Aquilo era pior que tortura. Eu acabaria contando o que fosse que ele quisesse se ele continuasse a me olhar daquele jeito.
- Hm. – ele pareceu pensar. – Saiba que eu não admito conversas paralelas em minha aula, White. – ele falou seco.
Ele parecia ter mudado da água para o vinho e não imaginava o que tinha perdido no meio do caminho. Ele parecia bruto agora, como se tivesse mudado de opinião sobre ser como era. Outras perguntas foram feitas e ele as respondeu da mesma forma desenvolta. Ele era bipolar, tinha um sério distúrbio de personalidade dupla ou ainda o som de outra voz senão a dele o irritava? De qualquer forma, achei melhor não me expressar mais sobre a “biscatisse” – sim, elas tinham uma nova palavra – das meninas daquela sala. Um menu e tanto para ele, claro.
Quando as perguntas enfim cessaram, ele voltou o seu corpo – e que corpo! - para a lousa e começou a escrever rápido, a enchendo em questão de minutos. Eu não soube exatamente o que me impeliu a copiar e não apenas prestar atenção aos seus movimentos, mas fosse o que fosse, merecia muitos agradecimentos. Bem, aquela era a prova de que meu lado racional ainda funcionava, às vezes.
Eu copiei o seu pequeno manual de relatórios com quase a mesma rapidez na qual ele era passado na lousa, o que me impediu de observar seus movimentos – algum dia, ainda agradeceria. Eu observei o professor Morris sentando em sua cadeira, colocando os seus pés revestidos por sapatos bem encerados que pareciam caros sobre a mesa larga e que não tinha mais que uma pilha de papel – relatórios, pelo que me parecia. O seu olhar estava meio perdido, como se estivesse pensativo.
Já disse que ele era bonito? Bem, tenho certeza que já disse, mas precisava repetir aquilo várias vezes. Ele era magnífico! Eu já tinha acabado há um tempo e não sabia bem o que fazer a seguir a não ser admirar a sua beleza – coisa que descobri ser muito fácil fazer –, mas quando ele saiu do transe de seus pensamentos e o seu olhar recaiu sobre o meu, eu me senti tremer por sua força e também por ser pega no flagra. Era quase como se não fosse a primeira vez que eu olhava naqueles olhos bonitos e frios, mas de fato eu nunca os tinha analisado tanto.
- White! – ele exclamou me fazendo levantar o olhar para ele de novo, mas um tanto mais assustada dessa vez. – Por que não está copiando? – perguntou mandão. Era como se estivesse apenas esperando um deslize para que pudesse implicar comigo. No parecia o mesmo ser que respondia as perguntas dos outros com desenvoltura e até mesmo amabilidade, mesmo que às vezes se escondesse em um tom malicioso.
- Eu já acabei. – falei seca. Ugh! Por que ele queria tanto pegar no meu pé? Eu não o vejo esbravejando com a tal da Mia Laurence por ela estar... Certo, lixando as longas unhas. E eu tinha quase certeza que ela não tinha copiado nada da lousa, tendo perdido tempo demais admirando o físico magnífico do professor.
Ele colocou os pés no chão e levantou de supetão. Falar que eu não percebi sua aproximação seria mentir descaradamente, afinal, os meus olhos – grandes fãs dele – observavam todos os movimentos. Quando ele parou ao meu lado e se inclinou junto à minha mesa para ver meu relatório, tenho certeza que meu coração parou de bater. Eu prendi o ar, mesmo que o seu estonteante perfume – que homem cheiroso! – já se embrenhasse em meu sistema, deixando-me zonza.
- Hm. Pode sair. – ele apontou a porta, sugestivo. Sério? Ele estava me tirando da sala? Por que? Na verdade, aquilo era mais o meu subconsciente protestando por não mais vê-lo naquele dia, por não poder passar mais um segundo ali.
Ele se afastou de minha mesa rapidamente, voltando para a sua mesa e à sua antiga posição. Eu fixei meus olhos nele por alguns segundos, enquanto via um grupo de alunas fazendo uma rodinha ao seu redor com cadernos em mãos. Era só copiar, qual era a dúvida nisso?
Bufei, sentindo-me furiosa. Ele não tinha mandado nenhuma sair da sala assim como tinha feito comigo. Recolhi o meu material de qualquer jeito, observando Gaya me olhar com confusão. Certo, que bom que eu não estava ficando paranoica e com a impressão de que eu estava sendo perseguida. Gaya também tinha visto aquele seu comportamento estranho.
Afastei o meu banquinho com força, deixando-o fazer barulho contra o chão. Andei a passos largos, atravessando a sala. Agora, tinha algumas meninas fazendo fila ao lado de sua mesa e tive que me desviar delas para conseguir sair. Sentia seu olhar me perfurar enquanto eu fazia questão de me manter olhando pasta frente, sem prestar atenção nele por nem mais um segundo – afinal, se prestasse, eu tinha quase certeza que meu corpo se negaria a ir embora.
Passei pela porta e a trouxe com força atrás de mim, fechando-a com fúria e um estrondo particularmente alto. Já tínhamos começado mal e eu me perguntava se havia sido só por meu comentário com Gaya. Sério, o cara era muito perturbado, afinal todos pareciam engajados em um falatório enquanto eu saia da sala. Bem, não queria avisar, mas aquilo era conversa paralela, sabe, professor?
Andei até o refeitório mastigando a minha raiva pela perseguição sem motivo e encontrei Liam com uma mesa cheia de papéis. Era claro, os veteranos só começariam a ter aula daqui a alguns dias, o que me deixava sem saber o que ele estava fazendo lá – não que eu estivesse de alguma forma reclamando.
Eu me deixei sorrir um pouco. Tinha sido legal de sua parte ter nos defendido do professor Morris, mesmo que para com ele eu não desejasse aquela distância que Liam pregava – certo, fiquem quietos pensamentos pouco ortodoxos. Eu me aproximei sem muita certeza e quando já estava perto da mesa, ele ergueu os olhos para mim. Pela sua expressão, ele não me esperava ver ali tão cedo, tendo me deixado há não tanto tempo no laboratório de Química – ao qual meu corpo queria voltar.
Ele fez menção à cadeira para mim e eu suspirei, sentando-me ao seu lado.
- Problemas, pequena Mads? – ele perguntou curioso.
- Estava certo Liam. – eu sorri enfezada. – No primeiro momento, não soube o motivo de desgostar dele, mas de fato ele não é a melhor definição de adorável.
- Ele deu em cima de você? – perguntou direto e eu me senti corar.
- Não. – por que diabos aquela negativa fazia a minha mente gritar chateada. – Ele deveria? – eu perguntei meio confusa. Meus pensamentos gritavam que sim.
- Ele me fez terminar um namoro por causa disso. – ele deu de ombros, era como se aquilo já não importasse mais. – A minha ex resolveu dormir com ele. Assim como a maioria, senão todas, mulheres daqui. – ele falou sem humor. Ok, aquilo não era mais um caso de passatempo, era um vício. Eu me senti engolir em seco. – O que ele fez, Maddie? – perguntou.
- Colocou-me para fora da sala. – ele entrecerrou os olhos, meio confuso. Certo, eu também estava. O motivo de haver aquela parte em mim que preferia que tivesse sido parte da regra era muito obscuro para mim.
- Estranho. – parecia mesmo pela sua expressão. – Acho que sempre podemos ter uma exceção, afinal. Mesmo com um cafajeste como Samuel. – ele não parecia gostar nada, nada do professor. – E para dizer a verdade, fico feliz que a exceção seja você, Maddie. – a ligeira careta em seu rosto se transformou em um sorriso, enquanto ele desarrumava o meu cabelo como fazia quando eu era criança.
Sorri, esquecendo a minha ira. Era impossível me lembrar de algo meramente insignificante quanto aquilo perto, enfim, de Liam. Como tinha conseguido respirar por aqueles últimos três anos sem ele? Por que aquilo parecia tão certo em minha cabeça se para ele eu não passava de uma garotinha? Aquilo não era nada bom! Eu já via algo como uma decepção virar a esquina de meus sonhos.
Eu respirei fundo, mandando aquele pensamento para longe. Eu me sentia tão bem ali e não me importava o que viesse depois. Eu tinha direito de viver o momento e nem mesmo os pensamentos que nublavam a minha mente sobre o professor Morris me impediriam de apenas pensar no quão bom estava sendo ter Liam de volta.
Ok, eu só precisava continuar a pensar naquilo, afinal, fazer parte da regra não era meu desejo. Mesmo que fosse muito tentador, mas muito mesmo.
O sinal do final da aula soou, tirando-me de meus devaneios enquanto eu o via estudar os vários papéis que espalhara sobre a mesa. Aparentemente, Liam já queria começar com todo o ânimo, afinal, o ano letivo nem tinha começado para ele e eu já o via debruçado em vários e vários relatórios.- O seu tormento acabou, Mads. – ele falou enquanto recolhia os papéis. Tinha ficado ali por todo o resto da aula da qual fui tirada sem motivo algum, tendo ainda que esperar a minha mãe para me buscar, o que me lembrava que ir de carro era uma opção viável e agradável.Ele se levantou junto comigo e me acompanhou até a saída do refeitório. Olhei para o corredor cheio de gente, com pessoas indo de lá para cá, rindo de coisas bobas e ainda conversando com alguém a dez metros de
- Bem, não espero muitos problemas com relação a isso. Elas costumam tirar boas notas. – claro, todas dormiam com ele mesmo. Sim, eu estava atônita ainda. – É, tudo muda. – fitava as minhas mãos como se elas estivessem diferentes. Não estavam. De fato, se ousasse fita-lo, acho que encararia a marca bem definida que logo ficaria púrpura com uma expressão total de repreensão e nojo. Para alguém que não parecia ser muito meu fã, não era um bom movimento. – Nunca imaginei que passaria tanto tempo em um laboratório de Química.- Seria interessante ver essa mudança. – minha mãe riu, animadamente. O que tinham colocado em seu café?Drogas? – Tenho certeza que você é ótimo no que faz, querido. Você era muito dedicado ao que gostava. – como um estalo ela pareceu se tocar da palavra
Três dias depoisOs outros dias tinham se passado tranquilamente. Os meus outros professores eram tranquilos e bons no que faziam. Já tinha uma tonelada de trabalhos para fazer, o que ditava que o ritmo ali seria alucinante e bem diferente da época do colégio – eu já sentia falta dos trabalhos em grupos de dez, sério.Liam não tinha mais ido naquela semana e eu acreditei que só o tinha feito no primeiro dia para ajudar os novatos. Era péssimo. Como se já tivesse se acostumado a tê-lo por perto mais uma vez, eu parecia frustrada toda vez que eu entrava naquele refeitório e não o via na mesa mais ao canto. Bem, eu estava sendo grudenta, eu sei.Mas deixando Liam de lado, agora eu estava frente ao laboratório de Química sem saber o que fazer a seguir.Para piorar tudo, à
- Bem, não vou estragar meu dia por causa de alguém como ele. – falei quase determinada, enquanto observava a minha casa a menos de uma quadra.- Se eu fosse você, não estragaria mesmo. – ela falou em meio a devaneios.Eu só entendi o que queria dizer quando a vi acenando para alguém que estava encostado junto a um carro parado em frente a minha casa. Eu senti o meu corpo se aquecer em uma animação muda quando percebi que era Liam. Sim, era tudo que eu precisava para deixar meu dia alegre.As passadas foram se tornando compridas – porque não seria legal correr até ele – até chegar a minha casa e, consequentemente a ele. Ele me abraçou apertado como se fizesse tempos que não nos víamos e eu me perguntei desde quando éramos tão próximos, mesmo que eu não esti
Uma semana depoisE aqui estava eu, à sombra de uma das árvores mais longes no estacionamento, enroscada em seu abraço gostoso. Era impressionante como eu podia sentir falta dos momentos que nunca antes tinha tido, como se passar mais algum segundo de minha vida sem aquele pedacinho de paraíso fosse o maior sacrilégio de todos.- Não é um lugar muito inteligente para nos agarrarmos, sabe Maddie? – ele riu enquanto colocava o meu cabelo para trás de minha orelha. – Se o que dizem sobre o melhor esconderijo ser à vista de todos, então estamos mesmo fazendo isso certo.- Está com medo de Rick, Li? – eu pirracei e recebei um rolar de olhos de volta.- Bem, meu olho roxo ainda dói, sabe? – ele deu de ombros e eu ri, passando os meus dedos pelo local ainda meio arroxeado. Os &oacut
Eu não merecia aquilo! Tinha um alvo em minhas costas? Eu tenho certeza que minha passagem para o céu estava garantida, então tinha o direito de expressar minha revoltada e manda-lo para um lugar desagradável? Eu esperava que sim, afinal, minha mente já não respondia aos meus comandos antes de amaldiçoá-lo.- Engula seus pontos de presença, Samuel. – eu falei irada e dei as costas para ele. Eu quase podia afirmar que em seu rosto bonito surgira um meio sorriso.Não sabia como alguém podia ter prazer em azucrinar tanto a vida do outro, mas, com certeza, tornar a minha vida um inferno era o melhor passatempo dele. Ele parecia gostar, fazer até de propósito. Sério, ele não tinha mais nada para fazer na vida não? Se me livrasse de seu comportamento bizarro, que ficasse à vontade em olhar os decotes alheios, dar em cima das alunas ou fazer qualquer co
Samuel Lewis Morris, Oryon CityEla descia e subia em meu corpo em um ritmo frenético. Nossos corpos se chocavam com voracidade, com fome um do outro. Ela tinha a cabeça voltada para trás, deixando as pontas de seus cabelos encaracolados e castanhos roçando em minhas pernas nuas. Os seus olhos da cor do mel estavam cerrados com força e um sorriso surgia entre os seus lábios e se revezava entre caretas e gemidos altos.Suas coxas bem definidas estavam uma em cada lado de meu corpo e se tencionavam toda vez que ela subia, deixando entre nossos corpos um espaço não antes existente. Seus músculos se tencionaram e por seu corpo espasmos se passaram como se ela sofresse uma forte descarga elétrica. Respirou profundamente, tentando controlar a respiração ofegante, enquanto os gemidos seriam ouvidos por meu vizinho.Eu nã
- Por que não revisa a matéria? – falei sem ideias e ela me fuzilou com o olhar de um verde infindo. Certo, ela queria me matar. Ótimo, assim poupava o trabalho de meu corpo que me torturava e queria fazer o mesmo só que aos pouquinhos.- Seb... Professor Morris, nós dois sabemos que eu já sei essa matéria. – ela falou certa de si. Era verdade, ela sabia. – Por que não me aplica logo essa prova e nos libera da situação desagradável? – era também para ela?Espera, por que era para ela?- Não acho que eu possa fazer isso pelas regras da universidade. – era verdade. Ótimo, tinha armado para mim mesmo uma armadilha. Genial mesmo, Samuel. – Está com pressa, White? Não acho que o seu namoradinho vai querer muita conversa com você hoje. – o que? Eu prec