Isaac e eu passamos a maior parte do dia limpando a antiga casa de Artemis. Foi doloroso, mais do que eu podia imaginar. Cada objeto que encontrávamos carregava uma lembrança, uma risada ou até mesmo uma discussão boba que já tínhamos esquecido. No final, decidimos distribuir os móveis e as coisas que Artemis não levaria consigo entre os vizinhos. Eles a adoravam. Sabiam que ela estava sempre disposta a ajudar, e, quando contamos sobre seu falecimento, vi lágrimas brotarem em seus olhos. Era como se cada um deles tivesse perdido uma parte de si também.— Ela era boa demais para este mundo — disse uma das vizinhas, enxugando as lágrimas com o dorso da mão.— Sim, era — concordei, sentindo meu coração apertar.Os vizinhos, um a um, nos ofereceram condolências. Era claro o quanto Artemis havia tocado suas vidas. Eu sempre soube que ela era especial, mas ver o impacto que teve em tantas pessoas era ao mesmo tempo bonito e devastador. Depois de horas, finalmente guardamos tudo o que sobrou
Isaac parou o carro à beira da estrada, do nada, e virou-se para mim com um sorriso presunçoso.— Sua vez, Atena. — Ele entregou as chaves sem esperar por uma resposta.— Sério? Você quer que eu dirija agora? — perguntei, surpresa. Não que eu me importasse, mas Isaac geralmente não largava o volante por nada.— Claro. Acha que só eu vou me divertir? Além disso, você está tensa. Dirigir vai te distrair um pouco. — Ele deu de ombros, me provocando com aquele sorriso que dizia: "você sabe que eu estou certo."Revirei os olhos, mas peguei as chaves. Era melhor do que ficar discutindo, e talvez ele estivesse certo. Assim que me acomodei no banco do motorista e ajustei os espelhos, o carro ganhou vida sob minhas mãos. Senti o vento entrando pelas janelas, trazendo uma brisa refrescante, e o rádio voltou a tocar uma música qualquer. Mas não era isso que ocupava minha mente.Enquanto dirigia pela estrada vazia, meus pensamentos começaram a flutuar, e algo inesperado aconteceu. Olhei para o m
Lukke Rock Estava sentado no sofá do hotel, encarando a vista de São Paulo através da janela, uma mistura de prédios cinzentos e o céu alaranjado pelo final de tarde. O cigarro pendia nos meus lábios, liberando pequenas espirais de fumaça que dançavam no ar. Na outra mão, uma dose de tequila. O líquido desceu queimando pela garganta enquanto eu pensava no que diabos estava fazendo com a minha vida. " quase 30 anos, porra", pensei. Antes que pudesse me afundar mais nesse devaneio, a porta do quarto se abriu com um estrondo. Era Stella, sempre abrupta, acompanhada de Arthur, como de costume. Ela não perdeu tempo, marchou até mim, pegou o cigarro da minha boca e o apagou sem cerimônia no cinzeiro. — Isso é uma porcaria, Lukke! Já falei que você devia parar com essa merda — disse ela, o olhar furioso, mas preocupado. Revirei os olhos, como sempre. Já estava acostumado a esse teatrinho dela. — Boa tarde pra você também, Stella — murmurei, tomando outro gole da tequila enquanto ela
Atena GodoyA adrenalina ainda pulsava em minhas veias quando estacionei o carro em frente ao hotel. O som do motor ainda ressoava nos meus ouvidos, mas eu me sentia satisfeita. Estacionar foi quase tão emocionante quanto a própria viagem. Ao meu lado, Isaac suspirou aliviado, lançando-me um olhar cansado.— Você dirige como uma louca, Atena — reclamou, mas havia um tom divertido em sua voz. — Não sei como não fomos parados pela polícia.Eu ri alto, abrindo a porta do carro e sentindo o ar fresco de São Paulo. O cheiro de concreto e fumaça de escapamento me atingiu, mas havia algo reconfortante em estar de volta à cidade grande. Estiquei os braços, sentindo meus músculos relaxarem após horas dirigindo.— Ei, chegamos rápido, não foi? — retruquei, fechando a porta com um sorriso orgulhoso. — Além disso, você sabe que sou uma ótima motorista.Isaac soltou uma risada curta e também saiu do carro, se espreguiçando.— Não disse que você é ruim, só que precisa relaxar um pouco. Vamos acabar
Lukke RockEu estava no meu quarto, tentando escrever uma música, mas nada saía. O resultado eram apenas rabiscos e folhas amassadas espalhadas pelo chão, o que me deixava completamente frustrado.— Mas que caralho! — soltei um palavrão e, irritado, joguei meu caderno na cama com força.— Se você está jogando o seu caderno favorito assim, é porque as coisas não estão indo nada bem — Arthur entrou no quarto, pegou uma bola de papel do chão e, depois de ler, arqueou a sobrancelha. — "No Fio da Navalha"?— Sim, estou pensando em fazer dessa a minha nova música de sucesso. O que acha? — perguntei, enquanto ele me encarava com aquela expressão analítica.— A maior parte dos seus fãs são mulheres. Você acha que elas vão curtir uma música com essa pegada? — questionou ele, e eu dei de ombros.— Acho que qualquer coisa que eu cantar, elas vão apoiar — respondi, confiante.Arthur me olhou, claramente não convencido. Sentou-se ao meu lado e começamos a conversar sobre tudo e nada ao mesmo tempo
Eu ainda estava tentando digerir o conteúdo da carta quando ouvi batidas rápidas na porta. Stella e Arthur entraram logo em seguida, sem cerimônia. Stella cruzou os braços e olhou para mim com uma expressão que misturava impaciência e curiosidade.— O que está acontecendo aqui, Lucas? — Ela usou meu nome de novo, o que indicava que o assunto era sério.Sem dizer nada, entreguei a carta para ela. Stella leu rapidamente, os olhos arregalando-se a cada linha. Quando terminou, soltou um palavrão.— Que merda é essa? Isso é verdade?— A carta diz que sim — respondi, me jogando no sofá, ainda tentando processar o que tudo aquilo significava.Stella me olhou de maneira desconfiada, e depois olhou para Atena e o cara que estava com ela, que permaneciam sentados, silenciosos, observando tudo.— E quem garante que isso é verdade? — perguntou Stella, com um tom debochado que, obviamente, irritou Atena. — As pessoas inventam coisas o tempo todo para se aproximar de uma celebridade.Atena levantou
Atena GodoyAssim que Lukke saiu, soltei um suspiro longo e pesado. Isaac, que estava sentado no sofá, me olhou com as sobrancelhas arqueadas, claramente tentando segurar um sorriso.— Ele é um babaca, Atena — disse Isaac, balançando a cabeça.Concordei com um aceno de cabeça, cruzando os braços e encarando o chão.— Sim, ele é. Mas, pelo menos, não foi um escroto completo. Não igual àquela vagabunda da assessora dele. — Fiz uma careta só de lembrar da cara de superioridade daquela mulher.Isaac soltou uma risada divertida.— Você realmente pegou ranço dela, hein?— Peguei mesmo! — exclamei, jogando as mãos para o alto. — Eu odeio gente como ela. Arrogante, prepotente, acha que o mundo gira ao redor dela só porque trabalha com um famoso. Gente assim me dá nos nervos.— Você sabe que está exagerando, né? — Isaac disse, com um sorriso meio debochado. — Quer dizer, sim, ela foi grossa, mas vai ver é só o jeito dela de lidar com as coisas.— Não é só isso — respondi, andando de um lado pa
Mais tarde, depois de todo o estresse daquele dia, Isaac decidiu pedir serviço de quarto. Eu estava sentada na cama, rolando pelo celular sem prestar muita atenção, enquanto ele terminava de fazer o pedido. Tudo o que eu queria era relaxar um pouco e esquecer o que havia acontecido com Lukke e Stella, mas minha mente estava a mil.— Pedido feito — disse Isaac, se jogando no sofá do outro lado do quarto. Ele me olhou de soslaio, como quem analisava meu humor.— Eu tô com fome — murmurei, largando o celular de lado e cruzando os braços.Isaac riu, levantando as sobrancelhas em surpresa.— Milagre! Você nunca come direito — ele provocou. — Achei que fosse viver à base de café e stress.— De vez em quando eu como, tá? — rebati, revirando os olhos. — Às vezes, nem é falta de fome. Só falta de tempo mesmo. Você sabe como é minha rotina.Isaac balançou a cabeça, ainda rindo.— Nostalgia pura, né? Como na época da faculdade. Você sempre correndo de um lado pro outro, eu sempre comendo pizza f