Capítulo I
(Três anos antes)
O jovem Agente Marcus Daniells, tem suas férias interrompidas ao ser chamado para conhecer sua mais nova missão, infiltrar-se em uma das mais perigosas facções criminosas do mundo. A determinação e a paixão pelo seu trabalho fizeram dele um dos melhores na sua área, especialista em trabalho de campo e mestre no trabalho disfarçado e amante da Arte Silat desde a infância o agente é uma arma mortal.
O Agente Marcus entrou mal-humorado no escritório de seu chefe na central do DEA em Quântico, Virgínia. — Porra Andrew, eu estava de férias. Você ainda sabe o que é isso? Praia, sol, festas e garotas? — resmungou desolado.
— Tenta de novo idiota, além disso, fazenda, arado e tratores não podem ser chamados de férias, e o mais perto que você chegou de uma fêmea, foi das vacas-leiteiras da fazenda do seu pai — o respondeu sem se quer erguer os olhos dos documentos a sua frente.
O Agente Especial Assistente no Comando (ASAC), Andrew Folks, era uma figura experiente, respeitada e temida por todos ao seu redor. Seu histórico exemplar e seu notável currículo, repletos de serviços prestados ao país, o precediam onde quer que fosse. Andrew era conhecido por sua frieza, seriedade e exigência extrema, características que o tornavam uma referência para Marcus em suas missões conjuntas. Além de mentor e professor do jovem agente, Andrew o via como um filho e o treinava para um dia sucedê-lo no comando. Talvez essa ligação pessoal fosse o motivo pelo qual o chefe parecia ignorar as insubordinações ocasionalmente cometidas pelo ambicioso agente.
— Então, o que está acontecendo? — perguntou, visivelmente preocupado. Ele sabia que o chefe não costumava rodear o assunto.
— Sergey Polonov! — respondeu sem rodeios. O ASAC sabia que aquele nome ainda era um ponto sensível para Marcus. — Ele foi avistado na Colômbia, envolvendo-se com o cartel de Mariano Pedra Santa. Há suspeitas de sua ligação com o atentado em Nova York alguns anos atrás. O caso foi reaberto e você está encarregado dele.
— E por que só agora decidiu acreditar nessa conexão? — questionou Marcus.
— Não brinque, Daniells! Você sempre soube dessas relações e como elas estão se fortalecendo. — a resposta veio, firme e direta.
— Talvez, mas algo não está certo. — ponderou Marcus. — Nirkov tem sido mais agressivo ultimamente, não apenas negociando, mas também assumindo o controle sem se importar com as vidas perdidas no processo.
— Os russos estão de olho no cartel colombiano? Isso você dirá. — o chefe apontou para uma pasta repleta de papéis. — Suas informações estão todas aqui, contendo tudo o que sabemos sobre o bando de Nirkov e os cartéis da Colômbia.
— Isso é suicídio! — pela primeira vez, Marcus sentiu-se verdadeiramente apreensivo diante de um caso. — Você espera que eu atravesse o continente sozinho?
— Não estará sozinho. Terá o apoio do fantasma! — o chefe olhou para ele com uma expressão que transmitia confiança, como se estivesse mencionando um exército inteiro, e talvez valesse mesmo por um pelotão inteiro. — Ele é o melhor no que faz, e solicitou ser designado para o caso. Além disso, se vocês dois não puderem capturar Sergey Polonov, ninguém mais pode. Marcus, você é o meu melhor homem. Não permita que assuntos pessoais interfiram no seu julgamento.
— Paul não é apenas meu parceiro, ele é meu amigo. Essa missão não é apenas uma operação policial, chefe, é pessoal. — o Agente disse, com um sorriso sardônico. — E será ainda mais 'pessoal' para o fantasma.
— Eu sei, droga! — o chefe disse entre os dentes. Marcus pensou que talvez o chefe tenha, por um momento, hesitado em relação à sua escolha. Haveria uma contagem de corpos, sem dúvida. — Quero Sergey tanto quanto vocês e é por isso que está aqui. Apenas seja cuidadoso, Daniells, ok?
— Sempre sou, chefe. — a irreverência de Marcus aliviou o clima pesado da sala. — E quem vou ser dessa vez? Terei algum superpoder, uma superarma, ou uma armadura?
Desta vez o chefe apenas o ignorou, ele sabia que era uma missão perigosa, talvez a mais perigosa da vida de seus agentes, mas o ASAC sabia que não havia ninguém em todo o serviço secreto capas de cumprir a missão — Desde o atentado em Nova Iorque, Pedra Santa tem estado mais preocupado com sua segurança. Por isso, vamos preparar uma emboscada para ele. Sua missão é salvar a vida do alvo e, se necessário, ferir alguns agentes. Você precisa ser cauteloso; o colombiano não é fácil de enganar. Você sabe o que fazer.
— Sem problemas. Mais uma vez, atirar nos mocinhos e salvar o bandido — o agente revirou os olhos, demonstrando descontentamento.
— Pedra Santa ficará grato se você salvar sua vida. No entanto, se ele não cair na armadilha, você pode não sobreviver. Então, pare de brincar e descubra por que Sergey foi até lá. Algo não está certo. Ele é um dos criminosos mais procurados internacionalmente. Por que Nirkov o expôs?
— Entendido. Vou descobrir e acabar com isso de uma vez por todas — Marcus saiu com a pasta nas mãos e perguntou da porta, sem se virar. — Chefe?
— O que é? — Andrew respondeu, observando as costas do agente.
— Devo capturá-lo vivo? — o tom de voz de Marcus deixava claro que ele já tinha uma decisão, independentemente das ordens do chefe.
— Apenas o pegue, garoto. Vá lá e traga aquele desgraçado! — O chefe Andrew sabia que não havia outra opção; esse era um jogo perigoso, por essa razão achou por bem não acrescentar o termo “vivo ou morto” ao caos pessoal de seu agente.
***
Ao entrar em seu apartamento, Marcus sentiu o peso da pasta em suas mãos, trazendo consigo lembranças sombrias que o atormentavam. Com um suspiro pesado, ele jogou a pasta sobre a mesa, deixando escapar um grunhido de frustração. Seus olhos arderam com uma fúria contida, ansiosos pela oportunidade de finalmente acertar as contas com Sergey, o responsável por tantas dores em sua vida. Desta vez, Marcus estava determinado a garantir que o bastardo não escapasse vivo.Com passos pesados, Marcus se dirigiu à geladeira, encontrando-a como sempre, vazia e desolada. Agarrando uma garrafa de água, ele a esvaziou de um só gole, sentindo o líquido fresco descer pela garganta ressecada. Em seguida, enrolou meticulosamente uma faixa em torno de suas mãos, focando toda a sua raiva e frustração no saco de areia pendurado no meio do apartamento. A cada golpe desferido, Marcus despejava sua fúria, determinado a canalizá-la para a tarefa que o aguardava: a busca implacável por vingança. Enquanto desfe
Ana Luz Velásquez, ou apenas Analú como gostava de ser chamada, era uma jovem que morava com sua mãe, Rosa Velásquez, em uma pequena cidade do interior. Seu lar era acima de uma modesta papelaria, onde sua mãe trabalhava arduamente para sustentá-las. A relação entre mãe e filha era marcada por uma ligação forte, mas também por segredos e silêncios. Sempre que Analú perguntava sobre seu pai, sua mãe respondia com voz firme: "Ele está morto e enterrado! Sua mãe é tudo o que você precisa, então pare de se queixar!" Analú aceitava essa resposta resignadamente, pois sabia que arrancar algo mais de Dona Rosa Velásquez seria mais difícil do que encontrar água em Marte.Apesar da ausência paterna, Analú era uma jovem feliz e querida pelos moradores da pequena cidade. Sua personalidade alegre e educada a tornava popular, e seu sorriso era como um raio de sol, iluminando até os dias mais sombrios. Corpo esguio, e longos cabelos encaracolados até o meio das costas que dançavam ao vento enquanto
Marcus Siegro era uma figura temida e respeitada, conhecida por sua frieza implacável e força inabalável, ocupando o posto mais alto sob o comando de Mariano Pedra Santa. Ao desembarcar do pequeno avião, sua presença imponente abria caminho entre os demais, e as portas pareciam ceder automaticamente à sua passagem, como se reconhecessem a autoridade que ele carregava. No entanto, esse status não lhe foi concedido facilmente; Marcus conquistara a confiança do chefe colombiano com sua lealdade inabalável e habilidades inigualáveis. Desde que salvou a vida de Mariano Pedra Santa em um momento crítico, ele ascendeu rapidamente na hierarquia do cartel, tornando-se a peça mais importante abaixo do próprio líder. Seu comprometimento com a causa e sua capacidade de realizar tarefas difíceis e perigosas o elevaram a esse posto de destaque, onde sua influência se estendia por todas as áreas operacionais da organização criminosa.Apesar de sua reputação de homem desconfiado, Mariano confiava em
Marcus ordenou que a garota fosse mantida no quarto, recebendo apenas as refeições necessárias. Ela precisava de seu tempo para o luto, e ele estava determinado a protegê-la desse momento tão delicado. Era o mínimo que podia fazer por ela naquele momento difícil. — Três anos. Três anos ainda nessa tortura. — pensou Marcus com tristeza. Nunca antes ele havia enfrentado uma missão tão longa, e a saudade de casa, dos pais, era o aspecto mais difícil de lidar.Ele dirigiu-se à academia, um lugar que sempre lhe oferecia refúgio. Marcus tinha o costume de treinar intensamente; era sua forma de manter-se concentrado na missão. No entanto, notava que conseguir voluntários para os treinos de luta estava se tornando cada vez mais complicado, pois alguém sempre acabava gravemente ferido. Marcus não era conhecido por pegar leve com bandidos, e ali, com certeza não havia mocinhos. — bando de inúteis! — resmungou optando por sair para uma corrida.Ao chegar ao final da trilha, ele olhou ao redor, t
Analú observava atentamente a movimentação tanto dentro quanto fora da casa. Ainda que confinada ao quarto, encontrava consolo na pequena sacada que lhe proporcionava vistas do sol poente e das estrelas despontando no céu noturno. Com um propósito determinado para aquela noite, ela fixou o olhar no carro que transportava seu guarda-costas e aquele homem que se recusava a chamar de pai. Notou que estavam de saída, acompanhados por pelo menos três veículos.Analú calculou que, talvez, poucos homens permanecessem na propriedade naquele momento. Reunindo toda a coragem que tinha, ela saiu do quarto improvisando uma corda resistente com os lençóis da cama, amarrando-a firmemente na grade da sacada. Sentindo-se sortuda, quando ninguém apareceu quando se se desequilibrou e caiu, como uma fruta madura, no chão abaixo. O som das vozes masculinas vindas de dentro da casa, acompanhadas por risadas altas, denunciou que um jogo de pôquer estava em pleno andamento. Analú sabia que precisava agir ra
Desde que chegara ao Vale Del Calca, Marcus tornou-se a sombra de Pedra Santa, nunca deixando o chefe desprotegido. Quando foi convocado para acompanhá-lo em uma reunião de negócios em Cali, sabia que seria uma ausência prolongada. Deixou a jovem aos cuidados dos homens encarregados da segurança da fazenda e da governanta da casa.— Como vai o progresso com a garota, Marcus — Pedra Santa perguntou, entre baforadas de seu charuto.— Teimosa e desafiadora, chefe. Mas está progredindo nos estudos e em breve a introduzirei aos negócios da família — respondeu Marcus.— Ótimo. Faça o que for necessário, apenas certifique-se de que ela não me cause problemas. Ela será fundamental para nossa aliança com o russo nos negócios — concluiu Pedra Santa.Marcus optou por não pressionar o assunto, sabendo que sua influência poderia impedir a união com o velho russo, algo que ele trabalhava arduamente para evitar. Ao chegarem ao local onde Pedra Santa era aguardado, ele se viu no centro das atenções.
Analú foi arrastada em direção ao escritório de Pedra Santa, ela entrou de cabeça erguida. Estaria pela segunda vez diante do responsável por todas as desgraças da sua vida, o homem que puxou o gatilho, o responsável pela morte de sua mãe. Ela não tinha medo dele, e se ele a matasse ainda assim seria um favor.— Sente-se! — ordenou com voz rouca.— Estou bem de pé! — declarou erguendo o queixo e olhando em seus olhos frios.— Sente-se! — repetiu mais uma vez, seu pai não estava disposto a ser ignorado desta vez.— Ou o quê? Você vai atirar em mim como fez com minha mãe? Faça isso, não temo menos a morte do que temo ter que olhar para você novamente. — Analú gritou lançando-se contra ele, mas seu pai a parou com a força de seu punho.— Quem você pensa ser para ousar me desafiar? Você é apenas uma criança bastarda. Ensinar-te-ei a nunca, jamais ousar a faltar com respeito a mim novamente. Rosa só saiu porque eu permiti, acha mesmo que eu não sabia o tempo todo onde vocês estavam?— Não
El Cairo, um município no Valle del Cauca, Colômbia, exibia-se modestamente com pouco mais de 9 mil habitantes. Seu encanto residia na arquitetura espanhola meticulosamente preservada, nas cores vibrantes que adornavam suas casas e estabelecimentos, e na natureza exuberante que abraçava suas fronteiras. Este cenário idílico atraía anualmente turistas e amantes do ecoturismo, seduzidos pela promessa de uma experiência única em meio a paisagens deslumbrantes. A principal atração cultural era a Festa do Retorno, um evento que atraía uma enxurrada de turistas para o vilarejo, inundando as ruas com uma energia efervescente. Nessas ocasiões, as casas de jogos de Mariano Pedra Santa transbordavam de visitantes em busca de diversão e entretenimento. Além disso, os clubes de jogos e os estabelecimentos de prostituição se apresentavam como opções para todos os gostos, garantindo uma variedade de experiências para os visitantes mais ávidos por diversão. Marcus dirigiu-se determinado em direção a