Os nossos passos atrás da diretora baixinha eram ligeiros, seguindo os dela – eu não imaginava como podia andar tão rápido tendo pernas tão curtas, sendo até mais baixa que eu. Samuel parecia sentir a minha inquietação e apreensão, entrelaçando a minha mão na sua como se quisesse me reconfortar. Ele seguia quase que ao pé da letra o ditado “se tá no inferno, abraça o capeta”, tendo deixado mesmo de fingir.
A mulher entrou em sua sala, abrindo a porta dela para nós. A senhora Green arqueou as suas sobrancelhas bem desenhadas com certa descrença quando nos viu passar de mãos dadas. Eu senti o meu estômago se revirar de nervoso com aquele seu olhar inquisidor, mas respirei profundamente para me acalmar antes que colocasse o meu café da manhã para fora.
Já Samuel pare
– É bom. – eu sorri. – Ótimo, para falar a verdade. Ela não vai reclamar.Trouxe-me para ele com cuidado excessivo. Na verdade, ele estava me tratando como uma bonequinha de porcelana facilmente quebrável desde que eu tinha ficado grávida. Bem, eu que não ia reclamar né? Estávamos radiante com a pequena criatura que se formava em meu ventre, a terceira mulher em sua vida, como ele costumava dizer. Esperava que fosse apenas sua mãe, eu e Melissa – nossa filha – nessas contas.O nosso beijo era calmo, lento, terno, cúmplice, carinhoso e ainda voluptuoso. Ele conseguia mexer com todos meus sentidos de um jeito único, especial. Estávamos a quatro anos juntos, agora, e a cada dia, nosso amor parecia crescer e se fortalecer, tornando-se cada vez mais indestrutível.A campainha tocou quando ele já me deitava sobre a nossa cama, destinado a me
Gaya Randalle Flynn, Oryon City.“Quando nós éramos adolescentes, o sonho de viver um grande amor, de ter um príncipe encantado para chamar de seu, era meu. Jamais foi de Mads. Ela falava que amar doía demais e que ela estava feliz por pensar mais do que sentir. Realmente não concordei com sua lógica, à época, e, creio eu, que nem mesmo ela. Não acho que ela tenha se privado desse maravilhoso sentimento e que bom que não o fez.Nem sempre foi fácil. Acho que é verdade o que dizem, que o mais difícil é até mais recompensador. Na verdade, nos primeiros tempos quase apostei que eles jamais se entenderiam, que jamais suportariam estar perto um do outro sem causar outra guerra mundial, sem colocar o lugar abaixo. Bem, ainda bem que não apostei e não sou boa jogadora, porque, de fato, eu teria perdido feio.Eles eram como cão e gato, como
Ele passava por entre as mesas do laboratório enquanto entregava as provas que tinha aplicado na classe semana passada. Todos pareciam aterrorizados, o que me fazia sorrir orgulhosa, afinal, eu a tinha feito sem muitas dificuldades. Claro, não podia ser diferente. Química era a minha matéria preferida, o que justificava a escolha pela profissão – o que me fazia perguntar se todos os que tinham ido mal tinham escolhido a carreira errada ou tinham se distraído com sua estonteante beleza.Ele entregou primeiro a prova de Gaya Flynn, minha melhor amiga e parceira de laboratório. Pelo seu sorriso animado, eu já sabia que ela tinha arrasado. Era óbvio, afinal, eu nunca tinha visto alguém tão esforçado quanto Gy.Quando ele parou logo a minha frente o meu coração deu um salto – efeito colateral de sua proximidade, o que eu estava aprendendo a lidar aos poucos –
O som das buzinas fazia a minha cabeça doer enquanto a minha mãe soltava palavrões baixinhos, o que fez com que eu abrisse os olhos do meu estimado cochilo – que parecia realmente um universo muito distante.Havia uma fila de carros parados na frente da Universidade de Oryon. Passei os meus olhos pelo reboliço no estacionamento e nas calçadas e suspirei desanimada. Eu queria mesmo voltar para casa e para os meus lençóis.O primeiro dia de aula nunca pode ser realmente fascinante. E eu não acho que seja apenas meu costumeiro mau humor matutino reclamando. Minha mãe conseguiu encostar e eu saltei, tendo que desviar do garoto que vinha desgovernado com a sua bicicleta em cima da calçada.Eu respirei fundo, observando o grande complexo de prédios. Marchei até o prédio principal – por onde entrávamos
Quando olhei para o lado, percebi o motivo dela sorrir assim tão alegremente. Ele se esgueirava entre um bando de alunos e se aproximava de nós. Senti um sorriso nervoso se prostrar em meus lábios. Só não podia falar algo estúpido – o que acontecia na maioria das vezes em que ele estava perto.- Pequena Marcela! – sorriu quando chegou perto, abrindo os braços para me receber em um abraço. Aquilo era sério? Belisquem-me! Eu juro que me arriscaria a caber entre aqueles braços saudosos sem o empurrão de Gaya.Era, sem dúvida, o melhor abraço de todos. O seu perfume entrava em meu sistema, abalando os meus pensamentos e o meu coração que começava a seguir um caminho de arritmia que eu não sabia se teria volta – ou se queria voltar para qualquer lugar que não fosse ali.
Ele era alto e corpulento, com músculos que faziam certo relevo em sua camisa social preta que contrastava com sua pele clara – era uma visão e tanto. Os seus olhos eram de um azul piscina incrivelmente bonito, mesmo que parecessem um pouco distantes, meio frios para ser mais exata. Não sabia o que estava passando por minha mente, mas havia alguma força invisível que me impedia de afastar os meus olhos dos seus, como se considerasse tal feito uma falha ou um dos maiores pecados.Seus cabelos compridos eram de um desalinhado delicioso de castanho claro e pareciam propositadamente bagunçados. Eu me perguntava o motivo de minha mão desejar tocá-los, sentir a textura entre meus dedos ávidos que se embolariam em seu pescoço durante um beijo voraz. A sua expressão em meio aos seus traços finos e desenhados com a perfeição de um mestre das artes, parecia tão gelada como um
Aquilo era pior que tortura. Eu acabaria contando o que fosse que ele quisesse se ele continuasse a me olhar daquele jeito.- Hm. – ele pareceu pensar. – Saiba que eu não admito conversas paralelas em minha aula, White. – ele falou seco.Ele parecia ter mudado da água para o vinho e não imaginava o que tinha perdido no meio do caminho. Ele parecia bruto agora, como se tivesse mudado de opinião sobre ser como era. Outras perguntas foram feitas e ele as respondeu da mesma forma desenvolta. Ele era bipolar, tinha um sério distúrbio de personalidade dupla ou ainda o som de outra voz senão a dele o irritava? De qualquer forma, achei melhor não me expressar mais sobre a “biscatisse” – sim, elas tinham uma nova palavra – das meninas daquela sala. Um menu e tanto para ele, claro.Quando as perguntas enfim cessaram,
O sinal do final da aula soou, tirando-me de meus devaneios enquanto eu o via estudar os vários papéis que espalhara sobre a mesa. Aparentemente, Liam já queria começar com todo o ânimo, afinal, o ano letivo nem tinha começado para ele e eu já o via debruçado em vários e vários relatórios.- O seu tormento acabou, Mads. – ele falou enquanto recolhia os papéis. Tinha ficado ali por todo o resto da aula da qual fui tirada sem motivo algum, tendo ainda que esperar a minha mãe para me buscar, o que me lembrava que ir de carro era uma opção viável e agradável.Ele se levantou junto comigo e me acompanhou até a saída do refeitório. Olhei para o corredor cheio de gente, com pessoas indo de lá para cá, rindo de coisas bobas e ainda conversando com alguém a dez metros de