Lukke Rock Estava sentado no sofá do hotel, encarando a vista de São Paulo através da janela, uma mistura de prédios cinzentos e o céu alaranjado pelo final de tarde. O cigarro pendia nos meus lábios, liberando pequenas espirais de fumaça que dançavam no ar. Na outra mão, uma dose de tequila. O líquido desceu queimando pela garganta enquanto eu pensava no que diabos estava fazendo com a minha vida. " quase 30 anos, porra", pensei. Antes que pudesse me afundar mais nesse devaneio, a porta do quarto se abriu com um estrondo. Era Stella, sempre abrupta, acompanhada de Arthur, como de costume. Ela não perdeu tempo, marchou até mim, pegou o cigarro da minha boca e o apagou sem cerimônia no cinzeiro. — Isso é uma porcaria, Lukke! Já falei que você devia parar com essa merda — disse ela, o olhar furioso, mas preocupado. Revirei os olhos, como sempre. Já estava acostumado a esse teatrinho dela. — Boa tarde pra você também, Stella — murmurei, tomando outro gole da tequila enquanto ela
Atena GodoyA adrenalina ainda pulsava em minhas veias quando estacionei o carro em frente ao hotel. O som do motor ainda ressoava nos meus ouvidos, mas eu me sentia satisfeita. Estacionar foi quase tão emocionante quanto a própria viagem. Ao meu lado, Isaac suspirou aliviado, lançando-me um olhar cansado.— Você dirige como uma louca, Atena — reclamou, mas havia um tom divertido em sua voz. — Não sei como não fomos parados pela polícia.Eu ri alto, abrindo a porta do carro e sentindo o ar fresco de São Paulo. O cheiro de concreto e fumaça de escapamento me atingiu, mas havia algo reconfortante em estar de volta à cidade grande. Estiquei os braços, sentindo meus músculos relaxarem após horas dirigindo.— Ei, chegamos rápido, não foi? — retruquei, fechando a porta com um sorriso orgulhoso. — Além disso, você sabe que sou uma ótima motorista.Isaac soltou uma risada curta e também saiu do carro, se espreguiçando.— Não disse que você é ruim, só que precisa relaxar um pouco. Vamos acabar
Lukke RockEu estava no meu quarto, tentando escrever uma música, mas nada saía. O resultado eram apenas rabiscos e folhas amassadas espalhadas pelo chão, o que me deixava completamente frustrado.— Mas que caralho! — soltei um palavrão e, irritado, joguei meu caderno na cama com força.— Se você está jogando o seu caderno favorito assim, é porque as coisas não estão indo nada bem — Arthur entrou no quarto, pegou uma bola de papel do chão e, depois de ler, arqueou a sobrancelha. — "No Fio da Navalha"?— Sim, estou pensando em fazer dessa a minha nova música de sucesso. O que acha? — perguntei, enquanto ele me encarava com aquela expressão analítica.— A maior parte dos seus fãs são mulheres. Você acha que elas vão curtir uma música com essa pegada? — questionou ele, e eu dei de ombros.— Acho que qualquer coisa que eu cantar, elas vão apoiar — respondi, confiante.Arthur me olhou, claramente não convencido. Sentou-se ao meu lado e começamos a conversar sobre tudo e nada ao mesmo tempo
Eu ainda estava tentando digerir o conteúdo da carta quando ouvi batidas rápidas na porta. Stella e Arthur entraram logo em seguida, sem cerimônia. Stella cruzou os braços e olhou para mim com uma expressão que misturava impaciência e curiosidade.— O que está acontecendo aqui, Lucas? — Ela usou meu nome de novo, o que indicava que o assunto era sério.Sem dizer nada, entreguei a carta para ela. Stella leu rapidamente, os olhos arregalando-se a cada linha. Quando terminou, soltou um palavrão.— Que merda é essa? Isso é verdade?— A carta diz que sim — respondi, me jogando no sofá, ainda tentando processar o que tudo aquilo significava.Stella me olhou de maneira desconfiada, e depois olhou para Atena e o cara que estava com ela, que permaneciam sentados, silenciosos, observando tudo.— E quem garante que isso é verdade? — perguntou Stella, com um tom debochado que, obviamente, irritou Atena. — As pessoas inventam coisas o tempo todo para se aproximar de uma celebridade.Atena levantou
Atena GodoyAssim que Lukke saiu, soltei um suspiro longo e pesado. Isaac, que estava sentado no sofá, me olhou com as sobrancelhas arqueadas, claramente tentando segurar um sorriso.— Ele é um babaca, Atena — disse Isaac, balançando a cabeça.Concordei com um aceno de cabeça, cruzando os braços e encarando o chão.— Sim, ele é. Mas, pelo menos, não foi um escroto completo. Não igual àquela vagabunda da assessora dele. — Fiz uma careta só de lembrar da cara de superioridade daquela mulher.Isaac soltou uma risada divertida.— Você realmente pegou ranço dela, hein?— Peguei mesmo! — exclamei, jogando as mãos para o alto. — Eu odeio gente como ela. Arrogante, prepotente, acha que o mundo gira ao redor dela só porque trabalha com um famoso. Gente assim me dá nos nervos.— Você sabe que está exagerando, né? — Isaac disse, com um sorriso meio debochado. — Quer dizer, sim, ela foi grossa, mas vai ver é só o jeito dela de lidar com as coisas.— Não é só isso — respondi, andando de um lado pa
Mais tarde, depois de todo o estresse daquele dia, Isaac decidiu pedir serviço de quarto. Eu estava sentada na cama, rolando pelo celular sem prestar muita atenção, enquanto ele terminava de fazer o pedido. Tudo o que eu queria era relaxar um pouco e esquecer o que havia acontecido com Lukke e Stella, mas minha mente estava a mil.— Pedido feito — disse Isaac, se jogando no sofá do outro lado do quarto. Ele me olhou de soslaio, como quem analisava meu humor.— Eu tô com fome — murmurei, largando o celular de lado e cruzando os braços.Isaac riu, levantando as sobrancelhas em surpresa.— Milagre! Você nunca come direito — ele provocou. — Achei que fosse viver à base de café e stress.— De vez em quando eu como, tá? — rebati, revirando os olhos. — Às vezes, nem é falta de fome. Só falta de tempo mesmo. Você sabe como é minha rotina.Isaac balançou a cabeça, ainda rindo.— Nostalgia pura, né? Como na época da faculdade. Você sempre correndo de um lado pro outro, eu sempre comendo pizza f
Isaac e eu estávamos quietos até que meu celular tocou. Sem olhar no visor, atendi, achando que fosse meu pai.— Oi, Papi! Ainda está acordado? — perguntei, ouvindo uma risadinha do outro lado da linha.— Eu não sou o seu papai, mas, se quiser, posso ser. — Como aquele idiota conseguiu meu número pessoal?— Como você conseguiu meu número? — perguntei, curiosa.— Sou famoso e tenho meus meios. Soube que a Stella esteve aí no seu quarto, mas não se preocupe, já falei com ela. Estava aqui pensando...— E desde quando você pensa? — soltei, sem filtro. Ele gargalhou, e eu rapidamente me arrependi.— Você nem me conhece, gata.Eu o conhecia melhor do que ele imaginava, mas não ia dizer isso a ele.— Conheço caras como você, e são todos iguais.— Não acredite em tudo que lê por aí. Estava pensando... O que acha de jantar comigo? Conheço um lugar onde ninguém vai encher o saco, e podemos conversar sobre a minha "suposta" filha.A palavra "suposta" me irritou, mas não podia cobrar nada dele. A
Após o jantar, fiz questão de pagar a conta. Lukke soltou uma risada alta e provocadora quando percebeu minha ação.— Nenhuma mulher nunca pagou comida pra mim antes — disse ele, ainda rindo.— Pois agora você não pode mais dizer isso — retruquei, sorrindo de canto enquanto ele me olhava com curiosidade.Enquanto saíamos do restaurante, meu celular vibrou, e vi o nome de Gael na tela. Atendi imediatamente.— Oi, Gael!— Atena, onde você tá? Tá tudo bem? — Ele parecia preocupado, mas era o típico tom de Gael, sempre atento.— Tá tudo bem, não precisa se preocupar. — Olhei para Lukke, que estava distraído, observando o carro.— O que você tá fazendo em São Paulo, hein? — perguntou Gael, sempre curioso.— Quando eu voltar para o Rio, eu te conto. — Respondi com um sorriso, sabendo que ele não ia deixar barato.— O que você tá aprontando? — Ele soltou uma risada, mas havia um tom paternal em sua voz.— Você parece o meu pai falando assim. — Revirei os olhos, mas no fundo, apreciava o cuid