Amber Brown
Meu coração estava acelerado em um nível preocupante, nunca antes havia experimentado um misto de emoções tão profunda e conflitante como a que eu sentia. Sai da sala de Dylan sentindo meu mundo se afundar em novas questões que até antes eu era ignorante sobre. Passo por Clara que me olha com uma expressão estranha. Seus olhos arregalados me mostram que se não ouviu tudo ao menos parte do que conversamos ela conseguiu escutar. A ignoro e sigo para o elevador a fim de sair desse lugar.
Minha mente estava explodindo em um espiral de informações. Um quebra cabeças que eu ainda não tinha sido capaz de montar até o momento deixando tudo claro. Tudo por fim começava a fazer tanto sentido que eu me repreendi por ter demorado tanto para perceber. Como eu fui burra! C
Amber BrownEssa noite foi sem dúvidas, a pior noite da minha vida. Acordei no sofá, Sophie dormia ao chão ao meu lado. Senti meu coração apertado ao ver que mesmo eu estando em sua casa, ela preferiu o desconforto do chão a sair do meu lado, pelo contrário, ela se manteve ali, tão pertinho de mim. Depois disso eu não consegui mais pregar o olho, meu coração estava em frangalhos, eu me sentia tão destruída, uma vontade absurda de sumir e acabar com tudo isso. Eu só conseguia pensar no que fazer para que tudo aquilo acabasse, aquela dor, aquela decepção.Poucas horas depois Sophie acordou e preparou o nosso café, não me sentia com vontade de comer, mas ela insistiu até que eu finalmente cedesse e por fim me alimentasse um pouco. Tenho que confessar qu
Amber BrownO restante da manhã se passou com uma calmaria fora do normal, ao menos externamente, pois internamente eu estava uma loucura. Eu ficava oscilando entre a raiva e a tristeza, entre a satisfação de ter dado um fim em tudo e entre a culpa de ter sido tão cruel e ameaçado Dylan. Minha mente estava em uma espiral de confusões que eu mal conseguia controlar. Foi preciso muita boa vontade para eu parar de me martirizar e tentar pensar de forma racional.Eu precisava de provas e tinha uma boa ideia de como consegui-las. Não tinha a pretensão de ficar o dia todo deitada sofrendo por tudo isso, eu queria a verdade e iria atrás dela. Tomei um bom banho, me arrumei e almocei. Depois disso, sai em direção a um grupo de lojas que havia bem perto da casa de Sophie, eu não tinha vindo aqui quando proc
Dylan CooperTudo estava escuro demais, tão escuro que sentia minha pupila dilatando ao máximo na tentativa desesperada de encontrar uma luz, qualquer mínima luz que fosse. Eu precisava de uma esperança para me reerguer, um motivo para querer enxergar e sair desse lugar. Meus pés seguiam sem rumo até que aos poucos a caminhada ficava cada vez mais distante, eu sabia que se continuasse eu chegaria a algum lugar, mas me sentia tão cansado, tão cansado que talvez eu pudesse parar um pouco para descansar.— Dylan — a voz distante chegou quase como uma brisa em meus ouvidos, tentei encontrar por onde ela veio, de quem era a voz, mas parecia que falavam de saindo de dentro das profundezas do mar, o som estava estranho, pesado, distante demais de mim para que eu conseguisse considerar ouvi-la. Ignorei a voz, eu sentia cada vez mais sono.Fechei os olhos.— DYLAN — um grito alto me fez abrir os olhos desesperado! Essa era a voz da minha mãe — DYLAN — outro grito e olhei em sua direção, ela ol
Dylan Cooper— Tio — Escuto minha voz saindo rouca, arranhada.— Ele acordou! — a voz chorosa e aguda de Clara adentra meu ouvido como um bálsamo, um alívio.— Dylan! Primo! Não faz mais isso! — Escuto a voz firme e calma de Adam.— Bem vindo de volta primo! — Brian? O que ele está fazendo aqui?Tento me mover, mas escuto as vozes deles me dizendo para ter calma, que iam chamar o médio para me avaliar antes de eu tentar fazer qualquer movimento brusco. Sinto minha cabeça começar a doer.Abro os olhos devagar e vejo todos ali, observo Adam abrir a porta para ir atrás o médico, Clara me observando de longe, como se tivesse medo de se aproximar. Brian me olhando com visível preocupação e olhos inchados, rosto vermelho do que aparenta terem sido horas chorando a fio, não muito diferente de Clara. Sorrio ao pensar como os dois sempre foram chorões.Olho para o lado e vejo meu tio com os olhos vermelhos, mas ainda firme, ele sorri e me abraça forte. Sinto a sua dor, ele já perdeu a irmã, qu
Amber Brown Era nove e meia da manhã, e eu já me encontrava na empresa a espera de Clara. Não queria dar a ela qualquer tempo para tentar recusar me atender ou o que quer que seja. Eu havia vindo com Sophie bem mais cedo, mas não quis aguardar na empresa até que desse o horário combinado. Aproveitei para desfrutar um pouco do Central Park, queria estar em paz e em plena consciência quando viesse falar com ela. O breve passeio da manhã me ajudou, e agora estou aqui esperando para resolver essa questão na minha vida. As dez horas em ponto Clara chega à antessala de Dylan, seu local fixo de trabalho. Seus olhos sobre mim queimam de um jeito tão desconfortável que me faz perguntar o que eu fiz para essa garota me odiar tanto. É obvio que ela tem sentimentos por Dylan, mesmo que eu não consiga ver qualquer correspondência dele a isso, mas o que não me desce é o fato dela descontar seus ciúmes em cima de mim. Que culpa eu tenho se ele não a corresponde? Tenho a impressão de que ela sabe m
Amber BrownEu deveria ter ido visitar meu pai; até tentei, na verdade. No entanto, não consegui entrar no presídio. Os dias de visita dele eram aos domingos e quartas, e hoje ainda era terça-feira. Eu não conseguiria falar com ele até amanhã. Ciente de que tinha que esperar, retornei à casa de Sophie. Ela ainda não tinha chegado do trabalho, então tratei de preparar um jantar simples para quando ela chegasse. No dia seguinte, eu iniciaria meu trabalho novo como garçonete em uma lanchonete próxima a casa de SophieSerá que se eu fizesse o convite, Sophie fugiria comigo? Refletindo sobre tudo que eu descobri, mal vi o tempo passar e logo Sophie chegou. O jantar foi calmo, eu não conseguia falar muito, e apesar de estar me sentindo muito chateada com toda a situação que descobri, ainda assim eu sentia meu coração com uma paz que eu não me lembrava alguma vez ter sentido, então apenas desfrutei dela. Tudo ficaria bem no final. Eu só precisava seguir em frente, e deixar tudo para trás.
Amber Brown— Amber... — A voz dela soava distante, e eu só conseguia pensar em como toda a minha vida se resumia a pessoas mentindo para mim. Se o que ela diz é verdade, meu pai mentiu para mim, minha mãe mentiu para mim, Dylan mentiu também, pois se ele a trouxe para cá, então ele sabia a verdade, e por fim, Sophie mentiu para mim, a pessoa que eu mais confiava até então. — Amber...— Eu preciso sair— Não faz isso, filha— Não me chama assim! Eu... Eu... — Passo por ela e saio do quarto, indo em direção a porta da sala. Minha mão para na maçaneta quando ela me chama outra vez.— Po
Dylan Cooper O restante da semana de recuperação ocorreu em uma calmaria necessária. Minha mente ainda estava perdida, as decisões dolorosas que eu fui obrigado a tomar ainda me traziam dores quase físicas. Um sentimento constante de estar vivendo um luto de forma mais consciente deixava tudo tão carregado e arrastado na minha vida. Eu queria ir trabalhar na empresa, mas Clara insistiu para que eu ficasse em casa, uma promessa que fiz sem relutância, percebendo a necessidade de absorver as mudanças iminentes em minha vida. A cada dia que se passava eu ia enterrando uma nova memória, e focando minha mente no futuro, para o que realmente importava, só saia do quarto para me exercitar e para as refeições. Sempre que era necessário Clara me enviava informações da empresa e eu adiantava o que dava em casa, mas era algo mínimo, ao menos por agora. Após uma semana nesse estado, senti a necessidade de retomar minhas responsabilidades. Não era meu perfil ficar ocioso por muito tempo. Nesse