Capítulo 4

Marcus Siegro era uma figura temida e respeitada, conhecida por sua frieza implacável e força inabalável, ocupando o posto mais alto sob o comando de Mariano Pedra Santa. Ao desembarcar do pequeno avião, sua presença imponente abria caminho entre os demais, e as portas pareciam ceder automaticamente à sua passagem, como se reconhecessem a autoridade que ele carregava. No entanto, esse status não lhe foi concedido facilmente; Marcus conquistara a confiança do chefe colombiano com sua lealdade inabalável e habilidades inigualáveis. Desde que salvou a vida de Mariano Pedra Santa em um momento crítico, ele ascendeu rapidamente na hierarquia do cartel, tornando-se a peça mais importante abaixo do próprio líder. Seu comprometimento com a causa e sua capacidade de realizar tarefas difíceis e perigosas o elevaram a esse posto de destaque, onde sua influência se estendia por todas as áreas operacionais da organização criminosa.

Apesar de sua reputação de homem desconfiado, Mariano confiava em Marcus como em poucos. Com o filho do chefe incapacitado após um atentado em Nova Iorque, muitos viam Marcus como o possível sucessor de Pedra Santa no comando do cartel. Sua posição era alvo de inveja para muitos, porém ninguém, dentro ou fora do cartel, ousava desafiar os desejos do poderoso líder colombiano. Marcus personificava sua fama: silencioso, desconfiado e extremamente violento, sempre vigilante em relação a tudo e todos. O chefe jamais dava um passo fora de sua propriedade sem que Marcus estivesse ao seu lado, pronto para agir em sua defesa. Marcus se tornara a sombra de Pedra Santa, um guardião implacável que protegia os interesses e a integridade do líder a todo custo. — Vamos buscá-la, disse o chefe com sua voz rouca lapidada por anos de charutos e cigarros.

— Sí!  — Respondeu Marcus e os carros seguiram o seu destino.

O carro parou diante de uma modesta residência, e Marcus prontamente avançou para abrir o portão que conduzia às escadas. Pedra Santa seguia atrás dele, deixando escapar baforadas de seu charuto perfumado. Foi o próprio Pedra Santa quem bateu à porta. Pouco depois, uma jovem mulher latina, de cabelos negros, abriu-a. Seus olhos se arregalaram em choque ao ver os visitantes, e ela tentou fechar a porta novamente, gritando e implorando em espanhol, enquanto Marcus e Pedra Santa observavam com expressões inabaláveis.

— Por favor! Ela não sabe de nada, eu juro, Mariano. Não machuque minha filha, ela é só uma criança! — Rosa implorou com lágrimas nos olhos, tentando proteger sua filha a todo custo.

— Ah, minha querida Rosa! Há quanto tempo não nos vemos? — Mariano invadiu o espaço, seu corpo imponente bloqueando a porta enquanto ele confrontava Rosa. — Você realmente achou que poderia fugir de mim, após todos esses anos? Dos segredos que escondeu?

— Você a vendeu! Vai entregá-la àquele homem. Eu só queria protegê-la, Mariano, por favor, deixe minha filha em paz! — Rosa implorou, sua voz tremendo de medo e desespero.

— Conte-me, Rosa, onde está o que Sanches te deu antes de morrer? — Mariano exigiu, sua voz dura e implacável.

— Ele não me deu nada além de dinheiro, eu juro! — Rosa respondeu, sua expressão vazia, mas os olhos transbordando de angústia. Marcus percebeu que ou ela não sabia do que ele falava, ou era uma excelente mentirosa.

— Eu não acredito em você, Rosa. Mas seja o que for que ele te deu, não fará diferença agora! — Mariano gargalhou, um som sinistro ecoando pela sala.

— Levem-na para o quarto e certifiquem-se de que ela não está mentindo! — Mariano ordenou a um dos capangas, que arrastou Rosa para longe.

— Vamos nos divertir um pouco, Rosa? — Um dos capangas sussurrou, passando o cano da arma pelo rosto dela. Marcus avançou com fúria nos olhos.

— Se tocar nela assim, morrerá com ela. E será uma morte muito mais dolorosa, entendeu? Isso vale para todos! — Marcus rosnou, sua voz ecoando pela sala.

— Por que se importa tanto, Marcus? Ela não tem valor para mim, já está morta! — Mariano mostrou desinteresse pela sorte de Rosa.

— Não há necessidade disso, chefe. Além disso, ela não sabe de nada, seus olhos dizem isso! — Marcus interveio, sua expressão sombria.

— Você pode estar certo! — Mariano concordou, mostrando desinteresse pela mulher.

— Chefe, a garota já está aqui. — Marcus interrompeu com urgência, sua voz carregada de tensão.

— Tragam-nas para cá! — Mariano ordenou, sua expressão séria enquanto um dos homens saía para cumprir sua ordem.

— Por favor, Mariano! Leve-me, mas deixe minha filha em paz! — Rosa implorou aos prantos, suas palavras ecoando pelo ambiente enquanto era arrastada para longe.

Marcus observava a cena com uma frieza calculada, mantendo-se imóvel e imperturbável diante do desespero da mulher. Quando ela se lançou sobre Pedra Santa em um ato de desespero, ele a segurou com firmeza e a empurrou de volta ao chão, sem mostrar qualquer hesitação. Colocando-a em uma poltrona diante do chefe, Marcus permaneceu impassível enquanto ela suplicava.

— Por favor, deixe-a ir. Ela tem o seu sangue, não a faça viver essa tortura. — A voz da mulher estava repleta de angústia, implorando por misericórdia com um tremor palpável, como se cada palavra fosse um último esforço de esperança para salvar a filha.

— Cale-se, mulher estúpida! — Pedra Santa, irritado, desferiu um golpe violento contra ela, fazendo-a cair com um gemido abafado. Sob a ameaça de uma arma apontada para sua cabeça, ela esperava, com os olhos marejados, o retorno da filha. — Peguem a garota, vamos sair daqui.

No aeroporto privado, Marcus guiou a garota até o avião e a prendeu no assento com o cinto de segurança. Evitando encará-la nos olhos, uma onda de culpa o dominou. Ele conhecia muito bem o destino que aguardava aquela mulher e se sentia como um monstro por não ter sido capaz de detê-lo. As palavras ecoavam incessantemente em sua mente, como um lamento constante: "Você está aqui pelo Polonov. É por ele que você está aqui. Você o fará pagar por mais essa morte." Repetindo essas palavras para si mesmo enquanto encarava seu reflexo no espelho, Marcus não conseguia dissipar a culpa que o consumia.

— Assuma a responsabilidade por ela, Marcus. Ela é sua até ser entregue a Nirkov. Entendeu? — Pedra Santa ordenou com firmeza ao chegarem em sua residência.

— Sim, chefe, cuidarei disso. — Marcus respondeu, adentrando sua parte da casa. Era isso que ele desejava, não é mesmo? A garota não era fundamental para alcançar Sergey Polonov e cumprir as ordens de seu superior? Então, por que ele tinha a sensação de que algo estava errado?

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