O caminho de volta tinha sido angustiante para a Perez. O dia começara promissor, mas a revelação sobre Simon e Iolanda, a suspeita de Paola e ver Cherry na casa dos Muller com Nathaniel ao seu lado, tinha encoberto toda a alegria que tivera. Desde seu comentário, Simon não falara mais nada, e ela tampouco puxara assunto.Ao chegarem ao apartamento, o Salvatore foi para o escritório e Paulina preparou o jantar, levando para ele por saber que não adiantaria chama-lo para a sala de jantar. Como ele recomendara, ela levou algumas de suas roupas e sapatos para o closet dele, arrumando tudo em um canto afastado e longe da porta, para o caso de Mirela entrar ali.Terminava de arrumar, quando Simon a surpreendeu abraçando-a por trás e depositando um beijo em seu ombro. Virou o rosto para trás e ele segurou seu queixo, beijando-a lentamente. As mãos em sua cintura puxaram o vestido para cima, se introduzindo por baixo do pano para acariciar sua pele devagar.— Espere...! — Ofegante, Paulina s
Paulina odiava acordar no meio da noite com vontade de ir ao banheiro. Além de não querer acordar Simon, a perspectiva de andar no escuro até o banheiro do seu quarto não a atraia.Com cuidado para não despertar Simon, removeu o braço que envolvia sua cintura e ergueu-se devagar, sentando-se na cama. Colocou as pantufas e parou por um minuto para admirar o corpo adormecido de seu chefe. Estava escuro, mas o brilho refletido na lua atravessava a cortina, o suficiente para que Paulina percebesse os traços dele.Depois do que Paulina considerava a primeira “briga de casal” deles, Simon retornara do banho em silêncio, parecendo tão zangado como quando entrara no banheiro. Mas, quando deitaram, ele voltou a assumir o papel de amante, envolvendo sua cintura e beijando sua nuca com carinho antes de adormecer.Não conseguia compreendê-lo, juntar o que conhecia da personalidade dele com o que ele fingia ser. Simon fingia tão bem, que às vezes ela se esquecia de ser fingimento e se deixava envo
O costume de acordar cedo se tornara incomodo agora que dividia a cama com Paulina. Naquele domingo, em que não tinha nada para fazer, o desconforto aumentava conforme observava morosamente a face adormecida da Perez.Paulina não era a mulher mais linda em sua cama, sequer podia compara-la com qualquer outra. Nenhuma passara a noite toda ao seu lado - não dormindo -, nunca as vira sem maquiagem - antes ou depois do sexo - e, certamente, nenhuma causara nele o efeito que ela produzia.Em parte o efeito vinha do corpo dela. Paulina estava longe do perfil de suas parceiras habituais, mas toda vez olhava para suas curvas volumosas e cintura fina, tinha a estranha compulsão de tocar sua pele acetinada, protege-la em seus braços e beijar cada parte dela até arrancar gemidos de deleite. Só de imaginar a excitação imediatamente o dominava.O que o irritava, e imediatamente preenchia suas veias de gelo, era a personalidade submissa e a fixação em Nathaniel Muller. A ternura e polidez dela, a n
Segurando um ramalhete de cravos vermelhos, rosas e amarelos, Mirela entrou na biblioteca da mansão, que também servira de escritório para seu marido, cumprimentando-o enquanto seguia para o vaso pousado em uma mesinha próxima a janela com rosas multicoloridas.Fechando o livro em suas mãos, Fabrício observou as costas da esposa, que pousava o ramalhete ao lado do vaso para retirar as flores antigas.— Soube que falou com nosso caçula — ela disse casualmente.— Tenho espiões nessa casa? — perguntou, embora não estivesse surpreso. A fidelidade dos empregados da mansão para com Mirela era anormal. Tudo o que acontecia na residência, cada passo, certo ou errado, era rapidamente informado para sua esposa.— Tem funcionários dedicados — Mirela corrigiu colocando os cravos no vaso e ajeitando-os. — Se fossem espiões eu não estaria aqui em busca do motivo.— Falar com nosso filho não é motivo suficiente? — Ficando de frente para o marido, Mirela cruzou os braços e o encarou cética. Sabendo q
Era uma anomalia temporária, culpa da ansiedade, do suspense que Simon implantara com sua promessa na noite anterior e a tensão de fingir ser amante dele. Só isso explicava o frio na barriga, que girava em seu estomago antes de descer em forma de calor até sua virilha, a euforia de seu coração e aquela estranha vontade de sorrir quando o viu entrar na cozinha.Vestindo calça moletom cinza e camiseta azul com estampa abstrata na cor preta, Simon sentou ao seu lado, seu sorriso de canto deixando-a desconfiada. Aquele era um sinal de perigo, embora não o temesse tanto como dias antes, só aumentava todas aquelas sensações esquisitas, sendo que antes das aulas só o primeiro sintoma a atingia.— Atendendo seu pedido, treinaremos as etapas de flerte e conquista — ele disse, esticando as mãos para a xícara e a garrafa de café que Paulina colocara sobre a bancada. Serviu-se do líquido quente, rejeitando o prato com bolachas pousado a sua frente. — Ensinarei como atrair com um toque, ou menos q
Simon a levou para o quarto, colocando-a sentada na cama. Em pé, sem o menor sinal de vergonha Simon tirou as calças e depois a cueca boxer, sua ereção erguendo-se a poucos centímetros da face ruborizada da Perez.Novamente ela tinha Simon Salvatore nu bem a sua frente, mas dessa vez seus olhos não se desviaram do pênis ereto, reparando em seu comprimento, nas veias em sua extensão, que a pele esticada parecia macia ao toque e, assim como o peito, Simon não tinha pêlos naquela parte de sua anatomia. Infelizmente, de novo, ficou paralisada, sem a menor ideia do que fazer.— O que... O que...? — gaguejou insegura e trêmula.Ele sentou ao seu lado na cama, às mãos grandes aconchegando seu rosto e a boca procurando a dela em um beijo profundo, que Paulina correspondeu com o mesmo ardor que a fizera pedir por mais.— Acalme-se — ele pediu contra os lábios inchados, afastando uma mecha negra para trás da orelha dela, admirando a pele clara marcada pelo rubor. — Tem certeza de que quer pross
No que pensou ao propor isso para Paulina? Deveria impor limites em suas ideias insanas, começando por: comédias românticas estavam proibidas. Não aguentaria outro filme idiota nunca mais, Simon decidiu enquanto assistia Matthew McConaughey interpretando um homem perturbado por pseudo-fantasmas[1] de suas ex-namoradas. Foi isso que resmungou para Paulina, sentada ao seu lado no sofá da sala, que riu e comentou:— Está com medo de ser assombrado pelas suas ex’s?— O que quer dizer com isso? — questionou olhando para a jovem que sustentava um sorriso delicado.— O personagem parece com você.— Eu?Paulina corou e voltou a olhar para a tela, mas Simon exigiu uma explicação.— Ele é colecionador de mulheres, insensível com o sexo oposto e tem pavor de casamento... — disse com sinceridade, da forma que Simon cobrava já que ele adivinhava quando mentia. — Pelo menos, era o que eu achava antes... Não penso mais assim — esclareceu envergonhada.— Não mesmo? — ele duvidou com um meio sorriso,
Na segunda de manhã, acompanhada por Simon e Henrique, Paulina seguiu – quase – à risca os exercícios indicados. Quase, porque deixou Henrique auxiliando Simon com pesos e escapuliu para observar Thiago instruindo crianças com idades variadas em sua aula de kickboxing. A sala em que ele ensinava ficava no fundo da academia, ao lado de outra sala na qual um grupo praticava ioga, ambas separadas do restante do local por paredes de vidro e porta de madeira.Naquele dia, o Padilha usava um short vermelho e regata cinza com o nome da academia escrito na frente e “instrutor” nas costas. Paulina viu que ele tinha uma tatuagem monocromática de uma pegada canina no braço direto, no interior da imagem havia os traços de uma face canina e em baixo dois ideogramas em vermelho.Paulina se sentou em um dos sofás redondos dispostos próximos das salas, atenta a forma que Thiago ensinava os pequenos alunos. Ele tinha um jeito especial de lidar com cada um, adaptando-se conforme a dificuldade e caracte