Na manhã seguinte, acordei com o rosto inchado de tanto chorar. A dor da perda de Artemis ainda estava fresca, e meu primeiro pensamento foi para Ellah. Tomei um banho rápido, tentando limpar as marcas da noite, e fui diretamente ao hospital. Isaac estava me esperando na entrada.
— Alguma novidade? — perguntei ansiosamente.
— A noite foi estável. Eles ainda estão monitorando-a de perto, mas não houve piora.
Assenti e segui diretamente para a UTI, determinada a ficar ao lado da minha sobrinha. A cada passo que dava, meu coração apertava mais, na esperança de que a situação estivesse melhorando.
Enquanto estava na UTI, observando a respiração lenta e constante de Ellah, meu celular vibrou no bolso da calça. Olhei para o identificador de chamadas e vi o nome do meu pai. Meu coração apertou, e senti uma mistura de alívio e tristeza ao atender.
— Pai… — minha voz saiu fraca, carregada de emoção.
— Atena, minha filha… — ele começou, sua voz firme, mas cheia de preocupação. — Como você está? Como está a Ellah?
Dei uma última olhada em minha sobrinha, assegurando-me de que ela estava estável, antes de sair da UTI em direção à sala de espera. Assim que entrei, a porta se fechou atrás de mim, e senti o peso da situação me dominar. Desabei em uma das cadeiras, segurando o celular com força, tentando conter as lágrimas que já estavam se formando.
— Eu… eu estou tentando ser forte, pai, mas é tão difícil… — Finalmente, as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, e minha voz quebrou. — Ellah… Artemis… Eu não sei o que fazer…
— Atena, ouça-me — a voz do meu pai era calma, mas carregada de uma autoridade reconfortante. — Eu sei que tudo isso é devastador, mas você não está sozinha. Estou pegando o primeiro voo e estarei aí no final da tarde. Vou cuidar de tudo, mas, por favor, agora, preciso que você se concentre em Ellah. Ela precisa de você, Atena.
— Eu sei, pai… — disse, soluçando. — Eu só queria que isso fosse um pesadelo, que eu pudesse acordar e tudo estivesse bem…
— Eu sei, minha querida, eu sei… — ele suspirou do outro lado da linha. — Mas precisamos ser fortes agora, por Artemis e por Ellah. Vamos passar por isso juntos, como sempre fizemos. Confio em você.
Suas palavras foram como um bálsamo para minha alma ferida. Por mais que eu estivesse perdida em meio à dor, ouvir meu pai me reassegurar me deu um senso renovado de propósito.
— Obrigada, pai… — murmurei. — Eu não sei o que faria sem você.
— Você nunca vai precisar descobrir, Atena. Estou sempre aqui. Agora, respire fundo, se acalme, e volte para a UTI. Ellah precisa de você. Eu te amo, minha filha.
— Eu também te amo, pai… — disse, tentando controlar o choro. Desliguei o celular e permaneci ali, na sala de espera, por alguns minutos, absorvendo a conversa. Meu pai estava certo. Ellah precisava de mim mais do que nunca, e eu não podia deixá-la sozinha nessa.
Limpei as lágrimas, respirei fundo e, com uma nova determinação, voltei para a UTI. Assim que entrei no quarto de Ellah, notei algo diferente. Seus pequenos dedos se mexeram, e em seguida, seus olhos se abriram lentamente. Um alívio profundo tomou conta de mim, seguido de uma onda avassaladora de felicidade.
— Ellah! — Minha voz tremia enquanto corria para o lado dela. — Querida, você está acordando!
Ela piscou os olhos, ainda grogue, mas estava consciente. As lágrimas de alegria escorriam pelo meu rosto enquanto eu pressionava o botão de chamada para chamar a enfermeira.
— Enfermeira! — gritei, minha voz carregada de emoção. — Ela acordou! Ellah acordou!
A enfermeira entrou rapidamente no quarto, com um sorriso acolhedor. Ela examinou Ellah, enquanto eu segurava a pequena mão de minha sobrinha, sentindo um misto de alívio e esperança. A dor da perda de Artemis ainda era intensa, mas naquele momento, tudo o que importava era que Ellah estava aqui, comigo, e começava a se recuperar.
Era apenas o começo, mas ver aqueles olhos me olhando novamente trouxe uma nova chama ao meu coração. Estava determinada a cuidar de Ellah com todas as minhas forças, exatamente como Artemis teria desejado.
Os médicos pediram para que eu me retirasse enquanto eles a examinavam. Fiquei encostada na porta esperando que eles me dessem algum parecer sobre o estado de minha sobrinha. Gael me ligou para saber como estava o estado de Ellah e eu expliquei a ele que ela acordou e que agora estava esperando o parecer médico.
— Quer que eu vá até aí para ficar com você? — Ele perguntou preocupado.
— Não precisa se preocupar, Gael, mas obrigado.
— Mandei mensagem para Isaac e nós estamos indo para o hospital e isso não é discutível. — Gael às vezes é taxativo e eu pude apenas assenti.
O médico me chamou e explicou sobre o estado de minha sobrinha. Pude respirar aliviada quando ele disse que ela iria ficar bem, apesar da contusão na cabeça.
Como prometido, meus amigos chegaram e vieram me abraçar. Gael me avisou que Luane me mandou um abraço e disse que ela me ligaria mais tarde. Luane é sua esposa, e, embora no início houvesse algum atrito entre nós, hoje em dia somos próximas, e sua solidariedade significava muito para mim.
— Artemis era uma boa pessoa, tenho certeza de que ela está em um bom lugar — Isaac disse, e eu agradeci.
— Sim, minha irmã era iluminada e merece estar em um bom lugar. — As lágrimas voltaram aos meus olhos e me senti culpada por ter me dedicado tanto ao trabalho e não ter passado mais tempo com a minha irmã.
Meus amigos me levaram para comer, e eu perguntei a Isaac se ele não voltaria para a empresa. Ele negou com a mesma firmeza com que sempre foi meu amigo.
— Isaac, a empresa não pode ficar sem nós dois. Eu estou bem de verdade, pode ir.
— Atena, a empresa não está sozinha, temos pessoas capacitadas para isso, então não se preocupe. Não vou arredar o meu pé daqui.
Após a refeição, voltamos para o quarto de Ellah, que estava dormindo. A sensação de vê-la acordar e agora descansando era reconfortante, mas a ausência de Artemis ainda era um peso doloroso.
— Ellah já perguntou pela mãe? — Gael perguntou.
— Não, isso é o que me preocupa. — Olhei para a pulseira da amizade que compartilhava com a minha irmã.
A sensação de culpa e tristeza ainda era esmagadora. Eu me perguntava como seria a vida sem Artemis e como conseguiria enfrentar os desafios que viriam. No entanto, havia uma nova responsabilidade em meus ombros, e eu precisava ser forte não apenas por mim, mas por Ellah.
De repente, o som de passos apressados ecoou pelos corredores do hospital, e a porta da UTI se abriu com um estrondo. Um grupo de pessoas entrou, e entre elas estava alguém que eu não esperava ver tão cedo — um rosto familiar, que trouxe uma nova onda de emoções à tona.
— Atena! — A voz era grave e cheia de urgência. — O que está acontecendo aqui?
Olhei para a figura que se aproximava, a confusão e o medo misturando-se em meu peito. O que essa pessoa queria?
— Joel? — minha voz saiu baixa e cautelosa. — O que você está fazendo aqui?Ele entrou no quarto com um passo decidido, ignorando o olhar apreensivo da enfermeira que estava ali para monitorar Ellah. A tensão no ar era palpável.— Atena, eu preciso saber… — Joel começou, sua voz rouca e carregada de emoção. — É verdade o que disseram? Artemis faleceu? E Ellah, como está?Fechei os olhos por um momento, tentando controlar a onda de frustração que surgia dentro de mim. Artemis não havia sido clara sobre o pai de Ellah, mas ela sempre deixou claro que não era Joel. Ele nunca aceitou o término do relacionamento com Artemis e sempre teve dificuldades em aceitar a realidade.— Infelizmente sim — digo, respirando fundo. — Minha sobrinha está lutando por sua vida.— Me conta a verdade! Ellah é minha filha, não é? Agora que Artemis não está mais aqui, você pode me contar.Chamei Joel para tomar um café no hospital e ele me seguiu. Fizemos os nossos pedidos e ele me encarou com expectativa.— J
O som insistente do alarme me despertou às seis da manhã. Estiquei o braço preguiçosamente para desligá-lo, desejando que fosse sábado. Mas não era. Era terça-feira, e, como sempre, minha agenda estava lotada de compromissos. Trabalhar como diretora financeira de uma grande empresa de tecnologia exigia mais do que apenas habilidades com números; exigia tempo, energia e um foco inabalável.Enquanto tomava café, liguei para minha irmã para saber a que horas ela chegaria. Sentia muitas saudades dela e da minha sobrinha, que é a fofura em pessoa. Ela me atendeu no quinto toque.— Oi, meu raio de lua — disse minha irmã, dando um sorrisinho.— Oi, meu raio de sol. Que horas você vai chegar? — Perguntei, percebendo a demora na resposta. — Artemis?— Vou me atrasar um pouco. Ellah ainda está dormindo e não quero acordá-la agora.— Tudo bem, maninha. Até mais tarde. Se chegar antes de mim, pode entrar na minha casa, tudo bem?— Tudo bem. Vê se não trabalha muito, pois a mamãe sempre dizia que
Lukke RockAcordei com um peso familiar ao meu lado, mas foi o riso abafado que realmente me tirou do sono. Abri os olhos, piscando contra a luz fraca que entrava pelas cortinas do quarto do hotel. Ao meu lado, duas mulheres estavam aninhadas nos lençóis, seus rostos brilhando com sorrisos maliciosos.— Bom dia, meninas — murmurei, minha voz rouca de sono, mas carregada daquela confiança insolente que me acompanhava em todas as manhãs como essa.Elas riram, seus corpos se movendo sob os lençóis como cobras preguiçosas. Uma delas, a loira, traçou uma linha no meu peito com as unhas, enquanto a outra, morena de olhos penetrantes, sussurrava algo que não consegui entender, mas que fez meu sorriso se alargar.— Prontas para mais uma rodada? — perguntei, arqueando uma sobrancelha. Meu sorriso aumentou ainda mais quando ambas responderam com um entusiasmado “sim”.Antes que pudéssemos nos mover, porém, a porta do quarto foi aberta com um estrondo, e a figura severa de Stella, minha assessor
Atena GodoyNo dia seguinte, acordei com uma sensação de leveza que há tempos não sentia. O café estava na mesa quando Artemis entrou na cozinha com Ellah no colo, ambas ainda com cara de sono.— Bom dia, meu raio de lua! — Artemis beijou minha testa.— Bom dia, Artemis. — Sorri para ela. — Bom dia, Ellah!— Bom dia, titia. — Minha sobrinha sorriu.Enquanto tomávamos café, Artemis começou a falar sobre os planos para o dia.— Atena, por que não tira um dia de folga e sai com a gente? Eu sei que você tem trabalho, mas seria ótimo passarmos um tempo juntas, já que amanhã eu volto para casa.Suspirei, sabendo que ela estava certa, mas também consciente das minhas responsabilidades no trabalho.— Eu adoraria, Artemis, mas hoje não posso. Minha agenda está cheia. Vou tentar sair mais cedo para nos encontrarmos, tudo bem?— Tudo bem, então vou preparar uma coisinha para comermos mais tarde.— Ok. Tenho que ir, até mais tarde meninas. — Beijei a testa da minha sobrinha que riu.— Bom trabalh