Estava no mesmo lugar em que o deixara semanas antes, dentro da caixa da belíssima versão simples do vestido de noiva de sua mãe, protegido pelo lenço em que o envolvera. A pedra era tão brilhante quanto se lembrava e, esperava, tão valiosa quanto imaginava.A aliança, que a levará do céu ao inferno em poucos meses, agora renovava as esperanças de Paulina em transformar seu novo sonho em realidade e ainda sobrar algo para gastos extras.Girou a aliança entre os polegares e indicadores, apreciando o brilhante por alguns segundos antes de levantar o anelar da mão direita onde o anel que Simon lhe dera permanecia.Mesmo em meio à raiva, em nenhum momento quis retirar a marca de um compromisso inexistente, nem mesmo pensou na possibilidade de vendê-la. Não por imaginar que valesse menos, simplesmente não queria. Era um anel lindo, além de combinar com ela, essas eram as razões, repetiu mentalmente para se convencer, embora soubesse que o motivo era outro.Embrulhou a aliança novamente, gu
Ergueu o olhar encontrando Simon no vão da porta, o peito subindo e descendo apressado, os cabelos desalinhados, olheiras profundas e o suor impregnado nos fios escuros e no rosto afogueado. Ele estava com a aparência péssima. Ela se levantou e deu alguns passos, instintivamente querendo cuidar dele, mas logo parou ao lado da escrivaninha.— Como vai, Simon?— Mal, péssimo, desde que você partiu — ele confessou recuperando aos poucos o fôlego.Ela jogou o peso sobre uma perna, mordendo a parte interior do lábio, sem saber o que fazer com essa declaração. Também estava péssima desde que partira. Levou uma mão ao cabelo e, novamente, seus dedos estranharam o percurso diminuto. Olhou insegura para ele, a espera da mesma expressão de surpresa mesclada com horror que dominara a face de todos quando viam seu novo corte, mas Simon permanecia olhando-a fixamente, sem mostrar qualquer reação negativa.Ele viu no desconforto dela e no fato de que ela ainda não o insultara ou fora embora, uma ch
Simon sorriu e a agarrou pelo traseiro, erguendo-a do chão de forma a obriga-la a enlaçar as pernas em sua cintura. O gritinho o fez rir enquanto a levava para o quarto. Pousou-a no colchão e a beijou intensamente, o encontro sensual de línguas, lábios e dentes.As mãos de Simon trabalharam nos botões e zíper das peças que Paulina usava, louco para se perder nela. Paulina também queria o mesmo, pois tinha o mesmo empenho em livra-lo das roupas incomodas.— Senti tanta falta de toca-la — Simon disse deslizando as mãos pelas costas femininas, soltando o fecho de seu sutiã, enquanto seus lábios experimentavam a lateral de seu pescoço e sussurravam palavras que deixavam Paulina em chamas. — Sentiu minha falta também, amor — ele afirmou confiante, abocanhando um seio turgido.— Muito... — sussurrou passeando os dedos pelas costas fortes, puxando-o e contorcendo-se contra ele.— Aonde me quer? — ele questionou, acariciando o alto da coxa da Perez. — Mostre-me.Brasas percorriam Paulina de c
— Pronto! — declarou Paola - em sua posição de ajudante da estilista contratada para ajustar seu vestido de casamento - ao fixar o Juliet cap[1] rendado nas pontas e preso com flores feitas de pérolas e renda. — Uma obra de arte! De frente para o enorme espelho no quarto de hospedes de seus sogros, Paulina não conseguia abandonar o enorme sorriso de felicidade e nem evitar que seus olhos umedecessem diante de sua imagem no vestido que, no passado, fora de sua mãe. — Céus... — ela murmurou, sentindo o rosto quente. — Segure a emoção Paulina, ou vai borrar a maquiagem — recomendou a estilista, Elisabeth Albuquerque, preocupada com a perfeição em cada detalhe. Minutos antes tinha repreendido as ajudantes pelo erro nas medidas que dificultara o fechamento da fileira de pérolas do corpete bordado. — Meu bem, pode passar um tsunami que essa make poderosa não vai borrar! — tranquilizou a maquiadora indicada por Thiago, que, junto com sua equipe, passara as últimas horas maquiando-a, arrum
Quando a marcha nupcial começou, Simon ofegou endireitando o corpo, a tensão abandonando-o somente quando o desfile de padrinhos acabou e Paulina passou pelo portal de braço dado com Paulo. Finalmente, estava acontecendo. Quantas vezes, em seu coração, desejou ardentemente que aquela cena se desenrolasse? Quantas vezes sonhou com o momento em que a sua Paulina entrasse naquela igreja, trajando aquele vestido? O momento pelo qual seu coração ansiou durante anos. "Linda!”, sua mente e coração gritaram com emoção. Conforme ela andava em sua direção – ocasionalmente lançando um sorriso para os convidados –, mesmo hipnotizado pela beleza de Paulina, Simon captava os suspiros de admiração que ela causava a casa passo. “Minha mulher”, cada fibra de seu corpo anunciava, exigindo que atravessasse o corredor, a levantasse em seus braços e levasse para casa para fazerem amor apaixonadamente para o resto de suas vidas. Haviam se passado poucas horas desde que a deixara dormindo, mas a necessid
Simon chegou à casa e inalou o delicioso aroma proveniente da cozinha, observou os lírios perfeitamente arrumados em um vaso sobre a mesa de centro da sala e, mentalmente, agradeceu a Deus por ter lhe dado à felicidade. Rapidamente caminhou para aquela direção. Encontrando o cômodo vazio, foi para a suíte de casal. Ao atravessar a porta do quarto sorriu ao ouvir o cantarolar de sua "felicidade” a poucos metros de onde estava. Largou sua pasta sobre a cama, afrouxou a gravata e seguiu para o banheiro. Lá estava a sua alegria, a mulher que dava cores e luz a sua vida, sentada de lado na madeira que rodeava o ofurô, o longo cabelo negro jogado sobre o ombro esquerdo, a cabeça levemente inclinada para o mesmo lado, totalmente concentrada em distribuir o óleo corporal pela perna esquerda. Aquele ritual de beleza, que Simon descobrira por acaso ao voltar mais cedo do trabalho, o fascinava, por isso fazia questão de terminar qualquer serviço
Simon Salvatore corria em círculos pelo jardim em uma típica brincadeira de criança de sete anos. Os bracinhos abertos e um sorriso largo na face bronzeada de sol, satisfeito com a força do vento chocando-se contra seu rosto e balançando seu cabelo negro. Era como voar. Adorava essa sensação, mas, acima de tudo, amava ouvir a risada miúda de sua amiga de brincadeiras, Paulina Perez, filha da governanta e do motorista da mansão Salvatore. A pequena menina prestes a completar cinco anos, se encontrava sentada no tapete de retalhos sobre o assoalho de madeira da varanda, os olhos cor de mel observando com fascínio o amigo rodar e rodar. — Vamos, Lina! É divertido — afirmou Simon efetuando mais um giro. — Não. Da outra vez fiquei tonta, cai e mamãe brigou — lembrou, a pele alva marcada pelas bochechas levemente coradas devido o calor da manhã primaveril de novembro. Simon parou de rodopiar. Contrariado, subiu os três degraus que levavam à varanda e sentou-se ao lado dela. — Não tem gr
Massageando a têmpora na esperança de amenizar as pontadas na cabeça, Simon ouvia entediado o que a morena, de olhos negros, cabelo marrom, vestindo um microvestido azul dizia. A voz dela era irritante, o cruzar e descruzar de pernas eram irritantes e as caras e bocas eram irritantes. Tudo naquela mulher o irritava, mas o principal era que ela o obrigava a perder seu precioso tempo para entrevistá-la quando era óbvio que desejava muito mais que ser sua governanta. Era evidente no modo de sorrir, de fingir ter pudor ao puxar devagar a barra do vestido ultrajusto para cobrir — obviamente sem sucesso — as coxas grossas e no modo como se inclinava por qualquer motivo oferecendo ao Salvatore uma bela visão dos seios fartos. Cerrou os olhos por um instante após a oitava vez que ela cruzou e descruzou vagarosamente as pernas desde que começara a entrevistá-la. Presumia que ela assistira Instinto Selvagem [1]demais. Não era a primeira entrevistada a se insinuar descaradament