pela Perez?— Estou aqui por vocês dois... — começou a Salvatore, recebendo um olhar cético do filho, que a fez respirar fundo e responder: — Pela Paulina. — Ótimo! Dispensado — celebrou erguendo as mãos. — Se me dão licença, agora eu tomarei um banho delicioso. — anunciou olhando sugestivamente para Paulina ao seguir para o corredor. Como se ela n
Simon passou a manhã em reuniões, conseguindo a chance de falar com Gabriel só mais tarde.— Então, o que faremos com o problema Pierre? — perguntou sentando em frente ao amigo. — Já contou para a Tamara?— Não contei ainda. Prefiro mantê-la afastada disso por enquanto.— Não é pior deixa-la na desinformação? Ela é o alvo principal do Pierre — recordou.— É exatamente por isso não devemos contar, por enquanto — recomendou, explicando-se: — Tamara já tem a pressão do Abdul pra lidar. Saber que Pierre pretende prejudicar a empresa pode fazê-la tomar alguma decisão precipitada. Não podemos ficar sem ela nesse momento.Simon concordou. O setor de criação era o domínio de Tamara. Ela conduzia a área com maestria e perfeição, nem ele e nem Gabriel tinham o talento criativo dela, o olhar artístico ou o controle e confiança dos funcionários daquele setor.— E o que faremos?— Mostraremos que não somos o que Pierre declara — Gabriel pronunciou, girando distraidamente uma caneta entre os dedos