Amber Brown
— Amber... — A voz dela soava distante, e eu só conseguia pensar em como toda a minha vida se resumia a pessoas mentindo para mim. Se o que ela diz é verdade, meu pai mentiu para mim, minha mãe mentiu para mim, Dylan mentiu também, pois se ele a trouxe para cá, então ele sabia a verdade, e por fim, Sophie mentiu para mim, a pessoa que eu mais confiava até então. — Amber...
— Eu preciso sair
— Não faz isso, filha
— Não me chama assim! Eu... Eu... — Passo por ela e saio do quarto, indo em direção a porta da sala. Minha mão para na maçaneta quando ela me chama outra vez.
— Po
Dylan Cooper O restante da semana de recuperação ocorreu em uma calmaria necessária. Minha mente ainda estava perdida, as decisões dolorosas que eu fui obrigado a tomar ainda me traziam dores quase físicas. Um sentimento constante de estar vivendo um luto de forma mais consciente deixava tudo tão carregado e arrastado na minha vida. Eu queria ir trabalhar na empresa, mas Clara insistiu para que eu ficasse em casa, uma promessa que fiz sem relutância, percebendo a necessidade de absorver as mudanças iminentes em minha vida. A cada dia que se passava eu ia enterrando uma nova memória, e focando minha mente no futuro, para o que realmente importava, só saia do quarto para me exercitar e para as refeições. Sempre que era necessário Clara me enviava informações da empresa e eu adiantava o que dava em casa, mas era algo mínimo, ao menos por agora. Após uma semana nesse estado, senti a necessidade de retomar minhas responsabilidades. Não era meu perfil ficar ocioso por muito tempo. Nesse
Amber BrownA conversa havia sido muito proveitosa, e como eu supus, Clara estava disposta a me ajudar. Era benéfico para nós duas, eu sabia bem o que ela sentia por Dylan, era claro como água a forma romântica com a qual ela olhava para ele. Os sentimentos dela por ele se algum dia foram fraternais, eu poderia afirmar que isso não era mais uma realidade há muito tempo.Tivemos uma conversa muito boa, e pude notar que quando ela não estava ocupada me odiando, ela até era uma companhia bastante... Agradável. Ela estava disposta a fazer o que fosse necessário para me manter longe do Dylan, e talvez, ela realmente tivesse razão. Eu fiz muito mal a ele, e como consequência, ele fez mal a mim também. Éramos péssimos um para o outro. O melhor que poderíamos fazer por nós
Amber Brown— Oh meu Deus, Amber. Você está bem? — Eu escutava as palavras, mas a sensação desagradável que se alojava no meu estômago e era expelido pela minha boca não me permitiam responder, pelo menos durante alguns minutos.Sinto a brisa bater em meu rosto e agradeço mentalmente a Clara por ter aberto a janela do carro. Quando finalmente termino de vomitar olho para meus pés e noto toda a sujeira que ficou no chão do carro. Parte do vômito se espalhou pela porta e pelo câmbio, mas ao contrário do que eu pensava, Clara não parecia brava, mas sim, preocupada.Quando saímos da ponte ela estacionou o carro no primeiro local possível e saímos de lá. Eu ainda me sentia bastante nauseada, estava pens
Amber BrownFicamos alguns minutos sem falar nada, enquanto eu tentava reorganizar meus planos na minha mente. Tentando pensar qual seria o melhor próximo passo a tomar e como eu o faria. Eu não pretendia ter filhos, ao menos não agora, mas aos poucos a ideia de ter alguém que será meu para sempre, e que estará sempre comigo começa a me encher. Subitamente, eu sorrio.Isso está muito longe do ideal, mas aos poucos, eu começo a sentir, bem de leve, que talvez isso possa ser bom. Eu não tenho mais ninguém, talvez assim, eu possa ter alguém para amar, alguém que me ame. Talvez assim eu possa não me sentir mais tão sozinha...— Os planos mudaram então — Ergo o olhar e vejo que Clara está me olhando. Assin
Dylan CooperO dia amanheceu lindo, o sol brilhava de um jeito que eu não via há tempos, ou talvez, eu estivesse apenas com uma visão deturpada da vida que foi finalmente desfeita após tantos anos de escuridão. Hoje o dia amanheceu sorrindo para mim. Eu sorri de volta para ele. Hoje seria o julgamento de Andrew, hoje finalmente, tudo teria fim.— Bom dia — falo para Adam, o único presente na sala de jantar — onde estão todos?— Acredito que estejam se arrumando para a audiência, acho que a ansiedade generalizada nessa casa fez todo mundo passar a noite insone.Sorrio ao observar a verdade em suas palavras, de fato, eu mesmo demorei muito para conseguir dormir, imagino que o mesmo deva ter acontecido a
Dylan CooperTodos os presentes no tribunal se dispersaram rapidamente, eu, meus familiares e Sophie fomos direcionados para outro local de espera no prédio. Jacob esperava ali, obviamente que ele apenas apareceria no momento de dar o depoimento, não queríamos que Andrew e a sua defesa pudessem pensar em qualquer estratégia de última hora a fim de ajudá-lo. O fator surpresa era importante nesse momento.Não demorou muito até que Clara saísse para fazer uma ligação, provavelmente de trabalho, já Adam se mantinha tranquilo e relaxado. Brian parecia tenso, e eu estava grato por Emily não estar presente. Já meu tio não parava de andar de um lado para o outro.— Acha que irão te retirar do caso? — Pergunto, temen
Dylan CooperA conversa com Sophie foi importante, mas é impossível negar que parte de tudo isso me deixou bem incomodado. Tentei não focar nisso enquanto voltava para o tribunal após o longo tempo de espera. Agora eu precisava ter todo o meu foco nesse momento, pois hoje seria um divisor de águas na minha vida.Sentado em meu lugar observo cauteloso a entrada de Andrew no tribunal. O sorriso triunfante dele ainda estava ali, e ele olhava fixamente para mim. Sorri de volta para ele e aguardei os procedimentos iniciais para o começo da segunda parte do julgamento. Era tudo ou nada.— Todas as provas levantadas diante do juri foram avaliadas, e foi chegada à conclusão de que ambos presentes, tanto réu quanto requerente, obtiveram provas de maneira ilegal, e para t
Dylan Cooper — Protesto meritíssimo! A voz firme do advogado se fez ouvir no local junto de um pedido mudo para que Jacob não fosse ouvido enquanto o mesmo entrava, andando com uma determinação inabalável. — Protesto negado! A expressão de Jacob era a de alguém que viera preparado para qualquer coisa. Observei o sorriso satisfeito dele enquanto se aproximava da cadeira aonde daria o depoimento. O olhar dele e de Andrew conectados como correntes pesadas, mas ao invés de Jacob se sentar, ele virou o pé e caminhou em direção a Andrew, que logo se levantou, ambos ficando frente a frente, como um confronto de vida e morte. — Não faça isso — fiz uma leitura labial das palavras de Andrew, mas não consegui ver o que Jacob respondeu, pois ele estava de costas para mim, contudo, a expressão estranhamente vulnerável em Andrew, com olhos assustados e arregalados, levemente distantes me faz ter certeza de que ele finalmente entendeu para que viemos. — Peço que se afaste do réu e venha ao seu