Ao voltar para a fazenda, Marcus foi chamado para jantar na residência do chefe, Mariano Pedra Santa. Ele era um dos poucos a quem o líder permitia tão grande proximidade, o que fazia parte do disfarce de Marcus como o homem de confiança do bandido. No entanto, ao entrar na casa, Marcus se surpreendeu ao ver Pedra Santa visivelmente abatido. Aquela imagem contrastava com a habitual aura de poder e controle que o mafioso emanava, deixando Marcus inquieto sobre o que poderia estar acontecendo nos bastidores do império criminoso. O homem olhava fixamente para o copo à sua frente, balançando o líquido de cor âmbar. — Entre filho, você é bem-vindo à minha mesa! — Obrigado chefe, mandou me chamar? — perguntou, Marcus queria ver como estava a garota, no entanto, ali estava ele agindo como puxa-saco. — Desejei matá-la, sabe? Mas ela não me pertence mais. Em breve ela irá para longe de mim. — Pedra Santa parecia estar perdido em seus pensamentos, a bebida ainda não havia sido sorvida, como
Marcus retornou à fazenda, determinado. Dirigiu-se diretamente ao quarto de Analú, sem dar atenção a quem cruzasse seu caminho. Nos olhos experientes da governanta, ele vislumbrava um conhecimento oculto, adquirido por anos de observação dos acontecimentos naquela propriedade. Consuelo sabia mais do que deixava transparecer; a velha governanta parecia ser a resposta para as muitas perguntas de Marcus. — Como ela está? — perguntou apontando para a garota dormia encolhida em sua cama. — Ela estaria bem se você não a tivesse entregado ao demônio — a mulher retrucou empurrando Marcus com o dedo, suas palavras estavam carregadas de fúria desafiando-o a contestá-la. — Já chega, Consuelo. Venha ao meu escritório agora! — interrompeu, ríspido, e a mulher saltou assustada. Ela o seguiu, tentando manter-se longe dele, e ficou ao lado da porta, recusando-se a entrar até que ele a ordenou. Suas mãos trêmulas dançavam ao redor de seu rosário; Marcus teria rido se a situação não fosse tão caótic
Em seu quarto, perdido em seus pensamentos, a mente de Marcus fervilhava com as novas informações. Entrou no banheiro aquecido; o duro inverno parecia ter chegado mais poderoso do que nunca. Ligou a água quente, deixando o vapor tomar conta do Box antes de entrar no chuveiro, permitindo que a água levasse seu cansaço, suas preocupações e o remorso que fazia seu peito doer. A imagem de Analú encolhida e machucada aos pés de Pedra Santa fez o seu sangue ferver em suas veias; a culpa o corroía. Ele bateu na parede do banheiro com os punhos repetidas vezes, sem se importar com a dor. — Juro por mim que ninguém vai te machucar novamente, eu os farei pagar por cada lágrima. — prometeu silenciosamente. Marcus saiu do banho com uma minúscula toalha pendendo da sua cintura, ele parou diante da janela observando através do vidro a escuridão lá fora. Ele pressentiu o invasor e saltou rapidamente em direção a sua arma na mesa de cabeceira. — Analú? O que houve você está bem? Como entrou aqui?
Analu mirou seu reflexo no espelho, e suas lágrimas caíram ao ver a quantidade de ferimentos em seu corpo. — Mãe, por que tudo isso? Por que ele me trata assim? Por que ele te odeia tanto a ponto de descontar em mim tanto ódio? Analú não entendia o porquê de toda a sua desgraça, mas se havia algo que ela herdara de sua mãe, era a garra e a vontade de viver. Ela não se entregaria; iria lutar por sua vida, mesmo acreditando que ela não valia muito. Afinal, Analú não tinha ideia do que faria da sua vida se conseguisse sair daquela situação, mas sabia que ou ela sairia dali, ou morreria tentando. Ela jurou que jamais serviria de banquete a nenhum bandido russo. Cansada e ainda sentindo dores ela decidiu dormir. — Como diria Scarlett O'Hara: “Amanhã derramarei uma lágrima por mamãe, e talvez uma por Marcus, mas hoje lutarei por mim” — Assim ela sucumbe ao sono, não fora nem um pouco tranquilo, pois os pesadelos com a morte de sua mãe a torturava noite após noite. Durante todo o tempo de
Depois de tomar banho e se recompor um pouco, Analu ainda não conseguia entender o que tinha acontecido momentos antes. E não se tratava apenas de Marcus ter invadido seu quarto como um elefante em uma loja de porcelana; era o som de seu riso, seus olhos fixos nela como se ela fosse importante. — Alguém ativa o closed caption, por favor! — O mundo parecia precisar de legendas, pois ela estava completamente perdida. — Está pronta menininha, já comeu? — perguntou entrando na cozinha, era impressão ou ele estava determinado a irritá-la logo pela manhã? — Sim, e meu nome é Analú — respondeu emburrada e Marcus riu novamente, — bastardo idiota! — Volte a seu quarto e vista um jeans e calce seus tênis, escolha um agasalho quente o suficiente não se sabe quanto tempo levará para chegar aqui. Consuelo já preparou a sua mochila, seja rápida sairemos em vinte minutos, esteja pronta ou irá a pé. — Marcus olhou para ela de cima a baixo, ao que parecia, o vestido de veludo até os joelhos e o cas
Enquanto o carro atravessava o vilarejo, Marcus observou a expressão de Analu ao reconhecer a igreja onde ela havia se abrigado em sua recente fuga. A frustração, medo e insegurança estampados em seu jovem rosto, causou um aperto no peito de Marcus. Ele desejou que os esforços dele e de Ghost para protegê-la fossem suficientes. O jipe parou do outro lado da rua, oposto a um pequeno armazém à margem da estrada. Ao estacionar, dirigiu-se à sua inquieta parceira com uma expressão séria: — Permaneça dentro do carro. Não entre naquele armazém, de jeito nenhum, e não cogite fugir. Fique aqui enquanto resolvo um problema. — Marcus respirou fundo, tentando não jogar sobre ela o peso do que ele faria a seguir — Concentre-se em seu trabalho e esteja alerta, ok? Lembre-se, o perigo pode vir de qualquer direção. Marcus avançou com passos decididos, pronto para assumir sua persona de mafioso implacável e cobrar as dívidas do chefe. Um tolo havia tentado enganar Pedra Santa, entregando negócios
Para descobrir o que Ruiz Sanches havia encontrado em Nova Iorque, Marcus precisava antes revolver as memórias de Analú na esperança de encontrar um ponto de partida. Qualquer coisa que explicasse a morte dos pais dela, e descobrir quem foi o responsável, ou o mandante pelo atentado que matou a mulher de Pedra Santa. Ao ver que Analú havia retomado o controle, Marcus fez várias perguntas a respeito da infância, amigos. Ele forçou as lembranças dela ao máximo para situações e fatos banais, e só então chamou a atenção dela para o que ele realmente tinha interesse em saber. As narrativas de Analú eram regadas a várias emoções e em alguns momentos Marcus a interrompia com uma ou outra pergunta para trazê-la de volta. — Ana Luz, vou te fazer algumas perguntas e é imprescindível que você seja sincera, sua vida depende disto, você me compreende? — ela assentiu — Sua mãe alguma vez falou sobre seu passado, sobre Pedra Santa, ou qualquer coisa referente a vida dela aqui? Sua mãe já falou alg
Enquanto Marcus mergulhava em seus pensamentos, ele compreendia a magnitude dos desafios que aguardavam Não se tratava apenas de uma missão de vida ou morte para capturar seu inimigo, Sergey Polonov. Agora, ele compreendia que sua própria vida era crucial para garantir a segurança de Analu. A jornada pela verdade que já era sinuosa e repleta de perigos iminentes, ganhou mais um obstáculo significativo, no momento em que Pedra Santa apertou o gatilho que matou a mãe de Analu. Sua determinação em proteger Analu permanecia inabalável; ele sentia uma dívida com ela e estava determinado a viver para garantir sua segurança. A medida que se aproximavam da verdade, também se aproximavam do confronto inevitável com as forças sombrias que os ameaçavam. Mesmo diante das incertezas e das ameaças que pairavam sobre eles, Marcus encararia todos os desafios de frente, confiante em sua missão. Enquanto isso, estava determinado a ser o guia seguro de Analu, protegendo-a das garras dos perseguidores.