Amber Brown
O restante da manhã se passou com uma calmaria fora do normal, ao menos externamente, pois internamente eu estava uma loucura. Eu ficava oscilando entre a raiva e a tristeza, entre a satisfação de ter dado um fim em tudo e entre a culpa de ter sido tão cruel e ameaçado Dylan. Minha mente estava em uma espiral de confusões que eu mal conseguia controlar. Foi preciso muita boa vontade para eu parar de me martirizar e tentar pensar de forma racional.
Eu precisava de provas e tinha uma boa ideia de como consegui-las. Não tinha a pretensão de ficar o dia todo deitada sofrendo por tudo isso, eu queria a verdade e iria atrás dela. Tomei um bom banho, me arrumei e almocei. Depois disso, sai em direção a um grupo de lojas que havia bem perto da casa de Sophie, eu não tinha vindo aqui quando proc
Dylan CooperTudo estava escuro demais, tão escuro que sentia minha pupila dilatando ao máximo na tentativa desesperada de encontrar uma luz, qualquer mínima luz que fosse. Eu precisava de uma esperança para me reerguer, um motivo para querer enxergar e sair desse lugar. Meus pés seguiam sem rumo até que aos poucos a caminhada ficava cada vez mais distante, eu sabia que se continuasse eu chegaria a algum lugar, mas me sentia tão cansado, tão cansado que talvez eu pudesse parar um pouco para descansar.— Dylan — a voz distante chegou quase como uma brisa em meus ouvidos, tentei encontrar por onde ela veio, de quem era a voz, mas parecia que falavam de saindo de dentro das profundezas do mar, o som estava estranho, pesado, distante demais de mim para que eu conseguisse considerar ouvi-la. Ignorei a voz, eu sentia cada vez mais sono.Fechei os olhos.— DYLAN — um grito alto me fez abrir os olhos desesperado! Essa era a voz da minha mãe — DYLAN — outro grito e olhei em sua direção, ela ol
Dylan Cooper— Tio — Escuto minha voz saindo rouca, arranhada.— Ele acordou! — a voz chorosa e aguda de Clara adentra meu ouvido como um bálsamo, um alívio.— Dylan! Primo! Não faz mais isso! — Escuto a voz firme e calma de Adam.— Bem vindo de volta primo! — Brian? O que ele está fazendo aqui?Tento me mover, mas escuto as vozes deles me dizendo para ter calma, que iam chamar o médio para me avaliar antes de eu tentar fazer qualquer movimento brusco. Sinto minha cabeça começar a doer.Abro os olhos devagar e vejo todos ali, observo Adam abrir a porta para ir atrás o médico, Clara me observando de longe, como se tivesse medo de se aproximar. Brian me olhando com visível preocupação e olhos inchados, rosto vermelho do que aparenta terem sido horas chorando a fio, não muito diferente de Clara. Sorrio ao pensar como os dois sempre foram chorões.Olho para o lado e vejo meu tio com os olhos vermelhos, mas ainda firme, ele sorri e me abraça forte. Sinto a sua dor, ele já perdeu a irmã, qu
Amber Brown Era nove e meia da manhã, e eu já me encontrava na empresa a espera de Clara. Não queria dar a ela qualquer tempo para tentar recusar me atender ou o que quer que seja. Eu havia vindo com Sophie bem mais cedo, mas não quis aguardar na empresa até que desse o horário combinado. Aproveitei para desfrutar um pouco do Central Park, queria estar em paz e em plena consciência quando viesse falar com ela. O breve passeio da manhã me ajudou, e agora estou aqui esperando para resolver essa questão na minha vida. As dez horas em ponto Clara chega à antessala de Dylan, seu local fixo de trabalho. Seus olhos sobre mim queimam de um jeito tão desconfortável que me faz perguntar o que eu fiz para essa garota me odiar tanto. É obvio que ela tem sentimentos por Dylan, mesmo que eu não consiga ver qualquer correspondência dele a isso, mas o que não me desce é o fato dela descontar seus ciúmes em cima de mim. Que culpa eu tenho se ele não a corresponde? Tenho a impressão de que ela sabe m
Amber BrownEu deveria ter ido visitar meu pai; até tentei, na verdade. No entanto, não consegui entrar no presídio. Os dias de visita dele eram aos domingos e quartas, e hoje ainda era terça-feira. Eu não conseguiria falar com ele até amanhã. Ciente de que tinha que esperar, retornei à casa de Sophie. Ela ainda não tinha chegado do trabalho, então tratei de preparar um jantar simples para quando ela chegasse. No dia seguinte, eu iniciaria meu trabalho novo como garçonete em uma lanchonete próxima a casa de SophieSerá que se eu fizesse o convite, Sophie fugiria comigo? Refletindo sobre tudo que eu descobri, mal vi o tempo passar e logo Sophie chegou. O jantar foi calmo, eu não conseguia falar muito, e apesar de estar me sentindo muito chateada com toda a situação que descobri, ainda assim eu sentia meu coração com uma paz que eu não me lembrava alguma vez ter sentido, então apenas desfrutei dela. Tudo ficaria bem no final. Eu só precisava seguir em frente, e deixar tudo para trás.
Amber Brown— Amber... — A voz dela soava distante, e eu só conseguia pensar em como toda a minha vida se resumia a pessoas mentindo para mim. Se o que ela diz é verdade, meu pai mentiu para mim, minha mãe mentiu para mim, Dylan mentiu também, pois se ele a trouxe para cá, então ele sabia a verdade, e por fim, Sophie mentiu para mim, a pessoa que eu mais confiava até então. — Amber...— Eu preciso sair— Não faz isso, filha— Não me chama assim! Eu... Eu... — Passo por ela e saio do quarto, indo em direção a porta da sala. Minha mão para na maçaneta quando ela me chama outra vez.— Po
Dylan Cooper O restante da semana de recuperação ocorreu em uma calmaria necessária. Minha mente ainda estava perdida, as decisões dolorosas que eu fui obrigado a tomar ainda me traziam dores quase físicas. Um sentimento constante de estar vivendo um luto de forma mais consciente deixava tudo tão carregado e arrastado na minha vida. Eu queria ir trabalhar na empresa, mas Clara insistiu para que eu ficasse em casa, uma promessa que fiz sem relutância, percebendo a necessidade de absorver as mudanças iminentes em minha vida. A cada dia que se passava eu ia enterrando uma nova memória, e focando minha mente no futuro, para o que realmente importava, só saia do quarto para me exercitar e para as refeições. Sempre que era necessário Clara me enviava informações da empresa e eu adiantava o que dava em casa, mas era algo mínimo, ao menos por agora. Após uma semana nesse estado, senti a necessidade de retomar minhas responsabilidades. Não era meu perfil ficar ocioso por muito tempo. Nesse
Amber BrownA conversa havia sido muito proveitosa, e como eu supus, Clara estava disposta a me ajudar. Era benéfico para nós duas, eu sabia bem o que ela sentia por Dylan, era claro como água a forma romântica com a qual ela olhava para ele. Os sentimentos dela por ele se algum dia foram fraternais, eu poderia afirmar que isso não era mais uma realidade há muito tempo.Tivemos uma conversa muito boa, e pude notar que quando ela não estava ocupada me odiando, ela até era uma companhia bastante... Agradável. Ela estava disposta a fazer o que fosse necessário para me manter longe do Dylan, e talvez, ela realmente tivesse razão. Eu fiz muito mal a ele, e como consequência, ele fez mal a mim também. Éramos péssimos um para o outro. O melhor que poderíamos fazer por nós
Amber Brown— Oh meu Deus, Amber. Você está bem? — Eu escutava as palavras, mas a sensação desagradável que se alojava no meu estômago e era expelido pela minha boca não me permitiam responder, pelo menos durante alguns minutos.Sinto a brisa bater em meu rosto e agradeço mentalmente a Clara por ter aberto a janela do carro. Quando finalmente termino de vomitar olho para meus pés e noto toda a sujeira que ficou no chão do carro. Parte do vômito se espalhou pela porta e pelo câmbio, mas ao contrário do que eu pensava, Clara não parecia brava, mas sim, preocupada.Quando saímos da ponte ela estacionou o carro no primeiro local possível e saímos de lá. Eu ainda me sentia bastante nauseada, estava pens