Capítulo 2

Ao entrar em seu apartamento, Marcus sentiu o peso da pasta em suas mãos, trazendo consigo lembranças sombrias que o atormentavam. Com um suspiro pesado, ele jogou a pasta sobre a mesa, deixando escapar um grunhido de frustração. Seus olhos arderam com uma fúria contida, ansiosos pela oportunidade de finalmente acertar as contas com Sergey, o responsável por tantas dores em sua vida. Desta vez, Marcus estava determinado a garantir que o bastardo não escapasse vivo.

Com passos pesados, Marcus se dirigiu à geladeira, encontrando-a como sempre, vazia e desolada. Agarrando uma garrafa de água, ele a esvaziou de um só gole, sentindo o líquido fresco descer pela garganta ressecada. Em seguida, enrolou meticulosamente uma faixa em torno de suas mãos, focando toda a sua raiva e frustração no saco de areia pendurado no meio do apartamento. A cada golpe desferido, Marcus despejava sua fúria, determinado a canalizá-la para a tarefa que o aguardava: a busca implacável por vingança. Enquanto desferia golpes no saco de areia, as memórias se entrelaçavam com a dor e o suor que escorria por seu rosto. Os gritos angustiados de seu parceiro e amigo ecoavam incessantemente em sua mente, como uma ferida que se recusava a cicatrizar. Marcus sentia o peso avassalador da culpa pressionando contra seu peito, a sensação de falha iminente o consumia por dentro. Ele havia decepcionado seu amigo, traído a confiança que havia sido depositada nele, e a culpa o corroía como um veneno insidioso, alimentando-se de sua angústia e remorso.

A mente de Marcus retrocedeu no tempo, relembrando os dias em que ele e Paul estavam na cola de uma perigosa quadrilha especializada em tráfico de mulheres. Juntos, realizaram um trabalho arriscado e disfarçado, desmantelando toda a organização criminosa. Durante a operação, os líderes da quadrilha foram capturados ou mortos, incluindo Pavel Polonov, pai de Sergey, que encontrou seu fim durante o tumulto. Esse caso elevou Marcus e Paul ao topo da lista dos melhores agentes do serviço.

No entanto, Sergey descobriu a verdade sobre Paul e o capturou. Antes de executá-lo, Sergey torturou Paul, cortando parte de sua língua como punição por sua traição. Paul sempre foi habilidoso na arte da espionagem, dominando seus gadgets eletrônicos com maestria. Seu apartamento possuía um sofisticado sistema de vigilância, que foi destruído por Sergey durante o ataque, exceto por uma câmera estrategicamente escondida no brinco de Paul. Foi através dessa câmera que Marcus testemunhou a terrível cena da captura e tortura de seu colega nas mãos de Sergey. Por um milagre, Marcus conseguiu salvar seu amigo. Mesmo privado de parte da língua, Paul transformou-se em uma lenda do serviço secreto. Todos sabem de sua existência, mas ninguém conhece seu rosto. Afinal, o velho Paul foi sepultado, aguardando o momento propício para acertar contas com Sergey e emergir do túmulo.

Saindo do banho, Marcus sentiu a água escorrer por seu corpo, deixando uma sensação fresca e revigorante em sua pele. A toalha, não muito grande, estava pendurada de maneira despreocupada em sua cintura, revelando sugestivamente parte de sua forma tonificada por baixo. Sentando-se em sua cama, ele abriu a pasta em suas mãos e começou a examinar os nomes e imagens com seriedade. Cada rosto representava um desafio, uma parte do quebra-cabeça que ele estava determinado a resolver.

Marcus folheou a pasta com concentração, absorvendo cada detalhe das informações que tinha diante de si. — Mariano Pedra Santa, cerca de sessenta anos, chefe do cartel colombiano, dono de uma grande refinaria de cocaína, principal fornecedor de drogas para América do Sul e Estados Unidos. Pedra Santa é o número sete, na lista dos mais procurados, trezentas mortes, quinze delas em solo americano, responsável pela entrada de pelo menos trinta toneladas de drogas nos Estados Unidos nos últimos anos. Viúvo, sua mulher foi morta pela explosão de uma bomba em um hotel em Nova Iorque, os responsáveis pelo atentado ainda não foram encontrados. O filho de Pedra Santa sobreviveu ao ataque, mas ficou com graves sequelas. Ele fora treinado para substituir o pai, o cartel agora não tinha herdeiros. Pedra Santa teve uma filha, fora do casamento que está aparentemente desaparecida, a mãe fugiu ainda grávida ao descobrir que seu bebê seria dado ao filho do chefe da máfia russa em pagamento de uma dívida. Pedra Santa é um homem inteligente e frio, seu nome é respeitado e temido em toda a Colômbia. Vive cercado de capangas bem armados, é praticamente inacessível. O segundo nome na lista pertencia a Juan Carlos Pedra Santa, vulgo Juanito, 32 anos, herdaria o império do pai se não tivesse sido ferido no atentado. Juanito era, sem dúvida, pior que o pai. — O mundo teve sorte — Marcus resmungou.

Marcus percorreu as páginas da pasta com intensidade, sua atenção sendo capturada por cada nome e rosto gravados ali. — Rosa Velásquez, cerca de 40 anos — Ele leu o nome seguinte, demorando um pouco mais na foto da jovem. — Rosa havia sido comprada por Pedra Santa quando tinha apenas 14 anos. Aos 20 anos, engravidou e, ao descobrir que sua filha ainda não nascida teria o mesmo destino cruel que o seu, conseguiu fugir. Seu paradeiro é desconhecido, mas muitos acreditam que Pedra Santa a matou.

Nikolai Nirkov, cerca de sessenta e cinco anos, chefe da máfia russa atuante em solo americano, controla o tráfico de drogas e de mulheres, comanda os principais centros de prostituição em Orlando, na Flórida. Nirkov tem aumentado seu império, tomando à força o controle de outras facções e organizações mafiosas em uma guerra sangrenta. O filho de Nikolai Nirkov foi morto por membros da máfia italiana, e Nirkov aposta todas as suas fichas em seu braço direito, Sergey Polonov, enquanto aguarda um grande prêmio que espera receber com o controle da máfia colombiana.

Os olhos de Marcus travaram sobre o nome, a bile subindo em sua garganta, trazendo um gosto amargo. — Sergey Polonov — grunhiu diante da ficha com os dados do seu pior inimigo — trinta e seis anos. Principal homem de Nirkov, procurado em mais de quinze países, tanto pela polícia quanto pela máfia.

Exímio lutador, suas técnicas de tortura são conhecidas em todos os círculos do crime organizado. Polonov jamais se deixa ser visto; poucos são os que viram seu rosto e menos ainda os que sobreviveram para contar. Caça tão bem quanto se esconde, as fotos tiradas não são precisas e nem sequer podem ser admitidas como sendo realmente dele.

Marcus olha as imagens em suas mãos e balança a cabeça, confirmando que seu inimigo não estava entre elas.  — Eles podem não saber como é o seu rosto, mas eu sei, e estou oficialmente abrindo a temporada de caça, Polonov! — Marcus declarou com determinação. —Caramba! Devo ser o orgulho da mamãe com uma ficha dessas, — resmungou para si mesmo após receber as últimas informações sobre sua mais nova missão.

Marcus Siegro, aos 26 anos, era professor de educação física e mestre nas artes marciais. Após vingar a morte de sua família, assassinada por policiais corruptos, Marcus fugiu para a América do Sul. Agora, ele estava prestes a se tornar uma peça-chave nos negócios de Mariano Pedra Santa, o temido chefe do maior cartel de drogas da Colômbia.

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